terça-feira, 7 de abril de 2015

Entrevista



São quase vinte anos na estrada, mas por problemas esclarecidos nesta entrevista, somente em 2014 os gaúchos do Crucifixion BR conseguiram chegar ao seu debut, tendo lançado anteriormente apenas material nos formatos de EP´s, Split e Demos, além de um curioso primeiro trabalho ao vivo. Conversamos com os dois integrantes fixos da banda, Juliana DarkMoon e Lord "MAXX" Grave War, que nos contaram sobre as dificuldades, processo de composição do álbum e muito mais.

Primeiramente conte-nos o que aconteceu para o debut demorar tanto tempo pra sair, já que a banda existe há quase 20 anos?
DarkMoon: primeiramente demoramos em nossa evolução por termos começado em uma cidade do interior chamada Rio Grande/RS, sem muitos recursos de estúdio na época, e segundo por causa dos custos, nunca tivemos muita grana pra investir nisso. Por isso migramos em 2004 para Porto Alegre, e conforme fomos nos estabilizando nessa cidade, depois de vários shows positivos na volta, culminando com a abertura do Krisiun em dezembro de 2007, decidimos apertar as economias e dar um jeito de gravar o álbum. O processo de gravação, produção, mixagem e masterização foi começado em 2008 no estúdio Hurricane e demorou 3 anos para ser concluído, por ter de se fazer nas horas vagas, pela grana sendo investida, e também porque no meio do processo o Sebastian Carsin esteve durante aproximadamente 6 meses nos EUA para fazer um curso e adquirir equipamentos novos para o estúdio.  Nunca tivemos a ajuda de parentes, sempre nos viramos, e as coisas não são fáceis quando você não nasceu num berço de ouro.  Agora a banda está migrando para São Paulo, onde eu já moro há dois anos.

E as composições de “Destroying the Fucking Disciples of Christ” são recentes ou há coisas feitas há mais tempo?
Lord "MAXX" Grave War: O álbum é a Crucifixion desde a raiz até algumas composições novas como a faixa título... É a última que compus e mostra uma evolução tanto lírica como musical. O álbum é a Crucifixion BR na sua essência até o ano que foi lançado, nossa história está ali.
DarkMoon: tem músicas que foram evoluindo em termos de produção e técnica, até o momento em que começaram a ser gravadas em 2008, e algumas compostas há mais tempo que outras.

O disco traz composições e climas tanto intensos quanto caóticos. Isso é reflexo da gravação ou é algo que somente aparece na música? Enfim, como foi o processo todo de produção do álbum?
Lord "MAXX" Grave War: Eu componho as músicas e já imagino os lances de mixagem, arranjos etc...  Desde o começo quis fazer um Black Metal com outras vertentes como Death Metal até o Thrash, minha intenção é fazer um som insano e obscuro, passar uma atmosfera, algo além de apenas tocar rápido e fazer caras e bocas etc... A insanidade do som está além da velocidade e de regras, sou fanático por Venom, Hellhammer, Morbid Angel, Emperor, Rotting Christ, Impaled Nazarene, Sextrash, Kreator, Marduk, e por aí vai... Escuto muita coisa, Metal desde Hard Rock até extremo. Admiro artistas com algo a mais além do óbvio. O Bathory para mim também foi um mestre...



Aliás, essa intensidade vem em forma de velocidade nas músicas. Mesmo quebrando o ritmo em certos momentos, a agressividade e a velocidade são grandes trunfos das composições de “Destroying the Fucking Disciples of Christ”. O que podem falar a respeito?
Lord "MAXX" Grave War : Como falei antes, quando componho não procuro formatar um estilo rápido, cadenciado, quebrado etc... Sai naturalmente da alma, o álbum é uma evolução da Crucifixion BR tanto liricamente como instrumentalmente, tendo como uma das minhas prediletas a faixa título, ela é mais extrema, mas continua com variações de arranjos como sempre teve desde o começo. Isso é a identidade do Crucifixion BR, essa sempre foi a minha visão e quero continuar mantendo assim.
DarkMoon: Eu sempre gostei de explorar batidas rápidas, e de me desafiar ultrapassando meus limites, sendo cada vez mais veloz e agressiva, e mantendo minha pegada eficiente ao ponto de quem escutar não imagine que é uma mulher tocando, e também fazendo vários contratempos nas músicas em conjunto com o baixo. Gosto muito de usar os pratos para dar mais explosão às músicas.

Outra característica que chama bastante atenção são os vocais, afinal são versáteis e exploram desde o gutural, passando pelo rasgado e mais gritados. Como foi o encaixe dessas partes? Essa variação é algo que fluiu naturalmente ou vocês planejaram encaixar as vozes dessa forma?
Lord "MAXX" Grave War : Foi algo que flui naturalmente com certeza, mas na pré-produção do álbum eu já testava em casa alguma coisa em relação aos vocais mais Death Metal, que ficou massa no disco, acho interessante e é um desafio para mim como vocalista. Amo cantar e explorar minha voz em todas as nuances, desde que fique bem encaixado.

