Contribuindo com o Metal
mundial (sim, mundial), o baterista Evandro Jr. está há pelo menos 33 anos na
cena. Integrando bandas pioneiras, como o Anthares, revolucionárias como o Siegrid
Ingrid e contemporâneas como o Skinlepsy, o baterista sempre foi aquém em seus
trabalhos, sendo sempre ativo nos processos de composição. Por isso, o conteúdo tão rico
desse Killing Yourself com discos tão importantes. Desfrutem!
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Anthares 1985 |
“No
Limite da Força” (1987) – Anthares: Em 1987 o Anthares já
era uma banda bem conhecida na cena underground, mas faltava o disco de estreia.
Como os tempos eram outros, recebemos o convite de três selos independentes na
época e optamos pela proposta da Devil Discos que bancou toda a produção do
álbum, não só as gravações, como também toda a parte gráfica, divulgação e
distribuição. Era praticamente nossa primeira experiência num estúdio de
gravação e o Estúdio Guidon em São Paulo tinha realmente uma certa imponência,
e um produtor que conhecia muito pouco sobre Heavy Metal. Levamos o “Reign in
Blood” (Slayer, 1986) e o “Master of Puppets” (Metallica, 1986) - lançamentos
da época - para o cara se familiarizar com o estilo e perguntamos se ele
conseguiria fazer algo similar conosco. Quanta ingenuidade, utilizamos o
equipamento alugado dos caras do Golpe de Estado (amplis e batera) e gravamos o
“No Limite da Força” em cerca de 100 horas, ou um pouco mais. Todas as músicas
que fazem parte do disco já estavam compostas há algum tempo e já tocávamos
todas elas nos shows. A maior parte das letras foi escrita pelo Henrique Poço
(vocal) e eu participei com algumas estrofes aqui e ali. Convidamos alguns
amigos para os backing vocals, entre eles os caras do Necromancia. O lançamento
ocorreu no final de 1987 e teve uma grande repercussão, mas anos depois acabou
por se tornar um clássico do Metal nacional, algo que não imaginávamos na
época.
“Demo
93” e “Retaliation” (Demo 1995) – Anthares: Após profundas
mudanças na formação do Anthares a partir do final dos anos 80, o que afetou
diretamente na impossibilidade da banda gravar seu segundo disco naquela época,
finalmente encontramos um novo vocalista, o Renato Higa em 1992 e a partir daí
começamos a escrever letras em inglês. Finalmente em 93 gravamos uma demo com
três músicas no estúdio Anonimato em SP e voltamos aos shows com intensidade.
Nessa maré de franca atividade, compusemos mais cinco músicas novas, todas com
letras em inglês também e lançamos a demo “Alienation” em 1995, também gravada
no estúdio Anonimato. Ambas as demos tiveram grande repercussão, fazendo com
que o Anthares voltasse a ter destaque na cena e passasse a receber vários
convites para shows. Mas essa fase das demos foi difícil, não havia um foco
definido, e sem previsão e falta de definição para a gravação de um novo disco,
a banda interrompeu suas atividades por um período de sete anos.
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Siegrid Ingrid |
“The
Path to Nothingness” (Demo 1998) – Siegrid Ingrid: Esse
foi meu primeiro registro com o Siegrid Ingrid que anteriormente já havia
lançado um single e seu disco de estreia “Pissed Off” (1995). Eu fui convidado
pelo Punk, vocalista da banda que já me conhecia de baladas e outros shows em
que Anthares e Siegrid Ingrid dividiram palcos na década de 90. Entrei na banda
com uma formação já totalmente diferente daquela que gravou o disco e algum
tempo depois, o guitarrista André Gubber (Skilnepsy) acabou retornando ao
Siegrid. O outro guitarrista era o Luciano que há vários anos faz parte da
formação do CPM22. Gravamos essa DT de forma quase caseira em SP, mas devido à
boa qualidade sonora, resolvemos lançá-la já como uma prévia do futuro novo
álbum que planejávamos.
“The
Corpse Falls” (1999) – Siegrid Ingrid: O Siegrid Ingrid já
estava em alta nessa época, muitas gigs, muita loucura e um repertório novo
pronto para ser gravado. Assinamos contrato com a mítica Cogumelo Records de BH
e escolhemos o Estúdio Mr. Som dos caras do Korzus para produzi-lo. Inclusive
há uma participação do Pompeu numa das faixas do disco. Acredito que para
aquela época, final dos anos 90, a produção foi muito boa. Lembro que gravei
com uma Pearl antiga, mas “preparada” para soar de forma adequada com as
condições do estúdio. A formação já era outra, e além de mim, do Punk, e do
André Gubber, tinha o Luiz Berenguer no baixo e o Borô na outra guitarra. Nós
estávamos realmente em ótima forma naquela época e tínhamos boas composições.
Creio que fizemos um ótimo trabalho, tanto que o “The Corpse Falls” nos rendeu
gigs memoráveis com o Ratos de Porão, Claustrofobia, e inclusive um especial de
meia hora só com a banda no programa Fúria da MTV e também no programa “Turma
da Cultura” da TV Cultura em 2000.
“Reign
of Chaos” (CD/Demo 2003) – Skinlepsy: Em 2003 ocorreu um racha
no Siegrid Ingrid, não havia mais clima com o Punk, não havia mais
possibilidade da banda continuar. Então resolvemos criar uma nova banda, o
Skinlepsy, com um novo vocalista. Nós já tínhamos algum material que
provavelmente seria utilizado para um novo disco do SI, mas resolvemos
repaginar algumas músicas e gravamos uma ótima DT (no formato CD) chamada
“Reign of Chaos” no estudio Mr. Som com produção do Heros Trench e Marcello
Pompeu (ambos do Korzus). Foram gravadas
três novas músicas: “Crucial Words”,
“Alienation” e “Crawling As A Worn”
e esse material foi bastante divulgado naquela ocasião. Mas, em seguida o novo
vocalista resolveu seguir com outros projetos, e nós optamos por congelar o
Skinlepsy por tempo indeterminado, mesmo porque nós vínhamos de um processo bem
desgastante de mudança de formação nos meses finais de Siegrid Ingrid.
“Condemning
the Empty Souls” (2013) – Skinlepsy: Me reencontrei com o
guitarrista André Gubber em 2011 e dispostos a ressuscitar o Skinlepsy,
iniciamos os ensaios de forma intensa construindo o repertório para gravar o
disco de estreia da banda. Porém precisávamos de um vocalista. Os caras do
Claustrofobia nos indicaram o Henrique Fogaça do Oitão, e ele prontamente
passou a ensaiar com a gente por alguns meses. Iniciamos o processo de gravação
no Estúdio Da Tribo do nosso brother Ciero, através do sistema analógico, mas
em razão de diversos imprevistos durante a produção, resolvemos terminar o
disco em outro estudio, o 44 com produção do Beto Toledo e já utilizando o
sistema digital. O Henrique Fogaça devido a uma série de compromissos já não
estava mais conosco, e para não atrasar ainda mais a produção do disco, o André
Gubber resolveu gravar as vozes. Foi definitivamente um processo bastante
conturbado que exigiu de nós muita paciência, dedicação e esforço para
concretizá-lo, mas a confiança na força das composições e na nossa insistência
fez com que as coisas acabassem dando certo no final. O disco teve
participações especiais da Fernanda Lira da Nervosa, o Luiz Louzada do Vulcano
e o guitarrista Thiago Schulze do Divine Uncertainty. Apesar de as partes de
bateria e baixo terem sido gravadas no sistema analógico e as guitarras e vozes
no sistema digital, acredito que o produtor fez um grande trabalho extraindo um
peso descomunal e um brilho intenso no resultado final. O disco foi lançado e distribuído
em 2013 pela Shinigami Records numa parceria com a banda.
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Anthares atual |

“Dissolved” (2017) –
Skinlepsy: Sem dúvida nenhuma esse foi o melhor trabalho que gravei como
baterista! Considero “Dissolved” um álbum maduro, desenvolvido por músicos
veteranos da cena underground brasileira que ainda tinham o que mostrar (ou
provar!?). Começamos a compô-lo em 2015 e ao longo do processo ocorreram duas
mudanças na formação: o baixista Luiz Berenguer deixou a banda, e um pouco
antes disso nós passamos a ter um segundo guitarrista, o Leonardo Melgaço
(ex-Divine Uncertainty), o que trouxe maior consistência e peso para o
Skinlepsy. Voltamos mais uma vez ao Estúdio 44 onde já estávamos habituados com
a atmosfera e com a capacidade e competência do produtor Beto Toledo, que nos
entregou um trabalho do qual nos orgulhamos sem dúvida alguma. O Leonardo
compôs a “The Hate Remains the Same”,
além de alguns solos do disco. Todo o restante do trabalho foi composto por mim
e pelo André Gubber que desta vez foi responsável por toda a parte lírica. É um
álbum brutal que mescla todas as nossas influências do Thrash e do Death Metal
ao longo das nossas vidas e traz uma pequena pitada do Death Metal melódico
também, além de alguns elementos do Hardcore. Mais uma vez a Shinigami Records
foi nossa parceira no lançamento de Dissolved em 2017, e o álbum continua
repercutindo por aí… e nossa história não acabou!
Grande Júnior amigo é irmão começou do nada e se transformou num monstro do metal mundial parabéns guerreiro
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