quinta-feira, 29 de junho de 2017

Dark Avenger – “The Beloved Bones: Hell”

(2017 – Nacional)
                                    
Independente

Ser independente no meio underground não tem nada demais, mas é injusto que uma banda como o Dark Avenger não tenha seu novo e quarto disco de estúdio lançado por um bom selo. Até porque se trata de um dos principais nomes do Metal tradicional do país e de nome consolidado no cenário nacional e mundial.

Pois bem, recado dado, vamos ao que interessa, afinal de contas temos em mãos um material de qualidade ímpar e que traz inovações pro estilo do grupo ‘candango’, que já não soa apenas tradicional e hoje flerta com outros subgêneros do Metal. Nada demais, afinal, quem não se transforma com o tempo, fica pra trás.

Musicalmente temos o disco mais diverso e emotivo da banda, afinal, trata-se de um trabalho conceitual que aborda um tema profundo e as músicas caracterizam o que é dito nas letras. Porém, “The Beloved Bones: Hell” é um trabalho que brilha, mesmo contornado por tantas sombras (tematicamente falando).

O estilo da banda se mantém característico, com seu foco no Metal tradicional e Power Metal, mas o que ouvimos aqui é algo mais abrangente que ganha contornos do Progressivo e a grandiosidade do Symphonic Metal. Antes que julguem mal, tudo está dosado na medida certa e em momento algum soa exagerado.

A produção a cargo do guitarrista Glauber Oliveira trouxe a música da banda para os tempos atuais com a ajuda da masterização de Tony Lindgren (Kreator) no estúdio Fascination Street. Isto é, soa moderna, mas consistente e de acordo com que a sonoridade da banda pede.

Em meio aos belos arranjos que sempre permearam a sonoridade do Dark Avenger, há solos que perceptivelmente foram feitos com extremo cuidado e bem encaixados, uma cozinha versátil, peso necessário e algo que jamais uma banda brasileira de Metal se arriscou a incluir em sua música: efeitos cinematográficos, que dão ainda mais teor ao conceito! Sim, uma audição cuidadosa e detalhada irá permitir ao ouvinte sacar isso.

Tudo isso como trilha de um tema complexo no trabalho, onde o eu confronta, aborda e explora o próprio eu, que se resume basicamente nas fases ruins da vida e os conflitos internos que qualquer ser deve passar, talvez diferenciando-se somente os níveis de tensão e em como lidar de cada indivíduo.

Tudo ‘narrado’ pelos vocais de Mário Linhares, um dos melhores cantores de Metal do Brasil, que aqui mostra sua mais versátil e madura performance. O disco, que ainda conta com uma arte de capa belíssima (mérito do francês Bernard Bittler), deve ser ouvido e compreendido pela eternidade.


9,0

Vitor Franceschini



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