Por Cris Figueiredo
Fotos: Veronika
Minasianc - VM Photography
Conversei com o
Guitarrista Igor Tavares, direto de Dublin, capital da Irlanda, sobre as cenas
do Brasil e da Europa, a sua história com a música e, principalmente, das
gravações do debut da banda - com previsão de lançamento ainda este ano - e a
experiência de participar, diretamente, na produção. A Viscerall entrou em
estúdio, no mês de março deste ano, para a gravação do seu EP - ainda sem
título divulgado - prometendo trazer peso, melodias marcantes e um Heavy Metal
bastante singular e orgânico. Vale a pena conferir a entrevista.
Sua vivência e paixão
pela música começou muito cedo, o que te deu uma experiência mesmo ainda jovem.
Fale um pouco da sua história com a música e sua trajetória até esse momento
como produtor musical e guitarrista da Viscerall.
Igor
Tavares: Iniciei os meus estudos musicais aos 14 anos de
idade, na cidade de Alagoinhas/BA. Ao lado de amigos, ainda na adolescência,
participei de alguns projetos de MPB/Bossa, Pop Rock, Rock’n Roll e Heavy
Metal. Foi naquela época, inclusive, que vim a participar, a convite de Gleuber
Machado, do projeto embrião que hoje viria a ser a Viscerall, sendo este
chamado de projeto Agge. Em 2005, aos quase 19 anos de idade, após mudar-me
para a cidade de Salvador/BA, tive a oportunidade de ingressar em diversas
bandas de relevância na cena local. Como destaque, poderia citar a Templarius,
projeto autoral ao qual dediquei, entre muitos shows e gravações de álbuns e
demos, muitos anos da minha vida como músico. Ainda nessa época, tive passagens
em outros projetos autorais e/ou covers, podendo citar a breve passagem pela
Nomin. A partir do ano de 2012, por razões profissionais, acabei por fixar
residência em outros estados da federação, o que me deu a oportunidade de
conhecer e conviver com diversos personagens atuantes nas diversas cenas com as
quais me relacionei. Como destaque, musicalmente falando, citaria a minha
passagem pelo estado do Maranhão, onde viria a desenvolver, juntamente com o
vocalista local, Oliveira Neto, o EP do projeto Red Karma. Atualmente,
encontro-me residindo fora do país, mais especificamente na cidade de Dublin,
capital da República da Irlanda. Como não seria diferente, venho me inserindo
na cena local. Como trabalhos desenvolvidos por aqui, posso citar a gravação do
EP de uma banda local chamada The Fallen Ones, onde atuei como guitarrista nas
gravações e em alguns shows. Contudo, continuo colaborando ativamente com os
trabalhos da Viscerall, mesmo à distância. Com relação à atual posição como
produtor, eu diria que foi um “acidente”. Antes da Viscerall, todas as
produções nas quais atuei foram focadas nos meus próprios projetos, ora por
necessidade, ora por insatisfação com os resultados alcançados. Eu, apenas,
acordei um dia e decidi que ia começar a estudar para produzir os meus
trabalhos. Tem sido assim desde a Red Karma, acima mencionada. No que diz
respeito à Viscerall, me foi feito o convite por parte do Gleuber Machado e
aqui estamos nós.
Você
está morando na Irlanda, passando uma temporada, por questões profissionais,
mas, continua vivendo a música intensamente. Qual sua avaliação com relação à
cena Hard Rock/Heavy Metal em comparação ao Brasil?
Igor
Tavares: Eu diria que a cena Hard Rock/Heavy Metal underground
daqui é muito similar à nossa. Da mesma forma que ocorre no Brasil, a cena
local é movida pelas próprias bandas e alguns pequenos produtores de eventos
locais. As dificuldades encontradas aqui, para esse estilo musical, são bem
similares. Há, contudo, o ponto favorável em relação à proximidade com outros
países da união europeia. Caso a banda/projeto consiga fazer um bom network,
além do trabalho musical satisfatório, há grande chance de participar de
festivais ou pequenos eventos em outros países. Por outro lado, a cena de rock
clássico, alternativo e/ou moderno é maior e mais bem organizada/estruturada.
Dublin, em sua essência, é uma cidade com uma veia musical muito forte.
Falando
agora, especificamente sobre as gravações do EP, em curso, a captação do áudio
de bateria foi feita no Brasil, mais precisamente no estúdio da Produtora Cultural Colaborativa / Fundação do Caminho,
em Alagoinhas, na Bahia. Em relação aos demais instrumentos e vozes,
qual será a estratégia de captação?
Igor
Tavares: Por ocasião de minha última ida ao Brasil, entre os
meses de março e abril de 2019, decidimos antecipar as gravações da bateria
para o mesmo período, o que foi feito e assim concluída a captação da bateria.
Nesse mesmo período também realizamos a captação da guitarra de Gleuber
Machado. De posse deste material, os demais integrantes estão realizando as
suas respectivas pré-produções. As minhas linhas de guitarra serão captadas
aqui na Irlanda, sendo que as vozes, teclado e baixo serão gravados em estúdio aí
no Brasil, com a colaboração da Produtora
Cultural Colaborativa / Fundação do Caminho.
É
importante que se tenha uma matéria prima de qualidade, isso pode garantir um
resultado final bem mais satisfatório, acredito. O que você teria a dizer sobre
a captação dos áudios orgânicos das guitarras, a principio?
Igor
Tavares: Por conta do tempo e recursos escassos, optaremos por
usar a técnica do Re-amp. O processo, basicamente, consiste em captar apenas os
sinais limpos (DI’s, como são chamados) com auxílio de VST’s e/ou simuladores.
De posse desses sinais, ao final do processo, poderei reprocessá-los inúmeras
vezes em amplificadores reais sem a necessidade de ter alguém tocando,
propriamente. Esse processo me permite fazer quase todo o trabalho à distância,
o que nos fará economizar tempo e dinheiro, além da expectativa de melhor
resultado em relação aos timbres de guitarra.
Atualmente
existem diversas alternativas e meios de se produzir e gravar discos, inclusive
com truques muito particulares, pra qualificar e valorizar ainda mais o
trabalho. Pra produzir e fazer as gravações, quais os equipamentos/recursos que
estão sendo utilizados por você no que tange às guitarras?
Igor
Tavares: Estão sendo usados, basicamente, um Direct Box Radial
J48, Fractal Axe FX II, caixas 4x12 Mesa Boogie equipadas com falantes
Celestion V30, amplificador Mesa Boogie Triple Rectifier, microfones shure
SM-57 e Neumann U67/U87.
Tudo sendo processado no Logic Pro X.
Muitos
confundem ou generalizam as fases de uma gravação, como no caso da produção
musical, mixagem, gravação, masterização
e etc. Seria possível uma explicação breve
do caminho que será feito até que o EP esteja concluído? Quais são as etapas?
Igor
Tavares: Resumidamente, de forma simplória, eu diria:
guia/esboço inicial, pré-produção, captação, edição, mixagem e masterização.
Sabemos
que o material que vocês possuem para a gravação desse EP é de excelente
qualidade, são composições do guitarrista Gleuber Machado. Em relação às
canções que farão parte deste EP, o que você diria?
Igor
Tavares: Eu sou suspeito para falar, pois tenho uma história
com essas músicas e com os integrantes do projeto. É uma relação que se estende
desde a minha adolescência e, infelizmente (ou felizmente), apenas agora que a
vida está dando a oportunidade de concretizar o trabalho. Com relação às
músicas, propriamente, todas elas são de excelente bom gosto, havendo sempre
alguma mensagem a ser transmitida, o que é o principal objetivo de estarmos
fazendo música, no meu ponto de vista.
Sabemos
que o caminho é longo até a conclusão de todo esse trabalho, mas, o que podemos
esperar do resultado final?
Igor
Tavares: A expectativa é termos um EP forte, pesado e orgânico.
Espero que o resultado final possa ajudar o projeto a se inserir,
definitivamente, no cenário metal da Bahia, principalmente para fortalecer a
cena do interior do estado. Esse, ao meu ver, é o objetivo primário. Além
disso, é deixar algum legado no metal da Bahia. Após isso, o futuro dirá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário