Por Adalberto Belgamo
Quem já não ficou
repetindo a mesma música na “vitrola”, no “tape deck”, no CD, no MP3 Player, no
celular, no streaming? O que esses hinos “pessoais” tem a dizer? Muito. Um
turbilhão de emoções e lembranças povoa nossa mente.
A primeira “chiclete”,
que ficou marcada para sempre, foi Fortunate
Son do Creedence Clearwater Revival.
Devia ter uns sete anos e, logicamente, não entendia inglês, mas o ritmo, as
guitarras e a voz do John Fogerty me
pegaram. O anarquista fanfarrão (risos)
finalmente nascia dentro de mim. Até hoje, quando a ouço, as imagens que me vem
à mente é a dos meus irmãos com as tamancas holandesas (risos), cabelos
compridos e copos de hi-fi nas brincadeiras dançantes “vespertinas” na área da
minha casa. Eu ficava espiando pela porta. Bons tempos.
Já no final dos anos 70,
a diversidade musical, na qual eu estava inserido era enorme. Misturava Beatles, Pilot (quem não ouviu, dê uma chance para Canada, sensacional!), disco (sim, tem muita coisa boa no universo
dançante dos anos 70!), catira (música caipira ‘roots’, na realidade é mais
conhecida pela dança) e o que mais aparecesse. No meu universo, não há música boa
ou ruim. Há somente a arte. Cada um na sua. Sair da “bolha” faz um bem enorme.
Dos meninos de Liverpool, entre tantas ”delicinhas”, tenho uma atenção especial ao “Yellow Submarine” (1969), o álbum todo. Marcou muito a fase de transição da infância para a pré-adolescência. Quem passou dos 40 (50) e nunca foi a uma festinha com pizza de sardinha, guaraná e dança da vassoura? Sim, a vassoura sempre terminava comigo. Meu apelido era esquisito, mas enchia a pança de comida e refrigerante. Praticava um pouco de obesidade na época (risos). Bons tempos.
No finalzinho dos anos
70, as coisas - musicalmente falando - começaram a percorrer caminhos mais
pesados. Conheci Kiss e Queen. Nem imagino quantas vezes ouvi I Want You. Um fato pitoresco.
Um amigo de um amigo gravou
uma fita cassete pra mim. Um lado para o Queen; outro para o Kiss. Pedi que
gravasse I Want You a cada duas ou
três músicas. Não me perguntem o porquê (risos).
A respeito do Queen, apesar de reconhecer que há trabalhos muito superiores, mas “emocionalmente”, o disco que me faz sentir saudade de uma época - sem saudosismo piegas - é o “Hot Space” (1982). Sim. Soava qualquer coisa, menos o Queen clássico. Body Language é um manifesto à felicidade! Bons tempos.
Anos oitenta. A coisa foi
ladeira abaixo, no bom sentido. Em 1980, ouvi pela primeira vez, com 12
aninhos, War Pigs. Blasck Sabbath:
minha banda de Metal e meu músico preferido no estilo. Iommi is God! Lembro
como se fosse hoje, um “doidão” (risos) de Piracicaba/SP, primo de um amigo,
visitando a cidade.
Trouxe alguns vinis para
passar o final de semana prolongado. Foi a primeira vez na vida na qual ouvi o
termo Heavy Metal. Até então, adivinhem como se referiam à música pesada, caros
leitores? Sim. “Rock Pauleira! (risos).
Era o que faltava para mudar definitivamente para a fase rebelde! Continuava a ouvir sons “mais alegres”, mas a densidade, a sisudez e o peso me marcaram musicalmente e emocionalmente. A maior lembrança daquela época era de ser considerado o “menino” com problemas mentais (??????? - risos) da sétima (ou sexta) série, o que pegava as canetinhas e pintava a camiseta da escola com o logo da banda. Eu levava algumas letras para o professor de inglês traduzir. Snowblind, ele achou melhor deixar pra lá (risos). Eu andava de skate, cantarolando War Pigs na minha cabeça. Não havia nem mesmo um walkman. Chegou ao Brasil uns anos depois. Bons tempos.
Anos oitenta é sinônimo
de diversidade musical. Minha geração teve a oportunidade de estar presente no
nascimento e/ou chegada de estilos diversos. Tivemos sorte, por exemplo, de
viver o Thrash Metal sem muito “atraso”, diferentemente do que aconteceu com a
NWOBHM, a qual desembarcou com força no Brasil em 84/85.
Eu ouvi o “Ride The
Lightinig” (1984, meu preferido) do Metallica, praticamente, um mês depois do lançamento.
Qualquer música do álbum produz imagens inesquecíveis. Foi o momento dos tênis
de basquete cano alto, das calças aperta-bagos, de ficar sentando em alguma
escadaria com os amigos, discutindo o que era o verdadeiro Metal e das festas
bate-cabeça, regadas a álcool e uns “aditivozinhos” (risos). Sentimento de
pertencer a algo. Bons tempos.
No entanto, como foi
descrito acima, os anos 80 não foram exclusivamente do Metal, para quem vos
escreve, lógico. New Wave, nascimento do Punk no Brasil, Post Punk, Rock de
Arena, College Music e tantos outros estilos.
Havia na TV Cultura um
programa chamado de Som Pop. Vídeos e mais vídeos de todos os estilos, que
aconteciam na época, além dos clássicos. Conheci a minha banda favorita “fora
do Metal”: R.E.M.
Ouvir o álbum “Green”
(1988) é me lembrar da velha Philips preto e branco, “jogada” em um quarto da
casa. O aparelho legal e colorido (risos) ficava na sala e, portanto, era o que
tinha antena de recepção. Normalmente, no mesmo horário do Som Pop, estavam
vendo outra coisa. Sobrava ficar segurando uma antena interna com “Bombril”
para ver os “clips” chuviscados na tela. De vez em quando, tinha de se fazer
uma escolha: imagem menos chuviscada e som ruim, ou som razoável e imagem
fantasma na tela. Decisão difícil (risos). Além disso, anotar o nome de bandas
e músicas e torcer para que algum programa de rádio tocasse para gravar em uma
fitinha, como o sem-noção do locutor falando por cima. Que beleza! (risos). Bons
tempos. Divertia-se com pouco.
Enfim, melhor parar por
aqui. Antes de recordar o nascimento do “grunge” bem antes da explosão do
Nirvana para o planeta, os anos 90 em si, os anos de faculdade e os já mais de
20 anos do século XXI (risos). Se houver pedidos, comprometo-me a fazer a
continuação com histórias de arrepiar! (risos)
Inté!
*Adalberto Belgamo é
professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do
Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e
seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.
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