Por Adalberto Belgamo
Se ainda não perceberam,
quem vos escreve (euzinho! risos) não é apenas fã de Metal. Devido à idade
avançada (mas nem tanto - risos), são quase quatro décadas ouvindo e/ou
assistindo a shows musicais. Basicamente Rock & Roll / Metal e derivados,
apesar de amar Blues, Jazz e Música Clássica. Muitas histórias parta contar.
Vi (e ainda quero ver
muito!) vários movimentos e/ou cenas musicais acontecerem (alguns com atraso)
no Brasil. Por exemplo, na década de 80, vivenciei a chegada da NWOBHM, da New
Wave, do Pós Punk (do próprio Punk, em termos de Brasil), do Thrash/Black/Death
Metal, do Hard Rock oitentista, das College Bands (que mais tarde virariam,
alternativo, indie... nem sei qual o nome dão agora! - risos), do Grunge (não
gosto muito do termo, mas é outra história) e do Britpop. Enfim, nenhum
preconceito musical. Deve ser por isso que continuo consumindo - em meio século
de vida - harmonias e melodias em
formato físico e digital e, quando há a possibilidade, frequentando shows.
Tenho certa preferência pelos mais intimistas e/ou undergorund. Mas não
dispenso o mainstream, quando a conta do banco não está no vermelho. Pra mim,
não há música boa ou ruim, mas a que gosto ou não. Cada um na sua e segue o
jogo.
Uma das minhas bandas
preferidas é o Sonic Youth, um dos pilares do que mais tarde chamariam de
música alternativa. Alguns a classificam como Avant Rock, devido à complexidade
de texturas oferecidas pelos arranjos, quase sempre com guitarras com afinações
diversas e sobrepostas (ao vivo, inclusive). Misture também a atitude do Punk
(proto Punk), microfonias e paisagens cinzentas das grandes metrópoles e
chegaremos (mais ou menos) à proposta da banda, que infelizmente terminou.
O Lee Ranaldo era (é, nunca
se sabe) um dos compositores do grupo. Paralelamente, a partir de 87, iniciou
carreira solo, que dura até hoje, incluindo performances multimídia. E não é
que o “homi” veio tocar na minha cidade, Texascoara! Coisas que apenas o SESC
consegue (conseguia) oferecer. Assisti a dois shows do Sonic e já não tinha
mais esperança de ver a banda ou algum membro, mais uma vez, ao vivo.
Não houve a necessidade
nem de tomar ônibus ou qualquer outro veículo (nem comer coxinha na rodoviária).
Moro a uns quinze minutos da unidade. Consegui presenciar a passagem de som. O
experimentalismo já “rolava” solto.
A apresentação fazia
parte da turnê do “Last Night on Earth” (2013). Ambulancer, Key/Hole e Last Night on
Earth se juntaram a Tomorrow Never
Comes, Hammer Blows, Fire Island (Phases), Off the Wall, outras canções da
carreira solo e alguns covers, entre eles Everybody’s
Been Burned (The Byrds) e Genetic
(Sonic Youth).
Uma aula de harmonias
“entrelaçadas”, experimentalismo e atitude de quem não se preocupa com barreiras
musicais impostas ou pela crítica especializada, ou mesmo pelos fãs. Música é
arte. Arte é liberdade!
Depois do show ainda tive
a oportunidade trocar umas frases em inglês com a banda. Muita humildade,
principalmente se levarmos em conta que o Lee foi (é) considerado um dos guitarristas
mais influentes - por grandes músicos, inclusive - não apenas do estilo e da
própria geração, mas de todo o mundo “guitarrístico”.
O único ponto negativo
foi a baixa presença do público. Enquanto em outras cidades não havia mais
ingressos (pagos), na minha “amada” Texascoara, mesmo “de grátis”, grande parte
dos presentes era de outras localidades. Uma pena. Sair da “caixinha” do mais
do mesmo faz bem. Evita a proliferação de pérolas do tipo “ainn, não existe nada
novo... ainn, na minha época era melhor... ainn, cadê o sweep do arpegio
diminuto de uma galáxia distante... ainn...” (risos).
Inté!
*Adalberto Belgamo é
professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do
Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e
seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.
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