Apesar de ter gravado
um ótimo primeiro álbum como “Homicidal Rapture” em 2011, os cariocas do Lacerated
and Carbonized atingiram um nível elevadíssimo com seu mais recente trabalho “The
Core Of Disruption”. Aliando técnica, brutalidade e variação no Death Metal, o
segundo disco do quarteto vem obtendo as melhores críticas possíveis da mídia
especializada e os colocam como um dos principais nomes do estilo na atualidade.
Falamos com o baterista Victor Mendonça sobre esse momento da banda, além dos
detalhes do novo disco e um pouco mais. Completam esse time Jonathan Cruz
(vocal), Caio Mendonça (guitarra) e Paulo Doc (baixo).
É
notório que desde a primeira demo “Chainsaw Deflesher” (2007) vocês evoluíram
gradativamente, fazendo um ótimo álbum como “Homicidal Rapture” (2011). Enfim,
todos os trabalhos da banda obtiveram ótima repercussão. Houve pressão em
gravar “The Core Of Disruption”?
Victor
Mendonça: Em primeiro lugar, obrigado Vitor & Blog Arte
Metal pelo espaço e apoio! A demo "Chainsaw Deflesher", nosso
primeiro passo, foi muito bem recebida pela mídia especializada e cumpriu seu
papel em apresentar o LAC para todos. Com "Homicidal Rapture" abrimos
novas portas, realizando uma extensa turnê pela América do Sul para promovê-lo.
Não houve necessariamente uma pressão para gravar "The Core Of Disruption",
mas nós somos exigentes com nossa música. Não lançaríamos um material sem que
estivéssemos 100% satisfeitos com todas as faixas. Sendo assim, o mínimo que um
fã do LAC pode esperar é um trabalho matador a cada lançamento!
Aliás,
o novo trabalho é o ápice da banda? Como foi o processo de composição do álbum?
Victor:
"The
Core Of Disruption" não é o ápice, pois queremos chegar muito mais longe!
Entretanto, posso afirmar que ele é o trabalho mais forte do LAC até então, e
estamos muito satisfeitos com o resultado final do disco. O processo de composição
começa com o Caio compondo riffs e pequenas estruturas. Após isso, nos reunimos
em nosso estúdio e vamos lapidando, reformulando e construindo estruturas
maiores. Todos se envolvem com todas as etapas do processo de composição das
músicas. Por exemplo, eu desenvolvi e gravei, durante a pré-produção do disco,
os vocais limpos da música The Candelária
Massacre, tendo em mente que o vocalista Guilherme Sevens (Painside) faria
uma participação nessa música. A ideia de inserir essa passagem limpa surgiu
para criar uma maior dinâmica com os vocais do Jonathan e se encaixou perfeitamente
no contexto da letra. Resumindo: Independente dos instrumentos e suas
respectivas “funções”, todos tem liberdade de expor e contribuir com suas
ideias durante o processo de composição.
É
interessante notar o equilíbrio que permeia em “The Core Of Disruption”. Afinal
há técnica apurada sem exagero ou exibicionismo e uma produção cristalina, mas
nada que tire o peso do trabalho. Vocês se policiaram para que o álbum saísse
dessa forma?
Victor:
Nós
não queremos ser os mais rápidos, nem os mais técnicos. Nosso principal
objetivo é compor grandes músicas, mantendo sempre a identidade do LAC. Cada
nota, riff e melodia tem que ter um motivo para estar ali. Se abrirmos espaço
para exibicionismo, pomos tudo a perder. Não nos policiamos para manter esse
padrão, mas ele é consequência dos nossos objetivos.
Vocês
incorporaram bem de leve elementos de percussão em algumas viradas de bateria.
Como surgiu essa ideia? Não deu medo do radical público do Death Metal pegar no
pé devido a isso?
Victor:
Já que estávamos abordando em nossas letras a realidade violenta da nossa cidade
natal, eu trouxe essa ideia de colocar alguns elementos percussivos
característicos do Rio de Janeiro. Assim, letra, arte e harmonia estariam em
sintonia para passar a mensagem que queríamos. A inserção desses elementos foi
natural, pois fazem parte da minha formação: Quando era mais jovem, participei
da Orquestra de Bateristas do Rio de Janeiro, e tocávamos muitos ritmos
brasileiros/cariocas nas apresentações. Infelizmente, não temos como agradar a
todos. Sabíamos que enfrentaríamos alguma resistência, mas nossa música tem que
nos agradar, em primeiro lugar. Pensar diferente disso seria nos auto boicotar.
Ainda
há uma interessante variação no ritmo das músicas que não deixa nada soar
repetitivo.
Victor:
Nossas referências não são somente de Death Metal. É claro que somos fãs de
Morbid Angel, Cannibal Corpse, Krisiun, mas temos também muito de Black
Sabbath, Iron Maiden e muitas outras bandas em nossa música. Acredito que essa
variação se deve a isso: nossa diversidade de gostos inconscientemente se
reflete na música do LAC.
Eregion
(Unearthly), Felipe Chehuan e Max Moraes (Confronto), além de Guilherme Sevens
(Painside) contribuem no álbum. Fale-nos um pouco sobre como surgiu a ideia
dessas participações?
Victor:
A voz do Eregion se contrastou bem com o gutural do Jonathan, o Chehuan cantou
em português na faixa O Ódio e o Caos,
Guilherme cantou uma passagem limpa em The
Candelária Massacre e o Max contribuiu com alguns efeitos e passagens na
faixa L.A.C.. Essas participações não
poderiam ter sido melhores, pois todos puderam acrescentar seus talentos às
nossas músicas. Além disso, todos são nossos amigos e entenderam bem a proposta
do álbum, já que também sobrevivem no submundo do Rio de Janeiro.
A
temática do álbum aborda a violência carioca certo? Fale-nos um pouco sobre
como surgiu essa ideia e o desenvolvimento das letras?
Victor:
Nos
trabalhos anteriores, demos uma abordagem mais abrangente às nossas letras,
criticando as religiões e falando sobre violência, de um modo geral. Enquanto
estávamos compondo o novo álbum, percebemos que não precisávamos ir longe para
encontrar a inspiração necessária para escrever nossas letras. O Rio de Janeiro
é uma cidade violenta, permeada por abuso policial, tráfico de drogas,
milícias, chacinas, pobreza, corrupção em todas as esferas... Essa é a nossa
realidade, e é disso que se trata o"The Core Of Disruption".
Aliás,
daria um bom vídeo clipe esse tema, vocês tem algo engatilhado do tipo?
Victor:
Estamos
gravando um vídeo clipe para a faixa Third
World Slavery. Soltamos essa semana um "making of" da primeira
parte das filmagens. Ainda temos muito trabalho pela frente, mas posso adiantar
que o resultado final está ficando brutal!
Sei
que o álbum acabou de ser lançado, mas já deu pra sentir um retorno do público?
Como a mídia especializada o tem recebido? Chegaram a lançá-lo no exterior?
Victor:
O álbum foi lançado no Brasil e está sendo distribuído para a América do Norte,
incluindo EUA e Canadá. Sendo bem sincero, eu ainda não vi nenhuma crítica
negativa para o álbum. O disco tem sido unanimidade pela mídia especializada e
está havendo uma grande procura por ele. Não podíamos desejar um resultado
melhor.
Muito
obrigado, parabéns pelo trabalho. Podem deixar uma mensagem.
Victor:
Eu
que agradeço pela força! Espero que todos ouçam o álbum "The Core Of Disruption"
para conhecer a nova cara do LAC, que está mais brutal do que nunca, e procurem
ver a banda ao vivo. Faremos duas novas turnês europeias para promover o álbum,
mas estamos planejando também uma mini tour pelo nordeste e tocaremos em alguns
festivais, como o "Avalanche Metal Fest", em São José do Rio Preto,
ainda este ano. Para saber mais sobre datas, novidades, merchandise, ou mandar
uma mensagem para a banda, acessem: www.laceratedandcarbonized.com
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