Por Vitor Franceschini
O Ancient pode parecer um tanto quanto deslocado do Black Metal norueguês,
e realmente o é. Iniciado como um projeto solo de Aphazel (guitarra, baixo, vocal, bateria), pseudônimo de Magnus
Garvik, a forma de abordagem e divulgação de seu trabalho realmente é diferente
daquilo que se apresentou na segunda onda do estilo na Escandinávia. No
entanto, musicalmente a banda carrega muitas características ali moldadas, mas
sempre com uma impressionante identidade própria e discrição.
Aphazel
O marco do grupo é o
segundo álbum “The Cainian Chronicle”
(1996), lançado quando Aphazel já
estava radicado no EUA e lançado pela famigerada Metal Blade Records. Mas, em seu primeiro disco, este “Svartalvheim” (1994), e quando o
músico já tinha o baterista e vocalista Grimm
(Henrik Endresen) ao seu lado, já notava-se certo diferencial no Ancient.
A guitarra ríspida, com
timbres rasgados e bases secas dava a indicar ser um grupo norueguês. Porém,
além da melodia imposta, a banda de Bergen mostravam riqueza nos arranjos, sem
se preocupar muito com o que os ‘die hards’ iriam achar de incursões de
teclados e dedilhados acústicos em meio ao caos agressivo de sua música. Isso
já era evidente, além da variação de ritmos e mudanças de andamentos, nem
sempre apostando em velocidade pura e simples.
Até por isso, a banda
ganhou a alcunha de Melodic Black Metal, angariando pra si o pioneirismo, mesmo
passando a soar mais sinfônica em seus lançamentos posteriores e incluir
bastante de música erudita e até gótica (inclusive com vocais líricos femininos).
Os que nunca ouviram “Svartalvheim” podem confundir as
palavras acima com acessibilidade. Mas oGrimm
álbum não tem nada disso. Não é de
fácil digestão, precisa ser ouvido intimamente, pois tem uma produção nada
comum, e pode causar até certo desconforto incialmente. O grande ‘problema’ (no
bom sentido) é que assim que assimilado, passa a ser único, incomparável e difícil
de descrever até para os maiores fãs de Black Metal.
No EP posterior, “Trolltaar” (1995), o Ancient manteve bastante da
característica do álbum, mas o amadurecimento e evolução naturais elevaram a
banda a um patamar mais acima, mas também mais comum nos discos que viriam
depois. Isto é, o trabalho se tornou não só algo único na carreira da banda,
como também singular no cenário Black Metal mundial.
Uma das várias capas do álbum. Essa do relançamento de 1997 |
“Svartalheim” ganhou várias edições e com muitas capas diferentes. Inclusive um relançamento mais recente em LP de 12” e cassete pela Soulseller Records. A versão original foi lançada pela gravadora francesa Listenable Records. O curioso é que de 1995 a 1999 o brasileiro Lord Kaiaphas (Valério Costa) foi baterista e vocalista da banda gravando os dois discos mais emblemáticos do Ancinet, o já mencionado “The Cainian Chronicle” e seu sucessor “Mad Grandiose Bloodfiends” (1997).
*Vitor Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado,
palmeirense e headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. O
Ancient foi uma de suas primeiras bandas preferidas de Black Metal e é até
hoje.
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