quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Entrevista: Dicephalus




Por Vitor Franceschini

Foram 14 anos para que Marcosplatter Teixeira (vocal/todos os instrumentos), o ‘cara’ por trás do Dicephalus, realizasse o sonho do debut “Pathological Atrocities in Clandestine Hospitals” (2016) ser lançado. Agora feito, o músico mesmo se diz surpreendido pelo retorno e não é por menos, afinal o disco traz todo conhecimento de causa de alguém que sempre propôs o melhor do Death Metal/GrindGore. Para falar sobre estes e outros assuntos, Marcosplatter conversou via internet com o Arte Metal.

Primeiramente conte-nos por que somente agora, quase 15 anos depois, você conseguiu lançar o primeiro álbum do Dicephalus, “Pathological Atrocities in Clandestine Hospitals” (2016)
Marcosplatter Teixeira: Eu comecei a compor tudo em um violão velho que tinha em casa, nada foi criado com guitarras e amplificadores. Após conhecer o instituto de anatomia humana da USP e escutar muito Carcass e Flesh Grinder , veio a vontade  de criar algo próprio. Lancei uma demo em casa mesmo tocando bateria e uns amigos fazendo vocal em 2002, e o tempo passou, a dificuldade de encontrar integrantes continuavam e decidi guardar. Em 2010 comecei as gravações e em 2016 foi finalizado.

Sei que há músicas no disco que remetem ao início da banda. Mas, além dessas músicas, tem algo que você compôs mais recentemente e/ou chegou a fazer alterações nas composições durante todo esse tempo?
Marcosplatter: Sim, as faixas Individual With A Rash Torassic e Abortion Procedure foram compostas em 2009, e algumas ao longo do tempo sofreram modificações.
E como foi todo o processo desde composição, passando pela gravação e chegando ao produto final do debut?
Marcosplatter: Apesar de ter criado tudo, criação dos riffs, letras, arranjos, vocais, logotipos, encarte... Na hora de compor, recebi grande ajuda do produtor Andre Diniz. Nas guitarras tenho conhecimento básico, mas foi o suficiente pra poder gravar, os dois vocais - o pitch-shiffter e o rasgado - são meus, o baixo feito pelo André e a bateria foi programada pelo protools, resultando neste trabalho.

Aliás, o disco traz a produção de André Diniz no Elite Estúdio e a sonoridade soa bem bacana, além de nítida e equilibrada, principalmente pra algo voltado ao Death Metal/Goregrind. Por que escolheu Diniz e como foi trabalhar com ele?
Marcosplatter: Em 2009 dei inicio às gravações em estúdio aqui, mas não consegui dar continuidade, aí que me indicaram o André, uma pessoa fantástica, com conhecimento vasto em estúdio e instrumentos, que inclusive está pra lançar mais duas bandas aqui de Indaiatuba/SP, os meus amigos do Regurgimentação Necrovaginal Sangrenta e o Golpe Devastador.



Voltando a “Pathological Atrocities in Clandestine Hospitals” o foco do disco é o Death e o Goregrind, porém, naturalmente encontramos nuances com o Splatter também. Para muitos é fácil aliar esses gêneros, mas um pé fora e tudo pode se transformar. Fale um pouco a respeito disso.
Marcosplatter: Eu tentei mesclar tudo em um contexto sem seguir rótulo, mas também sem perder o foco. As letras ligadas à medicina legal e à patologia, casos de serial killers e mortes alheias, além da sonoridade sem ser maçante e repetitiva, mas desejando brutalidade foi o que busquei nesse álbum.

É comum ver bandas desta linha sempre apostando na velocidade, mas com o Dicephalus parece não haver essa preocupação, pois você inclui linhas mais cadenciadas que dá margem para algo mais denso do que podre, assim diríamos. Isso foi algo que você se preocupou em fazer ou fluiu naturalmente?
Marosplatter: Em “Pathological Atrocities...” está contido tudo que me influencia desde o Heavy Metal até o Grindcore, então pra quem escutar vai perceber elementos bem cadenciados até o extremo, tentei conciliar os opostos.

Muito se questiona sobre as temáticas destes estilos, que tratam de assuntos como patologia, medicina legal, gore e afins. Fale-nos um pouco do que se passa em uma mente como a sua, por exemplo, na hora de abordar tais temas nas letras (risos)?
Marcosplatter: As letras surgem de várias fontes, filmes, documentários, os clássicos ‘Traços da Morte’ e ‘Faces da Morte’, doenças raras, práticas ilegais de aborto etc.

E como está a repercussão do trabalho até então? Tem atingido suas expectativas e chegou a ter um feedback do exterior?
Marcosplatter: Vou admitir que meu objetivo principal era lançar o CD, ter o material físico em mãos. Com tantas bandas boas no Brasil é até difícil se destacar, mas após o lançamento tive um retorno muito positivo do pessoal que acompanham a cena, pessoas muito influentes e bandas que sempre escutei, o que me deixou muito satisfeito.

Você pretende montar uma banda pra tocar ao vivo ou apenas irá manter o projeto em estúdio?
Marcosplatter: Em breve montarei uma sala de ensaio no fundo da minha casa e a partir daí verei a possibilidade de tocar ao vivo, seja como banda mesmo ou ‘one-man-band’, tirando como exemplo o Feces on Display e o Putrid Pile.

Muito obrigado. Pode deixar uma mensagem aos leitores.
Marcosplatter: Eu que só tenho a agradecer a você Vitor e ao blog Arte Metal pelo apoio, ao Diomar e Paulo (Cemitério e Deranged For Leftover Recs) por acreditar nesse trabalho, a todos que apoiam a Dicephalus e ao underground, muito obrigado, Staysick!


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