Em meio ao tradicional
Metal extremo nordestino, os pernambucanos do Still Living surgiram em 2004, na
cidade de Garanhuns, com uma proposta bem diferente e desafiadora: tocar
Hard/Heavy Metal com uma boa dose de AOR. Sim, buscando fazer um som mais
acessível, a banda, que conta hoje com Renato Costa (vocal), Eduardo Holanda
(guitarra), Leandro Andrade (baixo), Clécio de Souza (bateria) e Thiago
Nascimento (teclados), lançou duas demos antes de soltar seu primeiro trabalho “From
Now On” que saiu ano passado e desde então vem surpreendendo não só a crítica
como os fãs do estilo. Falamos com Renato, Eduardo e Thiago sobre tudo isso nas
linhas abaixo, boa leitura.
Conte-nos
um pouco como a banda se formou? Quando vocês criaram o Still Living vocês já
sabiam que direcionamento iam tomar?
Eduardo
Holanda: A banda foi formada em 2004, inicialmente conversei
com Renato Santos (ex-baixista) e com Clécio (bateria) sobre a ideia de montar
uma banda novamente. O que foi interessante à época foi justamente a sintonia
de ideias, todos queriam a mesma coisa em termos de sonoridade, conseguimos
firmar um vocalista (Esdras Freitas) e começamos ensaiar. Nesse princípio nossa
sonoridade era um pouco diferente, era aquele “hardão” mais “bluesy”, na linha
dos primeiros álbuns do Whitesnake e Fastway, tocávamos alguns covers, mas já
começamos a compor material próprio desde o princípio também.
Como
foi o processo de composição de “From Now On”? O fato de ser uma banda
independente fez com que vocês se sentissem mais à vontade na hora de compô-lo?
Renato
Costa: Com certeza, o fato de sermos independentes nos deu
realmente uma liberdade maior no processo de criação. Nós criamos ao longo de
muito tempo e selecionamos aquelas canções que representavam melhor o contexto
do qual queríamos falar e até mesmo no contexto de mudança pelo qual a banda
passava. Tudo foi feito com muito empenho e compromisso, porém, também com
muita tranquilidade.
Eduardo
Holanda: Da composição à produção do CD foi tudo muito
espontâneo, conversamos e testamos muitas possibilidades para as músicas, todos
opinaram e decidimos o que achamos melhor para elas, desde os arranjos até os
timbres usados. O fato de sermos independentes nos dá autonomia para estas
decisões, de certa forma isto nos fortalece, ainda mais com o resultado que
obtivemos após a conclusão do trabalho, creio que acertamos, temos recebido
excelente retorno por parte da mídia especializada e pessoas que escutaram ou
adquiriram o trabalho, temos muito orgulho de “From Now On”.
A
banda possui uma sonoridade que transita entre o Hard Rock, o AOR e até o Heavy
Metal, estilos que possuem fãs no Brasil, público, mas não são bem divulgados
por aqui, principalmente o AOR. O que vocês podem falar sobre isso?
Renato
Costa: Realmente temos um pouco mais de dificuldade quanto
à divulgação. Aqui no nosso estado (Pernambuco) e em alguns outros estados do
Nordeste, por exemplo, a cena é mais voltada para os sons mais extremos. Mas
não podemos reclamar da repercussão que nosso trabalho tem tido por aqui,
apesar disso. Essa repercussão tem sido bastante boa e isso nos tem feito
trabalhar ainda mais.
Eduardo
Holanda: O Hard Rock tem um pouco mais de difusão por aqui
do que o AOR, apesar de distintos em sua essência, os considero igualmente
ricos, existem grandes bandas e grandes músicos em todas estas vertentes, há um
grande universo musical proporcionado por estas bandas e é um grande desafio
compor nesta linha, isto nos motiva,
cada nova música é um novo desafio para cada um de nós. Concordo com o que você
citou acima, existem fãs destes estilos no Brasil, e torço realmente que estas
pessoas mantenham suas mentes abertas para descobrir novas bandas.
Aliás,
as composições de “From Now On” possuem uma veia calcada nos 80, mas conseguem
soar atemporais. Fale-nos um pouco sobre isso.
Renato
Costa: Gostamos bastante do som que fazemos! Era esse tipo
de som que gostaríamos de reviver. Acredito que o que dê essa atemporalidade às
canções é realmente a dose certa de melodia, juntamente ao contexto lírico
sobre o qual trabalhamos. O amor e a dedicação em todo o processo também
garantem a qualidade do trabalho.
Eduardo
Holanda: Isto é um grande elogio para a Still, muito
obrigado! Apenas compomos e tocamos com honestidade, fazemos o que gostamos,
essa “veia” 80, também é um grande elogio! Foi uma década especial para a música,
bandas e músicas imortais! Apesar de também achar a década de 70 fantástica com
toda aquela criatividade! Nós não usamos fórmulas para compor, mas é natural
que as influências venham à tona na hora de criar, não dá para fugir disso, nem
acho que devamos, é interessante quando alguém diz: “essa música tem uma levada
meio Whitesnake...” Considero isso um elogio também!
Mesmo
sendo um lançamento independente, o álbum mostra profissionalismo por parte de
vocês. O quão vocês acham importante esse investimento em um disco hoje em dia?
