Oriunda do interior do
Paraná, a banda Fire Hunter é daquelas que sabem exatamente o que querem e não
temem incorporar elementos novos em sua música. A prova disso é o excelente
álbum “No Fear, No Lies”, segundo full-lenght do quinteto que vem atraindo
grande parte do público Metal. Conversamos com o guitarrista Adriano Burey
sobre o trabalho e os aspectos que o envolve, e muito mais.
“No
Fear, No Lies” mostra uma evolução impressionante em relação ao debut “Arising
from Fire”. É claro que uma banda pensa em evoluir sempre, mas quais foram os
métodos para atingir tal evolução?
Adriano
Burey: Acredito que um dos fatores que mais influenciaram
nessa evolução foi ter um objetivo mais claro do que queremos como banda, não
que não tínhamos, mas a partir do momento em que se quer chegar algum lugar,
novas metas devem ser traçadas. O primeiro passo que eu dei foi basicamente
fazer um planejamento, comecei a fazer algumas pesquisas e depois entrei em
contato com o Tito. Já na primeira conversa pudemos pelo menos traçar alguns
aspectos que poderiam incorporar no álbum. Tive várias e várias conversas com
ele e no final de cada conversa eu voltava a pesquisar. Analisando todas as
pesquisas, vimos que se era necessário termos uma mudança, desde a sonoridade
assim como a maneira de compor, pois começamos a amadurecer as ideias, pensar
de uma forma mais homogênea. Assim que entramos no estúdio deixamos o Tito
fazer seu trabalho, penso que sempre devemos deixar os profissionais fazerem
aquilo que sabem fazer de melhor, entramos lá para sermos guiados por ele, e
assim as coisas fluíram. Logo nas primeiras gravações já sentimos que tudo
seria diferente, até melhor de como pensávamos, essa liberdade que demos para o
Tito trabalhar foi um fator essencial. Trabalhamos juntos nos timbres, de forma
que tudo soasse de bom agrado e dali em diante a nossa evolução ficou mais
perceptível, porque nossas pré-gravações estavam prontas, mas foi a forma de
montá-las que deu uma grande diferença. Talvez nosso objetivo de ter uma música
e material de melhor qualidade, buscando um profissional da área, demonstrando
nossa força de vontade e nossa dedicação para que tudo desse certo, fez com que
destacasse essa evolução. Um time sem um
técnico dificilmente ganha, até pode ganhar, mas se tiver alguém pra guiar, a
maneira de se vencer pode se tonar mais fácil.
E
quais mais aspectos vocês destacariam para diferenciar um álbum do outro?
Adriano:
A
forma de compor foi um dos pontos mais importantes, tentamos trazer uma nova
identidade pra nossa sonoridade, onde soasse mais original. Você percebe isso
logo de cara, dificilmente você consegue achar algo em comum nas composições
entre os dois álbuns, todos amadurecemos nesse aspecto, e com a evolução vem as
mudanças, que foram pra melhores.
As
guitarras mostram ser um grande trunfo em “No Fear, No Lies”, vocês concordam?
Houve algo planejado para destacar o instrumento ou isso fluiu naturalmente?
Adriano:
Só
as guitarras não, acho que todos os instrumentos e a voz estão em destaque, mas
lógico que sendo guitarrista vou falar que são elas (risos). Quando se falar do
timbre, esse a gente planejou, pois queríamos um som limpo, com o ganho
necessário pra dar peso, mas ao destaque, acho que acabou ganhando
naturalmente, devido à forma que elas foram colocadas, acho que tá tudo no
lugar certo e na medida certa. Aquela historia, às vezes menos é mais, e isso o
Tito falava muito, foi ponderando dessa forma que conseguimos isso.
A
trinca inicial que abre o disco (You’ll
Fell It Now, Amaze Myself e A Better Time) mostra ser a locomotiva do
álbum. Vocês realmente escolheram iniciar com essas composições tão fortes ou
não esperavam tanta energia assim quando escolheram a ordem das músicas?
Adriano:
Quando gravamos a intro da You Feel It Now
já tínhamos certeza de que a ela seria a que abriria o álbum. Pensando em não
perder o fôlego, tínhamos que manter puxada a sequencia, a Amaze Myself não deixa o embalo diminuir, aumenta, e depois a A Better Time que traz um peso maior.
Assim deixamos uma boa impressão logo de cara, preferimos deixar as músicas
mais lentas e com menos peso para o final do disco, já pra não quebrar muito o
ritmo forte que elas formam juntas.
E
como surgiu a ideia de incluir viola caipira na faixa Simple But Proud? O resultado ficou muito bom!
Adriano:
Desde quando comprei minha viola, já soube que deveria misturar com Heavy
Metal, sabe quando você pega um instrumento e tenta tocar alguma música que você
já sabe? Tive uma experiência com uma dupla sertaneja, e isso fez com que eu
estudasse e explorasse o instrumento. Tive outra banda antes e já tinha
incorporado a viola, e sinceramente, ficou bom demais! Sempre que ia compor
algo, pensava em incorporar a viola, mas nem sempre dava certo. Na primeira
sessão de gravações de guitarra, deixamos ela de lado, pois não tivemos tempo
de trabalhar com ela, foram bem puxada as sessões de guitarra, mas quando voltei
pela segunda vez para o estúdio para finalizar algumas linhas, levei novamente
minha viola, ai com todas as guitarras finalizadas faltava uma música, e que
ainda lembro do Tito perguntar, “quer mesmo fazer”? Falei: com certeza! Aí
liguei a ‘bichina’, timbramos e ele falou: “Faz o que você quiser ai.” Dessa
vez pensei em uma linha mais voltada pro nosso caipira, o ponteado da intro
mostra bem isso, depois foi algo mais rítmico sem perder a essência. Na letra
pensei da mesma forma, tentar retratar um pouco da vida do campo, através das
experiências que tive.
Vocês
pretendem incluir mais elementos nesta linha nas futuras composições do Fire
Hunter?
Adriano:
Acho que isso já faz parte da banda, todos gostamos muito da sonoridade da
viola, vemos que isso pode deixar mais atraente as composições, então vamos
explorar mais e incluí-la sempre que ficar bom, quem sabe não lançar um álbum conceitual
usando em todas as músicas a viola?
A
faixa título foi escolhida para se tornar videoclipe. Por que a escolheram e
como foi trabalhar no vídeo?
Adriano:
Porque tem tudo a ver com a banda, com o momento pelo qual estávamos passando.
Para banda foi uma transição, pois como precisávamos de mudança para melhorar,
não podíamos ter medo em aceitar essas mudanças e tudo isso encaixou, sem
contar que é uma música forte, com o nome do álbum, tem uma exposição maior do
nome. Mas pra você ter ideia, já
conseguíamos imaginar um vídeo pra cada música, de tanto que gostamos dos
resultados. O vídeo foi muito legal,
trabalhamos rápido nele, apesar de ser o primeiro da banda, o Eduardo teve as
ideias de incorporar o personagem da capa durante o clipe e com a produção do
Fabio Bombardelli (Bomba) na maquiagem, criou um clima a mais com a música.
Gostamos muito da forma com que o Fabrizio (Zero Z Produções) nos dirigiu, alem
é claro de ver o trabalho de pós-produção dele, ele captou bem o que queríamos,
e de novo deixamos a cargo de um profissional da área, assim ele fez de uma
maneira mais livre e profissional pra chegar num resultado que agradou muito a
todos nós.
“No
Fear, No Lies” foi produzido por Tito Falaschi (Zaltana, ex-Symbols). Por que
resolveram trabalhar com Tito e como foi contar com ele?
Adriano:
Já estávamos fazendo algumas gravações, eram 2 músicas que pensávamos em
lançar, e no meio dessas gravações, falávamos muito sobre o futuro da banda,
então tive uma conversa com minha irmã,
dessas que a gente sempre tem com a irmã
mais velha (risos), ambos somos empresários, trabalhamos sempre com pessoas
profissionais das áreas especificas da qual necessitamos, e ela comentou,
“Vocês devem entrar em contato com um produtor do estilo de vocês”. Apesar de todos já sabermos sobre isso, nem
todos concordavam. Comecei a pesquisar, e não foi difícil a chegar ao Tito.
Minha irmã se encarregou do primeiro contato com ele e depois entrei no meio
pra tratar sobre as sonoridades e dar continuidade as pesquisas. Assim se foram
quase quatro meses em acordos e desacordos só pra que fosse definido que o Tito
seria o produtor. E claramente o Tito foi uma peça essencial para que os
trabalhos chegassem a esse resultado, pois ele ficou encarregado da produção
musical bem como da parte técnica geral, ele tem muito mais experiência que a
gente, então confiamos plenamente no trabalho dele. Em estúdio soube trabalhar
bem com todos, todos nós estávamos dispostos a aprender com ele, ouvimos muito
seus conselhos, ele ouviu nossas ideias, discutimos e demos boas risadas, então
sei que sem ele como produtor, as coisas seriam diferentes, não piores, mas
diferentes.
E
como está a repercussão do trabalho até então? Vocês chegaram a lançá-lo no
exterior?
Adriano:
Estão boas demais, sempre gostamos de ler as resenhas que divulgam, sabemos do
esforço que fizemos para tudo chegar a esse ponto, e saber que tanto aqui no
Brasil como lá no exterior são só coisas boas, anima ainda mais. Estamos
ganhando destaques em webrádios, em webzines, blogs, e acho que quando começam
a te procurar por conta própria é um ótimo sinal, um exemplo é das webrádios,
que ouviram em outra nossas músicas e entraram em contato solicitando material
para divulgar, em algumas estamos até ganhando destaque. Quanto ao lançamento
no exterior, temos a intenção sim, mas por enquanto nada definido ainda, estou
aguardando a resposta de algumas gravadoras, gostaria de já estar com o produto
no exterior no primeiro semestre.
Quais
os planos para 2015?
Adriano:
Uma das minhas metas é fazer com que esse material já esteja bem divulgado aqui
no Brasil e também no exterior, fazer com que o nome da banda cresça. Mas é
claro que pretendemos aumentar nosso numero de shows, pois precisamos estar na
estrada pra impulsionar, porque banda também tem que ser reconhecida no palco.
Pra esse ano também foi cogitado um turnê na Europa, mas precisa ter um
planejamento maior antes, pra que tudo possa dar certo.
Muito
obrigado, podem deixar uma mensagem aos leitores.
Adriano:
Gostaria de agradecer à galera do blog Arte Metal pela oportunidade de estar
respondendo a essa entrevista, fico muito feliz mesmo! Também agradecer a todos
que acompanham o blog, que estão acompanhando o Fire Hunter, pois é uma banda
com praticamente 15 anos de luta, enfrentando diversas dificuldades e muitos
obstáculos. Hoje já podemos dizer que estamos ganhando o reconhecimento que
sempre buscamos graças á todas as pessoas que dão força e incentivam a banda, a
todos os leitores que depois buscam saber mais sobre a banda e acabam
acompanhando nosso trabalho. Espero em breve vê-los em algum de nossos shows!
Obrigado!
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