Por Vitor Franceschini
Após se apresentar no
Setembro Negro Festival, que aconteceu no último final de semana (6, 7 e 8 de
setembro) no Carioca Club, em São Paulo/SP, a banda holandesa Legion Of The
Damned postou em suas redes sociais uma foto com cascas de bananas na boca de
seus integrantes imitando o icônico gesto dos macacos budistas, tão comuns na
internet, com a legenda ‘bye bye Brasil’.
O fato de sofrermos
constantes declarações racistas de ‘gringos’, de já termos sido chamados de
República das Bananas e por viver um momento sócio-político complicadíssimo fez
com que isso não passasse em branco. Virou uma tremenda polêmica, inclusive com
a banda apagando imediatamente a foto e dando uma declaração com pedidos de
desculpas. Enfim, o Legion Of The Damned nunca foi tão comentado na sua
história.
Não quero julgar, apesar
de ter achado a foto de mal gosto e inconsequente por parte da banda. Até
porque alguns dizem que foi racismo mesmo e outros esclarecem os fatos dizendo
que a banda recebeu bananas para se alimentar e, num gesto inocente, resolveu
tirar a tal foto no lugar errado e na hora errada.
Mas vamos lá. Claro, que
os headbangers brasileiros se dividiram nas redes sociais e esse é o principal
questionamento. Confesso que não apurei os fatos profundamente, por isso,
reitero, não julgarei os integrantes da banda. Porém, por que em tudo tendemos
a nos dividir instantaneamente? Não vejo, na maioria dos casos, as pessoas
realmente preocupadas em esclarecer os fatos, mas sim em se posicionar de
alguma forma que se expresse seu ódio ou aproveite a oportunidade para expor sua
opinião e, no caso de bandas, seu gosto ou desgosto pela mesma.
Lógico que temos pessoas
preocupadas com a atitude da banda, outras que apoiariam caso a intenção dos holandeses
fosse das piores e outras querendo combater o racismo, porém até que ponto
checamos os fatos e até que ponto estamos dispostos a isso? O questionamento,
antes que qualquer extremista caia por terra, não vem querer ‘passar pano’ ou
ser ‘politicamente correto’ como os dois extremos costumam dizer, mas sim
abordar essa guerra onde o fato acaba ficando em segundo plano, de tanto que
opiniões opostas se conflitam.
Ao invés de comentários,
perguntas e respostas sobre o que realmente aconteceu, vemos ataques de ambos
os lados (pessoas contra e a favor à banda) que a infelicidade gerada pela
publicação acaba ficando em segundo plano e, logo logo estará esquecida por
muitos e lembrada por poucos. Por que decidimos tomar um lado? Seria pelo fato
em si? Seria por ideologias ou simplesmente para se opor a algo ou alguém?
Isso tem tomado de
assalto o país, enquanto o que realmente importa tem ficado de lado e tomado
proporções perigosas para nós, pobres criaturas que se satisfaz em se digladiar
em redes sociais. Fica a questão: por que nos dividimos tanto?
Vitor
Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e
headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Não sabe o nome de
nenhum disco do Legion Of The Damned.
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