Por Vitor Franceschini
Claro que todo tipo de
leitura é bem-vinda, mas não há igual para se mexer com a imaginação do que os
livros. A abrangência de reflexões, pensamentos, imaginação e abertura da mente
que uma leitura proporciona é inigualável no mundo da arte. Sem contar que
expande o vocabulário e melhora a escrita da pessoa, mas estes são aspectos
técnicos. Mesmo ler não sendo o mais forte entre os hábitos humanos,
principalmente em se tratando de Brasil.
E a leitura é como a
música. Há a simples, a leve, a pesada, a que fala das coisas reais, as
fictícias, e por aí vai. E entre as que falam sobre a realidade e ficam num
aspecto de leve leitura (depende do autor) estão as biografias. Muito
contestadas por ‘die hards’ literários (sim, radical tem em todo ramo), as
biografias (e/ou autobiografias) nos oferecem aspectos interessantes que nos
aproximam tanto de artistas que já conhecemos, quanto dos que não conhecemos.
Quando bem escritas então, trazem inclusive aspectos além da vida do
biografado, coisas como os momentos políticos e sociais da época em que a vida
do sujeito se passa... Inclusive, muito se assemelham à ficção, o quão
inacreditável são alguns momentos que apenas o indivíduo biografado viveu.
Este é meu gênero
preferido, tanto que perdi as contas das biografias que li na vida, mas o que
me vêm à mente no momento (sem mencionar os títulos, que aí já é pedir demais)
me lembro de ter lido sobre a vida e o trabalho de nomes como: Garrincha, André
Agassi, Nelson Rodrigues, Zilda Mayo, José Carlos Pace, Nelson Piquet, Marcos
(goleiro), João Gordo, Jô Soares... enfim.
Mas, nunca li tantas em
pouco tempo como as quatro últimas que li no último semestre, acredito que no
ano foram umas sete ou oito. Nada assíduo, ok, mas no mundo dinâmico em que
vivemos, e se contar os outros gêneros e formatos que leio, está de bom
tamanho. Aliás, o ano nem terminou ainda. Bom, e também o que importa? (risos)
Pois, bem venho por meio
deste recomendar estas quatro últimas, porque foi uma sequência 100% de
qualidade e satisfação. A primeira delas ganhei de presente de um amigo que,
creio eu, mal sabia que eu pouco conhecia do artista. Mesmo assim, claro que
fui ler, e o grau de superação de expectativas neste caso é bem maior.
Trata-se de “James Brown
- Sua Vida - Sua Música”, de R.J. Smith (Editora Leya). O artista dispensa
apresentações, mas sua história de vida, que em muitos momentos merece vaia,
aliás, é de prender e aprender. Muito bem escrita pelo autor (que ‘só’ é editor
sênior da Los Angeles magazine e colunista da The Village Voice. Já contribuiu
para veículos como GQ, The New York Times Magazine e Men’s Vogue), traz uma
leitura de média dificuldade, e aspectos como lutas políticas e sociais, muito
bem ambientadas durante a vida do biografado. O mais legal é que influência a
buscar pela arte do autor, mas não muito a admirá-lo como pessoa, o que
aproxima ainda mais os relatos da verdade. Obra prima.
As outras duas são curtas
como a música feita pelos seus integrantes. Ambas, autobiografias, com poucas
colaborações, “Commando: A Autobiografia de Johnny Ramone” (Editora Leya) e
“Coração Envenenado: Minha Vida Com Os Ramones” (Editora Barracuda), esta
última escrita pelo baixista Dee Dee Ramone, mostram cada uma com a visão de
seu autor, a vida conjunta excêntrica do grupo, além das vidas pessoais. O
primeiro mesmo com seu ar autoritário e conservador (essencial para comandar a
carreira dos Ramones), mostra a distinção do que era a própria vida do mesmo
com a história da maior banda de Punk Rock de todos os tempos. Já o segundo, um
‘junkie a longo prazo’, já tinha uma vida que se aproximava mais da essência do
Rock and Roll e do que era relatado nas composições do grupo, afinal, Dee Dee
era o principal letrista da banda. Ambas curtas e de fácil leitura.
A última, também uma
autobiografia, é “Paul Stanley: Uma Vida Sem Máscaras” (Editora Belas Letras),
onde o que surpreende é a capacidade de escrever que Paul, líder e guitarrista
do Kiss, mostra (também!). Músico e compositor consagrado, pintor de qualidade,
o cara ainda se revela um ótimo escritor, pelo menos para contar sua própria
história. A leitura é a mais leve e encantadora de todas, mostrando superação e
um dom para evoluir tanto profissionalmente, quanto como pessoa, visto em
poucos.
Bom, o intuito aqui era
este mesmo, recomendar as últimas biografias que li, que foram leituras tão
prazerosas que resolvi compartilhá-las. Ah, pelo que vi na internet os livros
são fáceis de encontrar e por bons preços. No mais, criem esse hábito de ler e
se você já o tem, mantenha-o.
*Vitor
Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e
headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Faz tempo que tenta
escrever uma autobiografia, mas acha que não significa nada para tanto.
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