terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Entrevista


Com certeza os porto-alegrenses do Eu Acuso! vieram pra chutar a bunda de muita gente. Afinal, seu som agressivo se mistura a letras inteligentemente politizadas, além de obter influências de vários estilos protestantes como o Hip Hop, Punk e Funk (o verdadeiro, não aquela inhaca que chamam de funk por aqui). Formado por músicos experientes como Carlos Lots (guitarra), Sandré Sarreta (Vocal), Ale Mendes (bateria), e Marcelo Cougo de Sá (Baixo) – que passaram por bandas como Sacrário, Leviaethan, Panic, Distraught, Alchemist e Kaus – o grupo inova na sonoridade e enfatiza ainda mais a insatisfação social que incomoda muita gente. Falamos com o guitarrista Carlos Lots que, apesar de breve e direto, não deixou dúvidas sobre a proposta da banda.

Quando surgiu a ideia de se formar a banda?
Carlos Lots: Surgiu da combinação dos desejos de produzir um Rock que soasse diferente, e o de tocar com amigos.

Faço essa pergunta, pois os integrantes passaram por nomes como Sacrário, Leviaethan, Panic, Distraught, Alchemist e Kaus, ou seja, bandas com propostas totalmente diferentes do Eu Acuso!
Carlos Lots: A música do Eu Acuso! é o resultado das experiências musicais dos seus membros. Na banda há basicamente duas vertentes musicais que se misturam, o Metal dos anos 80 e 90 por parte de Carlos Lots e Marcelo Cougo e o Grunge por parte de Sandre Sarreta e Ale Mendes.

E como foi o processo de composição de “Liberdade Presumida” (2012)?
Carlos Lots: Foi um processo bem prolixo e racional. A ideia inicial das músicas surgia na guitarra, que eram gravadas e enviadas por e-mail ao Marcelo que produzia as letras, depois discutíamos os arranjos de bateria e vozes em grupo. Feito isso, fizemos uma pré-produção pra definir todos os detalhes e finalmente a gravação do álbum. É interessante comentar que esse disco foi gravado, mixado e masterizado em 50 horas de trabalho aproximadamente, e isso aconteceu graças ao planejamento e a boa performance dos músicos no estúdio.

É interessante notar que o Eu Acuso! não se limita nas influências, afinal na música da banda o Metal é mesclado com influências que vão desde o Funk americano passando pelo Hip Hop e Rock em si. Essa sempre foi a proposta da banda?
Carlos Lots: Essa mistura de influências foi uma coisa natural na sonoridade do Eu Acuso!, é produto das coisas que ouvimos e sintetizamos.

Tudo isso sem perder a pegada Metal e soando diferenciado. Concordam?
Carlos Lots: Concordamos sim! O Metal é a base da nossa música, mas a ideia é justamente soar diferente do que já foi feito.



Aliás, não só na sonoridade agressiva, a banda investe em letras politizadas e inteligentes. Como surgiu a ideia de focar essa proposta na temática das letras?
Carlos Lots: Quanto a temática, o Rock, nas suas variadas vertentes é essencialmente uma música de contestação, e o Rock pesado e agressivo é sonoridade perfeita pra gritar contra as injustiças sociais.

E como vocês procuram fazer esse tipo de abordagem sem soar panfletários?
Carlos Lots: Por causa da forma. Existe uma preocupação com a estética poética das letras, que faz com que não soe dessa maneira.

O fato de vocês focarem neste tipo de letras foi o motivo que os fizeram optar por cantar em português?
Carlos Lots: A escolha pelo português veio da vontade de que as pessoas do nosso país entendessem o que cantamos e da ligação forte que o Marcelo tem com a “palavra”. Fazer Rock pesado em português não é tão simples, há que se ter um cuidado com a forma, além do conteúdo, senão não agrada.

Voltando a musicalidade do Eu Acuso!, como vocês definiriam o som da banda?
Carlos Lots: Gostamos de dizer que tocamos Rock! Eu Acuso! é uma banda de Rock.

Como tem sido a repercussão de “Liberdade Presumida” até então?
Carlos Lots: Tem sido ótima, foram 30 shows em 2013, praticamente nosso primeiro ano de banda, já que optamos por tocar ao vivo só depois de lançar o álbum, que foi em abril.  A aceitação do público nos surpreendeu, tem sido muito legal.

Sei que vocês já estão trabalhando em um novo álbum, podem adiantar algo a respeito? As características do primeiro disco serão mantidas?
Carlos Lots: Sim, as características serão mantidas, mas novos elementos serão acrescentados. Ainda estamos em processo de composição, então também estamos bastante curiosos com o resultado.

Como anda a agenda da banda? Muitos shows para 2014?
Carlos Lots: Ao longo de 2013 conhecemos muita gente e começamos a criar uma rede de contatos, que certamente viabilizará muitos shows. Todos sabem como funciona o esquema de shows no underground, ainda falta muito pra se conseguir programar uma turnê com uma banda independente no Brasil, de maneira que a única forma é as bandas se ajudarem, e a gente tem tido sorte com as pessoas com quem cruzamos.



Um comentário:

  1. Obrigado mais uma vez, Vitor, pelo apoio e trabalho! Um abraço a todos que curtem o Arte Metal!

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