quinta-feira, 27 de julho de 2017

Killing Yourself: Chis Koda (Bento)



Um ser discreto, mas amante de um bom barulho. Icônico, presente em diversos projetos, inclusive nos meios de comunicação especializados. Estamos falando de Chis, X, Koda, Chris... De baterista de banda cover a apresentador de programas de televisão, hoje é o Bento d’Os Capial. Antes (e agora atualmente também) integra a Prey of Chaos, seus principais sucessos, além da banda de Rock alternativo Eleanora. Este é o nosso convidado que vai pro paredão de mais uma seção Killing Yourself e comenta seus principais registros fonográficos.


“As Blood You Would Give for Your Faith?” – Prey of Chaos (2009)
Foi uma experiência nova até então, e emocionante. Acho que foi a primeira vez que gravei ‘oficialmente’ em estúdio, ou seja, com o objetivo de divulgar o trabalho, ao invés de apenas gravar algo para mim. A temática da Prey of Chaos, de maneira geral, gira em torno de desigualdades político-sociais, basicamente. Isso vem desde o início e continua até hoje. A respeito da produção, curiosamente gosto demais de como o som foi captado originalmente! Amo aquela versão crua da demo, e não gosto da versão final do trabalho, no que se refere à mixagem. É uma frustração que só não é maior porque considero (somente eu) a versão crua como a original (risos). Recordo-me de que eu tinha um jeito de fazer ‘blast beats’ em que eu marcava o tempo no prato de condução. Mas certa vez o baixista comentou que não curtia muito a ideia, então, nos registros posteriores, abandonei essa marcação. Também lembro que tivemos que regravar duas músicas, se não me engano, mas foi tudo tranquilo. Curiosamente não utilizamos metrônomo e filmamos toda a gravação (exceto das duas que regravamos) e, quando sincronizei o áudio da demo com a imagem dessas, o tempo ficou praticamente igual! Fiquei contente por perceber que tocávamos na mesma velocidade as faixas (risos)! Tem um lugar no coração, assim como todos os registros que já tive a oportunidade de fazer, mesmo que a versão final não me agrade, pelo que expus acima (risos).

Prey of Chaos


“Lost Hope” – Prey of Chaos (2012)
Honestamente, foi estressante e decepcionante. Vou revelar uma coisa aqui. É a demo da banda que mais gosto, mas gravá-la foi frustrante, ao menos para mim. Fiquei insatisfeito com meu desempenho, e era difícil nós nos juntarmos para conseguir finalizar as gravações com tranqüilidade, já que cada um mora em uma cidade diferente. Quando finalizamos, incrivelmente não gostamos do resultado e engavetamos o material. Acho que foram vários meses, talvez um ano, não me lembro, mas um dia peguei aquilo de novo e escutei. E amei a demo! Dei uma mexida lá e cá, arrumei umas cagadas e quando mostrei aos caras, eles também se empolgaram muito. E assim, “Lost Hope” foi lançada! Para mim, foi a produção mais poderosa que nosso baixista já fez. Acho “Lost Hope” uma gravação ‘cheia’, muito pesada. Inicialmente eu não tinha curtido muito o timbre da caixa, com a pele bem esticada, mas depois de um tempo, adorei-a daquele jeito! As temáticas continuaram seguindo a linha mencionada na resposta da demo anterior. Tem duas curiosidades sobre “Lost Hope”: o cover de Crucificados pelo Sistema, do RDP, foi autorizado pelo João Gordo, e eu lembro que decidi acelerar a música ainda mais, na hora em que já estava tudo pronto para a gravação. Quando o Jarrão (baixosta da POC) deu o “rec”, avisei que ia tocar mais rápido e assim o fiz. Quando o Japa (guitarra/vocal) ouviu posteriormente, ficou meio bravo comigo (de zoeira) porque ficou mais difícil de ele acompanhar a música (risos). Outra curiosidade é que a demo teria inicialmente onze músicas. No entanto, a gravadora Shinigami Records estava convidando bandas para a coletânea “Hellstouch” (2013) na mesma época em que estávamos finalizando “Lost Hope”. Assim, decidimos pegar duas músicas e mandamos para eles. Como falei, amo essa demo, é meu registro favorito da Prey of Chaos. Adoro a gravação, adoro as composições em si. Lembro que foi muito bem recebida pela mídia especializada e por quem acompanha a banda. E isso representa muito para mim, já que é muito legal saber que alguém gosta de seu trabalho.


