quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Sem Textão: O Heavy Metal e sua necessidade de ser “Forever Young”

 

Foto: Clint Brewer


Por Vitor Franceschini

 

Esta semana uma foto descontraída no trânsito expôs o príncipe das trevas, Ozzy Osbourne, a uma realidade que seus fãs não estão acostumados. No auge dos 71 anos de idade, o ‘madman’ aparecia à vontade, sem o visual soturno que o marcou nos últimos anos, os cabelos sem estarem pintados e sem sua as habituais maquiagens (sim, ele se maquia) com que costuma aparecer em público e à vontade em meio a um trânsito caótico de alguma metrópole.

Como todo assunto de interesse do público, ou seja, inútil na internet, o assunto ‘bombou’ e causou discussões acaloradas entre os fãs de Metal e até mesmo entre os leigos nas redes sociais, afinal Ozzy é uma figura que há tempos quebrou as barreiras da música pesada e hoje é considerado uma estrela mundial além do estilo.

É normal do ser humano se impactar e dar foco ao lado negativo de tudo, talvez seja até instintivo e algumas reações realmente podem ser dignas de surpresas. Fatos que não retiram a eterna necessidade dentro do Rock, posteriormente do Metal, de não se aceitar bem a velhice. De achar que ‘rockeiro’ é ‘forever young’. E não estamos falando da música, pois o headbanger, em sua maioria, adora música antiga e sempre enaltecer o que passou como o melhor perante ao que se faz hoje em dia, mas estamos falando do lado humano.

Não há dúvidas que é ruim ver nossos ídolos envelhecerem. Pior só quando eles mesmos se vão, passam dessa para melhor. Mas me parece que há certo exagero em não aceitar a real condição humana quando vemos um sujeito como o velho Ozzy, com seus 71 anos (muito bem vividos, diga-se de passagem) aparentar realmente a idade que tem. Ou seja, nada demais. O mesmo acontece quando algum artista falece idoso e dramatizam como se fosse algo injusto. “Músico falece com 80 anos, há 3 lutava contra um câncer”, e vai o sujeito postar que o ano está difícil e que os deuses não estão sendo justos...

Não se trata de frieza deste que vos escreve, aliás, ainda não aprendi a lhe dar com a morte, aceitar... mas de um pouco de coerência e de nós sim sermos justos com a própria vida. Precisamos enxergar que, antes do músico ou artista, vem um ser humano, que trabalha, come, bebe, dorme, comete excessos e vive tão melhor (em alguns casos pior) que a maioria dos relés mortais do mundo. A partir daí, saberemos respeitar não só nossos ídolos, como os idosos, que de respeito, principalmente em se tratando de Brasil, não tem é nada.

 

*Vitor Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Faz 37 anos daqui uma semana.

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