quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Killing Yourself: Sandro Maués (Metalizer, Evals Mess)

 


Não basta ser multi-instrumentista. Sandro Maués é um ótimo cantor. Há mais de 35 anos no cenário metálico nacional, o músico é acima de tudo um batalhador. Durante este tempo, dezenas de lançamentos de diversos formatos, que contribuíram quase que literalmente de Norte a Sul do País. Maués, na verdade, é um multi-artista, já que também se dedica à literatura. Este é o nosso convidado de hoje da Killing Yourself, que volta depois de um tempo.

 


"In The Blackland" - Mitra (1998):
Bom Vitor. Esse álbum foi gravado ao vivo no Estúdio Edgar Augusto da Rádio Cultura de Belém do Pará. Apenas os “backing vocals” foram acrescentados posteriormente. A produção foi de Beto Faires que era, e ainda é, o apresentador do programa “Balanço do Rock” que sempre divulgou e deu muito apoio às bandas paraenses.  Este álbum, o primeiro do Mitra, foi muito bem recebido pelo público paraense devido conter canções conhecidas das nossas apresentações em Belém e no interior. Foi um álbum que surgiu de forma totalmente independente e com muita garra. A arte gráfica ficou a cargo dos amigos Frank e Eva. Em parceria com Ná Figueredo fizemos a reprodução e rotulação de cada cópia. Portanto, foi extremamente marcante para todos nós na época pela batalha para fazê-lo e pela excelente receptividade dos “headbangers” que aguardavam há bastante tempo um registro fonográfico do Mitra.

 

Zênite


"Brutal Enigmatic Prophecies" – Zênite (2000):
Este álbum reuniu grande parte das canções criadas em 13 anos de estrada. O Zênite começou a compor canções próprias quando entrei na banda em 1989, pois minha banda anterior, Cristal de Zender, que formei junto com o Helberth Braz em 1985, já trabalhava composições próprias e, acabei influenciando os caras nesse sentido. O “B.E.P.” foi gravado com muito suor e dedicação no estúdio Grasson que ficava na cidade de Abaetetuba/PA. A produção foi de Graciliano Correa em parceria conosco. Lembro que tínhamos que ir de barco até lá carregando os equipamentos para passar os fins de semana gravando. O disco foi todo gravado em fitas VHS que, no final do processo ocupavam quase que uma parede inteira do estúdio. Na cidade, depois das gravações, íamos para a praça central e jantávamos coxinha de balde (R$0,10 cada uma) e sopa nas barraquinhas de lanche. Mas o melhor deste álbum foi o show de lançamento que fizemos em um clube na Vila dos Cabanos na cidade de Barcarena/PA. Nesta oportunidade conseguimos reunir cerca de 950 pessoas pagantes em sua maioria alunos e pais da escola que eu lecionava na época. A média de público nos shows no referido clube era de 20 a 30 pagantes apenas. Para este show as 1000 cópias que mandamos prensar com a ajuda do meu saudoso pai que emprestou o dinheiro para este fim, já estavam em nossas mãos além de camisetas e bonés produzidas pelo Ná Figueredo. Vendemos tanto material no evento que, no outro dia fomos até meu pai e pagamos o empréstimo. Ele recebeu incrédulo, mas muito orgulhoso. Acho que quando ele emprestou tinha a certeza que nunca mais veria a cor da grana…

 


"Tales of Death" - Zênite (2002):
Este foi o primeiro trabalho do Zênite depois que estabelecemos residência em São Paulo e acabou por tornar-se um dos álbuns mais bem-conceituados do Thrash/Death Metal Nacional. Sensacional gravar este álbum pois foi certamente a melhor época da banda. A época que reuniu a chamada “formação clássica”. Quando sentávamos para ensaiar e compor as coisas fluíam tão naturalmente que ficávamos animados com tamanho entrosamento que possuíamos. Claro que isso tudo era comemorado com muita birita sempre, durante e depois, de cada ensaio. O álbum foi gravado na capital paulista no estúdio 624 Produções. A produção ficou a cargo de Guilherme Bonatto juntamente conosco. As gravações, em sua maioria foram captadas pelo falecido irmão do Metal Fabiano Penna (Rebaellium). Deste álbum também participaram: Vitor (Torture Squad), Hugo e Bodão (Side Effectz). Foram prensadas 1000 cópias em parceria com o amigo de longas datas de Belém, Ná Figueredo. Hoje, acho que ele ainda possui um número considerável destas cópias.

 

Thorgilm


"Killing The Wolves" – Thorgilm (2010):
Em 2005, já em Nova Odessa, interior paulista, entrei na banda Wolf Cry que depois se tornou Thorgilm e gravamos este álbum reunindo canções que apresentávamos ao vivo e que se mostravam extremamente carismáticas. O nosso pequeno e fiel público chegava a cantar os sons junto comigo. Era belíssimo!!! Esta época com o Thorgilm me fez lembrar o que vivi com o Mitra ainda em Belém, quando cantava a canção Prayer of Salvation e o público inteiro cantava junto. O álbum “Killing The Wolves” foi gravado no Radioativo Studio em Sumaré/SP e, assim como todos os outros, o clima nos dias de gravações era sempre muito agradável com os produtores Cláudio Lima e Edson Junior. Foi um CD também independente e com várias restrições financeiras, no entanto, prensamos 1000 cópias dele. Atualmente, devo ter apenas umas 50 aqui em casa comigo. Algumas músicas deste disco entrariam na primeira obra gravada pelo Evals Mess Project 7 anos depois.

 



"Following The Funeral" – Zênite (2013):
Este foi o último álbum que gravei na bateria do Zênite. A banda estava parada desde 2005 e, em um show do Thorgilm no antigo Splash Rock Bar em São Paulo, parte da formação se reencontrou e decidimos voltar à estrada. Contatei um guitarrista aqui mesmo do interior e começamos a compor este álbum. O vocalista e o baixista que moravam na capital, vinham para o interior um ou dois finais de semana por mês para que passássemos as novas composições para eles. Foi um período que durou cerca de 1 ano e meio até concluirmos todos os sons do álbum. Aproveito este espaço para dar todo o crédito de composição dos “riffs” do álbum “Following The Funeral” do Zênite ao guitarrista Wellington Maia. Eu simplesmente, encaixei as linhas de bateria aos sons que ele compunha. Fizemos isso durante todo esse período ensaiando duas vezes por semana e tirando dinheiro do próprio bolso com dificuldade para pagar tais ensaios. Isso tem que ser reconhecido!!! A gravação foi feita de forma analógica no estúdio Da Tribo com Ciero e nós do Zênite na produção. Prensamos 1000 cópias de forma independente mas tendo estabelecido algumas parcerias. Todas as letras deste disco, assim como dos dois anteriores do Zênite fazem parte da obra literária “Yulcan Lefuet. Sonhos, Pesadelos e Premonições” que eu escrevi, mas, que por ser muito extensa, ainda não tive grana para publicar.

 


"The Thrashing Force" – Metalizer (2013):
Eu estava numa rede assistindo filme com minha esposa quando fui convidado por telefone pelo Danilo “Nilão” que já tinha tocado comigo no Thorgilm, para assumir os vocais do Metalizer. Quase sem tirar o olho da TV ela me disse: “Vai lá ver qual é”. A banda já tinha gravado todos os sons do álbum e o vocalista não conseguira encaixar os vocais. Entrei de dois pés no Metalizer, gravei os berros deste álbum e solidifiquei minha permanência na formação já nos primeiros meses. Este disco foi gravado no mesmo estúdio Radioativo que o Thorgilm gravou o “Killing The Wolves” e, acabou sendo um verdadeiro “soco na cara” dentro do underground nacional. A produção ficou por conta do Metalizer em parceria com Cláudio Lima e Edson Junior. Um álbum, verdadeiramente, desgraçado. Porrada do início ao fim!!! Mandamos prensar 1000 cópias e, até hoje, vendemos muito bem em shows. E, só como curiosidades: a arte da capa foi feita por Fernando Lima do Drowned e os sons do brinde antes e depois da música Alcoholic Madness são genuínos...

 



"Your Nightmare" -  Metalizer  (2015):
Segundo álbum de estúdio do Metalizer e o primeiro gravado no MixMusic em Amparo/SP sob a rigorosíssima supervisão de Fábio Ferreira do Sangrena. Desde esse álbum, não voltamos mais a trabalhar com qualquer outro produtor. Este se mostrou musicalmente mais bem “trampado” que o “The Thrashing Force” com canções mais extensas, mas, não menos enérgicas. A partir deste álbum começamos também a produzir os primeiros clipes da banda com as músicas My Cage e A Bridge Across Time and Space. Um álbum muito bem absorvido pela crítica e pelo público “headbanger” em geral. Este álbum foi marcante para mim especialmente pois, quando comecei a gravar os vocais principais, estava tomando pequenas doses de conhaque, de forma medicinal, apenas para aliviar a ardência da garganta. Por este motivo, só lembro de ter gravado a metade das canções. A outra metade, apagou da minha mente. Mas no final do dia estava tudo gravadinho...

 


"Truth of the Force and Shine of the Evil" - Evals Mess Project (2017):
O primeiro álbum do Evals Mess Project que reuniu além de canções inéditas, músicas outrora lançadas com Zênite, Mitra e Thorgilm. São 16 canções cujas letras fazem parte de um dos capítulos da obra “Yulcan Lefuet. Sonhos, Pesadelos e Premonições” e constituem este primeiro álbum conceitual do E.M. Project. Pela quantidade de faixas e também pela característica de não ter espaços silenciosos entre canções percebemos a necessidade de lançar um álbum duplo pois sentimos que nenhuma música poderia ser cortada ou separada da obra. Então, o primeiro álbum do Evals Mess Project é um álbum duplo dentro do mais puro Progressive Metal. A gravação foi feita no MixMusic Studio em Amparo/SP sob a produção de Fábio Ferreira. A arte gráfica ficou a cargo do parceiro Jean Michel da dsnsart.com. Foram prensadas 500 cópias dessa obra que, para mim ficou maravilhosa e diferenciada no underground nacional.




"Gothic Birds Ritual" - Witched (2019):
Gravei este álbum como baterista em minha curta passagem pelo Witched. O álbum foi gravado também no MixMusic tendo a produção de Fábio Ferreira e dos amigos do Witched Leo Protti e Grasiela “Lyra”. Uma experiência nova e marcante para mim devido ao estilo bem diferente ao qual tive que me adaptar na “batera”. O álbum foi lançado apenas nas plataformas digitais e dele surgiu também o clipe da canção The Other Side, outro que fiz parte com muito orgulho.

 


Metalizer



"The Pact"- Metalizer (2019):
Gravado também com a produção de Fábio Ferreira no MixMusic em Amparo/SP, este é o terceiro álbum de estúdio lançado pelo Metalizer. Neste agora, a evolução musical da banda continua evidente devido ao acréscimo do segundo guitarrista Edson Ruy que junto com Douglas Lima incluíram “riffs” animalescos além de uma quantidade maior de duetos. Tudo combinou perfeitamente com a grande evolução de Thiago “Agressor” nas baquetas e o “Nilão” no baixo. Ao vivo também, o Metalizer ficou mais desgraçado ainda. Neste álbum procurei explorar ainda mais as variações entre os vocais melodiosos e guturais enriquecendo um pouco mais o trampo vocal. Devido a pandemia mundial ocorrida este ano, ainda não conseguimos mandar prensar este álbum que só foi lançado digitalmente, mas, a prensagem de 500 cópias já está sendo concretizada. Devemos lançar o material físico em 2021.

 



"Letters of Farewell" - Evals Mess Project (2020):
Segundo álbum do Evals Mess Project e, mais um gravado no MixMusic com a produção de Fábio Ferreira. Este álbum mantém as características do primeiro sendo conceitual e sem espaços silenciosos entre canções. Aliás, esta característica será mantida em todos os álbuns do Evals Mess, tanto Project e Insane, como também no Evals Mess Acoustic. As letras são cartas de despedida de Yulcan Lefuet à sua amada Sarah Norman quando esta encontrava-se em seu leito de morte na trama do livro. Neste álbum, coloquei a “cara a tapa” pois, chamei a responsabilidade para mim e gravei, de forma humilde, mas com muita raça, todos os instrumentos de todas as faixas. Uma experiência ousada e, acima de tudo, marcante. Agradeço particularmente a paciência do Fábio com minhas limitações em alguns trechos, mas, ressalto que este álbum me deixou extremamente orgulhoso por sua honestidade, sinceridade e total amor ao Metal. Para 2021 teremos mais alguns lançamentos certos: O primeiro álbum do Evals Mess Insane intitulado “Mercyless”, o qual, para a sua conclusão, falta apenas a gravação das linhas de baixo do Andrey Cardoso que ocorrerá no fim do mês de novembro de 2020; O terceiro álbum do Evals Mess Project intitulado “Born of the Flower”, o qual já iniciei as gravações. Este álbum será baseado no conto “Anturiah. Nascida da Flor”; O primeiro álbum do Evals Mess Acoustic, o qual decidi o título neste exato momento conversando com o parceiro Helberth Braz e, com orgulho, revelo aqui em primeira mão que se chamará “Quiet Side of History”; E o quarto álbum do Metalizer que, mesmo ainda não intitulado, já está com todas as músicas prontas apenas esperando uma data para o início das gravações. Fecho esta sensacional oportunidade com uma frase que pronuncio desde os anos 80... This is Metal in Blood!!!!

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