“Kill Him!” – Prey of Chaos (2013 - EP)
Foi incrivelmente fácil, ao contrário de “Lost Hope”. Tanto que a ideia de lançar um EP surgiu durante o ensaio das músicas e, naquela mesma tarde, já gravamos as três músicas (o EP é composto por outras duas ao vivo). A coisa fluiu como nunca! Como estávamos entrosados, foi prazeroso e rápido gravar ”Kill Him!”. Mas devo admitir que, embora eu goste das músicas, senti falta da velocidade nelas. No EP, exploramos coisas mais cadenciadas, exceto pela faixa de minha autoria, Almost Gore, na qual tentei colocar alguns ‘blast beats’. Lembro que foi tudo tão dinâmico na produção, que logo a capa também já estava pronta. Ah, sim, e na mesma sessão, gravamos também The Kill, cover do Napalm Death que entrou no tributo brasileiro à banda. Também adoro essa gravação. “Kill Him!” foi nosso último registro antes de a banda fazer essa pausa de dois anos e meio (retornamos em fevereiro de 2016). Lembro que foram feitos 40 EPs físicos, e conseguimos vender tudo naquele que seria o último show da Prey (antes do retorno), em São Carlos. Tocamos sem o baixista, que teve um compromisso no dia.



“Nossa Grindroça Querida” – Os Capial (2015)
Apesar de estarmos muito entrosados, por conta de ensaios fervorosos, a gravação foi difícil para mim, particularmente. Por alguma razão, tive problemas com minhas pernas, que teimavam em não me obedecer e, assim, os bumbos ficaram desencaixados em diversos momentos do CD. Esse problema passou meses depois... e retornou recentemente. Estou me exercitando pra tentar sanar isso de vez. O disco foi gravado na casa do baixista da Prey of Chaos, o Jarrão, de uma vez, ao vivo (inclusive os vocais juntos). O processo foi rápido, pelo fato de estarmos bem entrosados, como mencionei. Mas fiquei frustrado com minha performance. Eu não me importaria em regravar o material (risos). Deixamos a produção toda na mão do Jarrão, e o cara caprichou na sujeira do material. Ficou pesado, extremo, foda! Quanto à temática, Os Capial fala (quase) sempre sobre atividades agrícolas e a vida no campo, de maneira geral. Nossa intenção é continuar sempre com essa proposta. Acho que é mais a minha frustração por não ter conseguido tocar direito na gravação, mas ainda acho um disco muito legal. Representa algo um pouco mais profissional, já que foi meu primeiro full a sair por um selo, o Rotten Foetus Productions, do Diomar Souza. Uma honra para mim estar no cast desse cara, que hoje comanda a Cemitério Records, selo pelo qual saíram os dois álbuns posteriores da banda.

“Grindiagem Deatherra” – Os Capial (2016)
Esse também estava bem ensaiadinho. Foi fácil de gravar, e dessa vez, foi tudo separado, no Estúdio Távola, do grande amigo Artur Rinaldi. Havíamos reservado oito horas de estúdio só para gravar a bateria, mas consegui finalizar tudo em duas horas e meia (risos)! Assim, antecipamos a gravação de guitarra, e tudo correu muito bem. A produção do “Grindiagem...” é suja também, e ficou assim principalmente a meu pedido. O Artur e o Dito queriam algo um pouco mais limpo, mas pedi para que ao menos a bateria ficasse bem pouco trigada. Adorei o resultado, e é meu CD favorito d’Os Capial! Acho que é o CD em que toquei mais rápido na minha vida. E foi tudo natural. Quando escutei as músicas prontas, nem eu acreditava que eu conseguia ser veloz daquele jeito (risos). Além disso, a arte é muito bonita, em minha opinião. Aliás, a arte dos três discos, para mim, são excepcionais! Para mim, é um CD que me enche de orgulho. Saber que consegui tocar daquele jeito foi fantástico. Para mim, o “Grindiagem...” é perfeito (risos)!


“Emboscada Caipira de Plasma” – Os Capial (2017)
Esse deu um pouco mais de trabalho e foi um pouco estressante em alguns momentos. Tive que regravar duas músicas, se não me engano. Mas, de maneira geral, foi a mesma coisa: gravei a bateria bem rapidamente e ‘me livrei’ logo (risos). No entanto, inventei de criar a música Barulho de maneira coletiva, e finalizar esse som foi bastante trabalhoso. Quase me arrependi da ideia por todo o trabalho que deu, apesar de eu adorar o registro. Novamente gravamos no Estúdio Távola, com o Artur, e dessa vez eu ‘cedi’ a ele e ao Dito, em relação a uma produção mais limpa. Isso é, o disco é sujão, mas é mais bem produzido. E para chegarmos a esse resultado, demorou muito também. Eu e o Dito estávamos tentando chegar a um meio termo, além de outros diversos imprevistos que deram trabalho também ao Artur, coitado (risos). No fim das contas, saiu um registro que considero excelente em termos de produção. Quanto às composições em si, não acho que tenhamos evoluído, não (risos). Gostamos de fazer o grindcore ‘padrão’, então, não tentamos inovar. Fazemos aquilo que gostamos. Algo de Death Metal até apareceu aqui, assim como no “Grindiagem...”, mas tudo naturalmente. Obviamente é sinal de nossas influências. Acho que o “Emoscada...” é o trabalho mais bem aceito d’Os Capial. Seu lançamento é extremamente recente (15 de julho), mas já abriu portas e rendeu muitos elogios até o momento. Isso, nem precisaria dizer, mas é muito gratificante para mim. Agradeço a oportunidade de falar um pouco sobre os registros, Biro! Abração, rapaz!


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