quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Metal, dinheiro e concorrência



Por Vitor Franceschini

Vou começar este novo artigo sendo direto. Se você entrou no meio Metal pensando primordialmente em dinheiro, você começou errado! Sim, começou errado. Não, não é errado ganhar dinheiro com Metal, não é errado ganhar dinheiro com nada, desde que seja honestamente, sem pisar em ninguém.
Tenho visto (e até participado) de diversos debates (redes sociais, programas de rádio, etc) que insistem em comparar o Metal com outros estilos como sertanejo universitário, pagode ou funk. Como 90% das comparações, não têm sentido, afinal de contas, além de um produto da arte, o Heavy Metal carrega a responsabilidade de ser um estilo de vida, não se trata de algo direcionado e feito diretamente pra massa.

O Metal é um estilo com seguidores fieis e dedicados, mas que costumam agir individualmente, por conta própria, não digere aquilo que a mídia impõe com facilidade e até cria certa resistência a isso. Não, não é exclusivo do ‘metaleiro’ ou ‘headbanger’ (como queira) tal característica, mas é um lado bom desse público, que possui uma grande parcela que sabe discernir o que é o comercial e aquilo feito por paixão em primeiro lugar (pois há música comercial feita com paixão também). Lembrando que a questão aqui não é superioridade, mas sim, uma das características de quem ouve música pesada.

E por que é errado pensar em grana quando se fala em Metal? Primeiro, por tudo que escrevi acima. Segundo porque quem faz Metal, faz inicialmente por paixão e em última instância porque o estilo é estereotipado, inclusive por boa parte de seu próprio público. Estes serão obstáculos eternos no estilo.
Mas, ganhar dinheiro com Metal não é nada errado, até há uma indústria da música do Metal mundial (de certa forma até monopolizada, mas aí é outro assunto), porém ter isso como prioridade tem grande chance de dar errado. Pelos motivos mencionados e outros menores. Talvez deva ser uma consequência, afinal, trabalho bem feito tende a ter reconhecimento e com paciência algo pode vir disso tudo (mas ficar rico também já é outra história).

Por fim, por isso penso ser errado entrar neste meio tentando explorar algo, pois é praticamente como o nosso querido governo faz conosco, cidadãos comuns. Isto é, nos cobram impostos daquilo que não temos e nem teremos. Então, dentro do Metal, seja você banda, selo, imprensa, assessoria e afins, tente olhar primeiramente para quem faz algo pelo estilo como um parceiro, e não como um concorrente (mesmo que este o seja), afinal, pra quem não tem nada, a metade é o dobro e no Metal isso já é lucro.


*Vitor Franceschini é editor do ARTE Metal, jornalista graduado, palmeirense e headbanger, e acha que a bancada evangélica é coisa do demo.

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