quarta-feira, 16 de abril de 2014

Entrevista



“Frostbite”, primeiro trabalho da banda alemã King Fear, foi lançado no Brasil pela ShiniGami Records, o que pode ser motivo de orgulho aos fãs de Black Metal. Afinal, o trabalho traz uma sonoridade diferenciada onde o guitarrista/baixista Mål Dæth é o principal compositor e letrista. Tendo ao seu lado Nachtgarm (vocal, ex-Dark Funeral) e BoneInn (bateria), o músico atingiu um patamar distinto no Black Metal, mas que mantém a alma escurecida do gênero. Conversamos com Mål que, muito atencioso, nos contou detalhes do álbum e da banda.

“Frostbite” é um álbum conceitual. Mesmo vocês sendo músicos experientes, lançar o primeiro trabalho de forma conceitual não seria um desafio?
Mål Dæth: Olá, aqui é Mål do King Fear. Primeiramente gostaria de agradecer por divulgar nosso trabalho e nos entrevistar. É uma honra para nós do King Fear ser apresentados ao Brasil. Voltando à pergunta, se você não estiver inspirado o suficiente será sempre muito difícil chegar com novas ideias, seja o álbum conceitual ou não. Mas nunca tivemos tal problema. Portanto, para nós foi uma oportunidade de nos expressar ainda mais. Com certeza foi um trabalho muito árduo, mas foi a maneira que optamos. No final foi muito satisfatório criar o álbum. Estamos muito orgulhosos do resultado.


O tema abordado é inspirado no montanhismo e baseado na premissa da “conquista do inútil”: o possessivo desejo da humanidade de alcançar os mais altos picos das montanhas. Ou seja, é um tema complexo. Como isso foi desenvolvido?
Mål: Eu sempre vi uma ligação entre nós músicos com as pessoas que vivem para as montanhas. Todos nos direcionamos para o alto. Os riscos reais desses montanhistas sempre me impressionaram. Eles vivem e respiram a natureza e arriscam suas vidas para a glória. Cedo ou tarde eu queria escrever sobre esse tema incrível e no final de 2012 essa hora chegou. Enquanto nosso vocalista Nachtgarm excursionava com o Dark Funeral, me mudei para as montanhas da Áustria para compor novas músicas. Voltando a Hamburgo, fomos para o estúdio e o resultado é esse de agora.


Falando em sonoridade, vocês investem em um Black Metal atípico. Muitas vezes o estilo é levado mais para o lado da rispidez, já com o King Fear não. O trabalho de guitarras, assim como o restante do instrumental possui técnica e um bom desenvolvimento. O que pode nos falar sobre isso?
Mål: Queríamos ter um som pesado e nossas novas músicas soam de tal forma. Acreditamos que uma mistura de ‘old school’ com ‘necro’ não caberia em nossa sonoridade. Existem várias formas no Black Metal norueguês. Veja o último trabalho do Shining (estou falando da banda sueca), eles se utilizam de muitas partes lentas e ainda assim soam obscuros e são chamados de ‘true Black Metal’ lá fora. É tudo sobre espalhar a escuridão e é o que fazemos!



Aliás, o som de vocês não se difere somente neste aspecto. A banda também trabalha com uma boa variação de ritmos e não se preocupa muito com a velocidade.
Mål: Por um lado você tem razão, nós nos concentramos em material mais lento. Por outro, há canções mais rápidas em “Frostbite”, mas comparando com outras bandas de Black Metal tocamos bem mais lento sim (risos).


Falando especificamente dos riffs de guitarras, nota-se influências do Death Metal também. Você concorda com isso?
Mål: Isto é difícil de responder, pois quando eu estava compondo eu não tinha o Death Metal em mente. Mas se você achou isso, tudo bem. Tocamos com uma afinação mais baixa na guitarra o que tem um pouco de Death Metal, mas os riffs são mais Black Metal, algo como Black ‘n’ Roll, eu acho. Se você mencionou o Death Metal do Entombed mais recente (nos álbuns Death'n'Roll), acredito que você está certo (risos).


A produção do trabalho foge dos padrões do Black Metal saindo daquele som mais ríspido e agudo. O que você pode nos falar a respeito?
Mål: O som soa como King Fear. Como eu disse anteriormente, queríamos que fosse pesado e acho que conseguimos isso também. Eu sinto um Black Metal tradicional nisto. Apenas ouça a última música, Re-conquering The Useless. Ela é puro Atmospheric Black Metal e crua como o inferno.


Aliás, você ficou a cargo da produção do álbum. Por que optaram por alguém da banda para produzir o disco?
Mål: Eu fiz toda a pré-produção o que me fez uma escolha óbvia para a produção final também. Eu trabalho junto com Olman Viper que ficou responsável pela mixagem e masterização.


“Frostbite” foi lançado no Brasil pela Shinigami Records. Como é ter o seu primeiro disco lançado por aqui?
Mål: Sim, isso mesmo! A Shinigami Records lançou nosso primeiro álbum “Frostbite” no Brasil e a versão saiu com nosso primeiro EP auto-intitulado como bônus.


E como tem sido a repercussão do álbum, tanto por parte de crítica quanto pelo público? Tem tido retorno aqui do Brasil?
Mål: Muito boa, um monte de gente tem apreciado o novo material. Como disse em outra entrevista, ainda estamos esperando algumas críticas ruins... Como uma banda de Black Metal é bom ser odiado também (risos).


E vocês têm se apresentado ao vivo? Pretendem passar pela América do Sul?
Mål: O King Fear não toca ao vivo, pelo menos por enquanto. Eu sinto muito, mas não!


Muito obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem aos fãs brasileiros.
Mål: Obrigado pelo apoio, viva o KING!



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