Vocês são os únicos integrantes permanentes do Crucifixion BR e que participaram da gravação do debut. Quais as vantagens e desvantagens de se trabalhar apenas em dois?
Lord "MAXX" Grave War: Não foi escolha nossa, o lance ruim foi a pressão maior para mim, tive de gravar os baixos, mas ao mesmo tempo eu já sabia o que tinha que ser feito, e dei o meu melhor dentro do possível na gravação, tanto nas partes do violão, guitarras e baixo.
DarkMoon: A nossa meta é ter a banda com três integrantes fixa em São Paulo, eu já moro aqui há 2 anos, e falta pouco para o Márcio vir. Não me importo de termos convidados competentes para o baixo, mas por outro lado também é interessante ter alguém no posto fixo, mesmo assim não pode ser qualquer pessoa, precisa estar no nosso ritmo e foco, ter idéias parecidas e querer evoluir com a banda, batalhar junto. Agradeço a todos baixistas homens e mulheres que estiveram/estão interagindo conosco até hoje.

E como se deu a entrada da baixista Fernanda (Losna) e por que ela participará apenas dos shows? 
Lord "MAXX" Grave War: Ela deu uma força no show de Porto Alegre, foi muito foda, agradeço a ela, foi uma data especial para o Crucifixion BR, mulher pode fazer Metal sim, tocar etc. As guerreiras do Metal verdadeiras têm meu total respeito e admiração.
DarkMoon: Eu apenas tive a idéia de convidá-la enquanto fui passar uns meses trabalhando no Sul, e ela aceitou, achamos que se interessaria em talvez ficar fixa, mas ela apenas quis dar uma força no show de Poa e segue com a banda dela. É uma pena pois poderia dividir as agendas e tal, mas mesmo assim foi muito legal ter outra mulher tocando conosco ao vivo, são raras as mulheres no nosso meio que persistem com seriedade, competência, dedicação e garra para superar os obstáculos.

E como está o trabalho com a Shinigami Records, que lançou o álbum? Enfim, como está a repercussão geral de “Destroying the Fucking Disciples of Christ”? 
DarkMoon: Está sendo bem positiva, apenas lembrando que o álbum foi primeiramente lançado em 2014 nos EUA pela HPGD Productions pouco antes de fazermos nossa mini turnê de divulgação do mesmo pelos estados de Minas Gerais e São Paulo, e agora no final de fevereiro ele saiu nacionalmente pela Shinigami, e desde então estamos recebendo ótimas críticas brasileiras, também recebemos críticas legais lá fora, e eu soube que o álbum tem vendido bem nos EUA, sendo também vendido por download digital via Itunes e Bandcamp. A Shinigami é uma ótima gravadora e ficamos muito lisonjeados quando o Willian veio nos oferecer o lançamento nacional, e ele possui uma ótima equipe de divulgação. Nosso álbum está disponível para venda até na livraria Cultura, o que pra nós é algo muito interessante, fazer nosso trabalho chegar nas mãos de mais ouvintes diferenciados. Estamos aguardando a confirmação de um possível show com noite de autógrafos na livraria, o que seria muito legal, espero que role.

Além de divulgar “Destroying the Fucking Disciples of Christ”, quais os planos para 2015?
Lord "MAXX" Grave War: Agora o foco é divulgar este álbum que foi feito com muita luta, mas está aí, vitória para nós, por acreditar na nossa música e ver que existem apreciadores do Metal extremo underground no Brasil, e fazer shows, mais shows... Divulgar nossa música a cada vez mais pessoas, para que elas entendam, curtam, troquem energia ao vivo. Sem público somos nada, é uma aliança de troca, batalha e vitória!
DarkMoon: nossa meta é subir o novo site da banda que está em construção pela Square Design Studio que fez a arte do CD e produziu nosso clipe, e fazer mais alguns shows pelo Brasil durante o ano, e em outubro fazer nossa primeira turnê na Europa. Estamos começando a agendar datas, por enquanto já temos o primeiro show confirmado na Alemanha.

Muito obrigado. Podem deixar uma mensagem.
Lord "MAXX" Grave War: Crucifixion BR agradece as pessoas que estão apoiando a gente, indo nos shows, comprando merchandise nosso, para que possamos continuar nossa luta em prol do Metal Nacional. Para finalizar, a Crucifixion BR quer passar que estamos para juntar não para separar, juntos somos mais fortes, somos a verdade, a muralha contra a hipocrisia humana, Hailz Brasil! Abraço às Guerreiras e Guerreiros do Metal nacional... Stay War!
DarkMoon: É isso aí, agradeço a todos que nos admiram, nos apóiam e nos respeitam, agradeço também às bandas que conhecemos na estrada e que foram legais conosco, sem o pensamento mesquinho de competição que atrapalha a cena como um todo, e agradecemos a quem acreditou em nós desde o início. Me sinto feliz de representar o público feminino de certa forma, mostrando que é possível sim mulher tocar bateria neste estilo brutal, e inspirar outras mulheres a seguirem neste caminho do metal extremo. Com garra e muita persistência, acabamos atingindo nossos objetivos.



2 comentários:

  1. Uma bela entrevista... qual foi o 1° Baixista da banda, e porque sempre manterem um formato trio?!

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  2. De onde surgiu a ideia do nome?!

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