terça-feira, 2 de março de 2021

Filosofia Freestyle: Quem ainda aguenta falar das rupturas de bandas nacionais?

 


Por Vitor Caricati

 

Tava aqui pensando: que seria do Metal brasileiro sem os "tititís" e "bafafás" que envolvem o séquito """mainstream""" dessa cena? 

Bem melhor! Muito melhor!

Os rachas protagonizados por bandas como Angra e Sepultura no fim dos anos 90 foram a público de forma tão vergonhosa que custa até hoje acreditar que ainda dão tanto pano pra manga. 

Mesmo após 20 fucking anos!!

Sério! A lavação de roupa suja protagonizada pelo Sepultura no evento da saída de Max Cavalera da banda veio a público envolto numa manta de ‘coitadismo’ tamanha que, se você não escolhesse um lado da história, você dormiria se sentindo culpado por não tomar partido. Na época, especulava-se que o finado diretor/escritor de novelas Jorge Fernando teria adquirido os direitos desse ‘rebosteio’ todo e estaria planejando uma obra de áudio visual narrando os fatos dessa traumática separação. Eu assistiria se viesse com aquele delicioso approach de 'novela das seis'. Saca aquela velha fórmula "romance-intriga-separação-cobiça". Então...

Bom, trocando em miúdos: foi merda pro ventilador e até hoje respinga por alguns cantos. Invariavelmente de forma absolutamente vergonhosa, como a última protagonizada pelo próprio Max em suas empreitadas ao vivo pelas redes sociais onde mandou os membros atuais do Sepultura à merda a troco de absolutamente NADA.



Pior do que a saída de Max do Sepultura, só a situação do Angra mesmo. A banda tem até hoje um grave problema de relacionamento com ex-membros e ex-empresários que nem mesmo com várias sessões de terapia seguidas de sessões de descarrego um alívio mNetal e emocional aos envolvidos.  Arrisco a dizer que nem lançando um “St Anger” o Angra vai conseguir exorcizar por definitivo tanto demônio acumulado no seu umbral. 

O engraçado é notar que esse tipo de expediente começou a se tornar frequente no universo da banda meio que recentemente (nos últimos 10 anos), sendo as redes sociais o palanque desses espetáculos vexaminosos. Nota-se ainda que essa lavação de roupa suja passou a ser ainda mais corriqueira - e extremamente conveniente, diga-se - após o incidente em que o ex-cantor da banda gravou um vídeo em tom de desabafo criticando a preferência brasileira por PIROCAS internacionais em detrimento do produto nacional. 

Lembrando que a banda e todo aquele cenário paulista de Heavy Metal melódico passava um momento de franca decadência e o famoso vídeo de Edu Falaschi foi decorrido de um fiasco de público ocasionado em um show de sua banda Almah. Mas disso aí vocês podem tirar as próprias conclusões. Eu só jogo a gasolina e vocês que arrumem a própria fogueira.

Teve até ex-membro desenterrando história do chute na bunda levado mais de dez anos atrás em troca de dinheiro (por uma nobre causa, reconheço) em uma live! Poucas vezes o termo "vergonha alheia" pôde ser empregado com tanta propriedade.



Mas onde caralhos eu quero chegar com essas reminiscências ‘metaleiras’ do nosso Brasil varonil?

Pois bem...

A banda brasileira de Thrash, Nervosa, lançou seu novo disco “Perpetual Chaos” após uma ruptura enorme em sua formação. Dessa separação, ficou a guitarrista Pryka de um lado e a baixista/vocalista Fernanda Lyra e a batera Luana do outro. Essas duas últimas formaram a banda Crypta que vem soltando ‘spoilers’ do vindouro e promissor primeiro play, enquanto que Pryka segurou um rojão de proporções consideráveis onde se viu na inglória tarefa de arregimentar novos seres humanos para dar seguimento aos trabalhos com sua banda. Só quem tem/teve uma banda sabe a quão traumática é a experiência de agrupar pessoas com ideias e ideais em prol de uma mesma causa. Ainda mais depois dos 30 anos de idade! Jesus Cristo, que pé nos bagos sem tamanho!

E contra todas as expectativas dos ‘bangers virjões’ de meia idade, eis que a Nervosa começa o ano com seu novo disco! E que disco do caralho, meu amigo! Digo sem exageros que é um dos grandes candidatos a disco de Thrash do ano! 

Que fique registrado: nesse ínterim, nenhum dos lados voltou à imprensa para falar merda de ex-companheiras de banda ou chorar as pitangas nas redes sociais. TODAS as entrevistas, de ambos os lados, foram pautadas por planos e projetos futuros. Afinal, quem gosta de passado é museu. E em nenhuma delas houve qualquer ataque de cunho pessoal.

Bom, posto isto, o que quero externar através dessas mal traçadas, NÃO é que o exemplo da mulherada tem feito muito "marmanjo guerreiro veterano da cena brasileira" repensar a forma de conduzir um produção artística underground. Isso é tão óbvio que nem vale a pena gastar mais dedo pra encher linguiça versando sobre isso nesse texto! TAMPOUCO quero dizer que foi-se o tempo em que as minas eram apenas coadjuvantes na cena. E NEM quero vir aqui com discursinho 'coach motivacional empreendedor de si mesmo' do tipo "trabalhe duro e os resultados virão"(argh!). MUITO MENOS quero enaltecer o empoderamento feminino diante de uma situação de adversidade e blá, blá, blá. Não é preciso um cretino como eu vir e falar obviedades tão...

...óbvias! 

Só queria dizer que quem chora muito, quer mamar pra sempre na mesma teta.

Adoro uma conclusão bosta...

Sejam mais Nervosa e menos Angra.

A mamata da Rock Brigade acabou.

As mina tão voando! Haja vassoura!

Se a vida te der limões, use redes sociais para fazer uma caipirinha ou um cu de burro. Limonada é para chorões.

Eu usei três aspas seguidas de propósito.

Max Cavalera não vai voltar nunca pro Sepultura. E a culpa é sua!

Zoeira! É da Glória e do Andreas. Eles que lutem!

Só isso.

 

Vitor Caricati é professor de inglês, guitarrista barulhento (das bandas Overthrash e Seattle Dead Idols) e as vezes gosta de fingir que sabe muito sobre pouca coisa.

Um comentário: