A
parceria entre o selo alemã Quality Steel Records e a gravadora brasileira Shinigami Records tem trazido ao
país excelentes nomes, principalmente da música extrema europeia. Um deles, é o
trio italiano Eternal Sex And War que teve seu segundo álbum, “Negative
Monoliths”, distribuído em nossas terras. Conversamos com Thorshammer
(vocal/guitarra), Dr, Faustus (baixo) e Gornhar (bateria) sobre o trabalho, o
lançamento no Brasil e vários outros assuntos que abordam a banda.
Como foi o processo de composição
de “Negative Monoliths”? A banda procurou mudar algo em relação ao álbum
anterior?
Thorshammer:
Oi Vitor, prazer em conhecer você e o Arte Metal. Espero que esteja bem. Em “Negative
Monoliths” quisemos moldar nossas músicas de uma forma mais direta e reforçar
seu impacto. Em “Abuse Or Be Used” (N.E.: primeiro álbum lançado em 2007) havia
um monte de riffs e estruturas mais complexas, nós quisemos mudar o sentimento
geral desta vez. Normalmente, nos deparamos com o título da música antes de ter
qualquer música pronta e criamos os riffs que podem caber na ‘vibe’ do título.
Nossa forma de compor consiste em escrever algumas ideias em casa e depois,
antes de ensaiar músicas antigas, nós fazemos jams e outros materiais para serem
utilizados em novas peças. Quando temos algo que parece bom o suficiente, nós
gravamos e ouvimos este primeiro esboço.
Dr. Faustus:
Após o primeiro esboço, começamos a trabalhar as músicas mais a fundo, tentando
soluções diferentes e escolhendo o que sentimos que é melhor para a própria
canção e sua estrutura. Uma nota sobre o processo de composição de “Negative
Monoliths”: quando eu entrei na banda, eles já tinham duas músicas quase
prontas.
Gornhar:
Primeiramente coloco alguns ‘grooves’ onde pode entrar os riffs, depois de
ouvir o material gravado, preencho com a bateria e defino os ‘grooves’ cada vez
melhor em cada passagem.
Foram 7 anos de intervalo entre o
primeiro trabalho e “Negative Monoliths”. Um espaço longo, não? Qual o motivo
disso?
Gornhar:
Nós todos temos empregos comuns e familiares, ensaiamos uma vez por semana e
leva mais tempo para desenvolver novas canções. Claro que tem forte paixão e
dedicação, mas a família e o trabalho estão em primeiro lugar.
Thorshammer:
Além disso, queríamos ter uma um line up mais sólida, para que todos os membros
pudessem dar a sua marca para as canções. Queremos estar 100% satisfeitos com
as músicas que escrevemos, nós tocamos um monte de riffs e outras coisas que
saem para se concentrar mais na identidade da canção. Temos tempo para ensaiar
as músicas, para entrarmos em estúdio bem preparados.
Aliás, qual a principal diferença
vocês destacam entre “Abuse or Be Used” (2007) e o novo trabalho?
Gornhar: Em
“Negative Monoliths” nós chegamos a outro nível de composição e técnica, em
função do crescimento através destes sete anos.
Thorshammer:
Este álbum é mais um passo para forjar o som que temos em mente. Há um monte de
coisas Death Metal misturado com o Black Metal e Thrash. Nós demos mais atenção
ao processo de gravação e a obra de arte também. Tentei encontrar variações
vocais em vez de apenas gritar como fiz em "Abuse...".
Dr. Faustus:
Tivemos que escolher bons parceiros para trabalhar na produção do álbum e
chegar ao que tínhamos em mente. Queremos agradecer ao Fabio D’Amore e ao Ivan
Moni Bidin do Artesonika Recording Studio, por todo envolvimento no processo de
gravação, Daniele Lupidi pela arte gráfica e o Matteo Gallo pela sessão de fotos.
Eu também desenvolvi pessoalmente todo o layout do álbum.
Em sua música, o Eternal Sex And
War investe em um Black Metal rústico, mas não se restringe a isso colocando
elementos de Death Metal e Thrash Metal. Isso flui naturalmente ou a banda
tenta mesmo mesclar os estilos?
Gornhar: Tudo
que se ouve em nossas músicas são todas as nossas influências musicais.
Thorshammer:
Desde que éramos mais jovens ouvimos um monte de coisas diferentes de Metal dos
anos 80 e 90, o que resultou nestas mesclas de estilos. Também somos
influenciados pelo horror OST dos anos 70 e 80, no final da faixa Nothing But Void há uma pequena parte de
“The Touch Of Satan” (N.E.: filme norte-americano de horror de 1971, dirigido
por Don Henderson) na língua italiana e no meio de Hallucinated By The Ungod Of Exile há pequenos trechos de “El
Ataque De Los Muertos Sin Ojos” (N.E.: filme de horror espanhol de 1973,
dirigido por Amando de Ossorio).
Inclusive a sonoridade apresentada
leva influências ‘old school’ e mostra que a banda não se preocupa em soar
moderna. Essa também é uma intenção?
Thorshammer:
Sim, claro. Nosso som sempre será enraizado nos anos 80 e 90.
“Negative Monoliths” mostra também
que a banda não se preocupa apenas com velocidade e algumas composições são
cadenciadas. Fale um pouco a respeito dessa variação rítmica.
Thorshammer:
Queremos criar variações em nossas composições, mesmo que o nosso foco
principal seja andamentos e riffs rápidos. Ouvimos também Black Sabbath (é
claro), Saint Vitus, Trouble, Candlemass e outros clássicos Doom e quando
precisamos de peso ele surge naturalmente e nós desaceleramos.
Gornhar:
Ser extremo não é ser rápido, mas também criar contrastes entre variação entre
ritmos rápidos e lentos, como fizemos na música Endless Dogmatic Demolition.
Dr. Faustus:
Usamos tudo para moldar as músicas no modo que sentimos que elas devem ser
tocadas. Então, tudo é útil para esculpir as nossas peças.
O novo álbum foi lançado no Brasil
pela Shinigami Records. Como é poder ter o trabalho de vocês distribuído em
nosso país?
Dr. Faustus:
Levou algum tempo para encontrarmos selos adequados para o nosso trabalho. A
primeira intenção era fazer com que o álbum não fosse somente distribuído aqui
na Europa, mas também em outros países de todo o mundo. Quando entramos em
contato com Malte Schuster da Quality Steel Records sua proposta foi matadora e
ele conseguiu envolver a Shinigami Records nisso tudo. Estamos satisfeitos com
o trabalho e dedicação de ambos os selos e queremos agradecer a Shinigami
Records e a Quality Steel Records pelo apoio.
E como está a repercussão geral de
“Negative Monoliths”?
Gornhar:
Tivemos uma resposta muito boa do Brasil e da América do Sul, mas ainda é muito
cedo para dizer algo mais preciso sobre como o álbum está sendo recebido.
Thorshammer:
Nós ouvimos um monte de bandas brasileiras como o início do Sepultura,
Sarcófago, Vulcano, Sextrash e velhos lançamentos da Cogumelo, por isso estamos
contentes que os metalheads daí estão gostando do nosso álbum.
Dr. Faustus:
O público aqui na Europa se divide em dois: aqueles que cavam e aqueles que não
dão uma colher de chá. Vamos ver o que acontece, não faz muito tempo que o
álbum saiu aqui na Europa.
Quais os planos para 2015?
Thorshammer:
Após a gravação do álbum, tivemos uma pausa devido a questões pessoais e todo o
processo que leva o álbum a estar em suas mãos. Mas agora estamos ensaiando
para subir no palco, e já estamos trabalhando em novo material.
Muito obrigado, deixem uma mensagem
aos fãs brasileiros.
Thorshammer:
Seria um sonho realizado poder ir aí e tocar em seu país. Temos muito respeito
pelo que as bandas brasileiras fizeram e por todos que mantêm o punho erguido.
Gornhar:
Abrimos para o Vulcano há alguns anos e eles foram entusiastas da nossa música,
então eu estou feliz que o nosso álbum seja bem recebido pelos maníacos brasileiros.
Obrigado!
Dr. Faustus: Muito
obrigado a todos que tem nos apoiado. É ótimo poder encontrar tantos maníacos
que gostam da nossa música. E é claro, obrigado Vitor pela resenha e por essa
agradável entrevista. Nos divertimos a respondendo!
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