Um dos pioneiros do
Thrash Metal fluminense, o Agressor foi desfrutar de poder lançar álbuns
oficiais somente nos anos 2000 com “Victim of Yourself” (2006) e com o mais
recente trabalho “Demise of Life”, lançado no ano passado. Tendo Paulo Tinoco
(vocal e bateria), Alexandre Cabral (guitarra), Gustavo Lima (baixo) e Raphael
Zaror (guitarra), a banda continua sua luta pelo espaço e reconhecimento
merecido. Conversamos com o fundador Paulo e com Alexandre que nos falaram mais
sobre a banda e suas perspectivas, além do mais recente trabalho.
São
30 anos de carreira, mas o Agressor possui apenas dois álbuns lançados e ao
todo lançou apenas 5 trabalhos. A que se deve este fato?
Paulo:
Naquela década de 80 tudo era novidade em termos de Metal para nós, ainda mais
por morarmos numa cidade pequena de interior, onde não havia lojas de
instrumentos, aulas e claro, pessoas que quisessem tocar música pesada. Por
conta disso sempre rolaram dificuldades para conseguir músicos e fechar uma
formação e nas vezes que conseguíamos era difícil mantê-la de forma coesa e com
objetivos comuns, pois cada um pensava a banda de forma diferente. Olhando para
trás nesses anos todos, o maior problema mesmo foi encontrar músicos que tivessem
mais paixão e comprometimento pela banda, pois tudo ficaria menos difícil a
partir disso.
E
como foi compor “Demise Of Life”? Afinal são 8 anos de diferença para o debut
“Victim of Yourself” (2006).
Paulo:
Vejo como um processo natural aonde cada um vai compondo riffs, estruturas
maiores ou até a música toda e depois nos juntamos para trabalhar nelas. Pelo
fato de ficarmos um tempo grande entre uma gravação e outra, isso acabou
favorecendo que as músicas do “Demise of Life” fossem mais trabalhadas com os
ensaios. Era comum surgirem sugestões ao longo desse período para uma música ou
outra.
Alexandre:
Para mim foi extremamente importante, visto que no “Victim of Yourself”, eu era
recém-chegado na banda e só tive tempo de contribuir na composição de uma - Onde esta a coragem? - de resto fiz
solos e alguns arranjos, nada demais. No “Demise of Life” eu contribui tanto
quanto Paulo, passamos esse período todo juntos trabalhando nas músicas e com o
lançamento do “Demise of Life”, sinto na prática que o Agressor finalmente é
minha casa também. Outro ponto que considero uma diferença importante foi que
no “Victim of Yourself” era minha primeira aventura a um estúdio sério e eu era
ingênuo com muita coisa. Dessa vez, quase 10 anos depois, fui com outra cabeça
e isso ajudou a fluir bem melhor tudo, desde ideias até a execução delas.
E
qual a principal diferença que vocês vêem entre os dois trabalhos?
Alexandre:
Acho que o “Demise of Life” puxou uma atmosfera mais old school, com riffs de
mais velocidade e menos peso, menos cadência, o vocal do Paulo também esta
diferente, puxado mais para o old school também, menos gutural e mais gritado.
Temos mais músicas em português dessa vez, que é uma área que estamos cada vez
mais dando mais atenção.
Paulo:
Em termos de energia e musicalidade acredito que os dois álbuns tenham a mesma
pegada e fiquei igualmente satisfeito com os dois trabalhos. Fora isso, o
“Demise of Life” tem alguns outros pontos que poderia chamar de vantagem em
relação ao “Victim of Yourself”, como um maior número de músicas em português,
a arte do encarte tipo pôster e também em relação às letras como um todo, já
que a abordagem das temáticas ambientais era um tema que precisava ser dito e
gostei do resultado final. Veja que Save
the Forest - faixa de abertura do álbum - foi feita por volta de 2007 e
nela falo da questão da preservação das florestas como peça chave para a
biodiversidade e obviamente pelos serviços ambientais que ela nos propicia como
a “produção” de água, regulagem do clima e etc. E cá estamos em 2015 com falta
de água em várias partes do país justamente por não preservarmos nossas
florestas. Infelizmente os ‘(des) governos’ pouco ligam para a causa e a
recente eleição presidencial mostrou que os politiqueiros praticamente ignoraram
o tema. A preocupação deles são as articulações e como fazer para se manter no
poder por mais tempo.
