Por Vitor Franceschini
São quase vinte anos de estrada,
mas a experiência de Fernando Boccomino (vocal/guitarra), Eduardo Boccomino
(guitarra), Marco Nunes (baixo) e Fábio Moysés (bateria) vem de muito antes.
Nos anos 2000 conceberam o Chaosfear que se tornou um dos nomes fortes do
cenário paulista em se tratando de Thrash Metal. Pena que, após o lançamento do
segundo álbum, “Image of Disorder” (2008), mesmo lançando um EP e alguns
singles, a banda só foi soltar seu sucessor agora em 2020 devido a um problema
relatado nesta entrevista. Mas, o lado positivo é que os caras se mantiveram
antenados e entregaram em “Be the Light in Dark Days” as características que a
banda moldou agregadas a sonoridades atuais! Fernando e Moysés falou com o ARTE
METAL, contaram tudo do novo álbum, o hiato entre os dois discos e muito mais.
"Image
of Disorder" (2008) foi lançado há 12 anos. Convenhamos que é um bom tempo
de intervalo de um álbum completo para outro. Por que demoraram tanto pra
lançar um novo trabalho?
Fernando Boccomino:
Concordo com você. Mas nesse intervalo lançamos o EP “Legacy of Chaos” (2012) e
3 singles (um deles é um cover do Prong). A demora para nós lançarmos foi
devido a um problema grave de saúde que tive (tenho) que fez com que nossos
planos fossem adiados. Em meados de 2018 me senti seguro e saudável pra voltar
com a banda. Conversei com meu irmão e aqui estamos nós!
As
músicas de "Be The Light In Dark Days" foram compostas recentemente
ou vocês trabalharam nelas durante este intervalo de um álbum para outro?
Fernando Boccomino: Algumas
músicas foram compostas durante esse intervalo, mas a maior parte do material
foi composto especificamente para o novo trabalho.
E
como foi o processo de composição do disco? Enfim, qual a metodologia que a
banda utilizou?
Fernando Boccomino: Algumas
músicas eu e meu irmão já tínhamos praticamente prontas (The Hand That Wrecks The World e The Alliance), o Marco Nunes tinha uma música pronta também (A New Life Ahead), as outras 4 músicas
eu fiz o esqueleto e mostrei pro pessoal da banda. Daí trocávamos arquivos até
que todos colocassem suas partes e achassem que a música estava fechada.
Vejo
um ChaosFear inquieto, ousado, pronto pra ousar no disco. Vocês concordam?
Fernando Boccomino: 100%!
Essa inquietude é fundamental pra manter a banda viva. Quisemos mostrar outras
facetas da banda, sair um pouco do Thrash/Death característico dos primeiros
trabalhos e expandir os horizontes com novas influências. Posso dizer que vamos
do Hard ao Black Metal sem pudor algum...(risos). Nós 4 ouvimos muita coisa
fora do Metal, isso ajuda a ter uma visão diferente quando vamos compor. A
regra no ChaosFear é não seguir regras!!
Afinal,
nota-se que vocês saem do lugar comum em "Be The Light In Dark Days".
Uma melodia mais intensa, porém bem dosada e um toque moderno é notado. O que
podem falar sobre isso?
Fernando
Boccomino: Desde nossa volta em 2018 incorporamos em nosso som mais
melodia e climas sombrios. A música Global
Atrocity (single/2018) é uma prova dessa mudança. No CD novo quisemos
manter essa linha pesada e melódica/melancólica com a pegada tradicional do
ChaosFear que é aquele Thrash/Death visceral. Quando o pessoal ouvir o CD
inteiro verá que ele é bem balanceado, não tem nada que fica martelando a mesma
coisa o tempo todo.
Duas
coisas interessantes. A banda consegue manter o Thrash Metal no pacote, com
todas as características que moldaram a sonoridade do ChaosFear. Gostaria que
falassem sobre isso.
Fernando Boccomino: O
Thrash é a raiz do som do ChaosFear. O peso e agressividade sempre estão presentes
em nossas músicas, mesmo nas partes mais suaves o clima é pesado/sombrio.
Sempre manteremos o Thrash em nosso som, mas acompanhado de novos elementos que
façam nossas músicas ficarem cada vez mais ricas.
A
outra coisa é que quando falo de moderno, não é tendência ou cair no artificial
da coisa, mas sim atual. É um caminho perigoso, mas vocês saem intactos disso.
Concordam?
Fernando Boccomino: Entendo
perfeitamente. Temos vários elementos modernos em nossas músicas e acho que isso
é muito saudável e importante pra banda. Estamos em 2020, não dá pra ficar
preso no passado... É o que sempre falo: respeitamos o passado, vivemos o
presente e estamos de olho no futuro. Tem muita banda boa/moderna por aí hoje
em dia. Estamos sempre atentos às novidades.
Vocês
gravaram dois videoclipes um para a faixa From No Past e outro para The
Alliance. Por que escolhera essas faixas e qual conceito dos vídeos?
Fábio Moysés: A
The Alliance foi a primeira música
desta formação a ficar pronta, estávamos ansiosos (risos). A From No Past é um som que gostamos
muito e achamos uma boa música para um clip também.
Falando
nisso, acredito ser fundamental para as bandas hoje em dia trabalharem com vídeos.
O que vocês pensam sobre o assunto?
Fábio Moysés: Concordo.
Quanto mais material a banda tiver disponível, melhor. E tem muita gente
talentosa por aí. O Jean, que faz nossos vídeos, é um cara com ideias
sensacionais.
O
trabalho foi lançado neste conturbado ano de 2020. Como vocês estão divulgando
o disco e como pretendem trabalhar no futuro? Enfim, contem-nos as novidades do
ChaosFear e os planos para esse futuro incerto?
Fábio Moysés: Esse
disco foi idealizado antes da pandemia, mas realmente aconteceu durante.
Fizemos tudo online, cada um gravando em sua casa e mandando pro Marco, que foi
também o produtor do disco. Deu muito certo, todos se engajaram e gostamos do
resultado. Na verdade, a pandemia não parou o Chaosfear. Acabamos de fazer uma collab
sensacional com o Steve Zetro Souza, do Exodus, no som The Toxic Waltz. Ficou muito bacana e estamos divulgando este
single no momento.
Fábio Moysés e
Fernando Boccomino: Queremos agradecer ao ARTE METAL por abrir seu
espaço para o Chaosfear e bandas brasileiras mostrarem seu trabalho. Muito
obrigado pelo apoio e pelo incentivo à arte. Um grande abraço.
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