“Keep It Hellish”,
terceiro disco do Hellish War é uma aula de como se fazer Metal tradicional,
assim como a musicalidade que a banda impõe desde seu surgimento em 1995. Após
enfrentar alguns problemas com o posto de vocalista, JR (baixo), Vulcano (guitarra),
Daniel Job (guitarra) e Daniel Person (bateria) encontraram no vocalista Bil
Martins a voz certa para o Hellish War e rumou, após o lançamento do novo
álbum, para a sua segunda turnê europeia, local onde a banda conquistou um grande
espaço. Falamos com JR e Bil Martins sobre estes e outros assuntos da banda de
Campinas/SP.
Vamos
à pergunta que não quer calar. Por que tantos problemas com o posto de
vocalista?
JR
-
Como todos já sabem, o Roger Hammer saiu da banda por questões já esclarecidas
há mais de dois anos, assim como nossa primeira escolha, a Thalita.
Simplesmente o que ocorreu foi que após a saída do Roger, fizemos uma aposta na
Thalita. O que provou na época não ter sido a melhor escolha pra banda. Ela não
se encaixou no dia a dia do Hellish e optamos por não continuar com ela. Mas já
acertamos isto e estamos agora com Bil Martins, que gravou o “Keep It Hellish”,
fez turnê europeia já e está há mais de um ano colaborando com o Hellish War.
E
como chegaram até Bill Martins (DarkWitch, ex-Heavenly Kingdom)?
JR
-
Quando decidimos por não continuar com a Thalita, ele mandou uma versão da Son Of The King (faixa do segundo álbum
da banda “Heroes of Tomorrow”, de 2008) e surpreendeu a todos. Chamamos ele
para o teste e tivemos nossa confirmação de que ele seria o cara certo para o
posto e tem se provado que estávamos mais do que certos desta vez (risos).
“Keep
It Hellish” tem um espaço de 5 anos para o último trabalho de estúdio “Heroes
Of Tomorrow” (2008). O novo álbum foi composto durante este período todo ou as
músicas foram compostas mais recentemente? Aliás, Bill participou do processo
de composição do disco?
JR
- De
fato, cinco anos é um longo período, mas a grande maioria das músicas foram
escritas em 2010, após nossa primeira tour pela Europa, ainda com o Roger na
banda. Ele chegou a gravar algumas músicas, quando ele saiu já tínhamos o álbum
90% finalizado. Algumas faixas, ou pelo menos trechos das mesmas, vem de 2009
ainda. Inclusive chegamos a tocar Battle
At Sea na tour europeia de 2009. Agora, quanto a contribuição do Bil, ela
se deu na melodia vocal da Phantom Ship
que, tirando o refrão, ainda não estava definida, e também na letra dela. Nas
demais músicas tiveram sutilezas e características dele que somaram à
composição.
“Keep
It Hellish” transmite garra, ou seja, mostra uma banda com ‘sangue nos olhos’.
Isso pode ter sido influenciado pelos problemas de formação que a banda sofreu
nos últimos anos?
JR
-
Creio que não. Como disse, o álbum em si já estava pronto quando estávamos com
o Roger. Agora a garra e o sangue nos olhos pode ser explicado pela nossa
vontade de fazer Heavy Metal e de compor músicas que representem esta vontade.
Além de estarmos mais maduros musicalmente e tecnicamente falando. Tínhamos
voltado de uma tour bem sucedida no exterior, tínhamos um álbum ao vivo sendo
lançado, o qual foi gravado na Alemanha. Ou seja, tínhamos fatores mais do que
suficientes para realizar um grande trabalho. E com a chegada do Bil, isso só
cresceu.
Qual
o principal diferencial do novo disco para os dois trabalhos anteriores?
JR
-
Existem diversas diferenças, a principal talvez esteja na pós-produção. Creio
que conseguimos manter um meio termo entre a crueza e as cores presentes nos
primeiros álbuns. O disco está num nível de produção mundial, assim como as
músicas. Não acredito estarmos tão atrás assim de alguns ícones do Metal em
termos de composição e qualidade.
