“O Fim da Linha Não É o
Bastante” (2013) trouxe à tona uma banda que não teme ousar. Cantando em português
e dividindo diversas influências, o disco foi pré-indicado ao Grammy latino e levantou
de vez a bandeira do République Du Salém. Agora, com Davi Stracci (vocal),
Guido Lopes (guitarra, piano) e Nae Silva (bateria), a banda está prestes a
lançar seu novo álbum (dessa vez cantando em inglês) e alçar ainda vôos mais
altos. Conversamos com a banda que, de uma forma detalhada, nos deixou a par de
tudo que a envolve, desde o passado até o futuro próximo.
Bom
primeiramente vamos falar do debut “O
Fim da Linha Não É o Bastante”, lançado em 2013. Como foi compor este álbum?
Guido
Lopes: Foi um período intenso, após alguns shows em 2013
decidimos gravar o álbum, agendando o estúdio para dali a poucos meses. Optamos
por aproveitar duas músicas (Os Homens
e Corpo Achado, Bala Perdida) que já
haviam sido gravadas como singles em 2012, e as outras músicas foram surgindo nesse
meio tempo. Canções como Cidadão Kane
e Expresso 212 partiram de riffs de
guitarra, vindo depois a tomar forma através dos inputs de cada um. Algo que me
chamou a atenção foi a sessão de gravação da Rachael Billman (cantora que
participa na faixa Apenas uma Canção de
Amor). Algo de outro mundo! Só me lembro de um longo silêncio durante, e
após as sessões dela, uma mistura entre não querer parar de ouvir, não
acreditar, e não ter mesmo o que comentar; pra falar a verdade, acho que vi
alguns caras até chorando no estúdio naquele dia (risos).
E
como a banda o vê atualmente?
Nae
Silva: Mesmo eu não tendo participado do processo final de
produção deste álbum, sinto que tenha um pezinho ali, já que participei da
concepção dos singles “Corpo Achado, Bala Perdida” e “Os Homens” em 2012, dando
o start com o Guido e o Davi. Pra mim, “O Fim da Linha Não É o Bastante” é um
puta disco, com uma pegada bem explosiva. Estou tentando convencê-los a
tocarmos alguns sons desse álbum, no lançamento do novo trabalho!
Guido
Lopes: É o disco que colocou a bola em jogo para nós, por
isso sempre ocupará um lugar especial.
Comentem:
Fazer Rock and Roll no Brasil não é fácil, cantando em português então é mais
difícil, ainda mais porque tem várias bandas disfarçadas de ‘rock’ tocando nas
rádios.
Davi
Stracci: É verdade, ser artista em qualquer lugar do mundo
não é fácil, ainda mais tocando Rock no país do sertanejo/funk carioca (risos).
As rádios tocam aqui o que entendem ser o mais lucrativo. O bom é que hoje em
dia, existem outros meios (como por exemplo, a internet) que podem facilitar o
acesso ao público que curte Rock.
Como
foi/está a repercussão de “O Fim da Linha Não É o Bastante”?
Davi:
Melhor do que imaginávamos; este álbum nos proporcionou duas pré-indicações ao
Grammy latino 2013, tocamos em diversos lugares, e foi o material que enviamos
para os USA e que despertou interesse no Marc Ford em trabalhar conosco. No
entanto, a expectativa e a preparação para o novo álbum é o que mais nos tem
ocupado agora.
Após
o lançamento do álbum vocês foram pré-indicados ao Grammy Latino. Como se deu
isso e o que podem falar a respeito?
Guido:
Ficamos sabendo através da gravadora à qual estávamos vinculados no momento.
Foi uma notícia boa, quero dizer... acho que sempre é gratificante para um
artista ver seu trabalho ganhando algum espaço, mexendo com as pessoas de
alguma forma. Então sim, diria que foi um sentimento bom, certamente fizemos
alguns brindes a isto (risos).
Agora
a banda está trabalhando no segundo álbum que virá em inglês, é isso? Por que
optaram por mudar o idioma?
Davi:
Sim. Primeiramente, por termos gravado esse disco nos EUA com um produtor
americano, e em segundo lugar, por que entendemos ser uma mudança necessária
devido ao crescente interesse de pessoas de fora do Brasil em nosso trabalho,
por isso queremos expandir as possibilidades e desbravar outros mares.
