“Frostbite”,
primeiro trabalho da banda alemã King Fear, foi lançado no Brasil pela ShiniGami Records, o
que pode ser motivo de orgulho aos fãs de Black Metal. Afinal, o trabalho traz
uma sonoridade diferenciada onde o guitarrista/baixista Mål Dæth é o principal
compositor e letrista. Tendo ao seu lado Nachtgarm (vocal, ex-Dark Funeral) e BoneInn
(bateria), o músico atingiu um patamar distinto no Black Metal, mas que mantém
a alma escurecida do gênero. Conversamos com Mål que, muito atencioso, nos
contou detalhes do álbum e da banda.
“Frostbite” é um álbum conceitual.
Mesmo vocês sendo músicos experientes, lançar o primeiro trabalho de forma
conceitual não seria um desafio?
Mål Dæth:
Olá, aqui é Mål do King Fear. Primeiramente gostaria de agradecer por divulgar
nosso trabalho e nos entrevistar. É uma honra para nós do King Fear ser
apresentados ao Brasil. Voltando à pergunta, se você não estiver inspirado o
suficiente será sempre muito difícil chegar com novas ideias, seja o álbum
conceitual ou não. Mas nunca tivemos tal problema. Portanto, para nós foi uma
oportunidade de nos expressar ainda mais. Com certeza foi um trabalho muito
árduo, mas foi a maneira que optamos. No final foi muito satisfatório criar o
álbum. Estamos muito orgulhosos do resultado.
O tema abordado é inspirado no
montanhismo e baseado na premissa da “conquista do inútil”: o possessivo desejo
da humanidade de alcançar os mais altos picos das montanhas. Ou seja, é um tema
complexo. Como isso foi desenvolvido?
Mål:
Eu sempre vi uma ligação entre nós músicos com as pessoas que vivem para as
montanhas. Todos nos direcionamos para o alto. Os riscos reais desses
montanhistas sempre me impressionaram. Eles vivem e respiram a natureza e
arriscam suas vidas para a glória. Cedo ou tarde eu queria escrever sobre esse
tema incrível e no final de 2012 essa hora chegou. Enquanto nosso vocalista Nachtgarm
excursionava com o Dark Funeral, me mudei para as montanhas da Áustria para
compor novas músicas. Voltando a Hamburgo, fomos para o estúdio e o resultado é
esse de agora.
Falando em sonoridade, vocês
investem em um Black Metal atípico. Muitas vezes o estilo é levado mais para o
lado da rispidez, já com o King Fear não. O trabalho de guitarras, assim como o
restante do instrumental possui técnica e um bom desenvolvimento. O que pode
nos falar sobre isso?
Mål:
Queríamos ter um som pesado e nossas novas músicas soam de tal forma.
Acreditamos que uma mistura de ‘old school’ com ‘necro’ não caberia em nossa
sonoridade. Existem várias formas no Black Metal norueguês. Veja o último
trabalho do Shining (estou falando da banda sueca), eles se utilizam de muitas
partes lentas e ainda assim soam obscuros e são chamados de ‘true Black Metal’
lá fora. É tudo sobre espalhar a escuridão e é o que fazemos!
Aliás, o som de vocês não se difere
somente neste aspecto. A banda também trabalha com uma boa variação de ritmos e
não se preocupa muito com a velocidade.
Mål:
Por um lado você tem razão, nós nos concentramos em material mais lento. Por
outro, há canções mais rápidas em “Frostbite”, mas comparando com outras bandas
de Black Metal tocamos bem mais lento sim (risos).
Falando especificamente dos riffs
de guitarras, nota-se influências do Death Metal também. Você concorda com
isso?
Mål:
Isto é difícil de responder, pois quando eu estava compondo eu não tinha o
Death Metal em mente. Mas se você achou isso, tudo bem. Tocamos com uma
afinação mais baixa na guitarra o que tem um pouco de Death Metal, mas os riffs
são mais Black Metal, algo como Black ‘n’ Roll, eu acho. Se você mencionou o
Death Metal do Entombed mais recente (nos álbuns Death'n'Roll), acredito que
você está certo (risos).
A produção do trabalho foge dos
padrões do Black Metal saindo daquele som mais ríspido e agudo. O que você pode
nos falar a respeito?
Mål:
O som soa como King Fear. Como eu disse anteriormente, queríamos que fosse
pesado e acho que conseguimos isso também. Eu sinto um Black Metal tradicional
nisto. Apenas ouça a última música, Re-conquering
The Useless. Ela é puro Atmospheric Black Metal e crua como o inferno.
Aliás, você ficou a cargo da
produção do álbum. Por que optaram por alguém da banda para produzir o disco?
Mål:
Eu fiz toda a pré-produção o que me fez uma escolha óbvia para a produção final
também. Eu trabalho junto com Olman Viper que ficou responsável pela mixagem e
masterização.
“Frostbite” foi lançado no Brasil
pela Shinigami Records. Como é ter o seu primeiro disco lançado por aqui?
Mål:
Sim, isso mesmo! A Shinigami Records lançou nosso primeiro álbum “Frostbite” no
Brasil e a versão saiu com nosso primeiro EP auto-intitulado como bônus.
E como tem sido a repercussão do
álbum, tanto por parte de crítica quanto pelo público? Tem tido retorno aqui do
Brasil?
Mål:
Muito boa, um monte de gente tem apreciado o novo material. Como disse em outra
entrevista, ainda estamos esperando algumas críticas ruins... Como uma banda de
Black Metal é bom ser odiado também (risos).
E vocês têm se apresentado ao vivo?
Pretendem passar pela América do Sul?
Mål:
O King Fear não toca ao vivo, pelo menos por enquanto. Eu sinto muito, mas não!
Muito obrigado pela entrevista.
Deixem uma mensagem aos fãs brasileiros.
Mål:
Obrigado pelo apoio, viva o KING!
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