quarta-feira, 20 de novembro de 2019

InteraBanger: Cancelamentos de Shows




Desta vez fizemos um InteraBanger diferente. Sem abordar um disco ou cast, show, enfim... Resolvemos pautar algo polêmico, como os cancelamentos de shows no país. Sempre houve, ok. Aliás, houve um tempo em que a gente nem era rota de shows de bandas ‘médias’, somente de shows grandes e quase nulo de shows undergrounds internacionais. Hoje, com o advento da internet, temos notícias quase que imediatas de cancelamentos de shows, versões estranhas de todos os lados (banda e produtores), além de um debate polarizado incansável dos internautas fãs de Rock/Metal. Recentemente os mais polêmicos foram os do Dead Kennedys (polêmica com um cartaz político desenvolvido, segundo a banda, sem o aval deles), Eluveitie (cancelamento no meio da tour brasileira por motivos de falta de pagamento), Michaele Graves (ex-Misfits que saiu fugido pelas portas dos fundos do hotel, alegando falta de profissionalismo da produção local) e o mais ‘fresquinho de todos’, do Abbath (que apareceu embriagado em vídeo na Argentina. Segundo notícias de sites especializados, brigou com o guitarrista de sua banda e surtou). Todos com seus motivos ‘estranhos’. Bom, sobre o assunto, vamos ver o que músicos, jornalistas e fãs da música pesada pensam sobre isso. Basicamente foi perguntado: quais os principais motivos de cancelamentos na América Latina, principalmente no Brasil? As bandas não nos tratam com respeito? A produção local? Ou ambos os fatores?

“No geral é uma faca de dois gumes e difícil saber quem está certo até analisar bem a situação de ambos os lados (músicos, produtores entre outros).” (Fernando Faria Maciel, leitor – Paracatu/MG)

“Há uma via de negócio sendo malfeita entre produtora + artista. Questão de contrato e deslocamento é uma situação, pois o Brasil é diferente atualmente de todos os outros países pela banda ter que viajar mais intensamente de cidade em cidade, o que exausta bastante a banda, e sendo assim, o medo delas de tocarem em um lugar vazio mesmo tendo seu cachê garantido desanima. Outro fator é a questão dos fãs, qualquer ato da banda em cima do palco relacionado a política divide as opiniões, e as críticas negativas são as que mais prejudicam a banda pelas suas atitudes, até por ser a manchete que mais dá retorno à mídia. Outra via é os preços. Cada vez mais caro o valor dos ingressos para o fã assistir ao show. Está um absurdo pagar os valores de ingresso inteiro, salvo exceções que cobrem o preço justo, mas shows de bandas de renome tem sido um desrespeito total, ainda mais perante a situação econômica populacional. Enfim, produtoras que nem sabem falar a língua da banda agenciam shows, os artistas pedindo itens da sua cultura em nosso solo brasileiro e causando atritos, estrada pesada e preços cruéis com certeza fazem o vórtex de cada vez mais estarmos afastados das visitas da cena de fora.” (Wendell Pivetta, Metal Etílico - https://www.facebook.com/metaletilico/)

“Abbath eu achei falta de profissionalismo. Sim, o cara tem problemas com álcool ou drogas sei lá. Treta com guitarrista. A tour passou por várias cidades dos EUA, México, etc, para cancelar os shows na South America Death. Chegaram ao Chile, produtor achou melhor não ter o som por questão de segurança do público e da própria banda. Acho que o músico ficou puto, começou a beber... Aí já temos o resultado na Argentina e os cancelamentos no Brasil. Triste.” (Heraldo Becaro, leitor – Suzano/SP)

“Diferente de uma tour americana ou europeia onde a banda viaja de tourbus e vai dormindo mais tranquila, uma tour na América Latina é muito mais cansativa. Voos internacionais todos os dias, pouco tempo pra dormir, comida exótica pra maioria deles, o que geralmente gera febre e diarreia, fora a quantidade de cerveja e outras coisas. Acredito que isso é algo que complica demais. Os produtores, todos que conheço atendem muito bem a expectativa dos artistas.” (Jairo Vaz, Chaos Synopsis - https://www.facebook.com/chaossynopsis/)

“Assim, acredito que há uma certa prepotência quando se trata de tour na América Latina... Às vezes a galera chega totalmente despreparada tanto com o clima, com a comida e nem sempre são receptivos com esses pontos mais "culturais". É complicado e entendo que cada caso é um caso, mas o do Michaele Graves foi de longe o mais pilantra nesses últimos tempos. Ele sabia sim da quantidade de shows marcados e apenas não quis dar sequência. Falta de compromisso total.” (Ärthuälisson Benvindo de Jesus, UTU - https://www.facebook.com/utublackmetal/)

“Recentemente, mano? Não me conformo até hoje com o cancelamento de Voodoo Glow Skulls quase 20 anos atrás, e Jello Biafra há quase 10.” (Marcus Vinícius, leitor)

“Aqui já teve até caso do Napalm Death ser roubado, ficar sem cachê e largarem os caras na rua!” (Rodolfo Carrega, Clawn - https://www.facebook.com/Clawn.death/)

“Culpado primeiramente a organização de não ter estrutura para cumprir a demanda, depois é a banda de não procurar saber onde está se metendo, fazer os fãs de idiotas, a partir do momento que fez um fã comprar ingresso, dane -se, cumpra seu compromisso. Ambos são culpados, um não exime o outro.” (Patricia Pereira, leitora – São Paulo/SP)

“Depende de cada caso. Do Abbath foi culpa dele, bebedeiras, brigas com integrante da banda, pelo que li. Já houve casos de problemas com as produtoras, como por exemplo o MOA, anos atrás e outros shows que já foram cancelados por falta de estrutura das empresas que contratam as bandas ou até má fé dessas produtoras. Mas, também há problemas com as bandas, algumas vem ao Brasil querendo uma produção que se você for pegar pra ver shows dessas bandas em outros países, eles tocam em lugares que não chegam nem perto das casas brasileiras. Porém, existem casas brasileiras que as produtoras colocam essas bandas pra tocar que é um absurdo, sem estrutura, que até uma banda que está começando não mereceria tocar, sem desmerecer bandas iniciantes. Por fim, o público! Esse ano fui a shows do underground que quase não tinha público. Já fui a show que tinha 10, 15 pessoas assistindo à banda. Um evento com Torture Squad, Nervosa e Korzus no Carioca, com só metade da casa cheia. Enquanto isso você vê shows de bandas covers lotados, sendo que shows de bandas autorais você vai pagar uns 20 contos e já vi show do Children Of the Beast, cover do Maiden por 50 reais, o cover oficial do Rammstein, todas as vezes que os vi não paguei menos que 25/30 reais e está sempre lotado. Até onde sei, por exemplo, em Limeira o show do Abbath não vendeu muito ingresso, nem em São Paulo, inclusive a produtora baixou o preço de 120 pra 60 reais. Então não existe um só culpado, mas vários fatores e vários culpados, depende de cada caso!” (Alan de Castro, leitor – São Paulo/SP)

“Cada caso é um caso né, sempre tem a versão dos promoters e a dos músicos, cabe procurar se informar em fontes confiáveis ouvir mais de uma versão pra ter uma opinião formada. Os dois casos podem acontecer (artista gringo não ter respeito pela cena brasileira e, às vezes, há despreparo por parte dos organizadores).” (Hermano Melo, leitor – Jataí/GO)

“Eu. como sul-americano, acho que eles só estavam com o cu na mão porque os som deles são foda, mas nosso som também é foda e ‘nós é foda’, falou? Mão só o som!!!” (Leandro Pedro, leitor – São Paulo/SP)

“Metaleiro não tem grana pra bancar o rolê todo. Produção tem que pagar a banda até 10 dias antes. Não vendeu ingresso, cancela. Não adianta ENTUXAR de show.” (Carlos Krug, leitor – São José dos Campos/SP)

“Teorias da conspiração? Todos tocam aqui, de U2 a Metallica. Ainda outros dinossauros clássicos. Iron Maden, etc. Nada errado com Brasil ou nossa capacidade técnica de suporte, nem mesmo grana é problema aqui no caso de shows... aja visto o preço que cobram e a gente paga.” (Flávio Soares, leitor)

“Acho que tem bandas que vem fechando datas, como se ainda fosse gurizões. A voz já não aguenta mais, deve bater o arrependimento quando vê que é muito trabalhoso cumprir todas a datas e claro, temos muitos produtores amadores que muitas vezes não cumprem com o combinado com os caras. É, são vários fatores.” (Maykon Kjellin, O Subsolo - http://www.osubsolo.com/)

