terça-feira, 1 de abril de 2014

Entrevista



O guitarrista Rodrigo Campagnolo pode ser considerado um ‘workaholic’, já que sempre tem uma carta na manga (projetos/bandas) e está há 20 anos na ativa se dedicando à música verdadeira. Apaixonado por Rock, Blues, Hard Rock e diversos estilos, a versatilidade do músico é o seu maior trunfo. Um dos seus maiores projetos, o Blues Electric Explosion foi formado em 2006 e atualmente divulga o álbum “Strenght To Go On” que é composto por um CD e um DVD. Conversamos com Campagnolo que, muito simpático, contou tudo a respeito do novo trabalho e muito mais.

Primeiramente, conte um pouco como surgiu o Electric Blues Explosion?
Rodrigo Campagnolo: Surgiu da minha vontade de ter um projeto que fosse diferente do Hard Rock e do Heavy Metal, os quais eu vinha fazendo há tempos com a EXIT11 e outras bandas. Com a Electric, eu pude dar vazão à minha veia Blues/Rock. Começamos tocando covers, releituras de clássicos do Blues, Southern Rock e também do Blues contemporâneo – todos minhas influências. Depois de alguns anos amadurecendo, comecei a jogar ideias de composições para a banda, que vieram a ser nosso primeiro CD “Draw The Line”.

Como foi o processo de composição e produção de “Strenght To Go On”? Por que decidiu lançar um CD e um DVD ao mesmo tempo?
Rodrigo: Quando voltei da Inglaterra (morei lá a maior parte do ano de 2011 tocando) trouxe comigo muitas ideias de composições e algumas músicas inclusive já prontas. Naturalmente decidi colocá-las em um novo CD. Mas a grande sacada é que aqui em Caxias do Sul, temos uma lei de incentivo à cultura, o FINANCIARTE. A verba, se aprovado o projeto, é muito boa, e eu pensei em aproveitar melhor o dinheiro usando não apenas para gravar um CD, mas também para filmar a performance da banda ao vivo, pois até então só possuíamos registros amadores. Além do mais, hoje em dia, quase todo mundo consegue “mascarar” um CD, ou seja, mesmo a banda não sendo tão boa, o CD fica muito bom, por causa de toda a tecnologia disponível para gravação e pós-produção.  É no palco, ao vivo, que separam as crianças dos homens. Então pensei em registrar nossa performance ao vivo pro público poder nos ver executando as composições de verdade. Além do mais, acho que lançar um CD com músicas inéditas e um DVD contendo essas músicas e mais as do primeiro CD, é um jeito de fazer o dinheiro do consumidor valer mais. Paga o preço de um CD, e leva o DVD de graça. É nosso jeito de dizer “obrigado por curtirem nosso trabalho”.

Falando primeiramente do CD, o trabalho mostra a veia Blues/Rock, mas abrange mais estilos como o Jazz e o Funk. Porém, nota-se que cada música soa distinta uma da outra, mas mantém a característica da banda. Como isso é possível? (risos)
Rodrigo: Quanto ao “Jazz” fico surpreso, pois sou péssimo nesse estilo. O Blues é a raiz da Electric, mas os integrantes possuem influências variadas, acho que isso é que faz o CD ficar interessante. Possui elementos das influências pessoais de cada um, mas sempre mantendo a característica Blues/Rock.

Os estilos abrangidos fluíram naturalmente ou teve alguma composição que você parou e disse: ‘essa vai soar de tal forma’?
Rodrigo: Com certeza, naturalmente. Por isso algumas músicas são mais pesadas do que outras. Tenho dito que nosso estilo está mais para o Hard/Blues do que para o Blues/Rock (risos).



As bases de guitarras alternam momentos mais simples, básicos, com algo mais complexo que chega a lembrar linhas progressivas. Isso sem contar que os solos são belíssimos. Como foi desenvolvido esse trabalho e por que você decidiu utilizar também guitarras de 12 cordas?
Rodrigo: Na verdade foram violões de 12 cordas, usados para gravar algumas passagens acústicas das músicas. Quanto às bases e solos, fui fazendo o que meu coração ditava. Talvez devido às minhas primeiras influências como guitarrista – Malmsteen, Vai, Satriani, Paul Gilbert, Kotzen, Zakk Wylde, Jason Becker... As bases e solos alternam entre momentos mais trabalhados e momentos mais simples e diretos. Mas não é nada premeditado, vai da inspiração do momento. Tento tocar o que a música pede. O legal é que, por eu ter estudado muita técnica quando era adolescente, hoje tenho as ferramentas necessárias para expressar o que desejo nas músicas.

O trabalho de guitarras é o ponto alto do disco, sem dúvidas. Mesmo assim, não se sobrepõe aos outros instrumentos, fazendo da Electric Blues Explosion uma banda mesmo. A cozinha, por exemplo, mesmo dando base, soa até independente em certos momentos e os arranjos de órgão/teclado são fundamentais nas composições. Fale um pouco sobre isso.
Rodrigo: Justamente por ser uma “banda” e não um trabalho solo do guitarrista Rodrigo Campagnolo, quando componho as músicas, penso nelas exatamente como “músicas” e não uma desculpa para eu poder me exibir ou fritar na guitarra. Deixo espaço para os complementos, seja de teclado, baixo, bateria ou principalmente, de vocal. A música tem que respirar em certo ponto. Mas como disse, isso acontece de uma maneira natural, sem precisar pensar muito. Outra coisa bem legal desse CD é que fui compondo música e melodia juntas – criava um riff de guitarra e já criava junto a melodia de voz, para assim, soar natural no produto final.

As composições do Electric Blues Explosion, apesar de focar no Blues/Rock, não possuem aquela aura triste/melancólica muito comum no Blues. A que deve este fato? Seria esse o diferencial da banda?
Rodrigo: A maior parte das letras são experiências e vivências próprias. Algumas até são mais melancólicas, mas eu acho que você não precisa fazer uma música triste pra falar de algo triste, assim como uma música mais alegre não necessariamente fala de algo bom. Além do mais, se as músicas soam todas “down”, o CD se torna chato, depressivo, e não é esse o meu objetivo. Não quero que ninguém corte os pulsos depois de escutar o CD. Quero que chamem os amigos, abram umas cervejas, e curtam a vida, pois a vida é muito massa! Gosto de passar uma mensagem positiva nas minhas letras. Era assim já com a EXIT11 – nunca consegui fazer letras “revoltadas”, não sou um cara de mal com a vida. Adoro a vida que tenho, e tento celebrar isso com minhas músicas.

Indo para o DVD, o show é apresentado em uma sala de teatro, o que caiu como uma luva. A intenção de se gravar o DVD num local como este foi realmente apresentar um show mais intimista?
Rodrigo: Sim. Tocar na noite, no bar, é muito legal, mas eu vejo que muitas pessoas nos nossos shows realmente ficam cativadas pelas músicas, prestando atenção, escutando, e não apenas fazendo a festa com trilha sonora, entende? E como nosso som cativa tanto adolescentes quanto pessoas mais velhas, achei legal proporcionar ao nosso público poder ver o show sentados, podendo “viajar” nas músicas junto com a banda. Além do mais, o público presente na gravação do DVD estava escutando as músicas novas pela primeira vez. Apenas duas delas vínhamos tocando nos shows que antecederam a gravação do DVD.

O DVD possui uma ótima captação de imagens. Quais as maiores dificuldades na hora de se produzir o vídeo?
Rodrigo: Eu não tive dificuldade nenhuma, mas o diretor e os câmeras...(gargalhadas gerais)! Foram duas noites de filmagem, para podermos ter mais ângulos e imagens. O mais difícil acho que foi lembrar a seqüência de figurino e troca de guitarras, para não ficar como o Van Halen - Right Here Right Now- que na mesma música aparece com guitarras diferentes e o Sammy Hagar com roupa diferente (risos)... E claro, eu incomodei o diretor pra caramba pra deixar a edição dinâmica, e não ficar muito chato pra quem assiste. E fiquei muito contente com o resultado.



Durante a apresentação vocês já tinham certeza que iriam gravar aquilo e lançar em DVD ou gravaram mais apresentações? Qual a sensação de fazer um show sabendo que o mesmo pode ser possivelmente lançado em DVD? Há algum sentimento ou pressão na hora de se apresentar?
Rodrigo: Nós sabíamos que estávamos filmando para o DVD, mas, falando por mim, depois de 22 anos tocando, palco após palco, cidade após cidade... Não, não senti pressão nenhuma. Claro, é o “DVD”, então você quer fazer direito – dá um friozinho na barriga ao subir lá e saber que você tem que dar 110%, pois aquilo vai ficar registrado, mas depois dos primeiros minutos, você se sente em casa, pois está, mais uma vez, fazendo aquilo que faz há anos: tocando!

Como está a repercussão do trabalho e como anda a agenda de shows da banda?
Rodrigo: A aceitação está espetacular, estamos recebendo sempre ótimas críticas dos meios especializados (revistas, websites, etc...) e as vendas estão muito boas com um feedback positivo dos fãs. Mantemos uma média legal de shows pela região e estamos agendando shows em outros estados, em bares de blues e festivais. Acessando nossa página no facebook – www.facebook.com/electricbluesexplosion - pode-se ficar por dentro de datas de shows e tudo o mais.

Planos para 2014?

Rodrigo: Divulgar nosso trabalho da melhor maneira possível, fazer o maior número de shows possível, pois acho que é ao vivo que você realmente pode captar a essência do artista. Esperamos poder tocar nos principais festivais de blues do país e casas de shows, bares, festas de aniversário, formaturas, casamento... Aonde nos levarem, podem ter a certeza de que terão uma performance inesquecível!

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