terça-feira, 23 de abril de 2019

In Lo(u)co: Lee Ranaldo: Sesc Araraquara – (18/07/2013)




Por Adalberto Belgamo

Se ainda não perceberam, quem vos escreve (euzinho! risos) não é apenas fã de Metal. Devido à idade avançada (mas nem tanto - risos), são quase quatro décadas ouvindo e/ou assistindo a shows musicais. Basicamente Rock & Roll / Metal e derivados, apesar de amar Blues, Jazz e Música Clássica. Muitas histórias parta contar.

Vi (e ainda quero ver muito!) vários movimentos e/ou cenas musicais acontecerem (alguns com atraso) no Brasil. Por exemplo, na década de 80, vivenciei a chegada da NWOBHM, da New Wave, do Pós Punk (do próprio Punk, em termos de Brasil), do Thrash/Black/Death Metal, do Hard Rock oitentista, das College Bands (que mais tarde virariam, alternativo, indie... nem sei qual o nome dão agora! - risos), do Grunge (não gosto muito do termo, mas é outra história) e do Britpop. Enfim, nenhum preconceito musical. Deve ser por isso que continuo consumindo - em meio século de vida -  harmonias e melodias em formato físico e digital e, quando há a possibilidade, frequentando shows. Tenho certa preferência pelos mais intimistas e/ou undergorund. Mas não dispenso o mainstream, quando a conta do banco não está no vermelho. Pra mim, não há música boa ou ruim, mas a que gosto ou não. Cada um na sua e segue o jogo.

Uma das minhas bandas preferidas é o Sonic Youth, um dos pilares do que mais tarde chamariam de música alternativa. Alguns a classificam como Avant Rock, devido à complexidade de texturas oferecidas pelos arranjos, quase sempre com guitarras com afinações diversas e sobrepostas (ao vivo, inclusive). Misture também a atitude do Punk (proto Punk), microfonias e paisagens cinzentas das grandes metrópoles e chegaremos (mais ou menos) à proposta da banda, que infelizmente terminou.

O Lee Ranaldo era (é, nunca se sabe) um dos compositores do grupo. Paralelamente, a partir de 87, iniciou carreira solo, que dura até hoje, incluindo performances multimídia. E não é que o “homi” veio tocar na minha cidade, Texascoara! Coisas que apenas o SESC consegue (conseguia) oferecer. Assisti a dois shows do Sonic e já não tinha mais esperança de ver a banda ou algum membro, mais uma vez, ao vivo.



Não houve a necessidade nem de tomar ônibus ou qualquer outro veículo (nem comer coxinha na rodoviária). Moro a uns quinze minutos da unidade. Consegui presenciar a passagem de som. O experimentalismo já “rolava” solto.

A apresentação fazia parte da turnê do “Last Night on Earth” (2013). Ambulancer, Key/Hole e Last Night on Earth se juntaram a Tomorrow Never Comes, Hammer Blows, Fire Island (Phases), Off the Wall, outras canções da carreira solo e alguns covers, entre eles Everybody’s Been Burned (The Byrds) e Genetic (Sonic Youth).

Uma aula de harmonias “entrelaçadas”, experimentalismo e atitude de quem não se preocupa com barreiras musicais impostas ou pela crítica especializada, ou mesmo pelos fãs. Música é arte. Arte é liberdade!

Depois do show ainda tive a oportunidade trocar umas frases em inglês com a banda. Muita humildade, principalmente se levarmos em conta que o Lee foi (é) considerado um dos guitarristas mais influentes - por grandes músicos, inclusive - não apenas do estilo e da própria geração, mas de todo o mundo “guitarrístico”.

O único ponto negativo foi a baixa presença do público. Enquanto em outras cidades não havia mais ingressos (pagos), na minha “amada” Texascoara, mesmo “de grátis”, grande parte dos presentes era de outras localidades. Uma pena. Sair da “caixinha” do mais do mesmo faz bem. Evita a proliferação de pérolas do tipo “ainn, não existe nada novo... ainn, na minha época era melhor... ainn, cadê o sweep do arpegio diminuto de uma galáxia distante... ainn...” (risos).

Inté!

*Adalberto Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.

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