sábado, 13 de março de 2021

Incoma - Definindo o que é a human(o)idade, versão 3.0

 


Por Douglas Ribeiro

Fotos por Paulo Júnior / Alessandro Gaioto / Karla Brunaldi

 

Tiago Cego é vocalista da banda Incoma, de Maringá/PR. Conheci ele num desses grupos de bandas de Metal Nacional, quando tinha minha conta no Facebook. Fui conhecendo o som, e os caras têm o que dizer. As letras do Incoma falam sobre o distópico cotidiano do ser humano, suas mudanças psicológicas, conscientes e físicas, viagens filosóficas sobre o perfil predador de si mesmo que as pessoas exercem sobre si mesmas e seus semelhantes, junto a uma alienação que o mau uso da tecnologia causa. A banda tem dois clipes, I, the Parasite e  Human 3.0, este último mais recente, disponíveis no YouTube e plataformas de música. Neste papo, converso com ele a respeito do processo de criação da banda, além de suas inspirações individuais.

 

Antes de tudo, obrigado pela conversa!

Tiago Cego: Eu que agradeço pelo espaço aqui no ARTE METAL, parabéns pela proposta de aproximar os amantes da arte e do underground. Essa prosa está sendo muito importante para mim.

 

Quando e quem te influenciou a assumir os vocais?

Tiago: Depois de refletir um pouco, foi a falta de grana para comprar um baixo lá em 1999 que me fez cantar. Quando adolescente, me chamaram para tocar baixo numa banda. Em pouco tempo eu não comprei o instrumento e não aprendi a tocar. Resultado: fui demitido. Meses depois me chamaram para cantar e gostei da ideia. Depois de uns meses veio a banda com amigos mais próximos. No começo éramos Punk Rock com letras de cânticos cristãos, depois que apareceram algumas caixas de fita K7 e uns CDs de Metal e tudo mudou, passamos a nos inspirar em tudo o que era de mais agressivo e montamos a banda Cafaranaum, 100% inspirados pelas bandas Rebaelliun e Krisiun. Após algumas trocas de integrantes, criamos o "In Coma" (separado mesmo) (https://www.youtube.com/watch?v=Jgif8FE5MBs) que durou até 2007. Cafarnaum - 2000 - Isso era uma banda de Brutal Death Metal de adolescentes (risos).

 

Como você se juntou ao Incoma?

Tiago: Eu conhecia o trabalho dos irmãos Aldana através da banda Kahbla, como eles também estavam parados há um tempo, dei a ideia de montar uma banda de Metal, o primeiro contato foi via Orkut, em 2009. Anos depois encontrei o Leonardo (batera) no busão a caminho do trabalho e começamos a trocar umas ideias, dois anos depois, ele, o Bruno Aldana e eu, sentamos para conversar e dar início à banda, 6 meses depois lançamos o single “Enemy Inside” (https://www.youtube.com/watch?v=USytz4_03uc). E aqui estamos, 5 anos de história.

 


As composições da banda são complexas, além de bem produzidas. Como é o processo de composição, vocês escrevem as letras juntos, ou um tema em comum é escolhido e um dos membros da banda põe no papel?

Tiago: Quem nos dera, a gente tenta soar um tanto técnicos sem ser muito progressivo (risos). Até o “Human 3.0”, os temas das letras não seguiam uma linha temática, cada letra tem uma proposta totalmente diferente, porém, durante uma conversa sobre com quais temas poderíamos focar, vimos que as três têm uma coisa em comum: a ideia sobre o que somos e o que podemos nos tornar, não apenas a consciência, mas em aspectos físicos e as consequências futuras que nos espera. As letras novas estão sendo escritas pelo Rocco (baixo) e tem um teor bem filosófico, seja individual ou coletivo, das dores que o cotidiano trazem até mesmo aos anos de evolução/atraso que vivemos como ser humano. Sobre como compomos, os guitarristas trazem os novos riffs, eu separo uma letra já pronta e o batera estuda tudo na hora, vamos para o estúdio e começamos a criar o esqueleto. Todos trazem ideias e cada um deixa um pedaço de si nas composições, aí­ vem o mix de influências: Metal, música brasileira, Rock clássico, música erudita, Pop (risos) e o que mais aparecer. Tentamos juntar tudo isso sem deixar nossa assinatura de lado. Cada música é bem diferente, mas tem um toque que acaba denunciando nosso som. Depois vamos para a produção, trabalhamos da seguinte forma: ensaiamos por um bom tempo para definir a essência da música. Os guitarristas, baixo e batera pensam nos arranjos para preencher a composição e eu desenho os vocais, fazemos uma pré-produção e atuamos em cima dela. Com isso em mãos, focamos em apenas uma ou duas músicas. Como o custo é alto, preferimos lançar um single e videoclipe e ir apresentando ao público.

 

Como a quarentena influenciou no desempenho de suas atividades criativas?

Tiago: A influência da quarentena tem sido muito positiva, todo mundo chega no estúdio com uma ideia, riff ou arranjo novo para uma música. Isso será muito bom para o EP que estamos trabalhando, acredito que será muito diferente do que já fizemos antes.

 

Fora o Metal, que outros tipos de som você gosta de ouvir? Existem gêneros musicais "improváveis" que você goste?

Tiago: Eu saí do pagode e hoje toco Death Metal. Passei muito tempo fechado no Metal, tanto que quase não conhecia as bandas clássicas dos anos 70 que são os alicerces do Rock e Metal que temos hoje. Depois de um tempo nessa, resolvi me abrir para outros horizontes, aí veio a música brasileira, o hip hop, a lisergia dos anos 60 aos 70 no brasil e no mundo, os sintetizados dos anos 80, muito Soul e até funk carioca eu ouço para entender o mundo da música, eu procuro compreender o que há por trás de cada época e artista.

 


Como foi o processo de filmagem de "Human 3.0"?

Tiago: Como já havíamos trabalhado com o Paulão no clipe da I, the Parasite, aí foi bem mais fácil fazer o "Human 3.0". Simplificamos a ideia para reduzir as dificuldades e fizemos tudo no preto e branco, filmando cada integrante. Fomos para o estúdio, o Paulo fez a direção e nós atuamos de forma mais enfática que no anterior. Foram três takes de cada integrante para que ele pudesse separar a melhor imagem para a sincronização com o áudio. Depois de três dias ele já enviou o vídeo para avaliação, aprovamos de primeira.

 

Que artistas e bandas você tem mais escutado ultimamente? Recomenda um som pra galera aí!

Tiago: Essa parte toca meu ego (risos). Sou de fase, passo de seis meses a um ano ouvindo um artista mesclado com outros e depois mudo o humor e fico mais seis em outro. Eu uso o last.fm(https://www.last.fm/user/novoperfil) para registrar tudo o que ouço, nos últimos 30 dias, pulo do Death ao Tom Zé e Racionais. Vou listar aqui minhas bandas que considero prediletas, aquelas que transcenderam os anos 2000 até agora:

- Cephalic Carnage

- Neurosis

- Rebaelliun/Nephasth

- Misery Index

- Pink Floyd

- Origin

- Death

- Nile

- Tim Maia

- Septicflesh

- OM

- Dying Fetus

- Zé Ramalho

 

Além das musicais, que outras referências e influências você carrega?

Tiago: De certa forma, sou muito ligado a arte de modo geral, mas não me considero uma pessoa especial ou coisa do tipo, gosto muito de cinema e artes visuais. Isso vem da infância, por influência indireta da minha mãe. Tive muito contato com poesia no passado tanto que ganhei um apelido de chacal por conta de uma poesia do Mário Quintana. Gosto muito de Augusto dos Anjos, tanto que a letra da I, the Parasite tem muita influência dele.

 

Links:

**Youtube** : https://www.youtube.com/incoma

**Instagram** : https://www.instagram.com/incomabr/

**Facebook** : https://facebook.com/incomabr

**Spotify** : https://spoti.fi/2WxE2s7

Nenhum comentário:

Postar um comentário