Levando uma vida pacata no Texas, onde
mudou-se recentemente, o agora guitarrista e baixista Dave Starr continua
produzindo música, porém apenas gravando sem fazer shows. Se o músico lhe soar
familiar, não estranhe, afinal ele integrou a formação clássica do Vicious
Rumors, além de ter gravado com o Chastain e ser um dos fundadores do Lääz
Rockit. Hoje, ao lado de sua esposa London Wilde (vocal/teclado) e do baterista
Josh Foster, Dave compõe e lança trabalhos no WildeStarr. Conversamos com o
gentil Dave que falou sobre como está compondo o terceiro álbum de sua banda, além
da sua carreira importante no Metal e seus pontos de vista.
Olá
Dave! Primeiramente muito obrigado pela atenção. Fale-nos um pouco sobre seu
atual momento com o WildeStarr. No que tem trabalhado atualmente?
Dave
Starr: Obrigado por me ter aqui Vitor! O WildeStarr é
formado por mim, minha esposa London Wilde, além do baterista Josh Foster. Estamos
gravando o nosso terceiro álbum "WildeStarr III", que será lançado
ainda este ano. London e eu formamos o WildeStarr há cerca de 10 anos. Nosso
primeiro CD, “Arrival”, foi lançado em 2010 e o segundo, “A Tell Tale Heart” em
2012. Eu toco guitarra e baixo na banda, somos muito mais de estúdio, pois
nunca tocamos ao vivo ou fizemos turnês. Talvez no futuro o WildeStarr possa
cair na estrada.
E
como anda esse processo de composição do novo trabalho do WildeStarr? As
composições seguem a linha dos álbuns anteriores?
Dave:
Basicamente eu componho e organizo cada música e depois passo à London que
compõe as letras e melodias vocais. Costumamos fazer ajustes nas canções até
obtermos o que achamos certo e estamos felizes com o novo trabalho. Esse método
foi usado praticamente em todos nossos trabalhos.
E
como foi a repercussão do álbum “A Tell Tale Heart”? Vocês chegaram a ter
retorno aqui do Brasil?
Dave:
A resposta foi grande, comentários incríveis em todo mundo e um excelente
‘feedback’ de nossos fãs. Eu vejo comentários de fãs brasileiros o tempo todo
pedindo para nós tocarmos por aí.
Dave,
falando agora de sua carreira toda, você teve destaque no Vicious Rumors,
integrando a formação clássica e permanecendo na banda por cerca de 10 anos
(tirando o tempo que ficou fora de 1993 a 2007). Fale-nos um pouco da
importância do Vicious Rumors na sua carreira.
Dave:
O
Vicious Rumors foi uma grande banda e fizemos músicas incríveis juntos. A banda
deveria ter sido gigante no mundo todo, mas as coisas não funcionaram do jeito
que esperávamos. Mesmo que eu tenha o WildeStarr agora, o Vicious Rumors será
sempre especial pra mim, e uma grande parte de minha vida e carreira. 10 anos é
muito tempo e nós fizemos sete álbuns juntos. Ainda ouço muitos fãs do Vicious
Rumors e os álbuns que gravamos ainda vendem após todos esses anos.
Em
sua passagem pelo Vicious Rumors, quais momentos você destacaria?
Dave:
Eu acho que fazer o primeiro álbum "Soldiers of the Night", em 1985,
foi um grande negócio para todos nós, e muito emocionante. Primeiro assinar
contrato com a Atlantic Records foi muito bom, isso foi em 1989. Turnês pelo
mundo, vídeos na MTV, grandes momentos e memórias maravilhosas! O Japão foi
realmente ótimo em 1992. Fãs unidos e tocando em todo o mundo, foi uma
experiência mágica para todos nós.
O
momento mais difícil na banda foi a morte do vocalista Carl Albert em 1995?
Como vocês lhe deram com a situação na época?
Dave:
Deixei a banda em 1993 e Carl faleceu 18 meses depois. Foi realmente difícil de
lidar, e ainda é após 20 anos. Nós nunca nos falamos novamente depois que eu
saí da banda, e eu não sei o porquê. Isso vai me assombrar para o resto da
minha vida. Carl era um grande cara e um talento incrível. Ele e eu éramos
muito próximos durante todos os anos que estivemos juntos na banda. Eu e o guitarrista
Mark McGee tínhamos entrado na banda por intermédio dele, e essa formação
definiu o line-up clássico do Vicious Rumors, e sou muito orgulhoso disso.
Você
ainda gravou um álbum com o Chastain, “In an Outrage” (2004). Como foi
trabalhar com a banda e principalmente com David T. Chastain?
Dave:
Foi
um álbum interessante, eu nunca havia conhecido David Chastain até o CD ser concluído!
Foi a minha primeira experiência em fazer um CD assim, todos nós vivemos em
lugares diferentes e eu trabalhei com David via e-mail. London produziu as
faixas de baixo para mim, de modo que foi a primeira vez que realmente
trabalhamos juntos antes do WildeStarr. David Chastain é um grande talento e um
cara muito legal, e eu gostaria de trabalhar com ele de novo algum dia.
No
início de sua carreira você também passou pelo Lääz Rockit, banda que possui
certo nome na cena Thrash americana. Conte como foi que se deu isso?
Dave:
Isso foi em 1982-1983, eu estive na banda por cerca de 18 meses. Eles estavam
procurando por um baixista, e eu tinha um emprego em uma loja de música local.
Eles me ligaram e nós nos encontramos. A banda tinha um nome diferente, e eu
vim com Lääz Rockit. Foi um tempo muito louco, para ser honesto. Eu realmente
não achava que a banda fosse muito boa... Éramos todos muito jovens. Tivemos um
show num grande palco, mas nenhum de nós eram músicos muito bons ou compositores.
Na época, eu pensava que o Lääz Rockit era um grande negócio, mas eu fui para
coisas muito maiores e melhores em minha carreira.
Dave Starr e Carl Albert na época do Vicious Rumors |
Em
todas essas bandas você tocou baixo e hoje, mesmo comandando o instrumento, seu
foco maior é na guitarra. Você sempre teve a intenção de desenvolver seu
trabalho como guitarrista?
Dave:
Eu sempre toquei guitarra ao longo dos anos, coisas suficientes para mostrar
minhas composições ao Vicious Rumors, ou coisas assim. Mas oficialmente não
toquei até 2005, quando parei de beber, fiquei totalmente limpo e realmente
fiquei bom na guitarra. Amadureço rápido, e realmente estou mais maduro como
músico e compositor. Ainda toco baixo, porque faço as duas funções no
WildeStarr, mas passei mais focado na guitarra nos últimos tempos até porque estou
sempre compondo.
E
como você vê o cenário do Metal atualmente? Quais as principais diferenças da
cena de 20 anos atrás em relação ao momento atual? Enfim, quais vantagens e
desvantagens da cena antiga e a atual?
Dave:
O fato triste é que a internet tem arruinado o negócio da música. Muitas coisas
eram melhores antes da internet. Naquela época, ninguém sabia quem você era a
menos que você tinha um contrato e estava na MTV ou em turnê. Agora, cada banda
do planeta tem um site, vídeos, facebook, twitter... Os fãs são bombardeados
todos os dias com um milhão de opções do que ouvir, com certeza isso é
excelente para as bandas que nunca tiveram qualquer exposição antes, mas há muitas
bandas que lutam por um pedaço do bolo. E você combinar isso com todo o
download ilegal, é um desastre. Eu não sei qual é a resposta, mas eu tento não
me preocupar com isso. Acabo fazendo o melhor som que eu posso, e essa é a
maneira como as coisas são. Não me interpretem mal, a internet é uma grande
coisa, é uma ótima ferramenta para se conectar com as pessoas, mas para o
negócio da música tem sido horrível.
De
alguma forma essas bandas por quais você passou influencia na sua forma de
compor no WildeStarr?
Dave:
Eu acho que as 3 grandes bandas para mim são Judas Priest, Kiss e Thin Lizzy.
Eu acho que você pode ouvir um pouco dos três no WildeStarr. Eu amo todo o tipo
de música, mas na medida do Metal/Rock essas são as bandas que tiveram a maior
influência sobre mim. Você pode realmente ouvir as influências de Thin Lizzy em
minhas harmonias de guitarra. Priest, eu adoro suas épicas/canções clássicas e
tento obter essa mesma sensação no WildeStarr. London tem muito a ver com isso,
já que ela tem uma voz incrível que muitos comparam com Rob Halford. O velho e
clássico Kiss tem alguns grandes ganchos e riffs cativantes, e eu acho que você
pode ouvir no WildeStarr também. Eu amo outras bandas como UFO, Scorpions, BOC,
etc.
Em
relação ao Brasil novamente, vocês pretendem tocar no Brasil com a banda algum
dia? O que acha que falta para que isso dê certo?
Dave:
Não sei. Somos questionados sobre várias turnês, mas eu sempre digo não. Estou
praticamente aposentado, acabei de comprar uma casa no Texas, eu amo a vida
doméstica com London e nossos três cães. Estou feliz de gravar no estúdio de
casa e lançar CDs. Talvez algum dia façamos uma turnê, mas nada planejado no
momento. Eu nunca fui ao Brasil, mas gostaria de ir pra aí!
Além
do WildeStarr, você pretende lançar ou está trabalhando em algum projeto paralelo
para 2015?
Dave:
Eu tive a ideia de terminar o novo CD “WildeStarr III”, passando em seguida
para tentar algo diferente. Mas, eu mudei de ideia. Eu quero manter WildeStarr,
mas vamos fazer as coisas um pouco diferentes. Eu gostaria de trabalhar com
outros músicos, sob o nome WildeStarr. Durante 3 álbuns toquei todas as
guitarras e baixo. Eu gostaria de ter outro guitarrista e um baixista, e ver
como isso vai funcionar para London e eu, só para dar-lhe um sabor ou som
diferente. Eu já conversei com vários músicos sobre isso, por isso vamos ver
como vai ser!
Muito
obrigado, mais uma vez Dave! Pode deixar uma mensagem aos seus fãs brasileiros.
Dave:
Muito obrigado Vitor! Um ‘alô’ a todos meus amigos e fãs no Brasil, em
particular ao grande amigo e cantor Mario Pastore.
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