quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Sem Textão: O ‘Rockeiro Casual’



Por Vitor Franceschini

Bom, como dito no texto de introdução a essa nova coluna, ninguém está aqui pra apontar o dedo na cara de ninguém e dizer quem é o quê. Mas, em tudo na vida a gente se encaixa em alguma posição (rótulo) e o termo ‘rockeiro casual’ só é mais uma referência pra ajudar a definir algo, assim como ‘poser’, ‘headbanger’ e afins.

Onde se encaixa esse tal de ‘rockeiro casual’? Alguém é mais ‘rockeiro’ que alguém? Não sei responder e não é aí que queremos chegar. Afinal, ninguém é obrigado a ser algo, fazer algo, etc. Mas, é preciso saber que os nossos direitos de reclamar terminam quando deixamos de ser e/ou fazer algo co-relacionado à nossa reclamação, deixar de acrescentar.

Vamos lá. É muito comum no cenário do Rock / Metal a gente ver pessoas reclamando, afinal, nada mais humano que reclamar. O problema é que aqui (vamos chamar o cenário assim, de ‘aqui’), as pessoas reclamam muito e fazem pouco. Os que mais reclamam são os que eu decidi chamar de ‘rockeiro casual’.

Isso porque são aqueles que prestigiam mega-eventos, colecionam material de bandas consagradas, vão anualmente aos mesmos shows internacionais em grandes estádios - o que está mais do que certo e dentro de seus direitos (apesar de serem extorquidos com os preços abusivos dos produtos e ingressos) - são os que mais reclamam. O problema, é que grande parte dessa galera não apoia a cena independente (raiz de tudo que venera), não freqüenta shows de bandas autorais e é intransigente a coisas novas dentro da música pesada.

Vista de um show do Iron Maiden no Allianz Parque. O público dentro do retângulo seria suficiente pra encher um show independente.


A prova disso? Pegue uma vista aérea de uma plateia de um show do Iron Maiden no Allianz Parque, por exemplo. Dali, você verá subdivisões no meio da plateia (questão de logística e pra dividir os setores vip, pista e por aí vai), circule um desses setores e faça um cálculo (baseado em 50, 60 mil pessoas) e veja se 1% deste público freqüenta eventos de bandas autorais independentes. Fez? Pronto, está aí. Não freqüentam!

Provavelmente mais deste 1% também prefere freqüentar ‘pubs’ onde se apresentam bandas covers (de preferência da banda em que vai ao show anualmente), o que também não é errado, mas pouco acrescenta. Nada disso está errado. A cerveja no pub provavelmente é mais cara que no evento independente, sendo que este nem mínimo de consumação tem. O problema está quando estes mesmos vivem pelos cantos dizendo que não há estrutura nos shows independentes, que a cena está estagnada e que não há nada de novo interessante, sem saber que este é o ‘combustível’ para essa degradação do Rock / Metal.

Sim, se não há apoio às bandas novas, bandas autorais e independentes, a coisa toda se estagna, chegando um dia em que realmente não vai ter nada dentro do Rock / Metal, nem pra reclamar. Então, se você tem pensado muito assim ultimamente, mas já tem seu ingresso comprado pro Rock In Rio, saiba o porquê de o ‘rock’ está mais encaixado no nome do evento do que no ‘cast’ de bandas que lá se apresentarão.

Por fim, neste texto mais que confuso (vou melhorar, pois estou enferrujado pra escrever artigos), ‘rockeiro casual’ nem sempre é aquele que ouve Rock / Metal de vez em quando, mas sim aquele que nem ‘de vez em quando’ apoia um cenário estereotipado, mas que possui muita coisa nova de qualidade e eventos idem (duvida? Tem uma semana pra eu te mostrar?).

*Vitor Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Não é petista nem fudendo, mas desconfia de quem vota no Bolsonaro.

5 comentários:

  1. Sem cagar regras no metal mano, cada um cada um com sua vida.

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    1. Quem está cagando regra aí? Quem está mandando fazer ou dizendo que algo é certo ou errado? Se identifica e a gente conversa.

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  2. O problema é que nós fazemos parte e vivenciamos o chamado underground. Esse pessoal mais "casual" pouco se importa com isso. Nunca vão carregar um cubo, colar um cartaz, fazer um flyer, divulgar um evento ou qualquer coisa que o valha, são meros consumidores. Nós garimpamos coisas diferentes, vamos atrás. Esses casuais são os mesmos que dizem que o rock está morto. São duas realidades. Enquanto nós somos mais: For the passion, not fashion eles estão como a Luka "Tõ nem ai".
    Aquele abraço !!!

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    1. Carregar cubo, colar cartaz e fazer flyer não são métricas de apoio. E nem devem ser. Se um cara mora no cu do mundo e baixa no sul de minas pra ir no Roça, ele não vai fazer nada disso e está apoiando. Se um maluco rala o dia inteiro e a noite arruma um tempo pra curtir um som autoral no lugar que for, ele tá apoiando. Esse lance de 8 ou 80, esse tipo de atitude de "eu fiz isso e aquilo, portanto to ajudando mais" só espanta o cara que tá afim de ajudar como pode. Esse tipo de elitismo também atrapalha a cena, irmão...

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  3. A pessoa que diz que não tem nada novo o faz por justamente desconhecer o que há de novo.

    ### Resumindo ###

    AHHH NÃO TEM NADA NOVO O ROCK VAI MORREEEE ÇOCOOORR

    - Vai em show de banda nova? Não.
    - Compra disco de banda nova? Não.
    - Anda com a peita daquela banda nova? Não.
    - Curte alguma coisa com menos de 20 anos de existência? Não.
    - Frequenta algum lugar novo? Não.

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