(2019
– Nacional)
Kaotic
Records
A ousadia é algo que,
quando bem usada, dificilmente desagrada. Isso em termos criativos,
principalmente musicais. E, em primeira instância, estes paraibanos são
ousados, pois, de forma integral, resolveram pegar os subgêneros mais obscuros
do Metal e cantar em português.
Ok, não é novidade
utilizar a língua pátria, nem em algo que traz como foco o Dark e o Doom Metal,
mas da forma que a Ode Insone aposta, é algo bem raro. Afinal, o quinteto de
João Pessoa aposta no inteligível e na acessibilidade, sem perder a essência do
que propõem.
E o negócio funciona de
uma forma tão legal, que já na primeira audição, o ouvinte vai parar de fazer o
que estava fazendo só pra prestar atenção na música da banda. Música aliás, que
em sua maior parte soa cadenciada, com guitarras mesclando dedilhados e bases
gélidas distorcidas, e vocalizações que mesclam sussurros e linhas rasgadas.
Tudo trazendo letras
depressivas, derrotadas, angustiantes e sociologicamente perturbadas, descritas
de forma inteligente. Mesmo com todo este aspecto triste e obscuro, as
composições são agressivas. Há o que se dosar melhor aqui e ali, e os já
mencionados sussurros podem aparecer em menos escalas nos próximos trabalhos.
A produção é acima da
média, mas pode ser melhor lapidada, soar menos aguda. Porém, diante destes
pormenores, as qualidades de “Relógio” se sobrepõem imensamente sobre isso, e
sabemos que no mínimo estamos diante de um disco revolucionário. Vida longa ao
Ode Insone, que manda até um cover de Cazuza para O Tempo Não Para.
9,0
Vitor
Franceschini
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