O
som executado pelo Hellish War é algo que poderíamos resumir como o verdadeiro
Heavy Metal, ou seja, é o estilo na pratica pura e simples. Desde o início essa
sonoridade sempre foi a intenção da banda?
JR
-
É simplesmente Heavy Metal. E esta não foi a intenção, é simplesmente o que
respiramos, o que ouvimos e o que nos inspira. É natural que ao levarmos um
som, este estilo seja mais latente. Temos diferenças de idade dentro da banda
de até 12 anos. E todos gostamos e assimilamos este estilo nas nossas
composições.
Aliás,
acredito que o Brasil está em falta de bandas tradicionais de mais qualidade,
principalmente o Heavy Metal. Como grandes representantes do estilo, o que
vocês pensam a respeito?
Bil
Martins - Creio que há muitas bandas de Metal tradicional e
de qualidade. Posso citar o Hazy Hamlet, Fire Strike, Breakout, Brave e muitas
outras. A cena só não é mais forte não pelas bandas, mas por outras coisas que
às envolve, como promotores que investem mais em bandas covers do que em bandas
autorais e o público que prefere ir a esses shows também, pagando até mais caro
pra ver cópias de grandes bandas.
Inclusive
os fãs de Metal têm se renovado por aqui e a maioria que aprecia o estilo que
vocês fazem são os mais vanguardistas. Tanto que o Hellish War possui mais nome
na Europa do que no Brasil. O que podem nos falar sobre isso?
Bil
-
Tenho notado desde que ingressei na banda, especificamente depois do lançamento
do “Keep it Hellish”, que o público tem crescido para a banda, com uma faixa
etária muito abrangente, tanto a galera que curte Metal há muito tempo - e é
grande conhecedor de bandas tradicionalistas - quanto o pessoal mais jovem que
está começando a ouvir Heavy Metal agora. Inclusive esse ano foi formado um fã
clube dedicado à banda. Acho que esse fato do Hellish ser conhecido fora do
país reflete bem aqui.
Falando
em Europa vocês acabaram de voltar da segunda turnê pelo continente. Como foi
essa passagem por lá?
Bil
- Foram
14 dias, seis países, mais de 4 mil quilômetros rodados e a experiência de
retornar à cidades onde a banda já havia tocado em 2009, tocar em novos
lugares, rever velhos amigos, fazer novos contatos e aumentar a base de público
do Hellish por lá. Passamos por Saint Éttiene, na França, Worblaufen, na Suíça,
Essen e Hamburgo, na Alemanha, Roeselare, na Bélgica, Tilburg, na Holanda e
Wroclaw, na Polônia. Voltaremos para a Europa em 2015 e o planejamento para
essa próxima tour já começou.
Como
está a repercussão de “Keep It Hellish” até então, tanto aqui quanto no
exterior? Quais países tem dado mais atenção ao disco?
Bil
-
Posso dizer que todas as resenhas até agora foram boas, muitos dizem que esse é
o melhor álbum da banda. O Hellish pode mostrar nesse trabalho a evolução em
todos os quesitos, desde a produção até as composições e execução. Nos
esforçamos muito. Acho que Alemanha e Suíça são os países onde a banda se
destaca mais, até a próxima turnê talvez o Hellish aumente esse número, estamos
trabalhando pra isso. Aqui no Brasil a repercussão está sendo muito boa também,
estamos vendendo bastante CD’s e camisetas.
E
como anda a agenda da banda?
Bil
-
A agenda está movimentada, no mês de novembro recarregamos as baterias e agora
em dezembro já voltamos com tudo, estamos recebendo muitos convites para
festivais e shows em casas menores pelo país. A intenção é continuar com essa
vibração que a turnê europeia trouxe se apresentando cada vez mais e espalhando
fogo por onde o Hellish War passar.
Muito
obrigado, podem deixar uma mensagem aos leitores.
Bil
-
Gostaríamos de agradecer o espaço cedido pelo Blog Arte Metal para o Hellish
War e mandar um grande abraço aos fãs e amigos da banda. Continuem apoiando o
Hellish War e o Metal Nacional.
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