segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Elizabethan Walpurga: "Não queremos catequizar ninguém"



Por Vitor Franceschini

Com “Walpurgisnacht” (2016), a banda pernambucana Elizabethan Walpurga fez jus ao seu retorno após um hiato de 13 anos. Não fosse por menos, pois por onde passou o trabalho acumulou elogios mostrando uma mistura madura entre o Metal tradicional e o Black Metal atraindo a atenção de boa parte do underground. Para falar sobre este retorno, Renato Matos (baixo) conversou com o ARTE METAL e, obviamente, falou sobre o disco, a carreira da banda e suas características em geral. Vale destacar que a banda é completada por Leo Mallak (vocal), Erick Lira e Breno Lira (guitarras), além de Arthur Lira (bateria)

A banda parece nova para muitos que ainda não a conhecem, mas o Elizabethan Walpurga surgiu há mais de 20 anos em 1994 com o nome de Ecumenical Damnation. Vocês ficaram na ativa até 2002 e lançaram duas demos neste período. O que a banda pode falar dessa época e o que houve para encerrarem as atividades?
Renato Matos: Primeiramente gostaria de agradecer em nome de todos da banda pela oportunidade e pelo espaço para que nosso trabalho tenha mais visibilidade no cenário do Metal no Brasil. Gravamos duas demos neste período, mas só lançamos a segunda demo “Desire” em 2001. Não ficamos satisfeitos com a gravação da primeira demo e só aproveitamos “Vampyre” quando lançamos “Desire”. Fizemos apenas 3 shows, sendo o primeiro da banda no festival Blizzard of Rock em Vitória de Santo Antão em Pernambuco, festival que até hoje está na ativa, depois fizemos nosso primeiro show no lendário Dokas em 2000, na ocasião como principal atração tinha o Krisiun e o último show em 2002 abrindo pro Monstrosity também no Dokas com Osvaldo Magno na bateria. Depois desse show eu já planejava migrar para os EUA e quando isso ocorreu, Erick e Breno não quiseram dar seguimento ao projeto e foi por isso que a banda encerrou as atividades na primeira fase, por causa da minha saída da banda. Foi uma fase bem obscura se levarmos em consideração que tivemos bem pouca exposição para uma repercussão muito forte e impactante no nordeste e que repercutiu até a nossa volta em 2015.

E como e quando se deu o retorno? O que os motivou a retomarem as atividades? 
Renato: Desde quando eu ainda morava nos EUA eu já mandava mensagens para Breno e Erick sobre minha vontade de voltar à banda para gravarmos todas as músicas que criamos juntos nessa primeira fase. Mas a vida não nos daria uma oportunidade para concretizarmos esse projeto naquele momento. Em 2007 voltei dos EUA e sempre que encontrava Breno eu puxava o assunto, mas ele recuava, pois a vida dele e a de todo mundo estava bem fora da rota de nos reunirmos novamente. Em 2014 Sávio Diomedes (Hellhammer) da banda potiguar Lord Blasphemate nos convidou para lançarmos um Split CD juntos pelo selo que ele iria lançar, o Ordo Draconian Black Label. A proposta era de lançar a demo “Desire” juntamente com a demo consagrada da Lord Blasphemate de 1993. Sentimos uma honra indescritível quando recebemos convite, primeiro lugar porque a Lord Blasphemate sempre foi presente na música que escutávamos nos anos 90, pela atitude da banda e pela profundidade filosófica com que Sávio escreve e estuda o Luciferianismo, e também por Mal´lak ter gravado com a banda dois CD’s e por Hellhammer ser um grande amigo de longa data. Mas a qualidade da demo deixava muito a desejar. Quase não se ouviam os baixos e o som era muito sujo. Chamamos nosso amigo Pierre Leite para reequalizar a demo e o resultado ficou bastante satisfatório para o lançamento. A produção demorou mais de um ano para sair e nesse período eu e Breno conseguimos achar uma K7 com gravações ao vivo no estúdio em que ensaiávamos nos anos 90 com 4 músicas que não tínhamos registrado na demo “Desire”. O registro era bem do começo dos ensaios da primeira fase, com as músicas sem letra ainda e a gente tocando com muitos erros ainda, bem diferente do que de fato fazíamos na época. Mas isso foi muito legal porque nos possibilitou dar as estruturas atuais das músicas lançadas em “Walpurgisnacht”. Foram vários registros de épocas variadas da primeira fase da banda. Outra coisa que nos motivou é que sempre que surgia alguma pesquisa sobre “que banda você quer que volte?”, sempre estávamos no topo das sugestões e isso nos indicava que, apesar da quase não exposição da banda na fase inicial, ainda ecoavam pelo mundo afora a nossa existência, apesar de nosso ceticismo. Mas a principal motivação é que amamos a nossa música e o que fazemos, independente de qualquer coisa, julgamento ou interpretação alheia e queríamos dar um tratamento decente às músicas que criamos nesta fase da banda para dar seguimento à nossa carreira sem deixar essas músicas enterradas no passado obscuro. E temos certeza de que só conseguimos concretizar “Walurgisnacht” da forma que o fizemos por causa de nós cinco e só poderia acontecer com nós cinco!

