quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Killing Yourself: Murillo Leite (Genocídio)



São quase 30 anos dedicados ao Metal, em especial o Metal extremo dos paulistanos do Genocídio, uma das mais tradicionais bandas do cenário Death Metal nacional em todos os tempos. Assim que se resume um pouco da carreira de Murillo Leite, vocalista e guitarrista do Genocídio que só não gravou o debut “Depression” (1990) entre os principais clássicos do grupo liderado por W. Perna (pode incluir “Hoctaedrom” e “Posthumous” nessa galeria). Este é o nosso convidado desta edição da seção Killing Yourself, que parece estar engrenando... (risos) 

Fase "Hoctaedrom"


“Hoctaedrom” (1993) – Genocídio: “Minha primeira vez para gravar um álbum, até então eram somente demo-tapes. Gravar em BH com o Tarso Senra, que havia produzido o “Schizophrenia” (1987) do Sepultura, foi um sonho realizado. Ficamos quase um mês na cidade, pudemos encontrar muitos caras das bandas que contribuíram para que o Genocídio nascesse e chegasse até aquele momento único. Inesquecível! Quando o LP saiu foi incrível, pela primeira vez estava na capa de um disco oficial e ainda mais no “Hoctaedrom”, que eu considero uma obra vanguardista do Death Metal brasileiro, pois foi nele que apresentamos nossa faceta Doom, na faixa Heredity. A recepção do público foi maravilhosa, veiculamos um clipe na MTV, Uproar e conseguimos colocar esse som na programação normal da 89FM. Nada mal para uma banda que tinha apoio limitado da gravadora, mas muita vontade de vencer! Em 2013 foi lançada uma versão em Digipak do álbum com alguns bônus e tocamos ele na íntegra num show com Nervochaos e Desecrated Sphere no Manifesto, memorável!”

Fase "Posthumous"


“Posthumous” (1996) – Genocídio: “Uma época delicada. Depois do ‘boom’ causado pelo “Hoctaedrom” Marcão havia saído da banda e então eu assumi os vocais. Uma enorme responsabilidade, mas estava preparado. Musicalmente, a banda se encontrava num outro momento, estávamos mergulhados em Black Sabbath, The Sisters of Mercy, Pink Floyd e o resultado só poderia ser este (risos). Gravamos com ótimo suporte de estúdio graças ao selo Primal da gravadora Velas, mas internamente as coisas andavam mal, com muito desentendimento entre os integrantes. O estopim foi o show de lançamento deste álbum, a banda simplesmente implodiu nos dias seguintes à apresentação. No final restou somente o Perna na banda, foi um período muito difícil. Apesar de todo o cenário desfavorável “Posthumous” foi um álbum marcante, inserimos muita novidade, como vocal lírico feminino, violinos, violões. É considerado um dos álbuns mais importantes da cena brasileira e ele não tem esta classificação por acaso, realmente é um álbum inovador em todos os sentidos!”   

The Cellts


“Futourist” (1999) – The Cellts: “Após o turbilhão da saída do Genocídio, eu, o Daniel e o Juma resolvemos trabalhar em algumas ideias que inicialmente seriam para o Genocídio. Adotamos o nome The Cellts e partimos para a composição do material. Pouco tempo após Daniel decidiu abandonar a banda, então eu e o Juma recrutamos o Edu, um exímio baixista por sinal, e demos sequência ao que viria a ser “Futourist”. Uma fase de total liberdade musical, talvez uma resposta à prisão que o Genocídio havia se transformado, as músicas eram compostas em ‘jams’ e isso era realmente um combustível para nós. Considero este álbum excelente, com ótimas faixas, uma pena que menos de um ano depois do lançamento a banda encerraria definitivamente suas atividades, por uma série de contratempos de ordem pessoal.”


Fase "The Clan"



“The Clan” (2010) – Genocídio: “Após um hiato de aproximadamente cinco anos, o Genocídio voltou em 2006 e no ano seguinte o lançamento do DVD/CD ao vivo “Probations” (2008). Hoje creio que não fizemos uma boa escolha, talvez retornar com material inédito fosse mais impactante, mas de qualquer forma foi muito bom estar na ativa novamente com a banda. “The Clan” é um disco imponente, com muita qualidade de áudio e uma banda entrosada ao máximo. Não tinha como sair errado, mesmo estando alguns de nós passando por problemas pessoais durante o período de gravação. Eu perdi meu pai, o Fábio (baterista) havia se separado, porém nada disso abalou nossa confiança e o resultado, em minha opinião, ficou fantástico, graças a produção esmerada do Marco Nunes. Foram nas sessões de gravação dos vocais que descobrimos o poder da harmonização de vozes e esta característica vem nos acompanhando desde então. Dos três álbuns que lançamos pós 2006 é para mim é o mais Heavy Metal.”


Genocídio atual



“In Love With Hatred” (2013) – Genocídio: “Mais uma vez sofremos uma baixa significativa na formação. Fabio e Denis decidiram deixar a banda, mas o que era para ser uma situação de apreensão tornou-se um desafio e pudemos encontrar no Rafael Orsi (guitarra) e João Gobo (bateria) as pessoas certas para escrevermos um álbum de Death Metal clássico do Genocídio! Foi um período muito frutífero criativamente falando, gravamos um disco consistente e musicalmente revigorante. A divulgação deste álbum foi extremamente positiva, tocamos ao lado de nomes como Amon Amarth, Obituary e Testament, fizemos três vídeos do álbum, inclusive um para o cover do Mercyful Fate, Come to the Sabbath, um dos pontos altos do disco. 

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