Renato
Costa: Nessa época de internet, downloads e de uma maior
facilidade de acesso à mídia, consideramos que ainda é importante o lançamento
de um disco “físico”. Principalmente para os admiradores do tipo de som que
fazemos. Eles realmente gostam de adquirir o álbum, ler o encarte ouvindo o CD.
Valorizamos isso porque também o fazemos. Então nada mais justo do que
prepararmos um álbum físico de qualidade para quem acompanha nosso trabalho.
Eduardo
Holanda: Levamos a sério todos os processos, desde a
composição, gravação, mixagem, masterização, arte gráfica até a prensagem, sei
que muitos já decretaram o fim dos CDs, mas eles continuam sendo lançados! E
nada como uma cópia física de um trabalho para comprovar o respeito de uma
banda para com seu próprio trabalho e também com o ouvinte que ainda adquire o CD.
Acredito que muitas pessoas ainda mantêm essa chama viva hoje em dia...
Outro
fator que chama atenção são as melodias na dose certa, não deixando as músicas
soarem piegas ou melosas demais.
Eduardo
Holanda: Mais uma vez obrigado! Acredito que este equilíbrio
adquirimos com a fluência dos ensaios, até uma música como Ghost In The Rain que é uma balada, para mim soa melancólica e não
melosa... As melodias são muito importantes para nós, trabalhamos muito nos
arranjos de modo geral.
Como
está a repercussão do trabalho até então? Vocês lançaram ou tentaram lançar “From
Now On” no exterior?
Renato
Costa: Sim, porém temos tido dificuldade também quanto a
isso. Tentamos contatos no Japão e em alguns países da Europa, mas não tivemos
retorno. O fato é que continuamos procurando e fazendo contatos com
distribuidoras mundo afora.
Thiago
Nascimento: A repercussão está muito boa, nosso
material já se encontra em vários estados do Brasil, estamos procurando alguma
proposta para o exterior.
Eduardo
Holanda: Realmente, aqui no Brasil está excelente! As
pessoas que conhecem o trabalho entram em contato elogiando as músicas, ou o
trabalho como um todo, a mídia especializada tem publicado excelentes reviews
para o CD, tivemos o CD indicado a “melhor álbum nacional” e também “melhor
vocalista nacional” de 2012 em uma votação feita por uma revista muito
influente nacionalmente ao lado de nomes já consagrados. Estivemos em uma lista
entre os dez melhores trabalhos nacionais resenhados em outro site
especializado, excelentes blogs têm nos procurado para falarmos mais sobre o
álbum, tudo está correndo muito bem, e não temos uma divulgação maciça como as
bandas que tem gravadoras! Mesmo independentes temos conseguido mostrar nosso
trabalho a cada vez mais pessoas. Quanto ao exterior, como disse Renato, no
momento estamos trabalhando duro para viabilizar este desafio, é algo muito
difícil, mas estamos fazendo nossa parte!
O
nordeste tem uma cena forte dentro do Metal, mas principalmente no Metal
extremo. Como o público aí tem recebido o Still Living, que faz um som mais
acessível e de certa forma até comercial?
Thiago
Nascimento: O público sempre nos recebeu muito bem, até então
já participamos de eventos como: WACKEN METAL BATTLE, tocando com bandas Thrash
e Death Metal, e nunca houve nenhum problema, pelo contrário, alguns nos
parabenizavam pelo estilo de som que fazíamos, e isso é muito gratificante.
Renato
Costa: Temos tido uma boa recepção, apesar da cena mais
extrema. Como você mesmo diz, nosso som tem essa peculiaridade de ser mais
acessível e até mesmo mais comercial. Então temos agradado “gregos” e
“troianos”, dentro das possibilidades.
Como
está a agenda de shows da banda? Pretendem ou vocês já tem algum contato com
promotores do sul e sudeste do país?
Renato
Costa: Essa tem sido nossa maior dificuldade. Gostaríamos
muito de tocar em outros estados, de divulgar nosso trabalho para um universo
maior de pessoas, mas não temos tido tanto êxito no contato com promotores do
sul e do sudeste. Mas não desistimos. Estamos buscando novos contatos que
estejam dispostos a nos levar até essas regiões.
Muito
obrigado, podem deixar uma mensagem.
Renato
Costa: Quero agradecer ao pessoal do Arte Metal pela
divulgação e por toda a força que nos foi dada. É importante perceber que ainda
há um pessoal que realmente ajuda as bandas que estão buscando seu lugar ao
sol! Um grande abraço e muita paz pra todos!
Eduardo
Holanda: Inicialmente agradeço a você Vitor pelo espaço que
está nos concedendo para falarmos um pouco mais sobre nosso trabalho, é muito
importante para todos nós, admiro muito o trabalho dedicado e respeito com que
vocês tratam as bandas, em especial, as independentes, digo vocês porque há uma
série de pessoas que tem nos dado esta força! Nunca esqueceremos isto, estamos
no melhor momento da banda e só temos a agradecer por poder compartilhar isto!
Agradecemos também as pessoas que tem nos apoiado nestes quase dez anos de
banda, muito obrigado!
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