Aliás, grande parte da formação original integra a de hoje, somente Rogério Mendes (vocal) e Belchior de Melo (bateria) não retomaram as atividades. Qual o motivo?
Renato: Bom, na verdade os dois saíram da banda por vontade própria antes do final da banda. Rogério saiu da banda juntamente com Murilo Nóbrega em 1994, logo no começo da banda quando ainda nos chamávamos por outro nome e éramos mais uma banda tentando fazer Death Metal melódico. Com a entrada de Leonardo e Belchior foi que a banda mudou a proposta, o som se concretizou lentamente até o final da década; mudamos de nome para Elizabethan Walpurga, nome dado por Leonardo e ele assumiu as letras da banda dando ênfase à temática vampiresca sobre o véu do Luciferianismo, ocultismos paganismo e por ai vai. Belchior saiu da banda em 2001 quando migrou para os EUA e depois dele tentamos voltar com Murilo Nóbrega, mas não deu certo. Ficamos um tempo com o Beto Santos, ex-baterista da Infested Blood e depois com Osvaldo Magno, fechando a última line-up da banda no primeiro tempo. Então quando decidimos voltar só precisávamos decidir quem seria o baterista. Escolhemos Arthur Felipe Lira por vários motivos. Por ele ser um dos melhores bateristas da atual cena pernambucana, por ser primo legítimo de Breno e Erick de certa forma, por ser fã da banda desde que era criança e sabia as músicas da demo com perfeição, então fizemos o convite e ele aceitou de primeira. Sem dúvida pelo tempo que tivemos para planejar e ensaiar as músicas do CD, não seria possível com qualquer outro baterista que conheço! Arthur toca muito, mas tem alguns diferenciais, pois além de ser baterista é um ótimo guitarrista também, o que facilita muito quando ele precisa memorizar a sequência de bases de uma música que ele nunca tocou e o resultado foi incrível. Estamos muito satisfeitos com a excelente condução da bateria da banda desde a entrada de Arthur pro grupo!

E como foi voltar a compor depois de tanto tempo no Elizabethan Walpurga?
Renato: Bem, todas as músicas de “Walpurgisnacht” foram compostas na primeira fase da banda. Vampyre, The Canine Enchantment by the Phlebotomy e The Elizabethan Dark Moon foram compostas bem no início da banda entre 94 e 95. Depois em 97 e 98 fizemos Infernorium, The Serpent´s Eys And The Horns Of Crown e Tarnsylvanian Cry e por fim fizemos Clamitat Vox Sanguinis em 1999 e Walpurgisnacht em 2000. O processo de composição sempre foi bem livre. Normalmente um de nós três faz uma base ou até mesmo várias bases já com uma música prematuramente estruturada e os outros dois acrescentam bases e arranjos, tiramos coisas e colocamos outras e cada um toca o que quer. Nunca dissemos um pro outro o que tocar e como tocar, mesmo nos vocais ou na bateria, cada um cria o que quer e acho que isso é um grande diferencial para explorar nossa criatividade. Somos uma espécie de “Metalcracia”! Mas já estamos compondo material novo. Fiz quatro músicas ano passado e uma este ano. Erick fez duas músicas e muitas bases soltas. Estamos começando a mexer nessas músicas agora visando um trabalho futuro, mas acreditamos que em nosso primeiro show em 2018 já poderemos incorporar pelo menos uma música nova no nosso repertório e assim progressivamente iremos soltar outras quando estivem prontas. Mas as músicas ainda devem mudar bastante. Breno ainda vai fazer as mudanças dele quando voltar em definitivo de Portugal agora em dezembro, onde reside desde 2015.

Esse processo de composição resultou em “Walpurgisnacht”, o primeiro disco da banda em anos. Qual a sensação de ter um trabalho completo e oficial lançado com a banda após anos de sua fundação?
Renato: Estamos bastante satisfeitos com o resultado que obtivemos, principalmente por não termos o tempo que desejávamos para produzir o disco, mas mesmo depois de um ano de lançado no formato digital pela Voice Music só recebemos críticas positivas. A imprensa nacional e algumas resenhas bem undergrounds internacionais receberam com muito entusiasmo nosso CD e o público também. Ficamos felizes principalmente porque finalmente pudemos gravar as músicas que criamos quando éramos mais jovens e fazer com que o “GAP” que havia na nossa biografia desaparecesse. Estamos apenas no começo de fato e ainda temos muita música para mostrar e isto faz parte do que somos de verdade. Não importa o que digam ou como digam a nosso respeito, da mistura musical que fazemos, ou por não tocarmos usando ‘corpse paint’ ou porque usamos calças jeans e camisetas de bandas, como se fossemos uma banda qualquer de Heavy Metal, por que é isso mesmo que somos. Não representamos um estilo engessado de ideias, nem de musicalidade estática, não acreditamos no conservadorismo de ideias nem de comportamento e não queremos ser consensuais ou representar este tipo de pensamento. Não somos estáticos, não estamos aqui para catequizar ninguém com o que pensamos sobre religiões, sobre o comportamento de quem quer que seja, pois achamos que cada um deve seguir o que seu ser interior te diz! Somos livres nesse contexto de Metal que demonstra um crescimento inaceitável de intolerância ao que não é “puro” ou o que não parece ser puro, o que de fato para nós é uma grande incongruência, mas não representamos essas pessoas nem nos achamos representados por eles!



O disco traz um Black Metal diferenciado, que pende para o lado do Metal tradicional, traz boas doses de melodia e se preocupa com a execução dos instrumentos. Fale-nos um pouco a respeito dessa sonoridade da banda.
Renato: Bem, falar da nossa sonoridade é um assunto muito complexo, mesmo para nós mesmos! Temos algumas influencias dentro do Heavy Metal que são bem óbvias a quem escuta nosso som pela primeira vez como Iron Maiden, Mercyful Fate, Accept, Dark Tranquillity, Septic Flesh e Horrified. Mas existem outras bandas do Metal que nos influenciaram na época em que compusemos as músicas como Sentenced, Amorphis, Metallica, Megadeth, Katatonia, Anathema, Paradise Lost, In Flames, At The Gates, Emperor e Satyricon. Mas acho que as influências fora do Metal são as que realmente nos diferem das demais bandas da cena nacional. Escutamos flamenco, música celta, somos bastante influenciados pelo movimento Armorial criado por Ariano Suassuna na década de 70 e pelo Quinteto Armorial, mas também somos fãs da música instrumental brasileira, de chorinho, de músicos como Ulisses Rocha, André Gerraissati e Hermeto Pascoal. Escutamos muita música clássica com J.S.Bach, Mozart, Béla Bartók, Niccolò Paganini, Gustav Holst e Rachmaninoff entre outros. Erick mesmo escuta apenas música clássica hoje em dia. Somos fãs dos Beatles desde crianças, bem antes de conhecermos qualquer música do Heavy Metal, sou fã de bandas pops como Depache Mode e The Smiths. Acho que o que mais nos diferencia também é o fato de nos deixarmos livres em relação a essas influencias e de não nos considerarmos de fato em nenhum rótulo que possam nos dar, musicalmente falando! Não somos uma banda de Black Metal tradicional e não queremos ser uma banda de Black Metal por que isso não nos representa, apesar de nossas ideias sobre mundo estarem intimamente interligadas a de bandas do estilo. Na verdade não escutamos muito Black Metal nem conhecemos muitas banda desse estilo. Particularmente, tenho escutado bastante o “Lucifer Prometheus” da Lord Blasphemate, “Kaliseva” da extraordinária banda Agnideva e também o primeiro CD do projeto Myrkgand. Outro som que escuto quase todos os dias são o finlandeses da Octa Thorn, são fantásticos. Também escutamos Arcturus e Ihsahn atualmente, mas é difícil de entender onde começam e onde terminam os sons que nos influenciam! Tentamos fazer de nossas músicas peças de arte, únicas e só nos damos por satisfeitos quando conseguimos escutar as músicas e ter vontade de escutar novamente e novamente e novamente...

Vocês têm no line-up integrantes que passaram por nomes como Infected, Lord Blasphemate, Pandemmy, Cangaço, etc. De alguma forma essas bandas influenciam ou influenciaram nas composições do Elizabethan Walpurga?
Renato: Não, nenhumas dessas bandas influenciaram ou influenciam o som da banda. Talvez Mal´lak tenha trazido bastante influencia na forma dele cantar, pois não é fácil fazer uma dissociação completa como vocalista de seus trabalhos com a Lord Blasphemate, mas acredito que a maturidade tenha dado a Mal´lak uma desempenho extraordinário e acima da média dos vocalistas com esse timbre de vocal!

Apesar de utilizar melodias em suas composições, a banda mantém o equilíbrio e foge dos excessos, consegue manter a agressividade e rispidez características do estilo. Isso foi algo com que se preocuparam ou surgiu de forma natural?
Renato: Tudo é bastante natural. Não forçamos nada em nossa música. Tudo deve soar bastante natural para não parecer forçado e acho que isso é bem claro na nossa música. Vejo sempre em comentários dos amigos estrangeiros que somos bastante melódicos, mas que as nossas bases não dão tempo de enjoar porque mudam rapidamente e que a melodia de nossas músicas ficam se repetindo na cabeça deles e isto é um grande diferencial no resultado a que a música se propõe. Não gostamos muito de repetir bases e tratamos nossas músicas como a trilha musical de uma história que foi escrita por Leonardo.  Trazemos a melodia, mas bastante nossa agressividade e isso nos faz ser a Elizabethan Walpurga!

Aliás, o diferencial do Elizabethan Walpurga é se preocupar com a sonoridade bem postada, a boa execução dos instrumentos e uma produção de qualidade. Esses fatores costumam incomodar os fãs mais radicais do estilo... Vocês chegaram a pensar nisso?
Renato: Sim, nos preocupamos com a boa execução dos instrumentos, com a sonoridade que queremos, com os timbres de cada um e da relação entre eles e sabemos que em geral os fãs de Black Metal, principalmente os mais radicais, não são muito afeiçoados a sons melódicos como o nosso. Mas não achamos que isso seja um fator que venha a mudar a forma como compomos. Recebemos algumas críticas postadas no Facebook tal como que “o som não é direto” e que “é cheio de firulas” e coisa e tal, mas não nos importamos absolutamente com nada que ouvimos, achamos tão normal em alguém gostar ou não gostar da nossa música. Temos certeza do que queremos e nada que possam falar ou julgar a nosso respeito vai fazer com que mudemos. Mudaremos quando for necessário mudar, quando realmente mudarmos por dentro e isto já se evidenciam nas novas composições que estamos trabalhando.

As linhas de baixo mostram um trabalho sensacional, não apenas auxiliando no peso, mas também fazendo a diferença. Esta é outra característica atípica de vocês... Qual a importância em se enfatizar um instrumento tão importante quanto o baixo, mas que sempre soa apenas como auxiliar no Black Metal?
Renato: Bem, em primeiro lugar obrigado pelos elogios! Fiquei muito satisfeito com as linhas de baixo que fiz para “Walpurgisnacht”. Sou bastante influenciado por baixistas como Steve Harris, Timi Hansen, Peter Baltes e Claudio Cro-Magnum Lopes, mas sou mais influenciado ainda pelos baixistas das bandas de Rock Progressivo dos anos 70, que sou mais fã como dos meus grandes ídolos Ray Schulman, Tony Levin, Jannick Top, Giorgio Piazza, Romualdo Coletta, Roger Waters e Geddy Lee. Esses caras, independente da musica que tocaram em suas respectivas bandas, deixaram sua marca justamente por desenhar linhas de baixo que se posicionavam como músicos autênticos, digo na frente da música. Não me contentaria como músico em fazer apenas uma repetição do que fazem a maioria dos baixistas do Metal extremo. Então, quando faço a linha de baixo eu simplesmente sigo o que meu sentimento diz a respeito daquela melodia e sou bastante autocrítico com o que crio. Mas cada um é cada um e cada um deve fazer o que lhe trás mais satisfação.

A produção do disco mostra um equilíbrio condizente com a proposta e soa natural, sem ser plastificada e conseguiu captar todos os instrumentos muito bem, mérito de Nenel Lucena no Mr. Prog Studio. Como foi trabalhar com Nenel?
Renato: Bem, Nenel foi a primeira opção que estudamos quando nos deparamos com o pouco tempo que teríamos para gravar “Walpurgisnacht”. Nenel foi aluno de guitarra de Breno Lira e foi indicação dele. Um profissional acima da média com uma incrível capacidade técnica de perceber o que queríamos, mesmo sem conhecer as músicas. Acredito que o fato dele ser, além de um excelente guitarrista, um ótimo baterista também tenha contribuído para acertamos em cheio no que queríamos de sonoridade para este disco e podemos afirmar categoricamente que obtivemos exatamente a sonoridade que queríamos em “Walpurgisnacht”. Com certeza não seria possível atingirmos o sucesso que o disco obteve até agora se não tivéssemos gravado com Nenel! Com certeza gostaríamos de trabalhar com ele no futuro.

“Walpurgisnacht” foi lançado inicialmente pela Voice Music no formato digital, depois ganhou a versão física pela Shinigami Records. Como se deu isso e como foi trabalhar com esses parceiros?
Renato: Tudo veio através do nosso relacionamento com a Metal Media, que faz nossa assessoria de imprensa desde que voltamos oficialmente em setembro de 2016. Estamos bastante satisfeitos com o trabalho e com o profissionalismo da MM e reconhecemos que sem eles não estaríamos no patamar que chegamos em tão pouco tempo. Eles são fundamentais para o nosso sucesso e a parceria com a Voice Music no lançamento a um ano do CD em formato digital, bem como com a Shinigami Records vieram por intermédio da Débora Brandão e do Rodrigo Balan. Estamos bem satisfeitos com a parceria com a Voice Music e com a Shinigami Records, pois obtivemos deles, além do alto grau de profissionalismo, o resultado que planejamos ter.

Por fim, como a banda vê o álbum hoje em dia, um ano após seu lançamento e como foi a repercussão de uma forma geral de “Walpurgisnacht”? Houve um feedback do exterior?
Renato: É isso mesmo, nossa criatura faz um ano ainda bem desconhecido pelo público em geral aqui no Brasil, mas bem mais no exterior, apesar de tocarmos em diversas rádios undergrounds do Brasil, América Latina, EUA, Portugal, Alemanha e Finlândia, entendemos que o intervalo que tivemos, que a forma como o público de hoje em dia lida com música e como essa música circula por entre os fãs do Metal, ainda nos podem dar um vasto e amplo crescimento junto aos fãs de Heavy Metal, especialmente aqueles que se permitem experimentar algo diferente do que estão acostumados a ouvir e eu acho que qualquer pessoa que curte qualquer tipo de Metal pode amar ou odiar nossa música, ou simplesmente curtir, mas preferimos que as pessoas tentem nos ouvir e que tomem suas decisões baseadas no que conseguirem absorver quando escutarem nossa música. Já saímos em zines, mas não recebi o material impresso. Já fomos a banda de destaque de alguns desses programas de rádio sem que tivéssemos feito nenhuma ou quase nenhuma divulgação nessas rádios, mas entendemos que existe um mercado dominado pelos mercantilistas do Metal e não é exatamente uma crítica a eles, mas uma constatação de que ainda não estamos nesse nível corporativo na banda. No momento tentamos algumas gravadoras para lançar “Walpurgisnacht” nas versões K7 e LP.

Muito obrigado pela entrevista. Quais os planos para o resto do ano e adiante?

Renato: Nós que agradecemos, Vitor, por você ceder esse espaço para que as pessoas que nos conhecem nos conheçam um pouco mais e as que não nos conhecem tenham curiosidade de nos conhecer e de nos escutar. Em 2018 retomaremos os shows com a volta de Breno de Portugal e pretendemos tocar onde nos convidarem e onde for viável financeiramente, mas já temos um pré-convite para tocar num festival no estado de São Paulo em 2018 e isso pode nos possibilitar fechar datas próximas com outros produtores. Queríamos agradecer ao Alcides Burn e ao Wanderlei Perna para produção da arte e do trabalho de designer na criação da nossa primeira lyric video Infernorium, quem puder dê uma conferida que ficou animal! Devemos produzir um videoclipe nos primeiros meses do ano que vem, achamos necessário esse registro. Estamos lançando a em breve mais merchan como canecas, mouse pads e novos modelos de camisas, assim como das edições que já lançamos antes. Somos uma banda de Heavy Metal de Recife - Pernambuco e não estamos aqui para dizer pra vocês quem vocês são ou quem vocês devem ser, pois essa construção de si mesmo só pertence a vocês. Não deixe que as pessoas digam quem vocês são, porque só nós mesmos é que sabemos quem somos ou fazemos alguma ideia. Quando disserem pra você que este caminho não serve ou que o caminho dessa pessoa é o melhor caminho a seguir, reflita bem antes de decidir que caminho seguir, pois nem sempre a felicidade dos outros cabe dentro do que chamamos de felicidade. As pessoas perdem muito tempo julgando os outros com medo de serem julgadas, justificam suas decisões baseadas em consensos que associam pessoas, valores, discernimento, mas nem sempre será possível pensarmos igual e isso também é você quem decide! Se alguém disse a você que somos assim ou que somos assados, confira você mesmo e tire suas próprias conclusões! Se te disserem para não escutar alguma música escute e se não gostar não escute mais! Não é a quantidade de notas que definem se uma música presta ou não ou se ela presta para 100 pessoas ou para 1 milhão, não importa quantas bandas você conheça ou quantos milhares de CD’s você tenha, não existe mais genialidade numa banda por ser mais técnica ou por ser mais crua que outra. Motörhead é tão genial quanto Iron Maiden pra mim e cada um tem sua genialidade dentro da técnica, da melodia ou da catarse brutal e simples! Somos uma banda de Heavy Metal do nordeste do Brasil e não estamos aqui para brincar com você, estamos aqui para produzir arte de alto nível e não nos importa o julgamento que os outros façam dela, porque amamos o que fazemos e não fazemos isso para os outros, fazemos para nós mesmo! Nós sangramos o seu som e sangramos nossos sentimentos e nossas almas, porque somos a Elizabethan Walpurga, somos uma banda de Metal de Recife \m/


2 comentários: