quarta-feira, 12 de junho de 2019

Possessed: "Queremos tocar aí em breve"




Por Vitor Franceschini

Foram anos sem lançar um trabalho completo inédito. Exatos 33, mais precisamente, desde que o Possessed lançou o subestimado “Beyond the Gates” (1986), sucessor do clássico “Seven Churches” (1985), a banda de São Francisco, Califórnia, não soltava um disco. Foram poucos anos até se tornarem pioneiros do Death Metal e, depois de algumas lacunas, a banda recomeçou a fazer shows esporádicos em 2007. Incrivelmente, quem sempre ressurgiu com o grupo, foi o ex-baixista e vocalista, agora somente vocalista, Jeff Becerra. Afinal, baleado ao reagir a um assalto em 1989, o músico ficou paraplégico e tocou o barco enquanto pode até amadurecer a ideia de trazer o Possessed a ativa e a compor novamente. Pois então, desde 2011 trabalhando no novo disco, o Possessed chega a “Revelations of Oblivion”, seu terceiro trabalho de estúdio e que resgata toda sua história e essência, preservada pelos ‘novos’ integrantes Daniel Gonzalez (Create a Kill, Gruesomee) e Claudeous Creamer (From Hell, Mucus Membrane) nas guitarras, Robert Cardenas (baixo, Coffin Texts, Engrave) e baterista Emilio Marquez (Asesino, Coffin Texts, Engrave), este último que fala ao ARTE METAL e conta sobre o momento atual da banda.

Há 33 anos o Possessed não gravava um full-lenght. Com exceção de Jeff Becerra, todos os outros integrantes estavam pela primeira vez no estúdio gravando um trabalho completo. Qual foi a sensação disso?
Emilio Marquez: Olá Arte Metal do Brasil, obrigado pela entrevista e o interesse no Possessed. Foi muito bom finalmente entregar esse álbum para o mundo. A Nuclear Blast é mundial, portanto, ficamos felizes por ter essa distribuição por todo o globo. O trabalho foi em equipe. Começamos a escrever este álbum em 2011, tomamos todo o nosso tempo. Muito tempo de pré implementação ajudou a acelerar o processo de gravação quando foi hora de fazê-lo.

E como foi o processo de composição de “Revelations of Oblivion”? Jeff foi o carro-chefe nisso ou ouve contribuição mútua?
Emílio: Este line-up respeita muito um a opinião do outro. Boas críticas são bem recebidas, o que permite que todos fiquem felizes com cada música. Esta formação tem grande química, então foi fácil escrever novas músicas.

Até pergunto isso, porque “Revelations of Oblivion” traz todas as características do Possessed aos tempos atuais, mesmo não contando com os integrantes dos discos anteriores?
Emílio: Nós quisemos manter a velha escola do Possessed e não fazer nosso próprio estilo. Os fãs do Possessed não aceitariam se tocássemos um estilo diferente do da banda. Assim, fizemos essas canções no melhor estilo da banda que pudemos, e com os vocais de Jeff, “Revelations of Oblivion” é o disco ideal para ouvir e comprar (risos). Visite Nuclear Blast diretamente. https://www.nuclearblast.de/en/label/music/band/discography/details/5857459.4102998.revelations-of-oblivion.html

Aliás, como foi resgatar essa sonoridade do Possessed? Você já era um fã da banda e os outros membros também?
Emilio: Nós somos todos fãs. Eu pessoalmente estava aprendendo as linhas de Mike (Sus, baterista clássico da banda) por volta do final de 2006, então eu acho que este é o resultado até agora (risos). Acredite, eu ainda pratico.

Uma dessas principais características são as guitarras, que trazem a essência do Possessed. Isso foi algo natural ou houve uma preocupação em resgatar essa identidade?
Emilio: Jeff é o líder, assim que todos escrevemos os riff e ele gosta, usamos. Toda a escrita é com o sentimento da velha escola do Possessed. Dan (Daniel Gonzalez, guitarrista) entrou na banda em 2011, então ele sente essa pegada. Também o restante são grandes músicos.



As suas linhas de bateria, aliás, têm sido muito elogiadas pela crítica e fãs de um modo geral, sendo inclusive citada como algo que somou à sonoridade do Possessed. Como você vê isso e como foi trabalhar sua parte?
Emilio: Eu geralmente toco com as guitarras. O estilo de sincronia. Toco deste jeito desde muito jovem, mas agora que tais riffs me desafiam, eu amo ainda mais isso. Canções brutais são um exercício. Não são tão rápidas como as do Asesino (blast beats), mas o Possessed é mais agressivo. Um exemplo disso (tem que se concentrar nos pratos) é Shawdowcult (é como correr o mais rápido que puder com os braços balançando).

Jeff também está cantando como nunca. Como você pôde sentir ele trabalhando suas linhas no álbum e como ele está com a repercussão do disco?
Emilio: Cada música tem sua própria identidade. Os vocais de Jeff são apelos de horror. Ele também trabalhou ideias com Peter Tagtgren (produtor do álbum), e ficou matador.

Aliás, vocês sentiram alguma pressão ao gravar “Revelations of Oblivion” por se tratar de uma banda pioneira e clássica no cenário?
Emilio: Sim um pouco, mas nós sabíamos que as canções eram grandiosas. Nós pegamos o melhor de 16 músicas. Também nós sabíamos que se fizéssemos diferente, os fãs, selos e músicos não o aceitariam.

Até porque, até que eu saiba, não houve críticas e nem saudosismos citados em relação a formação atual. O público parece tê-los recebido muito bem, certo?
Emilio: Me senti muito surpreso, porque sempre há críticas a formações novas de bandas clássicas do Metal. Meu muito respeito aos fãs de Metal, pois não somos nada sem o apoio deles.

“Revelations of Oblivion” foi lançado no Brasil pelo selo Shinigami Records. Como é poder ter o álbum lançado por aqui? O Possessed tem uma legião fervorosa de fãs aqui no Brasil. Vocês pretendem tocar por aqui na turnê do novo álbum?
Emilio: Não vejo a hora de ir ao Brasil. Um país bonito, uma música surpreendente e brutal. Esperamos uma turnê com Krisiun e Possessed em breve, meu amigo. Queremos ir para o Brasil o mais rápido possível. Qualquer ideia que acelere o processo é bem vinda.

No mais, foi uma honra fazer essa entrevista. Gostaria que deixasse uma mensagem aos fãs brasileiros.
Emilio: O Possessed ama a cena brasileira. Vocês têm a arte, músicos e mulheres incríveis. Esperamos tocar para vocês em breve. Mantenham contato.

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