E
como está o processo de composição do segundo trabalho?
Guido:
Na verdade, neste momento as etapas de gravação/produção e mixagem já foram
concluídas; e o álbum está na fase de prensagem, com previsão para o lançamento
no mês de Julho/2015.
O
novo disco terá o Marc Ford (Ex-Black Crowes, Ben Harper). Como chegaram até
ele e por que decidiram trabalhar com um produtor estrangeiro?
Guido:
Curioso,
boa parte do que o Marc fez musicalmente, ao longo dos anos, serviu como
referência para alguém na banda; em nossas conversas de ensaio, era comum
cairmos nesse assunto. Fosse no Black Crowes, com Ben Harper, produzindo algum
outro artista que gostamos (como Phantom Limb e Ryan Bingham) ou em seus
trabalhos solo (altamente recomendados, diga-se de passagem), cada um de nós, a
seu tempo, teve contato com a música dele. Em 2013, durante uma viagem aos EUA,
busquei contato com ele e tive a chance de falar um pouco sobre o que fazíamos,
e de como ele era uma influência para o nosso trabalho. A idéia inicial era que
ele que gravasse um solo para uma possível canção na qual trabalhávamos (Down the Narrow Road, do disco novo).
Mais de 1 ano depois, com algumas dezenas de e-mails trocados, CDs enviados, e
pacotes extraviados (cortesia dos correios - risos), ele disse que gostaria de
produzir nosso próximo álbum. Conseguimos achar uma data, um período de 3
semanas, onde seria possível nos reunirmos em estúdio para a gravação deste
trabalho.
Aliás,
ele fez questão de participar do clipe que vocês lançaram. Como foi isso?
Nae:
Sim, ele fez... Comentei com o pessoal que devíamos chamar tanto o Marc, como o
Antoine para a música, percebemos de cara que eles estavam a fim. O clipe foi
tão espontâneo quanto à gravação, quando percebemos tudo já havia sido captado
e o basic tracking já estava finalizado.
E
como foi gravar o clipe? Por que resolveram gravar um cover para Go Ye and Preach my Gospel, de Mr.
Smith?
Davi:
Quando estávamos no estúdio, pensamos em fazer uma homenagem a algum bluesman,
durante a conversa lembrei do Rev. Dan Smith... Mostrei a música para a banda e
todos concordaram, fizemos a gravação no primeiro take, foi algo indescritível.
E
o que vocês podem adiantar em termos de sonoridade sobre o novo trabalho?
Guido:
Levar as músicas de “O Fim da Linha Não É o Bastante” para a estrada nos fez
entender melhor nossas influências. Como a música que nos inspira, buscamos
soar de forma mais natural, orgânica, espontânea. Em “Republique du Salem” acho
que demos um passo significativo com relação aos timbres e ao tipo de captação
que queríamos, desde a escolha dos instrumentos, posicionamentos de mic,
aproveitamento da acústica das salas e algumas experimentações bizarras (como
usar um amplificador Teisco interagindo com os harmônicos dentro da caixa
acústica de um piano). Definitivamente, não foi um álbum feito na zona de
conforto, o fato de irmos para outro país, gravarmos em outra língua e trabalharmos
com um novo produtor nos colocou à prova, mas isso fez com que as músicas e o
resultado final crescessem bastante. Por último, acho que esse disco explora um
pouco mais o lado Blues/Southern da banda, algo que apenas tocamos “de leve” no
disco anterior.
Além
da produção e lançamento do novo trabalho da banda, quais são os planos para
2015?
Davi:
Faremos
alguns shows no Brasil em suporte ao lançamento deste álbum (previsto para
Julho/2015). E acabamos de receber (agora) a confirmação de que Marc Ford virá
ao Brasil para participar desses shows conosco, o que torna tudo mais ainda
especial. Estudamos também a possibilidade de tour na Europa ainda neste ano,
vamos ver.
Podem
deixar uma mensagem.
Guido:
Obrigado
a todos pela paciência, o novo disco está chegando com tudo e a espera com
certeza valerá à pena!
Nae: Minha mensagem é “dare yourself to take the risk”
Davi:
Só tenho a agradecer a todos que têm nos apoiado e apostado em nosso trabalho,
o incentivo de vocês é o combustível para seguirmos adiante. Como diria o
Raulzito, “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, sonho que se
sonha junto é realidade!”
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