Retornando após sete
anos em silêncio (ou seria 4?! – risos), a banda carioca Avec Tristesse, que
lançou dois ótimos álbuns no início dos anos 2000, trouxe em 2013 o ótimo “Use
& Control”. Lançado de forma independente, o novo disco traz a essência ‘Dark’
da banda adicionada a novos elementos que vão desde o Progressivo até o Jazz.
Conversamos com o agora guitarrista e vocalista Nathal Thrall (antes Nathan era
responsável pelas baquetas) sobre este retorno, o novo trabalho e muito mais.
Completam o time atual: Pedro Salles (vocal/guitarra), Rafael Gama (baixo),
Rigeu Romeu (teclado) e Braulio Azambuja (bateria).
Por
que a banda resolveu parar em 2009 e como surgiu a ideia do retorno?
Nathan
Thrall: A banda parou só em 2009? (risos) Eu me afastei em
2005, as gravações do disco “Use & Control” foram finalizadas em 2006 e
durante essa fase a banda fez alguns shows. Mas desde 2006 a banda esteve
adormecida, acredito.
E
como foi o processo de composição de “Use & Control”? Há composições que
estavam guardadas da primeira época da banda?
Nathan:
Tínhamos
algumas coisas antigas que achamos que seriam usadas, mas o processo de
composição desse disco não abriu portas para essas músicas. Músicas essas que
tenho vontade de lançar em um EP junto com algumas regravações do “Ravishing
Beauty” (primeiro álbum da banda lançado em 2002) e outras surpresas. Vamos
conversar e ver o que pode acontecer, afinal estamos sem gravadora e com uma
vontade grande de lançar os 3 álbuns na ‘gringa’, para abrir uma porta forte
por lá.
Acredito
que o novo álbum traz a essência Dark/Prog Metal dos dois primeiros
lançamentos, mas abrange muito mais estilos. Qual a comparação você faz de “Use
& Control” em relação aos dois primeiros trabalhos?
Nathan:
Respondo sobre o processo de composição da outra pergunta e agora sobre essa
comparação entre os álbuns, como no “How Innocence Dies” (2004), esse disco foi
bem coletivo, mas ao mesmo tempo bem pessoal, pois cada música tem muito a
personalidade e gosto de cada compositor. O que para mim até muda um pouco das
canções do “How Innocence Dies”, onde todas tinham um pouco de todos os estilos
e nesse disco cada música puxa mais para cada estilo. Mas ficamos muito felizes
com a adição de novos elementos como instrumentos de sopro e termos conseguido
uma qualidade muito boa na gravação e finalização.
Aliás,
há elementos de jazz, música clássica e até música brasileira...
Nathan:
Esse foi um dos pontos fortes do álbum, pois há muito tempo pensamos em como
trazer um pouco da nossa cultura e cantar em português ainda não nos deixou
satisfeito. Pretendemos trazer sempre elementos novos ao nosso som. Não
escutamos só Metal e tudo que possa nos agradar e combinar será bem vindo,
afinal não existem barreiras se for feito com qualidade.
E
é interessante notar, que mesmo com toda essa versatilidade uma aura
melancólica permeia todo o disco. Esse é o sentimento que a banda quis passar ou
isso surgiu naturalmente?
Nathan:
O Avec Tristesse é essa melancolia! Tudo vem a partir disso e é adicionado como
elemento para contar uma história. Esse disco é uma continuação do conceito do “How
Innocence Dies”, que não acabou feliz, não tinha como esse continuar diferente.
Não somos pessoas tristes, ‘deprês’, somos humanos, demasiadamente humanos,
logo sentimos, sofremos, temos bons momentos, mas musicalmente escolhemos
contar o lado triste da vida, pois isso ajuda a colocarmos tudo isso para fora.
Sabemos que acabamos por encontrar muitas almas assim, e com o passar dos anos
descobrimos que nossas letras, pensamentos e forma de contar isso ajudou muitas
pessoas a tirar, externar essa dor. Acredito que quando se confronta o medo e a
dor, se tem chance de colocar isso pra fora e se libertar. Mas quem sabe com o
passar dos anos amolecemos e focamos mais doces e felizes musicalmente.
Pedro
Salles ficou a cargo da produção do disco que é mais um ponto positivo de “Use
& Control”. Por que decidiram por um membro da banda produzir o trabalho?
Chegaram a cogitar algum nome de fora para produzir o álbum?
Nathan:
Porque não tínhamos gravadora! Produção quer dizer PAGOU A PORRA TODA! (Risos) A
produção musical sempre foi feita por nós mesmos, da forma que queríamos, mas
sinceramente da forma que podíamos! A Hellion foi maravilhosa com a gente na
produção do “How Innocence Dies”, mas depois nos separamos e até hoje cuidamos
do nosso próprio rabo.
A
arte da capa do novo disco foge um pouco do conceito da banda, principalmente
em relação aos outros discos. Aliás, até o logo mudou. Pode nos falar um pouco
mais a respeito?
Nathan:
Bom, eu estive fora da banda de 2005 até agora 2013. Eu teria feito toda a arte
diferente. O Rafael é um puta artista, mas o meu conceito para a arte seria
diferente.
Como
tem sido a repercussão de “Use & Control” até então? O trabalho chegou a
ser lançado no exterior?
Nathan:
Estamos procurando tempo para fazer os contatos certos, mas todos tem que pagar
contas e não vivemos da música. Fica complicado...
Como
chegaram até a Warlock Produções e como tem sido o trabalho com o selo?
Nathan:
O Pedro fez todo o contato e realmente tem sido muito bacana! O Rodrigo é muito
profissional e dedicado! Recomendo a outras bandas.
Vocês
já têm se apresentado ao vivo? Como tem sido a recepção do público para as
novas músicas?
Nathan:
Muito boa! Como o disco vazou sem a mixagem final e masterização, muitas
pessoas já sabiam cantar as músicas. Foi muito interessante ver as pessoas
cantando junto músicas que haviam sido lançadas a 2 semanas atrás! (risos) Como
desde 2005 larguei as baquetas, cedendo o posto ao Bráulio, estar a frente do
palco cantando e ver as pessoas de perto, cantando, se emocionando é algo muito
gratificante! Realmente da para sentir mais toda a emoção!
Uma
pergunta padrão já que estamos chegando ao fim do ano. Quais os 5 melhores
álbuns de 2013?
Nathan: 1- Aoria – “The Constant”
2- Tristania – “Darkest White”
3- Katatonia – “Dead
End Kings” (2012 mas tem q entrar porque escutei muito em 2013)
4- Daft Punk – “Random Access Memories”
5- Avec Tristesse – “Use
& Control” (gargalhadas, merchan!;)
Muito
obrigado, parabéns pelo trabalho e que este retorno seja duradouro! Este espaço
é de vocês.
Nathan:
Forte abraço a todos os leitores e nós também esperamos pela longa vida da
banda novamente. Nos encontramos na estrada!
Ótima banda, original e promissora!
ResponderExcluirMas as dificuldades de se manter como músico aqui no Brasil...