O
duo formado pelos suecos Andreas Blomqvist (guitarra/baixo) e Magnus Persson
(vocal) deu início ao projeto Hyperborean em 2000 e após três demos veio o
primeiro álbum, “The Spirit of Warfare” em 2011. Neste ano, a dupla lançou o
segundo trabalho “Mythos of the Great Pestilence” que, além de trazer uma
sonoridade mais Black Metal, conta com o baterista Fredrik Widigs do Marduk e
produção de Magnus Devo Andersson, guitarrista também da lenda sueca.
Conversamos com Persson sobre o novo trabalho, a parceria com os conterrâneos e
até sobre a cena brasileira na entrevista a seguir.
Como foi o processo de composição
do segundo trabalho “Mythos of the Great Pestilence”?
Magnus Persson:
Nós trabalhamos como sempre fazemos. Andreas escreve riffs e partes de músicas
que fluem juntos, então ele os envia pra mim e nós discutimos para chegar a uma
idéia, para a estrutura de uma canção. Depois disso, cabe a mim escrever as
letras e combinar com a música conceitualmente com o álbum. Trabalhamos com a
maioria das canções por um período prolongado, experimentamos coisas diferentes
até ficarmos satisfeitos com o resultado. E então Andreas registra a parte
final da guitarra e baixo em seu próprio estúdio. É um processo que funciona
bem para nós.
E qual a principal diferença que a
banda vê em “Mythos of the Great Pestilence” em relação a “The Spirit of
Warfare”?
Magnus:
A música tornou-se mais complexa e melhor pensada, eu diria. Do ponto de vista
técnico, é mais avançado (e o resultado final é muito melhor) e o álbum melhor
em todas as partes, eu diria. O álbum é praticamente dividido em duas partes, a
primeira parte é muito agressiva e extrema, a segunda parte é talvez um pouco
mais madura, com algumas influências de Heavy Metal mais puro. Mas no geral é
certamente a música mais agressiva que escrevemos.
De
minha parte eu mudei os vocais um pouco. Eu usei gritos campais mais altos,
então o que eu faço normalmente. Fiquei satisfeito com a forma como isso ficou.
Liricamente, houve um pouco de mudança, eu sempre tive a natureza do homem como
o principal tema para nossas letras, mas usei olhares diferentes quando estava
escrevendo as letras. Fomos longe da guerra e focamos mais no homem e como ele
reage a um grande desastre, como a Peste Negra, etc. O grande perigo que tende
a acabar com as camadas civilizados, por assim dizer.
A sonoridade da banda tem o foco no
Black Metal e inclui muita melodia, porém a banda não se utiliza de muitos
teclados e deixa os arranjos para as guitarras. Isso foi uma opção ou fluiu
naturalmente?
Magnus: Bem,
nós sempre usamos teclados no passado e, desde o início do processo de escrita planejávamos
usá-los desta vez também. Mas, quando nós escrevemos as músicas senti que a
maioria delas realmente não precisavam de teclados. Eles realmente não se
encaixam nas músicas mais rápidas e, além disso, Andreas estava escrevendo
tantos riffs de guitarra complexos, com múltiplas harmonias em todo o lugar,
que nós pensamos que a adição de teclados iria apenas carregar as músicas.
Então, no final apenas algumas canções têm algumas partes de teclado e, nesse
ponto, decidimos ir em frente e fazer o álbum inteiro sem eles. Então, nesse
sentido, sim, foi uma decisão que surgiu naturalmente. E em retrospectiva eu
não acho que nenhuma das músicas realmente precisava deles. Dito isto, não
significa que nunca iremos usá-los novamente. Vamos ver o que acontece no
futuro.
Um dos fatores que faz a música da
banda pender para o Black Metal é a timbragem ríspida e aguda dos instrumentos,
típicas do estilo. Vocês concordam? Isso também foi proposital?
Magnus:
Bem “Mythos...” certamente é mais cru do que “The Spirit of Warfare”, isso é
certo. Eu gosto deste direcionamento e estou feliz com ele. E se você quer
chamar a nossa música de Black Metal, essa é uma parte do nosso som. A parte
misantrópica é obrigatória para esse estilo. E esta é a nossa sonoridade
metálica, o lançamento mais Black Metal que nós escrevemos.
Voltando ao trabalho de guitarras,
ele é fundamental nas composições e um dos destaques individuais. Você concorda?
Magnus:
Sim, concordo. “Mythos...” é conduzido por riffs de guitarra. As guitarras são
a parte mais importante do álbum, eu diria. E Andreas, que é o compositor das
músicas é, em primeiro lugar, um guitarrista.
Aliás, a técnica é um dos pontos
fortes da banda.
Magnus:
Eu concordo. Andreas é um bom guitarrista. Ele pratica seu instrumento intensamente
e deu tudo o que pôde ao escrever e gravar este álbum. E depois, claro, temos a
sorte de ter como baterista de estúdio Fredrik (Widigs, Marduk), sendo que ele
é muito bom e muito técnico também. Mas vou dizer que, para mim, não importa o
quanto a técnica ou a performance sejam impressionantes, a parte mais
importante do álbum (ou qualquer álbum) está em ter músicas bem escritas. E
isso é independente da impressionante capacidade técnica.
A banda não possui um baterista
fixo e Fredrik Widigs (Marduk) foi quem gravou as partes de bateria. Como foi
trabalhar com Widigs e como chegaram até ele?
Magnus:
É muito bom trabalhar com Fredrik. Ele é muito profissional e um bom baterista.
Ele fez a bateria para o nosso primeiro álbum bem e nunca houve qualquer dúvida
de nós o termos em “Mythos...”. Fomos apresentados a ele através do baterista
do Craft (banda de Black Metal sueca) que eu conhecia. E eu tinha discutido a
possibilidade de ele gravar a bateria para nós no “The Spirit of Warfare”. Mas
ele acabou recomendando Fredrik, de modo que isso aconteceu. Isto foi,
naturalmente, muitos anos antes de ele se juntar ao Marduk, mas estamos muito
felizes de ver como as coisas estão indo bem para ele.
Aliás, o álbum também foi produzido
por um membro do Marduk, no caso Magnus Devo Andersson. Por que escolheram ele
e como foi o trabalho com Devo?
Magnus:
Foi Fredrik que o sugeriu e eu gostei da ideia. Eu gosto de como os álbuns do
Marduk soam e foram gravadas no Endarker Studio, que está localizado em uma
cidade que fica perto de onde eu moro, de modo que tornou as coisas mais fáceis
a partir de um ponto de vista logístico. Foi ótimo trabalhar com Devo. Ele tirou
a música e o som que queríamos. Depois de imediato eu não tenho absolutamente
nada além de coisas positivas a dizer sobre ele e seu estúdio, e eu
recomendaria a qualquer banda para gravar lá.
Como tem sido a repercussão do novo
álbum até então? Vocês tem obtido algum retorno do Brasil?
Magnus:
Isto é difícil de dizer. Os comentários que têm chegado têm sido muito
positivos. Mas, ao mesmo tempo, é difícil de saber, pois nós não temos um selo nos
apoiando. Por isso, não posso realmente ter qualquer cobertura na imprensa
"mainstream" Metal, o que faz com que seja difícil de obter a palavra
de fora. Mas as pessoas que ouviram pareceram gostar, de modo que é bom. E
agradecemos todo o apoio que recebemos.
Falando em Brasil, conhecem a cena
Metal daqui? Pretendem tocar aqui algum dia?
Magnus:
Eu não conheço muito sobre a cena do Metal brasileiro, que não seja que há um
monte de pessoas que são fãs de música mais pesada aí. Mas eu gostaria de tocar
no Brasil, pelo menos um dia, isso seria ótimo. Eu treino Jiu Jitsu na cidade
onde eu moro e um amigo meu queria que eu fosse com ele para o Brasil para
treinar no verão passado. Não pude ir, mas no futuro poderei, então talvez nós
poderíamos sincronizar e fazer alguns shows também.
Quais os planos? Shows agendados?
Magnus:
Bem, nós apenas estamos promovendo o álbum desde que foi lançado. No momento,
não podemos fazer shows ao vivo, até porque há apenas dois de nós na banda. Mas
talvez isso mude no futuro. Mas agora é hora de começar a trabalhar em um novo
material de modo que é o que vamos fazer a seguir.
Muito obrigado. Podem deixar uma
mensagem aos fãs do Brasil.
Magnus:
Obrigado pelo apoio ao Hyperborean e a divulgação do nosso CD. Nós agradecemos
muito por isso e gostaríamos de dizer obrigado aos nossos fãs brasileiros!
Esperamos vê-los no futuro. E obrigado pela entrevista!
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