Por Vitor Franceschini
Foram anos sem lançar um
trabalho completo inédito. Exatos 33, mais precisamente, desde que o Possessed
lançou o subestimado “Beyond the Gates” (1986), sucessor do clássico “Seven
Churches” (1985), a banda de São Francisco, Califórnia, não soltava um disco.
Foram poucos anos até se tornarem pioneiros do Death Metal e, depois de algumas
lacunas, a banda recomeçou a fazer shows esporádicos em 2007. Incrivelmente,
quem sempre ressurgiu com o grupo, foi o ex-baixista e vocalista, agora somente
vocalista, Jeff Becerra. Afinal, baleado ao reagir a um assalto em 1989, o
músico ficou paraplégico e tocou o barco enquanto pode até amadurecer a ideia
de trazer o Possessed a ativa e a compor novamente. Pois então, desde 2011
trabalhando no novo disco, o Possessed chega a “Revelations of Oblivion”, seu
terceiro trabalho de estúdio e que resgata toda sua história e essência,
preservada pelos ‘novos’ integrantes Daniel Gonzalez (Create a Kill, Gruesomee)
e Claudeous Creamer (From Hell, Mucus Membrane) nas guitarras, Robert Cardenas
(baixo, Coffin Texts, Engrave) e baterista Emilio Marquez (Asesino, Coffin
Texts, Engrave), este último que fala ao ARTE
METAL e conta sobre o momento atual da banda.
Há
33 anos o Possessed não gravava um full-lenght. Com exceção de Jeff Becerra,
todos os outros integrantes estavam pela primeira vez no estúdio gravando um
trabalho completo. Qual foi a sensação disso?
Emilio
Marquez: Olá Arte Metal do Brasil, obrigado pela entrevista e o
interesse no Possessed. Foi muito bom finalmente entregar esse álbum para o
mundo. A Nuclear Blast é mundial, portanto, ficamos felizes por ter essa
distribuição por todo o globo. O trabalho foi em equipe. Começamos a escrever
este álbum em 2011, tomamos todo o nosso tempo. Muito tempo de pré implementação
ajudou a acelerar o processo de gravação quando foi hora de fazê-lo.
E
como foi o processo de composição de “Revelations of Oblivion”? Jeff foi o
carro-chefe nisso ou ouve contribuição mútua?
Emílio:
Este
line-up respeita muito um a opinião do outro. Boas críticas são bem recebidas,
o que permite que todos fiquem felizes com cada música. Esta formação tem
grande química, então foi fácil escrever novas músicas.
Até
pergunto isso, porque “Revelations of Oblivion” traz todas as características
do Possessed aos tempos atuais, mesmo não contando com os integrantes dos
discos anteriores?
Emílio:
Nós quisemos manter a velha escola do Possessed e não fazer nosso próprio
estilo. Os fãs do Possessed não aceitariam se tocássemos um estilo diferente do
da banda. Assim, fizemos essas canções no melhor estilo da banda que pudemos, e
com os vocais de Jeff, “Revelations of Oblivion” é o disco ideal para ouvir e
comprar (risos). Visite Nuclear Blast diretamente. https://www.nuclearblast.de/en/label/music/band/discography/details/5857459.4102998.revelations-of-oblivion.html
Aliás,
como foi resgatar essa sonoridade do Possessed? Você já era um fã da banda e os
outros membros também?
Emilio: Nós
somos todos fãs. Eu pessoalmente estava aprendendo as linhas de Mike (Sus,
baterista clássico da banda) por volta do final de 2006, então eu acho que este
é o resultado até agora (risos). Acredite, eu ainda pratico.
Uma
dessas principais características são as guitarras, que trazem a essência do
Possessed. Isso foi algo natural ou houve uma preocupação em resgatar essa
identidade?
Emilio:
Jeff é o líder, assim que todos escrevemos os riff e ele gosta, usamos. Toda a
escrita é com o sentimento da velha escola do Possessed. Dan (Daniel Gonzalez,
guitarrista) entrou na banda em 2011, então ele sente essa pegada. Também o restante
são grandes músicos.
As
suas linhas de bateria, aliás, têm sido muito elogiadas pela crítica e fãs de
um modo geral, sendo inclusive citada como algo que somou à sonoridade do
Possessed. Como você vê isso e como foi trabalhar sua parte?
Emilio: Eu
geralmente toco com as guitarras. O estilo de sincronia. Toco deste jeito desde
muito jovem, mas agora que tais riffs me desafiam, eu amo ainda mais isso.
Canções brutais são um exercício. Não são tão rápidas como as do Asesino (blast
beats), mas o Possessed é mais agressivo. Um exemplo disso (tem que se
concentrar nos pratos) é Shawdowcult
(é como correr o mais rápido que puder com os braços balançando).
Jeff
também está cantando como nunca. Como você pôde sentir ele trabalhando suas
linhas no álbum e como ele está com a repercussão do disco?
Emilio:
Cada música tem sua própria identidade. Os vocais de Jeff são apelos de horror.
Ele também trabalhou ideias com Peter Tagtgren (produtor do álbum), e ficou
matador.
Aliás,
vocês sentiram alguma pressão ao gravar “Revelations of Oblivion” por se tratar
de uma banda pioneira e clássica no cenário?
Emilio:
Sim um pouco, mas nós sabíamos que as canções eram grandiosas. Nós pegamos o
melhor de 16 músicas. Também nós sabíamos que se fizéssemos diferente, os fãs, selos
e músicos não o aceitariam.
Até
porque, até que eu saiba, não houve críticas e nem saudosismos citados em
relação a formação atual. O público parece tê-los recebido muito bem, certo?
Emilio:
Me senti muito surpreso, porque sempre há críticas a formações novas de bandas
clássicas do Metal. Meu muito respeito aos fãs de Metal, pois não somos nada
sem o apoio deles.
“Revelations
of Oblivion” foi lançado no Brasil pelo selo Shinigami Records. Como é poder
ter o álbum lançado por aqui? O Possessed tem uma legião fervorosa de fãs aqui
no Brasil. Vocês pretendem tocar por aqui na turnê do novo álbum?
Emilio:
Não vejo a hora de ir ao Brasil. Um país bonito, uma música surpreendente e
brutal. Esperamos uma turnê com Krisiun e Possessed em breve, meu amigo. Queremos
ir para o Brasil o mais rápido possível. Qualquer ideia que acelere o processo
é bem vinda.
No
mais, foi uma honra fazer essa entrevista. Gostaria que deixasse uma mensagem
aos fãs brasileiros.
Emilio:
O
Possessed ama a cena brasileira. Vocês têm a arte, músicos e mulheres
incríveis. Esperamos tocar para vocês em breve. Mantenham contato.
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