sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Válvera: "A gente faz Metal no Brasil, estamos acostumados com dificuldades."

 



Por Vitor Franceschini

 

Os dois álbuns de estreia da Válvera, “Cidade em Caos” (2015) e “Back To Hell” (2017) colocou a banda no mapa do cenário metálico brasileiro. No entanto, sem sombras de dúvidas o terceiro trabalho, “Cycle Of Disaster”, lançado este ano, é o álbum que vai separar os homens dos meninos. Com uma pegada certeira, uma evolução imensa, o novo disco da banda paulista não só atingiu os objetivos do grupo, como atingiu os ouvintes positivamente. Formada atualmente por Glauber Barreto (vocal/guitarra), Rodrigo Torres (guitarra), Gabriel Prado (baixo) e Leandro Peixoto (bateria), nem a pandemia cessou a ascendência do grupo no cenário. Quem fala com o ARTE METAL sobre o momento e o novo disco, é Barreto.

 

Sem desmerecer os álbuns anteriores, que são bons aliás, acredito que vocês encontraram o que faltava na sonoridade da banda em “Cycle Of Disaster”. Especificar o que realmente é este ‘algo’ é complicado, mas o que vocês acreditam que diferencia o novo disco dos anteriores?

Glauber Barreto – “Cycle Of Disaster” é algo diferente, realmente. Pra mim esse é nosso melhor trabalho disparado. Depois de outros 2 álbuns batendo no tradicional a gente sabia que queria algo a mais. O “C.O.D.” é apenas o começo de algo que despertou em nós, provavelmente nosso caminho futuro será entrando cada vez mais no metal moderno. Depois de tantos shows e até tour na Europa seria inevitável não ter ambições muito maiores, até porque nós queremos ser uma banda que vai tocar em grandes festivais pelo mundo e seria impossível isso acontecer sem a banda evoluir e soar como banda de 2020. Tivemos também uma evolução grande na temática e letras. Esse álbum não é de histórias jogadas, frases amontoadas ou gritos de ódio sem direcionamento. Nós realmente fomos muito mais além.

Outra coisa que se nota no novo trabalho é que a Válvera parece ter definitivamente encontrado sua identidade. No processo de composição vocês buscaram isso ou foi algo que fluiu naturalmente?

Glauber Barreto – Isso é até engraçado responder, porque no Metal a gente vive uma inquisição. Se você soa parecido com algo é porque você não inova, se soa diferente a galera não te entende. Sabendo que tem a galera chata pra caralho, nunca nos preocupamos, fazemos o que sempre temos vontade. Algo que nunca buscamos foi fazer músicas parecidas ou viver presos em um formato, ser apenas Thrash ou apenas tradicional, tipo aquelas bandas que se você ouvir qualquer música não faz diferença, parece o mesmo. Gostamos de mesclar coisas que amamos. Temos uma pegada Groove na Glow Of Death, uma pegada Thrash com Death na Cycle Of Disaster, a gente faz algo que nem sei explicar na Born On A Dead Planet, temos o Heavy tradicional na Fight For Your Life. Uma revista alemã nos chamou de Neo Thrash, mas são tantas denominações e subgêneros que eu prefiro nem quebrar a cabeça nisso. Acho que naturalmente estamos conquistando a galera com nossas misturas.

Aliás, como foi trabalhar em “Cycle Of Desaster”, desde o processo de composição do disco até a gravação do mesmo?

Glauber Barreto - Esse álbum nós começamos a trabalhar no final de 2018, logo que acabamos a Back To Hell European Tour. Voltamos pro Brasil na sede de gravar coisa nova, mas tudo leva tempo. Primeiro organizamos as ideias, o foco do álbum e depois começamos a compor. Sempre é trabalhoso, mas gostoso também. Assim que as músicas estavam estruturadas fomos pro estúdio. O Rogério Wecko do Estúdio Dual Noise é nosso brother de longa data e foi o escolhido pra esse trampo, o cara é um monstro, competente, paciente e tem feito os melhores trabalhos de Metal do país. Tem uma coisa engraçada, quando o álbum estava todo gravado, decidimos regravar metade dele em outra afinação. Achei que o produtor ia surtar, mas o Wecko não surtou, na verdade ele incentivou a gente. Conversamos muito sobre timbres, sons modernos e ele nos ajudou demais em todo processo. Devido a pandemia, as mix e masters foram feitas a longa distância e rolou de boa. Com certeza esse álbum foi o mais legal de ter trabalhado, tanto na composição como na gravação. 


 

A faixa Bringer of Evil ganhou um videoclipe, o primeiro do álbum. Por que a escolheram e como foi trabalhar neste vídeo e o seu conceito?

Glauber Barreto – Ali foi a virada de uma nova era, a entrada do novo batera, Leandro Peixoto. A gente queria mostrar pros fãs que eles podiam ficar tranquilos e não tem forma melhor de mostrar trabalho do que com música nova. Na época a Bringer Of Evil era apenas um single, o “Cycle Of Disaster” não estava nem planejado, mas ela coube até no tema desse álbum. Podemos dizer que o destino moveu as coisas pra que estivéssemos aqui. O vídeo foi feito pelo Caike Scheffer, parceiro nosso de longa data e o conceito foi além do tema da música, mas também concretizar a nova formação da banda.

As outras duas músicas de trabalho foram Born On A Dead Planet e Glow Of Death, que ganharam lyric vídeos. Qual foi o motivo da escolha e como vocês descreveriam essas canções?

