Com a ideia genial de
musicar a história de Virgulino Lampião, o maior cangaceiro de todos os tempos,
a banda pernambucana Hate Embrace lançou um dos melhores trabalhos do ano com
“Sertão Saga”, seu segundo disco. Estabilizada com George Queiroz (vocal), João
Paulo Araújo (guitarra), Alexandre Cunha (baixo), Tamyris Daksha (teclado) e
Ricardo Necrogod (bateria), o grupo deu um salto e tanto com sua nova produção
exaltando a cultura local. Falamos com o baterista detalhadamente sobre a
banda, sobre o disco e seu conceito na entrevista a seguir. Com vocês Hate
Embrace!
Primeiramente
conte-nos como surgiu a ideia de fazer o álbum conceitual baseado em “Lampião”,
já que a banda investia em uma temática totalmente diferente anteriormente?
Ricardo
Necrogod: Primeiramente agradecemos o espaço cedido pelo Arte
Metal. Depois que lançamos a demo (“The Dawn of a new Age”) em 2008, passamos
por algumas mudanças em nosso line up e em vários momentos a banda ficou até
parada sem ensaios. Quando voltamos à ativa, pegamos algumas sobras que não
entraram na demo e pensamos que poderíamos usar em uma segunda demo ou até
mesmo em um 1º full da banda (“Domination Occult Art”). Em 2009 já existiam
algumas ideias em minha cabeça sobre um álbum voltado a mescla de sons pesados
e regionais (mas sem perder o foco Death Metal), sendo assim comecei a fazer
letras, sempre com a ajuda da Tamyris Daksha e de todos na finalização das
letras e do encarte e instrumentais. Em 2010 tudo estava pronto quando em uma
reunião com a banda, achamos melhor não lançar o “Sertão Saga” por uma questão
de estratégia de marketing pois a banda ainda não era conhecida (a demo tinha
sido vendida apenas em Pernambuco e alguns estados do nordeste) no Brasil ou fora. Sendo assim
achamos melhor pegar as sobras da demo e fazer um full ainda em inglês que
pudesse divulgar a banda de forma mais ampla e foi assim que em 2012 saiu o
nosso 1º full length “Domination Occult Art”, que foi trabalho bem divulgado
com apoio de vários de todo brasil. Esperamos até 2014, para lançarmos junto
com os selos Insane Records (Rio de Janeiro) e Black Legion Productions (Rio de
Janeiro) “Sertão Saga”.
Quais
foram as maiores dificuldades na hora de compor o disco?
Ricardo
Necrogod: Estive envolvido com praticamente tudo na obra, posso
dizer que unir instrumental, letras e arte gráfica para que houvesse uma
ligação entre eles foi a parte mais difícil de tudo. Sempre quando estou
compondo uma música não existe local nem hora. Sempre ando com celular e quando
a ideia bate, eu deixo microfone dele ligado e fico solfejando bases e em casa
com meu baixo ou violão gravo tudo no computador e passo para o João Paulo (que
criou a parte final de Revolta) e para o Alexandre. Com as letras sigo o mesmo
esquema não existe local ou hora para inspiração, sempre ando com um caderno a
postos para qualquer ideia. É sempre bom lembrar que todos da banda ajudaram na
finalização das instrumentais, letras e do encarte (correção das letras, ajuste
de bases e arranjos, outras visões para partes do encarte) e se não fosse pela
união que temos hoje este trabalho não seria finalizado. Neste álbum tive um
desafio que também foi muito interessante, nossa tecladista não pode criar as
linhas de teclado (faculdade e trabalho), então acabei criando as linhas
(tirando apenas o último arranjo da música O Começo do Fim, de autoria de
Tamyris). Acredito que tudo isso contribuiu para que o álbum ficasse tão
intenso, pesado e direto, mas sem tirar aquele ar poético.
A
banda consegue manter o foco no Death Metal que é a proposta inicial, mas a
sonoridade de “Sertão Saga” vai muito mais além. Fale-nos um pouco a respeito
desse aspecto.
Ricardo
Necrogod: Tentei ao máximo criar uma atmosfera onde
instrumental, letras e arte estivessem unidas. Toda história é contada de forma
que você vai interagindo com a evolução e as visões de todos perante os
acontecimentos da época. O Death Metal é um estilo naturalmente forte e
agressivo que a meu ver, sendo feito de forma certa, poderia se encaixar
perfeitamente à ideia do álbum.
Os
arranjos são um dos principais diferencial do trabalho. Como foi o
desenvolvimento deles?
Ricardo
Necrogod: Como falei antes, não existe nem hora e nem local
para inspiração te dar um soco
(risos). Nos arranjos, tive uma preocupação em deixá-lo com um ar mais poético
como pode ser ouvido no final em Vidas
Passadas, Revolta, O Começo Do Fim, Intolerância, Imponência. A união do
arranjo à proposta da letra tinha que ser alcançada. Mas até definir o que ficaria
no álbum foram muitas idas e vindas em ensaios, mas acreditamos que acertamos.
Há
várias participações no álbum, mas acredito que a da jornalista Wanessa Campos
narrando os atos (que foi uma ótima sacada, por sinal) e do cantor Silvério
Pessoa foram diferenciadas. Como foi o trabalho com eles, e como vocês o
sentiram trabalhando com uma banda de Metal?
Ricardo
Necrogod: Todas as participações foram importantíssimas para
o álbum. Conheci a Wanessa Campos e o Silvério Pessoa pelo Facebook e até hoje
conversamos, fico muito feliz que consolidamos uma belíssima amizade. Sobre
suas participações no álbum “Sertão Saga”, suas palavras são perfeitas,
“momentos diferenciados”. Precisávamos de uma pessoa para os atos e a voz da
Wanessa se encaixou perfeitamente com sotaque característico de nossa região.
Para utopia, Silvério colocou na música a alma do interior, a forma de cantar
que nos faz viajar e lembrar o sertão.
E
como foi ter a participação de Magno Barbosa e Rafael Cadena (Cangaço), Pedro
Thomaz (Necroholocaust), Alcides Burn (Inner Demons Rise), Adriano Forte
(Extrusion e Lethal Rising), Washington Pedro (The Ax), Ivanúbis Hollanda
(ex-Empty Book e atual Orquestra Sinfônica da CPM) e Sérgio Ferraz no disco?
Ricardo
Necrogod: Desde a demo sempre tivemos ótimas participações em
nossos trabalhos. Todas elas contribuindo para fortalecer a música da banda. A
única palavra que temos é só agradecer a todos que participaram, foi incrível,
de coração.
A
arte gráfica do trabalho, elaborada por você mesmo, mostra um grande
diferencial e é belíssima. Como foi desenvolvido esse trabalho?
Ricardo
Necrogod: Já desenho há muito tempo, com bandas comecei junto
com minha noiva Tamyris Daksha (tecladista da banda), iniciamos algumas capas para
bandas, mesmo sem um ter tablet profissional. Só depois que iniciamos um curso
de designer gráfico. Ela fez faculdade de Design e seus conselhos foram
importantíssimos para deixar o encarte da forma como ficou. Já tinha feito
todos os esboços e tinha tudo pronto queria o encarte nos moldes das
literaturas de cordel.
E
como foi trabalhar com Joel Lima na produção sonora do trabalho? Como chegaram
até ele?
Ricardo
Necrogod: Joel lima é conhecido por ter um dos melhores
estúdios (para ensaios e gravação) de Pernambuco, com o preço mais em conta
(minha opinião). Conheço Joel desde os tempos de colégio e é um grande amigo.
Fizemos a meu ver um trabalho bem rápido se comparado ao “D.O.A (Domination
Occult Art)”, e mais uma vez escutamos os conselhos do Joel que ajudou muito a
banda nas gravações e só temos a agradecer a ele por esta força. Sempre que
podemos levamos ele para fazer a mesa da
banda em shows, o que melhora em 100% a força da banda em palco. O J.A Studio
já trabalha com gravações há mais de 10 anos com bandas como Hate Embrace,
Malkuth, Infested Blood, Beast Conjurator, Uncivilized, Antropofagia entre
outros.
E
quais os planos para divulgar o novo trabalho?
Ricardo
Necrogod: Bem estamos fazendo nossa divulgação na página da
banda, com sons no canal da banda no YouTube e no Soundcloud e claro com a força
de nossa assessoria de imprensa, Black Legion Productions, do irmão Alex
Chagas, que tem nos dado um suporte e passado todas informações sobre a banda.
Muito
obrigado. Podem deixar uma mensagem.
Ricardo
Necrogod: Agradecer o espaço cedido por vocês do Arte Metal
que também estão na luta pelo underground. Aos grandes brothers e avisar que já
estamos compondo novo material, juntamente a uma versão da música The Southern Deathstyle, tributo ao MOONSPELL.
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