quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Entrevista: Pop Javali



Por Vitor Franceschini
Prestes a invadir a Europa, o Pop Javali colhe os bons frutos de seu segundo disco “The Game of Fate”, que mostra uma junção quase que perfeita entre o Heavy Metal e o Hard Rock. Conversei com todo o power trio - Marcelo Frizzo (vocal/baixo) Jaéder Menossi (guitarra) e Waldemar ‘Loks’ Rasmussen (bateria) – que nos falaram desde o primeiro disco “No Reason To Be Lonely” (2011) até os planos para o ano que vem.

São mais de 20 anos de carreira, porém o Pop Javali foi gravar seu primeiro álbum apenas em 2011 com “No Reason To Be Lonely”. Por que essa demora tão grande para o primeiro registro?
Jaéder Menossi – Durante esses 20 anos de banda houve um período de inatividade temporária. Retomamos as atividades em 2007, e, a partir dessa retomada, nossa visão de profissionalismo era outra se comparada a do nosso início em 1992. Tanto que em quatro anos conseguimos nosso primeiro contrato.
Marcelo Frizzo - Optamos por esperar uma oportunidade mais profissional, não queríamos fazer um disco totalmente independente. Quando surgiu a oportunidade com o apoio da gravadora Oversonic, resolvemos compilar quase 20 anos de composições, escolhendo o que havia de melhor, mesclando com composições mais recentes, e assim nasceu “No Reason To Be Lonely”. Entendemos que foi uma escolha acertada, pois estávamos num momento mais maduro em todos os sentidos, o que contribuiu positivamente para uma boa qualidade do trabalho.
Loks Rasmussen - Primeiramente obrigado pela oportunidade de participar desse renomado blog. Quanto à gravação do primeiro CD, creio que foi uma questão de oportunidade e principalmente de maturidade, apesar de muitas pré-produções, ainda não tinha aparecido algo interessante.

E como vocês vêem esse primeiro registro hoje?
Jaéder - Acho um ótimo CD, conseguimos mesclar bem as músicas do início em 92 como Silence, Believe, entre outras, com algumas do período 2007/2011, como Do For Me e Wasted Time, que delineariam o caminho musical que seguiríamos a partir de então.
Marcelo - Acho muito interessante o fato de uma música como Silence, que foi composta em 1992, soar tão moderna. Na verdade, o Rock não envelhece e isso ajuda muito as bandas do estilo. Particularmente, tenho muito orgulho do “No Reason...” porque, além de ter boas músicas, nos colocou no mercado de forma definitiva. Ouço esse álbum com muito tesão!
Loks - Foi uma compilação de 20 anos de composições e apesar da produção não estar      100% como gostaríamos, as músicas são excelentes.

Aliás, qual a principal diferença de “No Reason To Be Lonely” para o segundo álbum “The Game of Fate” na opinião de vocês?
Jaéder - No “No Reason To Be Lonely” demos palpites demais na mixagem e, como o técnico era muito gente boa, ele ia fazendo tudo que a gente pedia. No final, o resultado da produção não ficou no nível que queríamos, 100% por culpa nossa. Foi o que evitamos ao máximo no “The Game of Fate”.
Marcelo - A qualidade do áudio é melhor. E isso é mérito total dos irmãos Busic, que produziram com amor e profissionalismo ímpares.
Loks – Bom, essa seria a principal diferença (produção), porém nesse novo CD estávamos mais confiantes e com maturidade bem legal, além do que as músicas por terem sidos compostas recentemente, pudemos absorver novas influências no resultado final.



E como foi compor “The Game of Fate”? Foi mais fácil em relação ao primeiro disco pelo fato de não ter demorado tanto para sair em relação ao debut?
Jaéder – Acredito que foi mais fácil, pois já tínhamos uma referência do que a gente queria como estilo, isso sem dúvida facilitou. Aí fomos pontuando com influências novas que pudemos absorver, buscando colocar elementos mais modernos sobre esse alicerce que já tínhamos.
Marcelo - Sempre tivemos grande vontade e facilidade em termos de composição. Muitas músicas que fizemos ao longo de mais de 20 anos acabaram indo pra gaveta. O momento de compor as músicas do “The Game...” foi muito favorável exatamente por conta da exposição que o “No Reason...” trouxe para a banda. De certa forma, o primeiro álbum impulsionou o segundo, e podemos sim dizer que foi mais fácil, pelo menos para mim.
Loks - Fizemos esse disco em meio a divulgação do “No Reason...”, mas foi um processo bem intenso, com ensaios e mais ensaios, porém acontece algo com a banda que nunca vi em nenhum outra que já toquei. Por exemplo, muitas músicas, riffs, melodias que tocamos parece que já existem, tanto que algumas canções começaram e terminaram em uma seção de ensaio entre uma cerveja e outra.

