Por Vitor Franceschini
Prestes a invadir a
Europa, o Pop Javali colhe os bons frutos de seu segundo disco “The Game of
Fate”, que mostra uma junção quase que perfeita entre o Heavy Metal e o Hard
Rock. Conversei com todo o power trio - Marcelo Frizzo (vocal/baixo) Jaéder
Menossi (guitarra) e Waldemar ‘Loks’ Rasmussen (bateria) – que nos falaram
desde o primeiro disco “No Reason To Be Lonely” (2011) até os planos para o ano
que vem.
São
mais de 20 anos de carreira, porém o Pop Javali foi gravar seu primeiro álbum apenas em
2011 com “No Reason To Be Lonely”. Por que essa demora tão grande para o primeiro
registro?
Jaéder
Menossi – Durante esses 20 anos de banda houve um período de
inatividade temporária. Retomamos as atividades em 2007, e, a partir dessa
retomada, nossa visão de profissionalismo era outra se comparada a do nosso
início em 1992. Tanto que em quatro anos conseguimos nosso primeiro contrato.
E
como vocês vêem esse primeiro registro hoje?
Jaéder
-
Acho um ótimo CD, conseguimos mesclar bem as músicas do início em 92 como Silence, Believe, entre outras, com algumas do período 2007/2011, como Do For Me e Wasted Time, que delineariam o caminho musical que
seguiríamos a partir de então.
Marcelo
-
Acho muito interessante o fato de uma música como Silence, que foi composta em 1992, soar tão moderna. Na verdade, o
Rock não envelhece e isso ajuda muito as bandas do estilo. Particularmente,
tenho muito orgulho do “No Reason...” porque, além de ter boas músicas, nos
colocou no mercado de forma definitiva. Ouço esse álbum com muito tesão!
Loks
-
Foi uma compilação de 20 anos de composições e apesar
da produção não estar 100% como
gostaríamos, as músicas são excelentes.
Aliás,
qual a principal diferença de “No Reason To Be Lonely” para o segundo álbum
“The Game of Fate” na opinião de vocês?
Jaéder
-
No “No Reason To Be Lonely” demos palpites demais na mixagem e, como o técnico
era muito gente boa, ele ia fazendo tudo que a gente pedia. No final, o
resultado da produção não ficou no nível que queríamos, 100% por culpa nossa.
Foi o que evitamos ao máximo no “The Game of Fate”.
Marcelo
-
A qualidade do áudio é melhor. E isso é mérito total dos irmãos Busic, que
produziram com amor e profissionalismo ímpares.
Loks
–
Bom, essa seria a principal diferença (produção), porém nesse novo CD estávamos
mais confiantes e com
maturidade bem legal, além do que as músicas por terem sidos
compostas recentemente, pudemos absorver novas influências no resultado final.
E
como foi compor “The Game of Fate”? Foi mais fácil em relação ao
primeiro disco pelo fato de não ter demorado tanto para sair em relação ao
debut?
Jaéder
–
Acredito que foi mais fácil ,
pois já tínhamos uma referência do que a gente queria como estilo, isso sem
dúvida facilitou. Aí fomos pontuando com influências novas que pudemos
absorver, buscando colocar elementos mais modernos sobre esse alicerce que já
tínhamos.
Marcelo
-
Sempre tivemos grande vontade e facilidade em termos de composição. Muitas
músicas que fizemos ao longo de mais de 20 anos acabaram indo pra gaveta. O
momento de compor as músicas do “The Game...” foi muito favorável exatamente
por conta da exposição que o “No Reason...” trouxe para a banda. De certa
forma, o primeiro álbum impulsionou o segundo, e podemos sim dizer que foi mais fácil , pelo menos para
mim.
Loks
-
Fizemos esse disco em meio a divulgação do “No Reason...”, mas foi um processo
bem intenso, com
ensaios e mais ensaios, porém acontece algo com a banda que
nunca vi em nenhum outra que já toquei. Por exemplo, muitas músicas, riffs, melodias
que tocamos parece que já existem, tanto que algumas canções começaram e
terminaram em uma seção de ensaio entre uma cerveja e outra.
“The
Game of Fate” é um trabalho que define a junção perfeita do Hard Rock e do Metal. Vocês
acreditam que nesse sentido, de
unir os estilos, a banda conseguiu um resultado perfeito?
Jaéder
–
Sim, esses elementos são os principais vetores no nosso estilo. Perfeição é uma
palavra muito forte, o que posso dizer é que ficamos muito contentes com o
resultado.
Marcelo
-
Quando se fala de música
é praticamente impossível se falar em perfeição. Nem todo
mundo vai gostar. Mas o que temos notado é que, quem gosta do estilo Hard/Heavy,
realmente aprecia muito esse álbum. Os
elogios são gratificantes e lisonjeiros, mas também aumentam nossa
responsabilidade. E temos pés no chão, sabemos que todo esforço e dedicação têm
que ser mantidos dia a dia
pra , no mínimo, mantermos o nível nos próximos trabalhos.
Loks
-
Quando estamos compondo não pensamos em estilos. Colocamos nas músicas aquilo
que somos e muito do que estudamos e sentimos. Mas apesar de você poder sentir
uma referência aqui e ali ,
a gente não se parece com nada que conheço, o que em minha opinião é bem legal,
pois temos autenticidade e personalidade.
Um
dos pontos fortes do trabalho é a energia que é mantida do início ao fim.
Muitas vezes um trabalho oscila neste ponto. A banda procurou manter essa energia ou fluiu
naturalmente?
Jaéder
- Creio
que um dos fatores que levaram a isso foi a ordem das faixas no CD, a maneira
como ele vai evoluindo. Ouvimos o disco em várias ordens diferentes até
chegarmos num consenso.
Marcelo
-
Creio que essa ‘energia’ faz parte da característica natural da banda. Nada que
fazemos é forçado, é tudo muito natural, muito “nossa cara” mesmo.
Loks
-
Ali está nosso D.N.A.. A banda é exatamente aquilo que você ouve, no show é mais legal
ainda, apesar de já estarmos precisando de alguns patrocínios de Dorflex, Torsilax,
entre outros, devido à idade avançada. (risos)
Uma
coisa que chama atenção é a técnica da banda imposta em uma sonoridade, digamos
assim, simples. Vocês se preocupam em serem os mais técnicos
possíveis mesmo o som não exigindo tanto? Aliás, isso fica evidente no
equilíbrio entre os instrumentos, já que um não sobrepõe o outro, concordam?
Jaéder
-
Nossa busca como músicos é encontrar a proporção correta entre feeling e
técnica. A técnica é a ferramenta com a qual podemos desenvolver e buscar o
feeling certo para cada ocasião.
Marcelo
-
Para um trio funcionar bem esse equilíbrio tem que ser o ponto forte nas
músicas. Todos têm que “jogar para o
time ” e não cair na tentação do individualismo. Nós não temos
preocupação nenhuma quando tocamos, temos é um grande tesão pelo que fazemos e a pegada vem daí.
Loks
-
Nosso som vem evoluindo e tem um
detalhe muito importante aí. Fora o talento natural de cada um, todos se
esforçam muito (estudamos até hoje, e muito), mas o foco principal são as músicas.
Todos colocam o seu melhor
e dependendo da música o destaque vai para um solo de guita
ou de baixo, quando não uma convenção de batera mais elaborada ,
mas sempre em função de enriquecer a música. Talvez esteja aí esse equilíbrio
que você notou.
Falando
em técnica, Ivan e Andria
Busic (Dr. Sin) produziram “The Game of Fate”. Como foi trabalhar com eles?
Jaéder
-
Sensacional! Uma experiência que vamos carregar conosco pro resto de nossas
vidas. O nível de
profissionalismo e alto astral deles contagia! Além de tudo
são nossos ídolos e grandes amigos que fizemos.
Marcelo
-
Não é novidade pra ninguém a capacidade extraordinária que o Andria e o Ivan têm
na parte técnica. Mas o maior fruto que colhemos dessa jornada foi o
estreitamento dos laços de uma amizade fraterna que perdurará pra sempre! São
duas pessoas fantásticas!
Loks
-
Sensacional, sempre foram e serão nossos ídolos e o talento deles contribuiu
muito para o resultado final do “The Game...”.
Healing No More foi escolhida para ser o
videoclipe. Por que a escolheram e como foi trabalhar neste vídeo?
Jaéder
-
Healing No More é uma música que
acreditávamos agradar a um público mais heterogêneo. Por isso apostamos nela
para o videoclipe.
Marcelo
-
É a música
mais “radiofônica” do álbum e mescla peso com suavidade em
medidas certas. Antes de gravar o clipe já percebíamos nos shows o público
cantando o refrão. Aí não tivemos dúvida.
E
como vocês vêem “The Game of Fate” hoje? Qual a repercussão do disco até então?
Jaéder
-
A repercussão tem sido muito, muito boa, talvez nem a gente esperasse tanto. Tal
receptividade apenas tem nos motivado ainda mais.
Marcelo
-
Foi além das expectativas, cruzando fronteiras literalmente, tanto que vem
agora a culminar com uma “EUROPEAN TOUR”, que acontece de 08 a 20 de outubro com 15
shows espalhados por 5 países do velho continente. O álbum trouxe pra banda um
respeito muito grande, de público, músicos e críticos, e isso é fundamental
para uma carreira bem sucedida. Não há sucesso profissional sem esses fatores.
Loks
-
Toda a imprensa especializada pode falar por ele. Eu acho que quem gosta de Rock no Brasil tem
que conhecer esse trabalho, pois estamos indo mostrar ele lá fora e com grande facilidade
de encontrar lugares e público pra tocar, coisa que aqui são mais difíceis.
Provavelmente
vocês já estão trabalhando em algo novo, o que podem nos adiantar sobre futuros
lançamentos, shows, enfim...?
Jaéder
- Estamos
participando de uma coletânea que está saindo na edição de outubro da revista britânica
Terrorizer. Também estaremos lançando um registro ao vivo de nossa turnê pela
Europa, que ocorrerá neste mês de outubro e contemplará
5 países e festivais tradicionais como o Razorblade na
Alemanha, além de pubs consagrados como o Cart & Horses em Londres, casa
onde o Iron Maiden deu seus primeiros passos. Também o próximo CD de estúdio
está com o repertório super adiantado. Enfim, muitas novidades em breve.
Marcelo
-
As músicas do novo álbum já estão quase todas prontas, tanto que nessa tour pela
Europa estaremos mostrando algumas. Na virada do ano o foco passa a ser o terceiro
álbum. Acreditamos num 2016 muito promissor!
Loks
-
Temos um CD praticamente pronto e posso garantir está muito bom. Ainda não
temos data pra gravação e lançamento, mesmo porque temos que produzir alguns
clipes e divulgar mais o “The Game...”. Quanto a shows, por enquanto o foco é nossa tour pela
Europa.
Jaéder
-
O segredo é respeito mútuo, amizade e o prazer que temos em tocar juntos. E temos muita
lenha ainda pra queimar, que venham mais 20 anos ou até quando durarem os
estoques. (risos)
Marcelo
-
Amor e Respeito. Uns pelos outros. E dos três pelo trabalho, pela banda e o que ela representa
em nossas vidas. Pode soar meio brega, mas sinto que o segredo está no fato de
que nós três nascemos pra isso. E estamos prontos pra ser quem nós nascemos pra
ser! Talvez não haja um segredo, o fato é que estamos juntos desde sempre e
temos laços de amizade e
musicais muito fortes, nos entendemos muito bem, e estamos
envelhecendo juntos. É sensacional você ter uma dor no joelho, por exemplo, e
descobrir que seu parceiro de banda tem também e não falava nada de vergonha.
(risos)
Loks
-
Muito obrigado galera do Arte
Metal, espero terem se divertido como nós, grande abraço a todos os leitores do Blog, e
curtam, compartilhem, ajudem a manter a chama do Rock nacional
acesa, temos muitos, mas muitos talentos aqui e tanto público e
bandas, a palavra é uma só: UNIÃO galera, a UNIÃO faz a força!
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