quinta-feira, 23 de maio de 2013

Entrevista


São 23 anos dedicados ao Metal nacional, mais especificamente ao Thrash Metal, cinco álbuns lançados (8 lançamentos no total) e sempre um passo à frente de seu tempo. O Distraught talvez seja um dos maiores nomes da música extrema gaúcha de todos os tempos. Tendo à frente seu líder e fundador, o guerreiro André Meyer (vocal), hoje a banda está estabilizada com Everton Acosta e Ricardo Silveira (guitarras), Nelson Casagrande (baixo) e Dio (bateria) e divulga seu mais brutal petardo que leva o nome de “The Human Negligence Is Repugnant” e que foi lançado no ano passado. O ARTE METAL conversou com André e Ricardo que nos falaram sobre o novo álbum e tudo que o envolve, além da vasta carreira da banda.

“The Human Negligence Is Repugnant” pode ser considerado o ponto mais alto da carreira do Distraught? Conte-nos como foi a concepção desse álbum.
ANDRÉ MEYER: Sim, temos nos dedicado muito a cada disco e o resultado tem sido muito positivo.
RICARDO SILVEIRA: Somos suspeitos (risos).  Quando estávamos na fase de composição deste álbum a gente fazia essa pergunta para nós mesmos e mesmo se empenhando para ser o melhor álbum ficava aquela pequena dúvida.  Logo após as primeiras resenhas e a aceitação dos fãs tanto dos mais antigos até dos mais novos tivemos a certeza de que é o ponto mais alto até agora. Sobre a concepção nesse álbum foi bem diferente dos anteriores, esse foi bem mais tranquilo e rápido. Eu e o Marcos sempre estávamos registrando ideias (riffs) para futuramente começar a trabalhar e transformar riffs em músicas. Quando estávamos na Argentina no final de 2010 eu já tinha alguns riffs, que ia gravando em casa, com uns ‘grooves’ de bateria.  Lembro que na época eram riffs que depois se tornaram as músicas Borderline, Psycho Terror Class e Justice Done by Bertayers. Mostrei para o resto da banda e decidimos que 2011 seria para trabalharmos em um álbum novo. Toda a pré-produção foi feita em minha casa e íamos para o estúdio já com a estrutura das músicas mais concretas e assim fomos lapidando os arranjos conforme todos sentiam o que deveria melhorar.

Qual a principal diferença de “The Human Negligence Is Repugnant” e o álbum anterior “Unnatural Display of Art”?
ANDRÉ: Acho que um é seguimento do outro, mas costumamos analisar o que não funciona e então adicionar elementos que possam melhorar nossas músicas, como por exemplo, refrãos mais marcantes, isso é um fator importante pra Distraught e que vem somando muito a cada álbum.

O novo álbum parece ser o mais agressivo da carreira do Distraught. Tanto a parte lírica quanto as músicas transparecem esse sentimento. Você concorda com isso?
ANDRÉ: Sim, minha indignação vem aumentando tanto com as coisas que não mudam nunca, para que as pessoas possam viver melhor. Isso faz com que sejam inevitáveis minhas letras não soarem agressivas. A parte musical em si entra no clima, então temos um resultado bem nervoso.



Apesar do peso contido nas composições de “The Human Negligence Is Repugnant”, há uma dose pequena de melodia, principalmente nas bases de guitarra, o que diferenciou e caracterizou ainda mais o som da banda.
ANDRÉ: Vejo que você captou muito bem nossa intenção, realmente é isso mesmo, achamos que a agressividade com uma dose certa de melodia em alguns riffs funciona muito bem pro Distraught.

A produção é outro fator positivo do álbum e ficou a cargo da própria banda. Fale-nos um pouco sobre como trabalhar no próprio som.
RICARDO: No inicio a ideia era que o Diego Kasper (ex-Hibria) produzisse esse último álbum. A gente queria alguém de fora da banda, mas ele não podia assumir esse compromisso porque na época estava muito envolvido na parte de mixagem do DVD do Hibria “Blinded by Tokyo – Live In Japan” (2012).   Então acabei me puxando mais e aprendendo mais sobre gravação e produção e acabei produzindo junto com o André. Deu um trabalho danado, mas no fim foi uma realização minha como produtor e músico.

A arte gráfica ficou a cargo de Marcelo Vasco (Borknagar, Belphegor, Vader) e mostra um trabalho de excelente bom gosto. Como foi a escolha da capa e como foi trabalhar com Marcelo, como chegaram até ele?
RICARDO: A escolha foi como no “Unnatural Display of Art”, enviamos as letras e conversamos sobre os temas delas, e mais ou menos sobre a tonalidade de cores, etc. Assim como no “Unnatural...” não precisamos alterar muito na primeira prova que ele nos apresentou. Conheci o Marcelo na época em que estávamos finalizando o “Unnatural...” em 2008. Não estávamos achando a pessoa certa após varias tentativas. Nós tínhamos tudo pronto: gravação, mixagem e masterização só não tinha a capa, e em um dia que estava conectado no myspace, uma foto me chamou a atenção no perfil de um amigo meu, entrei e vi que se tratava de um designer gráfico. Pensei ‘acho que achei o cara’ (risos). Na mesma hora enviei uma mensagem e ele também respondeu na hora. Já são cinco anos essa amizade e parceria, confiamos plenamente no trabalho do Marcelo.


Além disso, vocês lançaram um clipe para a música Justice Done By Betrayers. Essa música é baseada em uma história vivida por você André, é isso?
ANDRÉ: Sim, há algum tempo atrás ocorreu um fato comigo onde precisei recorrer a justiça e o resultado não foi nada satisfatório para mim, então serviu de inspiração para escrever essa música.

O vídeo foi dirigido por Lucas Cunha, da Alfaiate Filmes. Como foi trabalhar o desenvolvimento desse clipe e como foi trabalhar com Lucas?
RICARDO: A ideia inicial pelo Lucas era de usar uma galera como atores o que logisticamente iria dar um trabalho dos infernos (risos). Foi quando tive a ideia de ter duas pessoas; uma atriz representando a “Themis” (Dama da Justiça) indignada com a “injustiça” feita pelos representantes dela.  E um ator representando o cidadão perturbado com a Justiça feita por traidores. Apresentei para ele e ele criou o roteiro. O Lucas é uma pessoa extremamente profissional e perfeccionista com o qual nos identificamos.  Trabalhar com ele foi muito massa! Ele tem ideias em cimas das nossas ideias e vice-versa.

Como está a agenda da banda? As composições de “The Human Negligence Is Repugnant” já estão na boca do público?
ANDRÉ: Estamos felizes com a energia que o público tem passado com as novas músicas, a cada lugar que tocamos sentimos que estamos aumentando nosso número de fãs. Estamos marcando shows pelo Brasil e no final desse ano vamos para nossa quarta turnê pela Argentina, passando ainda pelo Chile.

Desde 1990 na ativa, cinco álbuns lançados (8 se contarmos a demo, o split e o disco ao vivo). Faça um balanço geral da carreira do Distraught.
ANDRÉ: Já se foram 23 anos de aprendizado e temos muito que aprender ainda. Todos os álbuns citados acima servirão de alicerce para novos próximos trabalhos. Acho que com todos esses discos e anos de experiência, muitas coisas tornaram se mais fáceis, mas sempre teremos caminhos que ainda não cruzamos.


Muito obrigado, podem deixar uma mensagem.
ANDRÉ: Para aqueles que estão começando essa guerra que é a música pesada no Brasil, saiba que as coisas poderão acontecer de maneira muito lenta, mas siga em frente, o poder de alguma conquista mesmo que seja pequena torna-se imensa quando é de muito esforço e dedicação. Obrigado pelo espaço e apoio.



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