“The Game of Fate” é um trabalho que define a junção perfeita do Hard Rock e do Metal. Vocês acreditam que nesse sentido, de unir os estilos, a banda conseguiu um resultado perfeito?
Jaéder – Sim, esses elementos são os principais vetores no nosso estilo. Perfeição é uma palavra muito forte, o que posso dizer é que ficamos muito contentes com o resultado.
Marcelo - Quando se fala de música é praticamente impossível se falar em perfeição. Nem todo mundo vai gostar. Mas o que temos notado é que, quem gosta do estilo Hard/Heavy, realmente aprecia muito esse álbum.  Os elogios são gratificantes e lisonjeiros, mas também aumentam nossa responsabilidade. E temos pés no chão, sabemos que todo esforço e dedicação têm que ser mantidos dia a dia pra, no mínimo, mantermos o nível nos próximos trabalhos.
Loks - Quando estamos compondo não pensamos em estilos. Colocamos nas músicas aquilo que somos e muito do que estudamos e sentimos. Mas apesar de você poder sentir uma referência aqui e ali, a gente não se parece com nada que conheço, o que em minha opinião é bem legal, pois temos autenticidade e personalidade.

Um dos pontos fortes do trabalho é a energia que é mantida do início ao fim. Muitas vezes um trabalho oscila neste ponto. A banda procurou manter essa energia ou fluiu naturalmente?
Jaéder - Creio que um dos fatores que levaram a isso foi a ordem das faixas no CD, a maneira como ele vai evoluindo. Ouvimos o disco em várias ordens diferentes até chegarmos num consenso.
Marcelo - Creio que essa ‘energia’ faz parte da característica natural da banda. Nada que fazemos é forçado, é tudo muito natural, muito “nossa cara” mesmo.
Loks - Ali está nosso D.N.A.. A banda é exatamente aquilo que você ouve, no show é mais legal ainda, apesar de já estarmos precisando de alguns patrocínios de Dorflex, Torsilax, entre outros, devido à idade avançada. (risos)

Uma coisa que chama atenção é a técnica da banda imposta em uma sonoridade, digamos assim, simples. Vocês se preocupam em serem os mais técnicos possíveis mesmo o som não exigindo tanto? Aliás, isso fica evidente no equilíbrio entre os instrumentos, já que um não sobrepõe o outro, concordam?
Jaéder - Nossa busca como músicos é encontrar a proporção correta entre feeling e técnica. A técnica é a ferramenta com a qual podemos desenvolver e buscar o feeling certo para cada ocasião.
Marcelo - Para um trio funcionar bem esse equilíbrio tem que ser o ponto forte nas músicas. Todos têm que “jogar para o time” e não cair na tentação do individualismo. Nós não temos preocupação nenhuma quando tocamos, temos é um grande tesão pelo que fazemos e a pegada vem daí.
Loks - Nosso som vem evoluindo e tem um detalhe muito importante aí. Fora o talento natural de cada um, todos se esforçam muito (estudamos até hoje, e muito), mas o foco principal são as músicas. Todos colocam o seu melhor e dependendo da música o destaque vai para um solo de guita ou de baixo, quando não uma convenção de batera mais elaborada, mas sempre em função de enriquecer a música. Talvez esteja aí esse equilíbrio que você notou.

Falando em técnica, Ivan e Andria Busic (Dr. Sin) produziram “The Game of Fate”. Como foi trabalhar com eles?
Jaéder - Sensacional! Uma experiência que vamos carregar conosco pro resto de nossas vidas. O nível de profissionalismo e alto astral deles contagia! Além de tudo são nossos ídolos e grandes amigos que fizemos.
Marcelo - Não é novidade pra ninguém a capacidade extraordinária que o Andria e o  Ivan  têm na parte técnica. Mas o maior fruto que colhemos dessa jornada foi o estreitamento dos laços de uma amizade fraterna que perdurará pra sempre! São duas pessoas fantásticas!
Loks - Sensacional, sempre foram e serão nossos ídolos e o talento deles contribuiu muito para o resultado final do “The Game...”.

