terça-feira, 2 de junho de 2015

Entrevista - République du Salém



“O Fim da Linha Não É o Bastante” (2013) trouxe à tona uma banda que não teme ousar. Cantando em português e dividindo diversas influências, o disco foi pré-indicado ao Grammy latino e levantou de vez a bandeira do République Du Salém. Agora, com Davi Stracci (vocal), Guido Lopes (guitarra, piano) e Nae Silva (bateria), a banda está prestes a lançar seu novo álbum (dessa vez cantando em inglês) e alçar ainda vôos mais altos. Conversamos com a banda que, de uma forma detalhada, nos deixou a par de tudo que a envolve, desde o passado até o futuro próximo.

Bom primeiramente vamos falar do debut  “O Fim da Linha Não É o Bastante”, lançado em 2013. Como foi compor este álbum?
Guido Lopes: Foi um período intenso, após alguns shows em 2013 decidimos gravar o álbum, agendando o estúdio para dali a poucos meses. Optamos por aproveitar duas músicas (Os Homens e Corpo Achado, Bala Perdida) que já haviam sido gravadas como singles em 2012, e as outras músicas foram surgindo nesse meio tempo. Canções como Cidadão Kane e Expresso 212 partiram de riffs de guitarra, vindo depois a tomar forma através dos inputs de cada um. Algo que me chamou a atenção foi a sessão de gravação da Rachael Billman (cantora que participa na faixa Apenas uma Canção de Amor). Algo de outro mundo! Só me lembro de um longo silêncio durante, e após as sessões dela, uma mistura entre não querer parar de ouvir, não acreditar, e não ter mesmo o que comentar; pra falar a verdade, acho que vi alguns caras até chorando no estúdio naquele dia (risos).

E como a banda o vê atualmente?
Nae Silva: Mesmo eu não tendo participado do processo final de produção deste álbum, sinto que tenha um pezinho ali, já que participei da concepção dos singles “Corpo Achado, Bala Perdida” e “Os Homens” em 2012, dando o start com o Guido e o Davi. Pra mim, “O Fim da Linha Não É o Bastante” é um puta disco, com uma pegada bem explosiva. Estou tentando convencê-los a tocarmos alguns sons desse álbum, no lançamento do novo trabalho!
Guido Lopes: É o disco que colocou a bola em jogo para nós, por isso sempre ocupará um lugar especial.

Comentem: Fazer Rock and Roll no Brasil não é fácil, cantando em português então é mais difícil, ainda mais porque tem várias bandas disfarçadas de ‘rock’ tocando nas rádios.
Davi Stracci: É verdade, ser artista em qualquer lugar do mundo não é fácil, ainda mais tocando Rock no país do sertanejo/funk carioca (risos). As rádios tocam aqui o que entendem ser o mais lucrativo. O bom é que hoje em dia, existem outros meios (como por exemplo, a internet) que podem facilitar o acesso ao público que curte Rock.

Como foi/está a repercussão de “O Fim da Linha Não É o Bastante”?
Davi: Melhor do que imaginávamos; este álbum nos proporcionou duas pré-indicações ao Grammy latino 2013, tocamos em diversos lugares, e foi o material que enviamos para os USA e que despertou interesse no Marc Ford em trabalhar conosco. No entanto, a expectativa e a preparação para o novo álbum é o que mais nos tem ocupado agora.

Após o lançamento do álbum vocês foram pré-indicados ao Grammy Latino. Como se deu isso e o que podem falar a respeito?
Guido: Ficamos sabendo através da gravadora à qual estávamos vinculados no momento. Foi uma notícia boa, quero dizer... acho que sempre é gratificante para um artista ver seu trabalho ganhando algum espaço, mexendo com as pessoas de alguma forma. Então sim, diria que foi um sentimento bom, certamente fizemos alguns brindes a isto (risos).



Agora a banda está trabalhando no segundo álbum que virá em inglês, é isso? Por que optaram por mudar o idioma?
Davi: Sim. Primeiramente, por termos gravado esse disco nos EUA com um produtor americano, e em segundo lugar, por que entendemos ser uma mudança necessária devido ao crescente interesse de pessoas de fora do Brasil em nosso trabalho, por isso queremos expandir as possibilidades e desbravar outros mares.

E como está o processo de composição do segundo trabalho?
Guido: Na verdade, neste momento as etapas de gravação/produção e mixagem já foram concluídas; e o álbum está na fase de prensagem, com previsão para o lançamento no mês de Julho/2015.

O novo disco terá o Marc Ford (Ex-Black Crowes, Ben Harper). Como chegaram até ele e por que decidiram trabalhar com um produtor estrangeiro?
Guido: Curioso, boa parte do que o Marc fez musicalmente, ao longo dos anos, serviu como referência para alguém na banda; em nossas conversas de ensaio, era comum cairmos nesse assunto. Fosse no Black Crowes, com Ben Harper, produzindo algum outro artista que gostamos (como Phantom Limb e Ryan Bingham) ou em seus trabalhos solo (altamente recomendados, diga-se de passagem), cada um de nós, a seu tempo, teve contato com a música dele. Em 2013, durante uma viagem aos EUA, busquei contato com ele e tive a chance de falar um pouco sobre o que fazíamos, e de como ele era uma influência para o nosso trabalho. A idéia inicial era que ele que gravasse um solo para uma possível canção na qual trabalhávamos (Down the Narrow Road, do disco novo). Mais de 1 ano depois, com algumas dezenas de e-mails trocados, CDs enviados, e pacotes extraviados (cortesia dos correios - risos), ele disse que gostaria de produzir nosso próximo álbum. Conseguimos achar uma data, um período de 3 semanas, onde seria possível nos reunirmos em estúdio para a gravação deste trabalho.

Aliás, ele fez questão de participar do clipe que vocês lançaram. Como foi isso?
Nae: Sim, ele fez... Comentei com o pessoal que devíamos chamar tanto o Marc, como o Antoine para a música, percebemos de cara que eles estavam a fim. O clipe foi tão espontâneo quanto à gravação, quando percebemos tudo já havia sido captado e o basic tracking já estava finalizado.

E como foi gravar o clipe? Por que resolveram gravar um cover para Go Ye and Preach my Gospel, de Mr. Smith?
Davi: Quando estávamos no estúdio, pensamos em fazer uma homenagem a algum bluesman, durante a conversa lembrei do Rev. Dan Smith... Mostrei a música para a banda e todos concordaram, fizemos a gravação no primeiro take, foi algo indescritível.

E o que vocês podem adiantar em termos de sonoridade sobre o novo trabalho?
Guido: Levar as músicas de “O Fim da Linha Não É o Bastante” para a estrada nos fez entender melhor nossas influências. Como a música que nos inspira, buscamos soar de forma mais natural, orgânica, espontânea. Em “Republique du Salem” acho que demos um passo significativo com relação aos timbres e ao tipo de captação que queríamos, desde a escolha dos instrumentos, posicionamentos de mic, aproveitamento da acústica das salas e algumas experimentações bizarras (como usar um amplificador Teisco interagindo com os harmônicos dentro da caixa acústica de um piano). Definitivamente, não foi um álbum feito na zona de conforto, o fato de irmos para outro país, gravarmos em outra língua e trabalharmos com um novo produtor nos colocou à prova, mas isso fez com que as músicas e o resultado final crescessem bastante. Por último, acho que esse disco explora um pouco mais o lado Blues/Southern da banda, algo que apenas tocamos “de leve” no disco anterior.

Além da produção e lançamento do novo trabalho da banda, quais são os planos para 2015?
Davi: Faremos alguns shows no Brasil em suporte ao lançamento deste álbum (previsto para Julho/2015). E acabamos de receber (agora) a confirmação de que Marc Ford virá ao Brasil para participar desses shows conosco, o que torna tudo mais ainda especial. Estudamos também a possibilidade de tour na Europa ainda neste ano, vamos ver.

Podem deixar uma mensagem.
Guido: Obrigado a todos pela paciência, o novo disco está chegando com tudo e a espera com certeza valerá à pena!
Nae: Minha mensagem é “dare yourself to take the risk”
Davi: Só tenho a agradecer a todos que têm nos apoiado e apostado em nosso trabalho, o incentivo de vocês é o combustível para seguirmos adiante. Como diria o Raulzito, “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, sonho que se sonha junto é realidade!”


Nenhum comentário:

Postar um comentário