segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Entrevista



Após dois álbuns expressivos lançados no final da década de 90 e começo dos anos 2000, a banda paulista Panzer resolveu encerrar as atividades. Acertadamente, em 2012, Edson Graceffi (bateria) e André Pars (guitarra) – membros remanescentes – recrutaram Rafael DM (baixo, Devon) e o vocalista Rafael Moreira (Reviolence, ex-Sacrament, ex-Upstairs) e voltaram chutando portas lançando o single “Rising” e o EP “Brazilian Threat” no mesmo ano. Agora, a banda vem divulgando o ótimo álbum “Honor” (2013), onde mostra toda sua essência, além da adaptação ao som e mercado atuais. Conversamos com André sobre estes e outros assuntos.

Foram 11 anos sem lançar material inédito, do álbum “The Strongest” (2001) até o single “Rising” (2012). O Panzer chegou a acabar ou foi apenas uma pausa?
André: A banda chegou a acabar realmente. Na época as coisas dentro da banda estavam tomando proporções insustentáveis e resolvemos nos separar. O mais engraçado de tudo isso, é que vendo tudo o que rolou, com a cabeça que temos hoje, tudo soa como uma grande bobagem. Poderíamos ter passado por cima de muita coisa e não ter parado. Mas de certa forma foi bom, pois voltamos com muito gás. E hoje somos mais sólidos com nossas ideias e acima de tudo mais parceiros.

Como e quando surgiu a vontade de produzir material novo?
André: A gente acredita que se é pra voltar, tem que ser enfiando o pé na porta. Não queríamos apenas viver do passado e o fato de termos dois integrantes novos, também fez com que as coisas rumassem dessa forma. Desde o começo da banda sempre gostamos de produzir bastante coisa e não é diferente agora. Ano passado quando resolvemos voltar com a banda, sabíamos que teríamos que mostrar algo para o público, pois muita gente simplesmente nunca havia ouvido falar de nós e os antigos fãs amadureceram também. Tudo isso e mais o fato de querermos compor coisas novas, fez com que as coisas fossem feitas e de forma rápida. Estamos felizes com os resultados.

Logo depois do retorno vocês lançaram o EP “Brazilian Threat” (2012) e o álbum “Honor” em 2013. As composições destes trabalhos foram feitas após o retorno ou havia material que estava engavetado desde quando a banda resolveu encerrar as atividades?
André: No EP “Brazilian Threat” regravamos uma música do “Strongest” e usamos alguns trechos de uma música que não chegou a sair no mesmo disco no passado. Mas tudo soou diferente com o nosso vocalista Rafael. Ele imprimiu muita agressividade ao som e quando estávamos ensaiando decidimos que tínhamos que mostrar isso de alguma forma, mas que não daria pra esperar o CD novo sair. Então resolvemos fazer o EP que foi gravado totalmente ao vivo. Justamente pra mostrar como estávamos soando ainda... Já no disco “Honor”, 90% do material é totalmente novo. Usamos algumas coisas minhas compostas no período de hiato da banda e tal, mas posso dizer que é quase tudo novo ali...

Falando de “Honor” o novo trabalho traz o Thrash Metal típico da banda, com a pegada Rock and Roll que vocês sempre possuíram. Porém, essa essência ‘rocker’ parece mais evidente neste trabalho. Isso foi um direcionamento a ser seguido ou fluiu naturalmente?
André: Acho que essa influência foi natural, mas é resultado de um amadurecimento que foi rolando ao longo dos anos e no nosso dia a dia. Eu e o Edson sempre gostamos muito de Stoner e Rock and Roll em geral e isso acaba se refletindo no som. Desde o primeiro trabalho pode-se ouvir essas influências. E concordo com você quando diz que esse trabalho traz isso mais à tona. Acho que achamos o equilíbrio entre esse lado Stoner que temos e que faz parte da nossa história, com o lado mais agressivo, trazido principalmente pelo Rafael Moreira, nosso vocalista.

Aliás, apesar do foco no Thrash Metal, as composições possuem influências de Black Sabbath e flerta até com o Stoner Metal. Isso mostra que o Panzer é uma banda que não impõe limites à sua música?
André: Quando uma coisa está soando natural e é feita com paixão, acredito que os limites passam a não fazer parte da nossa forma de compor. Se a música está soando ultra-agressiva, mas soa bem, ok. Se esta soando mais Rock And Roll e também nos agrada, beleza! Nada de errado nisso, e é assim que a gente monta o nosso som. Tem funcionado bem e os resultados nos agradaram bastante.

O trabalho fecha com a faixa cantada em português Alma Escancarada, que ficou muito boa em nossa língua pátria. Por que decidiram gravar uma faixa em português? Já pensaram na possibilidade de lançar um álbum cantado somente em nosso idioma?
André: Legal você ter gostado. Sempre tivemos essa vontade de gravar em português, mas nunca havíamos parado pra fazer acontecer. No disco “Honor” decidimos que isso seria feito e compusemos um som já pensando nisso. Não sei se gravaríamos um disco totalmente em português, pois o inglês é muito forte no nosso som, mas não descarto a hipótese de gravar mais alguma coisa em português ou até mesmo um EP, ou algo assim. Gostamos do que ficou no disco e a letra é muito forte. Fala sobre bullying que muita gente sofre calada e que as marca pra vida toda. Falar sobre isso é uma forma de dar voz a essas pessoas que não conseguem se fazer ouvir pela opressão.

Como tem sido a repercussão do disco até então? Hoje em dia, com a facilidade nos downloads pela internet, lançar um material físico tem sido uma ousadia? Qual diferença você vê em relação à repercussão dos dois primeiros trabalhos, já que naquela época o download não era tão intenso assim?
André: Realmente lançar um disco hoje em dia, é complicado, pois não temos a certeza do retorno financeiro e nem nada. É muito fácil ter o disco na internet de graça. Por outro lado, queremos ter um registro do nosso trabalho e  muitas pessoas ainda gostam de ter os CD’s, vinis, etc... É pra nós mesmos e para essas pessoas que resolvemos fazer o álbum físico. O primeiro disco foi um começo, não sabíamos ainda como mexer com o ‘business’ da coisa e acabamos vendendo tudo o que foi prensado, mas não corremos atrás de mais prensagem, etc. Já no segundo trabalho as vendas foram muito legais e muita gente hoje entra em contato conosco dizendo que tem o CD. Isso é legal. Um disco virtual não traz esse tipo de satisfação. Embora, eu acredite que lançar material virtual seja legal em alguns casos, pois agiliza todo o processo e coloca as pessoas em contato com a banda de forma rápida e gratuita. Foi assim no EP “Brazilian Threat”. Ano que vem, teremos o “Strongest” lançado em vinil. Isso é a realização de um sonho pra mim e para o Edson. Será uma tiragem limitada, numerada e com arte gráfica de primeira linha e vinil colorido. Muito legal. Resumindo, tem espaço pra tudo e acho que vale sim a pena lançar um disco físico, mesmo que isso seja caro e não tão rentável.



A banda lançou “Honor” pela Shinigami Records, uma das maiores gravadoras de Metal do país. Como tem sido o trabalho de divulgação do novo álbum?
André: Só posso dizer uma coisa deles. Eles são demais! Nos apoiaram e trabalham direitinho. É um mercado ingrato, mas eles fazem com maestria, respeito pelas bandas e por amor acima de tudo. Esta sendo muito bom ter eles como parceiros.

O Panzer é uma das bandas que tem apostado em seu próprio festival, o “Panzer Fest” que já teve duas edições. Qual o propósito, as vantagens e desvantagens de se organizar o próprio evento? Isso é reflexo da falta de lugares para se apresentar ou é uma forma mais fácil de divulgar o próprio trabalho?
André: O Festival é uma alternativa que encontramos desde os anos 90 para colocarmos nosso show e de outras bandas em locais com boa estrutura dentro da capital de São Paulo, justamente pela falta de bons locais que abrissem a porta exclusivamente para o Metal. Nós na verdade trocamos o nome do Fest. Fizemos no passado muitas edições na Casa de Cultura do Ipiranga (em São Paulo/SP), que era um bom local para shows de Metal.

Parabéns pelo retorno. Pode deixar uma mensagem.
André: Agradeço ao espaço da entrevista no Arte Metal e queremos agradecer aos ‘metalheads’ que têm nos apoiado desde a volta da banda, estamos junto com vocês!


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