“Muito complicado. Organizar evento pequeno já dá dor de cabeça, de médio e grande porte então, nem faço ideia. Imagina você se desdobrar pra organizar e o headliner não aparece, ou aparece e não se apresenta, cancela na véspera, etc. No caso específico do Abbath vi muita gente passando pano pro cara. Eu sou fã, mas se foi bebedeira e/ou falta de profissionalismo, foi uma puta falta de respeito com os fãs e produtores...” (Flávio Diniz, Morticínio Produções - http://morticinio.blogspot.com/)

“Acho que precisa ver caso a caso. Tankard e Overkill rolou há um tempo, foi tranquilo e tudo deu certo. Michale Graves saiu correndo do país, Abbath deu vexame na Argentina e sabotou a própria banda.” (Felipe Silva, músico – São Paulo/SP)

“Mano, acho que tem de tudo. Tanto artista diva ‘mutcholoco’, quanto organizador megalomaníaco que mete os pés pelas mãos. Mas acho que o fator mais determinante é nosso cenário econômico. Todo tipo de estrutura que uma produção exige aqui é caríssima, o câmbio tá um absurdo pra artistas que recebem em moeda estrangeira e tá todo mundo sem dinheiro.” (Ricardo Pigatto, Hellway Patrol - https://www.facebook.com/hellwaypatrol/)



“Tu poderia citar o caso do Dead Kennedys também que os caras cancelaram os shows aqui no Brasil. Sinceridade? Não vou culpar os artistas não, porque felizmente não são todos que prestam esse serviço de respeitar a nossa cena, basta perguntar isso para os gringos que falam bem sobre a nossa cena, país, cultura. Lógico que tem uns filhos da puta que zoam nosso país, cena, etc. Sobre produtores aí o buraco é mais embaixo. Nem é questão de preparo pra organizar eventos, até tem alguns bons organizadores no nosso país, a estrutura até é boa, mas o que mata os organizadores brasileiros é uma série de coisa. Primeiro, os caras querem criarem um Mega Evento que não tem planejamento, vejam o que aconteceu com MOA anos atrás, não há democracia de colocar bandas de diferentes vertentes em um mesmo show. Por exemplo, em um mesmo palco, Slayer, Anthrax, Biohazard, POD, Slipknot, Napalm Death, Angra e Maná, isso é normal até no México, nem vou dizer no continente europeu, ou seja, preconceito domina muito nesses casos, e vou dizer o último aspecto que fode a gente: fazer comícios nos shows. Mano, isso só dá merda, não tem jeito. Aí depende da banda, do show, mas eu poderia responder que ambos os casos levam a isso.” (Ailton de Lima, leitor – Mauá/SP)

“Acho ambos, artistas que já chegam com um pé atrás, e falhas localizadas de produtores...” (Guto Zanutto, leitor – Itatiba/SP)

“Este final de semana aqui na minha cidade, Criciúma Sul de Santa Catarina, teve um fest. Organização impecável, mas tiveram dores de cabeça extra, tudo pago antecipado. E muitas exigências extras de última hora. E o Edu Falaschi não deu as caras no shows, simplesmente não apareceu. Ou seja, muitos garotos queriam ver ele, mas sequer avisou. Produção ficou com mãos amarradas.” (Ivan Fabio Agliati, Silent Empire - https://www.facebook.com/SilentEmpireCriciuma/)

“Tem uma tal de EV7 que já cancelou 4 tours, eu e minha esposa dançamos no Glenn Hughes em Recife/PE. Processarei Ticketmix e a EV7.” (Amorim Filho, Slow Feelings Records)

“Esse debate é bem complexo, teria que analisar caso a caso. Abbath pelo que falam, não teria condições de prosseguir com a turnê na América do Sul. Outras bandas pode ser desconformidade de acordo, falta de pagamento, falta de acomodações adequadas, indisposição das bandas... Hoje em dia só o Iron Maiden com sua super estrutura e avião próprio, tem condições de cumprir suas extensas turnês, sem maiores contratempos. Bandas menores é complicado falar, é difícil ver banda séria queimar datas, ou ficar fazendo c* doce.” (Marcelo Oliveira Silenoz, leitor – Caxias do Sul/RS)


* A seção InteraBanger do Blog Arte Metal, além de procurar inovar e tirar o veículo de certa rotina, tem o intuito de interagir com o leitor, músicos e especialistas no assunto sobre álbuns polêmicos ou não de bandas já consagradas e relevantes. Outros assuntos relativos às bandas ‘mainstream’ (ou nem tanto) também serão comentados esporadicamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário