sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Entrevista



A parceria entre o selo alemã Quality Steel Records e a gravadora brasileira Shinigami Records tem trazido ao país excelentes nomes, principalmente da música extrema europeia. Um deles, é o trio italiano Eternal Sex And War que teve seu segundo álbum, “Negative Monoliths”, distribuído em nossas terras. Conversamos com Thorshammer (vocal/guitarra), Dr, Faustus (baixo) e Gornhar (bateria) sobre o trabalho, o lançamento no Brasil e vários outros assuntos que abordam a banda.


Como foi o processo de composição de “Negative Monoliths”? A banda procurou mudar algo em relação ao álbum anterior?
Thorshammer: Oi Vitor, prazer em conhecer você e o Arte Metal. Espero que esteja bem. Em “Negative Monoliths” quisemos moldar nossas músicas de uma forma mais direta e reforçar seu impacto. Em “Abuse Or Be Used” (N.E.: primeiro álbum lançado em 2007) havia um monte de riffs e estruturas mais complexas, nós quisemos mudar o sentimento geral desta vez. Normalmente, nos deparamos com o título da música antes de ter qualquer música pronta e criamos os riffs que podem caber na ‘vibe’ do título. Nossa forma de compor consiste em escrever algumas ideias em casa e depois, antes de ensaiar músicas antigas, nós fazemos jams e outros materiais para serem utilizados em novas peças. Quando temos algo que parece bom o suficiente, nós gravamos e ouvimos este primeiro esboço.

Dr. Faustus: Após o primeiro esboço, começamos a trabalhar as músicas mais a fundo, tentando soluções diferentes e escolhendo o que sentimos que é melhor para a própria canção e sua estrutura. Uma nota sobre o processo de composição de “Negative Monoliths”: quando eu entrei na banda, eles já tinham duas músicas quase prontas.

Gornhar: Primeiramente coloco alguns ‘grooves’ onde pode entrar os riffs, depois de ouvir o material gravado, preencho com a bateria e defino os ‘grooves’ cada vez melhor em cada passagem.


Foram 7 anos de intervalo entre o primeiro trabalho e “Negative Monoliths”. Um espaço longo, não? Qual o motivo disso?
Gornhar: Nós todos temos empregos comuns e familiares, ensaiamos uma vez por semana e leva mais tempo para desenvolver novas canções. Claro que tem forte paixão e dedicação, mas a família e o trabalho estão em primeiro lugar.

Thorshammer: Além disso, queríamos ter uma um line up mais sólida, para que todos os membros pudessem dar a sua marca para as canções. Queremos estar 100% satisfeitos com as músicas que escrevemos, nós tocamos um monte de riffs e outras coisas que saem para se concentrar mais na identidade da canção. Temos tempo para ensaiar as músicas, para entrarmos em estúdio bem preparados.



Aliás, qual a principal diferença vocês destacam entre “Abuse or Be Used” (2007) e o novo trabalho?
Gornhar: Em “Negative Monoliths” nós chegamos a outro nível de composição e técnica, em função do crescimento através destes sete anos.

Thorshammer: Este álbum é mais um passo para forjar o som que temos em mente. Há um monte de coisas Death Metal misturado com o Black Metal e Thrash. Nós demos mais atenção ao processo de gravação e a obra de arte também. Tentei encontrar variações vocais em vez de apenas gritar como fiz em "Abuse...".

Dr. Faustus: Tivemos que escolher bons parceiros para trabalhar na produção do álbum e chegar ao que tínhamos em mente. Queremos agradecer ao Fabio D’Amore e ao Ivan Moni Bidin do Artesonika Recording Studio, por todo envolvimento no processo de gravação, Daniele Lupidi pela arte gráfica e o Matteo Gallo pela sessão de fotos. Eu também desenvolvi pessoalmente todo o layout do álbum.


Em sua música, o Eternal Sex And War investe em um Black Metal rústico, mas não se restringe a isso colocando elementos de Death Metal e Thrash Metal. Isso flui naturalmente ou a banda tenta mesmo mesclar os estilos?
Gornhar: Tudo que se ouve em nossas músicas são todas as nossas influências musicais.

Thorshammer: Desde que éramos mais jovens ouvimos um monte de coisas diferentes de Metal dos anos 80 e 90, o que resultou nestas mesclas de estilos. Também somos influenciados pelo horror OST dos anos 70 e 80, no final da faixa Nothing But Void há uma pequena parte de “The Touch Of Satan” (N.E.: filme norte-americano de horror de 1971, dirigido por Don Henderson) na língua italiana e no meio de Hallucinated By The Ungod Of Exile há pequenos trechos de “El Ataque De Los Muertos Sin Ojos” (N.E.: filme de horror espanhol de 1973, dirigido por Amando de Ossorio).


Inclusive a sonoridade apresentada leva influências ‘old school’ e mostra que a banda não se preocupa em soar moderna. Essa também é uma intenção?
Thorshammer: Sim, claro. Nosso som sempre será enraizado nos anos 80 e 90.




“Negative Monoliths” mostra também que a banda não se preocupa apenas com velocidade e algumas composições são cadenciadas. Fale um pouco a respeito dessa variação rítmica.
Thorshammer: Queremos criar variações em nossas composições, mesmo que o nosso foco principal seja andamentos e riffs rápidos. Ouvimos também Black Sabbath (é claro), Saint Vitus, Trouble, Candlemass e outros clássicos Doom e quando precisamos de peso ele surge naturalmente e nós desaceleramos.

Gornhar: Ser extremo não é ser rápido, mas também criar contrastes entre variação entre ritmos rápidos e lentos, como fizemos na música Endless Dogmatic Demolition.

Dr. Faustus: Usamos tudo para moldar as músicas no modo que sentimos que elas devem ser tocadas. Então, tudo é útil para esculpir as nossas peças.


O novo álbum foi lançado no Brasil pela Shinigami Records. Como é poder ter o trabalho de vocês distribuído em nosso país?
Dr. Faustus: Levou algum tempo para encontrarmos selos adequados para o nosso trabalho. A primeira intenção era fazer com que o álbum não fosse somente distribuído aqui na Europa, mas também em outros países de todo o mundo. Quando entramos em contato com Malte Schuster da Quality Steel Records sua proposta foi matadora e ele conseguiu envolver a Shinigami Records nisso tudo. Estamos satisfeitos com o trabalho e dedicação de ambos os selos e queremos agradecer a Shinigami Records e a Quality Steel Records pelo apoio.


E como está a repercussão geral de “Negative Monoliths”?
Gornhar: Tivemos uma resposta muito boa do Brasil e da América do Sul, mas ainda é muito cedo para dizer algo mais preciso sobre como o álbum está sendo recebido.

Thorshammer: Nós ouvimos um monte de bandas brasileiras como o início do Sepultura, Sarcófago, Vulcano, Sextrash e velhos lançamentos da Cogumelo, por isso estamos contentes que os metalheads daí estão gostando do nosso álbum.

Dr. Faustus: O público aqui na Europa se divide em dois: aqueles que cavam e aqueles que não dão uma colher de chá. Vamos ver o que acontece, não faz muito tempo que o álbum saiu aqui na Europa.


Quais os planos para 2015?
Thorshammer: Após a gravação do álbum, tivemos uma pausa devido a questões pessoais e todo o processo que leva o álbum a estar em suas mãos. Mas agora estamos ensaiando para subir no palco, e já estamos trabalhando em novo material.

Muito obrigado, deixem uma mensagem aos fãs brasileiros.
Thorshammer: Seria um sonho realizado poder ir aí e tocar em seu país. Temos muito respeito pelo que as bandas brasileiras fizeram e por todos que mantêm o punho erguido.

Gornhar: Abrimos para o Vulcano há alguns anos e eles foram entusiastas da nossa música, então eu estou feliz que o nosso álbum seja bem recebido pelos maníacos brasileiros. Obrigado!

Dr. Faustus: Muito obrigado a todos que tem nos apoiado. É ótimo poder encontrar tantos maníacos que gostam da nossa música. E é claro, obrigado Vitor pela resenha e por essa agradável entrevista. Nos divertimos a respondendo!

http://www.myspace.com/eternalsexandwar

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