terça-feira, 25 de agosto de 2020

In Lo(u)co: Qual a era mais importante do BLACK SABBATH?

 

Por Adalberto Belgamo

 

Nenhuma. Formações diferentes, que apenas tinham em comum o Tony ‘Master’ Iommi!

As opiniões e listas invadiram as redes sociais com a pandemia. A todo o momento nos deparamos ou somos convidados a participar das famigeradas escolhas. São os cinco melhores não sei do que ou os cinco piores não sei de onde. É uma loucura! As listas vão de músicas e bandas a melhores tratamentos de unha encravada em tratamento de frieira! (risos).

Vamos nos concentrar somente na questão musical, pois frieira e unha encravada se curam com higiene diária. Enxugar entre os dedinhos dos pezinhos e “aparar” as unhas (deixando-as retas) já resolvem os problemas (risos).

Não há dúvidas de que o Black Sabbath é o pai do Heavy Metal. Sim, já havia outros grupos experimentando composições mais densas e distorcidas, porém quem realmente formatou “a coisa toda” foi o grupo de Birmingham.

O Black Sabbath é centrado - não desmerecendo os outros integrantes - na figura do titio Iommi.  Os riffs e as harmonias são dele. Logicamente, há a colaboração na linha melódica dos vocais e na construção das músicas. O próprio Geezer já declarou que “pegava” fitas com vários riffs e organizava previamente a linha das harmonias para, posteriormente, criar as melodias vocais. Enfim, processo de composição que sempre partem (ou partiam) do material escrito pelo Tonico (risos).

Resumindo, são quatro fases da mesma banda com diferentes “pegadas”.

A fase Ozzy (a original) é a clássica. Linda, maravilhosa, fogosa e apaixonante! Já na fase Dio, além do peso característico, podemos encontrar uma maneira diferente de composição, influenciada pelo próprio vocalista. Quando me perguntam quais bandas definem o estilo Heavy Metal “roots” e/ou clássico, a sonoridade vem dessa fase, ou seja, The Dio Years, além de dos álbuns do Iron Miaden (não considero a banda Power Metal, como alguns insistem em dizer) Judas Priest e Saxon. Todas britânicas? Sim. Os EUA “importaram” as características do estilo e as incorporaram ao que faziam de pesado na época, o Hard Rock/Heavy Rock. Depois vieram os anos 80. Outra história.

 

 “Born Again” (1983)

É apenas um álbum? Mas que disco! Eu devo ter furado o vinil de tanto ouvir na época. O CD já deve estar gasto, também (risos). Foi uma amálgama de um dos maiores vocalistas ocidentais (não apenas da música pesada) com um momento inspiradíssimo da banda.  Para quem vos escreve, além da personalidade do Ian Gillan, dá para perceber elementos das duas fases anteriores. O único problema foi a produção que ficou meio “embolada” para o estilo. Um dos álbuns mais emblemáticos e poderosos na história do Metal!

 

Seventh Star” (1986)

Não é bem uma fase, mas... Poderia ser chamado muito mais de um disco solo do Toninho que um disco do Sabbath. Biógrafos colocam o álbum como parte integrante da discografia oficial. Quem sou eu para discordar de alguém que realmente se debruça sobre material por anos para desenvolver uma biografia? Ninguém. Cada um na sua. Dica: se cada um opinasse sobre o que sabe (ou até o ponto que conhece), não estaríamos vivendo um momento tão crítico no país, e não é só por causa da pandemia. Muitos “especialistas” em tudo, que se baseiam em textos de 140 caracteres ou vídeos de no máximo cinco minutos.

De volta ao disco, musicalmente há o peso dos riffs, mas de certa maneira está mais ligado ao Hard Rock dos anos 80. Discão! Glenn Hughes! Passa a régua! (risos).

 

 

A fase Tony Martin.

A minha opinião (dica: nunca leve a opinião “pessoal” de alguém como verdade absoluta, tem de desenhar? Risos) é que foi uma tentativa de resgatar a fase Dio, incorporando novas influências, principalmente “mais” comerciais em alguns momentos. É ruim? Muito pelo contrário, se levarmos em consideração as intenções da banda e as referências trazidas de Martin. “Headless Cross” (1989) é um trabalho bem próximo dos melhores momentos do Tonico como compositor. Ah, e “TYR” (1990) é um disco incompreendido até hoje pelos fãs (xiitas ou não). Não mancha a discografia da banda que, vale ressaltar mais uma vez, seguiu com o único membro original.

A análise feita aqui é superficial, levando-se em consideração as diferentes formações e propostas. É ou não complicado analisar e “opinar” sobre qual é o período mais frutífero de uma banda? Então, se já é “trabalhoso” comparar períodos diferentes em uma mesmo espectro, imaginem comparar estilos, como alguns sem-noção gostam de fazer nas redes sociais! E é uma bizarrice! Já vi postagens de lunáticos comparando os estilos do B.B. King e do Gary Holt! Deve ser muito leite de ornitorrinco sagrado da Amazônia com cloroquina na mamadeira de bilau! (risos)

Inté!

*Adalberto Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.

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