terça-feira, 19 de agosto de 2014

Entrevista



“Revolutionary Order” (2014) é o primeiro álbum da banda goiana Revolted. Nele, nota-se um grupo maduro e que não parece que tem somente 3 anos de existência. E isso se mostra também nesta entrevista que fizemos com os 4 integrantes da banda Hedrey Glisserio (vocal), Alex (guitarra), Raphael Torlezzi (baixo) e Yanomani (bateria) que se mostraram detalhistas e pés no chão. Com vocês: Revolted.

Impressiona como “Revolutionary Order” não tem cara de um debut. Digo isso devido à qualidade e segurança que a banda passa no trabalho. Como foi o processo de composição do disco?
Alex – O processo de composição do disco foi um pouco demorado pra falar a verdade, as principais ideias das músicas são pedaços de riffs que eu compus acho que desde 2008 e que não se encaixavam na minha banda anterior. Quando eu resolvi formar o Revolted com o antigo baterista, esses riffs serviram de base pra gente iniciar as composições das músicas que foram gravadas nesse debut. Apenas 2 músicas foram compostas na reta final de composição, a Follow The Shadows e a Epidemia, ambas compostas já com nosso atual baterista. Nós ficamos ensaiando cerca de 1 ano antes de fazer nossa primeira apresentação, queríamos mostrar um som diferente do que estava rolando na cena da região e ao mesmo tempo mostrar segurança no palco.

Mesmo incluindo melodia nas composições, a música do Revolted caminha bem entre o Thrash e o Death Metal. Essa sempre foi a proposta da banda?
Alex – O nosso processo de composição é bem simples, eu tenho as ideias dos riffs, depois passo para o baterista Yanomani, a gente faz essa estrutura básica nos ensaios junto com o baixista Raphael, e ao mesmo tempo o vocalista Hedrey vai ouvindo e definindo as letras. Quando as estruturas das músicas estão prontas, nós fazemos alguns arranjos e cada um da banda vai trazendo algumas novas ideias para incrementá-las, até que chegamos num denominador comum. Algumas músicas saem de primeira, outras demoram mais pra sair, lembro que demoramos para finalizar as músicas Scars of Insanity e We Are Only Free, elas mudaram um pouco no decorrer do processo de composição.

Aliás, li comparações com o Arch Enemy. Sei que as bandas não gostam muito de comparações e muito menos de serem rotuladas. Mas, o que acharam disso e como definiriam a sonoridade do Revolted?
Alex – Comparações são inevitáveis, ao mesmo que é bom ser lembrado por fazer um som legal como de bandas que somos fãs, é ruim no sentido de que sempre procuramos fazer algo diferente do que já existe, buscando uma identidade própria. Arch Enemy é uma banda que ouço, querendo ou não influencia na composição das músicas, acho que o Metal sueco de uma forma geral me influencia bastante e também o vocalista Hedrey, quando descobri as bandas suecas foi um divisor de águas na minha vida musical. Apesar de não gostar de rótulos, eles são necessários para quem não conhece o som da banda, é uma forma do ouvinte se guiar pelo que ele gosta ou quer conhecer. Na minha opinião, a banda caminha entre o Thrash Metal às vezes com um pé no Death Metal, porém com uma roupagem diferente das bandas old school, um pouco mais moderno, eu definiria o som da banda de “Modern Thrash Metal”.

É interessante notar a versatilidade no trabalho da guitarra que, aliás, está com um timbre excelente no disco. Falem-nos um pouco a respeito.
Alex – Durante o processo de composição, que ocorreu no ano de 2011 e 2012, as minhas influências mais fortes se fundiram nas músicas. Gosto muito de At The Gates, The Haunted, Grip Inc., Machine Head, In Flames, Hatesphere, são as bandas que mais ouvi durante o processo de composição, ao meu ver, cada música tem um pouquinho de cada som que eu gosto, porém com aquela pegada que só o Metal brasileiro tem, aquela raça de querer fazer Metal a qualquer custo. Eu me considero um guitarrista comum, faço o trivial para o som da banda e procuro fazer o que me agrada e também o que se encaixa no propósito da banda, sem desviar demais, mas ao mesmo tempo, sempre tentando incluir novos elementos, para tentar criar uma coisa diferente do habitual.

Outro fator versátil que chama atenção são os vocais.
Hedrey – As linhas e arranjos de voz foram criados seguindo as melodias dos riffs e das levadas de cada momento nas músicas, quando a parte instrumental de cada música fica pronta, são feitas as adaptações necessárias pra que a melodia e a letra se encaixem. Eu costumo criar vários arranjos diferentes de voz e depois decidimos em ensaio qual parte funcionou melhor, qual parte fica e qual parte sai de cada trecho até chegarmos à versão final da música, nós fazemos vários testes em cada parte para saber o que encaixa melhor. Em termos de timbre o que eu gosto de fazer são variações entre vocal rasgado e guturais, e em algumas partes vozes mais limpas. Eu acho que todas essas variações de voz fazem a música ficar mais interessante e dinâmica, e isso torna a música menos enjoativa pra quem ouve.

As composições de “Revolutionary Order” mostram uma roupagem atual, mas não seguem tendências. Isto foi um objetivo ou fluiu naturalmente?
Hedrey – Seguir tendências nunca foi a proposta musical da banda, desde o início sempre concordamos que faríamos nossa música sem se preocupar em estar soando mais Thrash ou mais Death Metal ou qualquer outra vertente do Metal Extremo. A ideia sempre foi fazer um som que fosse pesado mais que ao mesmo tempo seja fácil de ouvir, que não seja sujo e não soe clichê como a maioria das bandas de Metal moderno atual. Então isso acabou sendo um processo natural, todos nós na banda temos nossas influências musicais individuais, mas ao mesmo tempo tem aquelas bandas que todos nós ouvimos e gostamos e a junção de todas essas influências sonoras resulta no som do Revolted.

Uma pergunta indelicada (risos). A arte da capa lembra o “St. Anger” (2003) do Metallica, como ela foi desenvolvida?
Hedrey – Para falar a verdade isso foi mera coincidência (risos). Quando definimos o título do álbum e começamos a buscar as ideias da capa, o que buscamos foi algo que representasse bem o título do disco, nós queríamos uma capa com uma arte mais urbana e que mostrasse também um cenário de destruição e protestos. A ideia da arte da capa surgiu justamente num período em que vivíamos aqui no Brasil uma séria onda de protestos e manifestações populares que aconteceram no país inteiro, e tudo isso serviu de inspiração pra arte da capa, por isso tem aquela mão segurando o molotov. A arte do disco "St. Anger" definitivamente não serviu de inspiração pra arte da capa, na verdade, à época, comentamos que a arte iria ficar parecida com o conceito da capa do disco "Nation" (2001) do Sepultura, que tem aquelas mãos erguidas. Todos nós gostamos muito do resultado final da arte da capa, Thiago conseguiu expressar fielmente o que pensamos para a capa, bem como a arte do disco todo, ficamos muito satisfeitos com o resultado final.

Como está a repercussão do trabalho até então? O disco chegou a ser lançado no exterior?
Hedrey – O disco vem tendo uma aceitação muito boa por parte da crítica especializada. Temos recebido ótimas notas e muitos elogios nas resenhas, principalmente por se tratar de um material de estreia. O disco ainda não está sendo distribuído no exterior, na verdade tem pouco tempo que o álbum foi lançado aqui no Brasil e a gente espera conseguir algum selo para lançar fora do Brasil também. Hoje em dia com a internet você consegue alcançar um público muito maior e as pessoas conseguem ter acesso mais rápido ao material das bandas. A gente espera sim conseguir lançar o disco fora do Brasil, mas por enquanto não surgiu nenhuma proposta.

A banda é oriunda do estado de Goiás, um local que sai fora do eixo Rio-São Paulo que costumam contar com mais eventos de Metal. Como é a agenda de shows da banda?
Raphael Torlezzi – Goiás tem sido casa de muitas bandas fodas de Metal, não só agora, mas pelo menos há uma década ou mais o estado vem produzindo excelentes bandas de Metal. Goiânia (nossa cidade vizinha e capital do estado), por exemplo, atualmente tem sido a cidade que a gente mais toca fora de casa. Excelentes festivais, com produção e estruturas impecáveis. Esse ano nós já tivemos a honra de participar de 2 grandes festivais na capital. Heineken Monstro Rocks, ao lado da banda paulista Project 46, e ainda tivemos a honra de dividir o palco com Torture Squad e Treta no Tattoo Rock Fest. Mas o cenário goiano underground não se limita somente a Goiânia. No interior do estado já existem vários festivais de altíssimo nível, como por exemplo, Anápolis (cidade natal do Revolted), tem o festival Anápolis Metal que acontece anualmente, e que hoje é referência no estado. Várias bandas grandes que ouviram falar do festival tem interesse de participar. Tem o festival Berro de Carnaval, que acontece no período de carnaval, e reune todas as tribos culturais da cidade (eu acho essa iniciativa muito foda). Anápolis ainda conta com casa de shows com capacidade pra receber shows de nível internacional. Casas não só de Metal, mas que abraçam a causa, e você pode ter certeza que toda vez que olhar na agenda da casa, tem pelo menos 1 ou 2 shows de Metal no mês. A agenda tem sido intensa depois do lançamento do debut. E estamos muito felizes com isso. Tivemos o privilégio de receber o NervoChaos no show de lançamento do disco, e depois disso já passamos por algumas cidades no interior do estado. Tiramos um período de férias no mês de julho por conta de viagens de integrantes e outros compromissos. Mas em Agosto vamos voltar com gás total.

Muito obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem.
Yanomani- Nós do Revolted agradecemos a galera do Arte Metal pelo espaço e oportunidade de falar um pouco sobre a banda, valeu Arte Metal. Agradecemos também a todos que de alguma forma contribuem para o crescimento da banda em todos os sentidos. Em breve tem novidade da banda na área. Aos que se interessarem conhecer melhor e/ou acompanhar as novidades e projetos da banda aqui estão nossos contatos e redes sociais onde encontrarão tudo relacionado ao REVOLTED e seu 1° disco “Revolutionary Order”. Muito obrigado a todos!


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