Glauber BarretoBorn On A Dead Planet foi escolhida pela Brutal Records, nosso selo adorou essa música e esse momento de devastação do meio ambiente, cada dia pior, cada dia mais agressivo com o planeta. Acabou fazendo dela um hino pra tanta desgraça e falta de respeito com esse mundo. Eu amo essa música, uma das minhas favoritas. Já a Glow Of Death foi diferente, nós queríamos mostrar como seria a nova cara do Válvera usando afinações baixas e ela é um atropelo sonoro, poderosa. Não podíamos ter escolhido música melhor pra anunciar o álbum.  Essas duas faixas estão no meu top 5 da banda. 

Continuando nos vídeos, acredito hoje em dia, com o advento intenso da internet, ser muito importante trabalhar neste formato. O que pensam a respeito?

Glauber Barreto – Música e vídeo trabalham juntas, se a pessoa não aceitar isso está andando na contramão da coisa. Quando você não faz o vídeo de uma música a galera entende que ela não é a música de trabalho e as vezes a considera pior que as outras, ou até anula ela. Os jovens de hoje dificilmente têm paciência de ouvir um álbum todo, então é uma forma de deixar mastigado, pro cara vir e achar fácil o que é “bom”. Confesso que odeio lyric videos, mas com a pandemia ficou difícil filmar algo, então melhor algo feito do que apenas nos planos. Logo faremos um clipe de respeito pra alguma faixa desse álbum.  

Voltando ao disco, talvez a melodia bem-posta e os refrãos fortes sejam as principais características do trabalho, concordam?

Glauber Barreto – A gente gosta de refrão chiclete, daqueles que a galera consiga cantar junto. Riffs marcantes e refrão poderoso sempre serão o diferencial de uma música. Se ela não marca, ninguém se lembra. Esse álbum tentamos fisgar a atenção do ouvinte com riffs, efeitos de vozes, mudanças de andamento, refrãos marcantes e ainda temos os solos de guitarra, o Rodrigo faz eles sem soar chato, toca pra música, faz temáticas e aborda as técnicas sem fazer um workshop. Isso ajuda a não cansar o ouvinte e ganhar a atenção dele.

Acredito que a banda soe mais objetiva em “Cycle Of Desaster”. O Thrash Metal proposto também trilha as diversas facetas do estilo. Esse foi mais um objetivo de vocês?

Glauber Barreto – De fato foi, a gente queria um álbum forte, na pegada Thrash que fazemos ao vivo, tocando tudo mais rápido e sujo. Nesse álbum conseguimos mostrar isso e também ser mais objetivos, músicas sem enrolação, é o que é e está na cara, músicas mais curtas com temas claros. Mas como disse antes, a gente jamais vai se contentar em ser apenas um estilo. Como seria se o Black Sabbath fizesse tudo igual? Ou o Judas? Metallica? Queen? Trivium? Gostamos das variações, inúmeras possibilidades dentro do metal e vamos usá-las.

Não tem como não falar em 2020 e essa pandemia que anulou o ano praticamente. Como vocês pretendem trabalhar a divulgação neste período tão denso e como está a repercussão do disco?

Glauber Barreto – Era pra termos feito uma tour pela América Latina, 11 shows abrindo para o Queensrÿche. Caiu tudo, mas vida que segue. Não podemos parar de trabalhar, nem tirar o foco. Tá difícil pra todo mundo e reclamar não resolve nada. Se formos analisar, em 2020 fechamos com o selo americano, Brutal Records. Também ganhamos a competição “New Rock Bands”, onde tinham 712 bandas competindo. Lançamos 2 Lyrics, montamos uma loja virtual. Nossos seguidores nas redes sociais aumentaram organicamente. Lançamos mundialmente o “Cycle Of Disaster”, vendemos mais de 100 cópias só na pré-venda aqui do Brasil, agora temos uma live de lançamento pro dia 04/10 no Manifesto Bar, junto com nossos amigos do Andralls. Estamos saindo em resenhas pelo mundo todo e sendo elogiados pelo novo trabalho. Tudo isso é gratificante demais. A parte ruim é não poder tocar ao vivo, ver a galera, beber breja com os fãs, cair na estrada. Mas nada é fácil, a gente faz Metal no Brasil, estamos acostumados com dificuldades.

Muito obrigado pela entrevista, podem deixar uma mensagem aos leitores.

Glauber Barreto – Obrigado galera da ARTE METAL pelo espaço, apoio e parceria de sempre, obrigado também ao Johnny da JZ Press por estar correndo com a gente e acreditando no nosso trabalho. Galera, escutem as bandas do underground, temos bandas formidáveis aqui. Não seja um vira lata que acha que só gringo faz coisa boa, porque os gringos tão adorando o trampo das bandas BR!!! Dê uma chance pro novo. Válvera, Venomous, Laboratori, Eutenia e tantas outras, mas tantas mesmo, estão aí fazendo ótimos trabalhos. Pra quem quiser nos conhecer, fica nossos links aqui:

Ouça VÁLVERA em:

YouTube: www.youtube.com/valveraoficial

Apple Music: https://music.apple.com/br/artist/valvera/1043332035

Bandcamp: https://valvera.bandcamp.com

Spotify: https://open.spotify.com/artist/3S87lwfQs6K1O1WsQrpPhz 

Deezer: https://www.deezer.com/br/artist/8945888

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