Por Vitor Franceschini
Após o álbum de estreia
"Tales From Purple Land" (2014), a banda Broken Jazz Society resolveu
encerrar um ciclo com o EP “Gas Station” (2016) que é o principal foco dessa
entrevista e o trabalho que até o momento define o que realmente a banda é.
Quem fala com o ARTE METAL é Mateus Graffunder (vocal/guitarra) e Felipe Araújo
(bateria), que ainda têm ao seu lado o baixista João Fernandes.
Primeiramente
apresente a banda ao leitor, afinal essa é nossa primeira entrevista. E como
surgiu a ideia e qual
significado do nome do grupo?
Mateus
Graffunder - Broken Jazz Society é uma tentativa de
definição do próprio som. O jazz
é feito de notas sincopadas, polirritmia, timbres limpos e
muita improvisação, que é o caminho oposto ao que a gente procura na música,
por isso usamos “Broken” em um sentido de “quebra” ou “violação”. E, além
disso, queríamos um nome que soasse bem, o que pra nós foi o caso com Broken Jazz Society.
Por
que após o lançamento de um full-lenght, no caso o debut “Tales From Purple
Land” (2014), vocês decidiram lançar um trabalho no formato de EP, na ocasião
“Gas Station” (2016)?
Mateus
-
Por motivos conceituais e comerciais. A banda precisava de um material mais
forte em termos de
produção e as músicas que a gente começou a produzir após o
“Tales From Purple Land” eram mais maduras e queríamos mostrar essa transição.
Como ainda estávamos nessa fase, resolvemos findar aquele ciclo através do EP.
E
como foi compor este novo trabalho, o que buscaram? Aliás, por que resolveram
regravar a faixa Riot Spring?
Mateus
-
Foi um amadurecimento natural que ocorreu na banda, de onde surgiram as novas
composições, como uma conclusão ao primeiro trabalho. A opção de regravar Riot Spring foi feita por ela
representar parte dessa transição, e se encaixar muito bem com as duas inéditas
presentes no EP.
Qual
a principal diferença vocês destacariam deste novo EP em relação ao debut?
Felipe
Abreu - Fora a diferença na qualidade da produção, que é
evidente, as músicas são mais maduras, sobretudo na definição dos timbres. É um
trabalho mais equilibrado, com uma banda mais entrosada e
com uma linguagem mais definida.
“Gas
Station” tem uma mensagem interessante por trás do tema, algo como se existisse
um posto de ideias onde nós abastecemos nossa mente o tempo todo. Explique melhor
esse conceito?
Mateus
-
A letra trata um tema cotidiano e deixa lacunas abertas onde buscamos expressar
esse conceito do posto de idéias abastecidas fora da rotina, dos sapos que
temos que engolir para sobreviver, e ainda assim continuar correndo atrás de
nossos objetivos até alcançá-los ou explodir.
A
sonoridade contida tem como foco o Stoner Rock, mas o leque não se fecha apenas
ao estilo, já que encontramos nuances com o Hard Rock e até
o Alternativo. Como vocês definiram a música da banda?
Felipe
-
Na verdade não temos um foco definido, ou seja, nosso som não é orientado por
alguma referência musical e sim por uma gama de influências. Então preferimos
dizer que somos uma banda
de Rock N Roll, que abrange tudo. Dialogamos sim com o Stoner
Rock, principalmente por conta das afinações baixas, e com o Hard Rock, mas você
encontrará também nuances de Rock Setentista, do Blues, do Desert Rock e do Rock
Psicodélico.
Aliás,
qual a recomendação vocês dariam pra quem nunca ouviu o trabalho da Broken Jazz Society para
conhecer a música de vocês?
Felipe
-
A recomendação é ficar de olho na agenda da banda na nossa página
(facebook.com/brokenjazzsociety) e ver um show ao vivo, que é sempre uma
demonstração mais fiel do que é a banda. Pra quem não tiver a oportunidade,
começa ouvindo nosso EP “Gas Station” no Youtube.
O
trabalho foi produzido por Ricardo Barbosa no 106 Studio e traz uma sonoridade
orgânica para os tempos atuais. Esse foi o resultado que a banda quis atingir?
Como foi trabalhar com Ricardo?
Mateus
-
Trabalhar com o Ricardo foi um prazer imenso pra nós, pois estávamos em casa.
Ficamos extremamente satisfeitos com o resultado, afinal, atingimos com êxito
nossa intenção, gastamos muito tempo no estúdio buscando os timbres certos,
variando equipamentos, microfones, posições, e no fim de tudo valeu muito a
pena.
E
qual a repercussão do EP até então?
Mateus
-
Bem bacana. A gente vem fazendo um trabalho forte de divulgação e a
recepção é muito boa. Conseguimos atingir um público bem diversificado com esse
material, e ainda nos rendeu vários shows.
O
Stoner Rock, principal estilo em que o Broken Jazz Society
foca seu som tem
crescido bastante no Brasil. A que vocês acham que deve este
fato e o que vocês acreditam que pode manter o gênero em evidência?
Felipe
-
Acho que o Rock passou por transformações muito rapidamente. Em cada década
surgia um trabalho revolucionário e era muito difícil assimilar o que estava
acontecendo. A partir dos anos 2000, quando a cultura de massas tomou conta,
essa explosão criativa do Rock cessou e os tempos agora são de resgate e modernização
disso tudo. No caso do Stoner Rock, vejo como uma continuidade e uma celebração
do legado deixado pelo Black Sabbath. O que pode manter o gênero em evidência é
um trabalho coletivo de fortalecimento das bandas adeptas ao gênero, para que
novos pólos culturais desse gênero possam se formar no Brasil, de forma que o
público possa perceber e valorizar essa cena.
E
quais os planos da banda para 2017? Algum clipe, álbum completo, agenda de
shows, enfim...?
Felipe
-
Estamos com muitas ideias em mente. Gravaremos um full-lenght no final de Janeiro e pretendemos
fazer o maior número de shows possíveis pra divulgar o trabalho, que com
certeza terá muito mais
peso que os outros dois anteriores. Podemos dizer que,
conforme as coisas forem acontecendo, definiremos melhores os rumos, mas com
certeza alguns ‘live sessions’ também estão nos planos da banda para esse
próximo ano.
Muito
obrigado, podem deixar uma mensagem aos leitores.
Felipe
-
Queríamos agradecer o carinho e a receptividade dos nossos amigos, familiares e
das pessoas que recebem a gente nos lugares que a gente toca. Quem não conhece
o som da banda, está convidado a derreter com a gente nos shows e conhecer nosso
trabalho em todas as mídias sociais.
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