Healing No More foi escolhida para ser o videoclipe. Por que a escolheram e como foi trabalhar neste vídeo?
Jaéder - Healing No More é uma música que acreditávamos agradar a um público mais heterogêneo. Por isso apostamos nela para o videoclipe.
Marcelo - É a música mais “radiofônica” do álbum e mescla peso com suavidade em medidas certas. Antes de gravar o clipe já percebíamos nos shows o público cantando o refrão. Aí não tivemos dúvida.
Loks - E ainda vamos fazer mais clipes para esse CD.



E como vocês vêem “The Game of Fate” hoje? Qual a repercussão do disco até então?
Jaéder - A repercussão tem sido muito, muito boa, talvez nem a gente esperasse tanto. Tal receptividade apenas tem nos motivado ainda mais.
Marcelo - Foi além das expectativas, cruzando fronteiras literalmente, tanto que vem agora a culminar com uma “EUROPEAN TOUR”, que acontece de 08 a 20 de outubro com 15 shows espalhados por 5 países do velho continente. O álbum trouxe pra banda um respeito muito grande, de público, músicos e críticos, e isso é fundamental para uma carreira bem sucedida. Não há sucesso profissional sem esses fatores.
Loks - Toda a imprensa especializada pode falar por ele. Eu acho que quem gosta de Rock no Brasil tem que conhecer esse trabalho, pois estamos indo mostrar ele lá fora e com grande facilidade de encontrar lugares e público pra tocar, coisa que aqui são mais difíceis.

Provavelmente vocês já estão trabalhando em algo novo, o que podem nos adiantar sobre futuros lançamentos, shows, enfim...?
Jaéder - Estamos participando de uma coletânea que está saindo na edição de outubro da revista britânica Terrorizer. Também estaremos lançando um registro ao vivo de nossa turnê pela Europa, que ocorrerá neste mês de outubro e contemplará 5 países e festivais tradicionais como o Razorblade na Alemanha, além de pubs consagrados como o Cart & Horses em Londres, casa onde o Iron Maiden deu seus primeiros passos. Também o próximo CD de estúdio está com o repertório super adiantado. Enfim, muitas novidades em breve.
Marcelo - As músicas do novo álbum já estão quase todas prontas, tanto que nessa tour pela Europa estaremos mostrando algumas. Na virada do ano o foco passa a ser o terceiro álbum. Acreditamos num 2016 muito promissor!
Loks - Temos um CD praticamente pronto e posso garantir está muito bom. Ainda não temos data pra gravação e lançamento, mesmo porque temos que produzir alguns clipes e divulgar mais o “The Game...”. Quanto a shows, por enquanto o foco é nossa tour pela Europa.

O Pop Javali está junto há 20 anos com a formação intacta, coisa rara. Qual seria o segredo dessa longevidade da banda?
Jaéder - O segredo é respeito mútuo, amizade e o prazer que temos em tocar juntos. E temos muita lenha ainda pra queimar, que venham mais 20 anos ou até quando durarem os estoques. (risos)
Marcelo - Amor e Respeito. Uns pelos outros. E dos três pelo trabalho, pela banda e o que ela representa em nossas vidas. Pode soar meio brega, mas sinto que o segredo está no fato de que nós três nascemos pra isso. E estamos prontos pra ser quem nós nascemos pra ser! Talvez não haja um segredo, o fato é que estamos juntos desde sempre e temos laços de amizade e musicais muito fortes, nos entendemos muito bem, e estamos envelhecendo juntos. É sensacional você ter uma dor no joelho, por exemplo, e descobrir que seu parceiro de banda tem também e não falava nada de vergonha. (risos)
Loks - Muito obrigado galera do Arte Metal, espero terem se divertido como nós, grande abraço a todos os leitores do Blog, e curtam, compartilhem, ajudem a manter a chama do Rock nacional acesa, temos muitos, mas muitos talentos aqui e tanto público e bandas, a palavra é uma só: UNIÃO galera, a UNIÃO faz a força!

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