São 30 anos de carreira
e, apesar de várias paradas, o clássico grupo carioca Necromancer ainda não
tinha um debut. Até que em 2014, com a formação estabilizada com Marcelo
Coutinho (vocal), Luiz Magalhães e Eduardo Lopes (guitarras), Gustavo Fernandez
(baixo) e Alex Käfer (bateria), a banda regravou faixas de suas antigas demos e
soltou o tão sonhado primeiro álbum. Conversamos com Luiz, um dos fundadores da
banda, que deu mais detalhes.
Mesmo
com as paradas, se contabilizam aí 30 anos de carreira praticamente. Como é ter
finalmente lançado o debut em 2014 após todos esses anos?
Luiz
Fernando: Foi muito gratificante lançar o CD “Forbidden Art”.
Sempre acreditamos na força do material que entrou no CD, e consideramos que,
embora compostas há décadas, essas músicas mantêm seu peso e brutalidade até
hoje. Quem ouvir o CD, seguramente poderá confirmar isso. Aliás, o CD está
disponível para audição na íntegra no Soudcloud da banda (https://soundcloud.com/necromancerbr).
E
como surgiu o interesse da Heavy Metal Rock em lançar “Forbidden Art”
Luiz:
Fizemos sondagens para conseguir um selo que se dispusesse a lançar o CD, e
nesse processo, o Wilton da Heavy Metal Rock mostrou interesse e apresentou uma
proposta de trabalho e divulgação que nos agradou bastante. Estamos muito
satisfeitos com o trabalho e o apoio do Wilton e da HM Rock.
Por
que optaram por regravar a maioria das faixas antigas para o primeiro álbum?
Luiz:
Primeiro, porque, como dissemos, por acreditarmos na atualidade da força do
material, entendemos que ele merecia um registro oficial, para além das antigas
demos. Segundo, porque por ter sido uma ideia que surgiu muito rapidamente,
levaria algum tempo até que houvesse material suficiente para um full-length.
Terceiro, por estarmos sem a banda completa, seria inadequado compor material
novo de início, pois o ingresso de novos integrantes sempre altera a
personalidade de qualquer banda, e aí viríamos a ter um material novo que não
refletiria com fidelidade a personalidade da banda.
Interessante
notar que as músicas soam atuais, mesmo sendo compostas há muito tempo. Como
foi dar essa nova roupagem às composições?
Luiz:
Nós tentamos manter o máximo possível das composições originais, fazendo poucas
alterações. Fizemos apenas algumas atualizações nos timbres e afinações das
guitarras e do baixo e na bateria alteramos os arranjos de algumas batidas.
Isso
sem contar que a produção feita por Fernando Perazo não deixou o som
artificial. Era esse o resultado que vocês queriam?
Luiz:
Sim,
nós realmente desejávamos que o som ficasse "o menos digital
possível". Não foram utilizados na gravação quase quaisquer equipamentos
que “mascarassem” o som. Ou seja, usamos bateria acústica mesmo, poucos pedais
de efeitos nas guitarras e o baixo limpo, sem efeito. Tudo para tentar com que
o som ficasse o mais original possível.
E
como foi trabalhar com Fernando no Hanoi Studio?
Luiz:
Foi realmente muito bom. Ele saca e curte muito Metal e nos ajudou bastante na
tomada de decisões durante as gravações, mixagem e masterização
A
arte da capa ficou a cargo de Marcelo Vasco (Soulfly, Machine Head, Borknagar,
entre outras). Como foi desenvolvido este trabalho e por que optaram por trabalhar
com Marcelo?
Luiz:
O Marcelo já é amigo nosso há alguns anos, inclusive já tocou conosco, e como
conhecemos e gostamos bastante do trabalho dele, pedimos que ele fizesse a
capa. Inclusive, desejamos deixar aqui agredecimento a ele, pois a capa e a
arte final ficaram excelentes e têm recebido vários elogios.
Como
está a repercussão de “Forbidden Art”? O trabalho recebeu alguma resposta do
exterior?
Luiz:
Por enquanto, temos tido uma recepção ótima com o álbum, em especial aqui no
Brasil, com boas resenhas publicadas pela mídia especializada e convites para
participação em coletâneas. Estamos trabalhando a divulgação do álbum no
exterior também, mas tudo é ainda muito recente e esse trabalho precisa de um
tempo para render frutos. Contudo, ainda assim já recebemos o convite da
Terrorizer (Inglaterra) para participar da próxima coletânea deles.
E
os planos para 2015? Como está a agenda de shows?
Luiz:
Para 2015, pretendemos tocar ao vivo o máximo possível para divulgar o álbum.
Produtores interessados em shows podem entrar em contato conosco através da
página da banda no facebook (https://www.facebook.com/necromancerbr).
Além disso, já estamos trabalhando em material novo para lançamento no mais
tardar já no primeiro semestre de 2016. Já há algumas músicas prontas, mas esse
material novo ainda é embrionário. Ainda nem decidimos quais formatos vamos
adotar, tipo, podemos lançar um single promocional e depois um full-length ou
podemos lançar um EP para streaming, com arte e encarte virtuais, e depois
lançar um outro EP nas mesmas bases. Vamos ver. Tudo terá o seu tempo.
Foram
30 anos sem gravar um álbum oficial, mas o Necromancer conseguiu colocar seu
nome no underground nacional com firmeza e é um dos principais nomes do Thrash
Metal carioca. A que vocês acham que se deve isso?
Luiz:
Antes de tudo, valeu pelo elogio! Nós acreditamos que tenha sido o fato de
termos integrado a primeira geração de bandas de Thrash/Death Metal do RJ, de
termos levado a sério nossas composições e de termos tido as influências
certas: as grandes bandas do cenário Thrash/Death dos anos 80 e início dos 90.
Isso tudo somado contribuiu para o reconhecimento do nosso trabalho, mesmo
tendo levado tanto tempo (risos) para esse primeiro lançamento oficial.
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