Interessante
notar que em “Demise of Life” a banda se mantém atual, mesmo estando na ativa
há três décadas. Isso foi algum tipo de preocupação ou fluiu naturalmente?
Paulo:
As composições vão surgindo de forma espontânea, mais instintiva do que
cerebral e claro que quando buscamos fazer novas músicas o objetivo é agradar
primeiramente a nós mesmos e continuar na linha de som que o Agressor vem
seguindo em termos musicais desde os primeiros trabalhos. A banda segue sua
origem, sua raiz, calcada no Thrash Metal surgido no início dos anos 80 de
forma natural.
Outro
ponto alto do álbum é a intensidade. Nas 10 composições a banda mantém o pique
do início ao fim, coisa rara de se ver. Essa foi outra preocupação?
Alexandre:
Desde o começo, queríamos fazer algo mais direto, mais curto e grosso.
Lembro-me do Paulo dizendo logo após o lançamento do “Victim of Yourself”:
"O próximo álbum tem que ser um soco na cara, e quando a pessoa perceber,
já acabou”. Essa foi a meta que queríamos para este trabalho.
As
composições também são objetivas, não cansam o ouvinte. A produção também
agrada muito e foge dos padrões artificiais dos dias atuais. Como foi este
processo?
Alexandre:
Esse foi um ponto bem consciente na produção, desde o começo estabelecemos com
o produtor Davi Baeta - que também trabalhou conosco no ‘Victim...’ - que
queríamos algo old school, no sentido de que não soasse nada artificial, que
fosse tudo bem 'humanizado', para dar essa impressão de energia real de uma
banda tocando. Confesso que foi trabalhoso, mas conseguimos chegar ao ponto
certo e agradecemos ao Davi pelo ótimo trabalho!
Paulo:
Já sabíamos que tipo de sonoridade e timbre que queríamos e fomos buscando isso
juntamente com o Davi, do Estúdio DQG em Cabo Frio/RJ.
E
como está a repercussão de “Demise of Life”? Vocês têm obtido respostas do
exterior?
Paulo:
As opiniões acerca do álbum têm sido bem positivas daqueles que já tiveram
acesso ao álbum. Não vivemos de música e uma banda como o Agressor está há
tanto tempo na ativa somente pela paixão pelo que faz e nada além disso. Claro
que como fãs de Thrash Metal, queremos que outros fãs do estilo também possam
ouvir nosso trabalho e que também possamos conhecer outras bandas, trocar uma
ideia. Em relação ao exterior, cheguei a mandar algumas cópias para zines de
alguns contatos antigos que tinha, mas antes mesmo do álbum sair fisicamente
ele já estava em sites lá fora para download e talvez por isso tenha recebido
mensagens de pessoas querendo adquirir o CD. Recebemos o contato também de
outros selos de países como China, México e Colômbia querendo fazer trocas.
E
como está agenda de shows? Enfim, quais os planos para 2015?
Paulo:
Pela primeira vez em todo esse tempo com a banda demos uma atenção nessa
questão de shows e buscar tocar mais. Sempre temos alguns impedimentos para
poder viajar e com o lançamento do “Demise of Life”, criamos a “Spirit of
Thrash Tour” com alguns shows e estamos em frequente contato com o objetivo de
incluir novas datas. Mas isso vai se resumir ao primeiro semestre do ano, pois
também temos outras atividades que demandam atenção e tempo. Temos o objetivo
de lançar o “Demise of Life” em vinil e iremos começar a definir o próximo
trabalho para 2016, ano em que a 1ª demo Destruição Metálica completa 30 anos.
Talvez um EP, não sabemos, mas acho que poderíamos fazer algo para não deixar passar
em branco.
Podem
deixar uma mensagem aos leitores.
Paulo:
Primeiramente tenho que agradecer o espaço e também parabenizar pelo trabalho
que você faz com o blog Arte Metal. Também gostaria de convidar a todos para
visitar nossa página oficial (www.agressor.com.br)
para saber mais sobre o Agressor, ouvir as demos e os álbuns, inclusive o
“Demise of Life” através do player. Com exceção do novo álbum, por enquanto,
todos os outros trabalhos podem ser baixados sem problemas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário