terça-feira, 30 de março de 2021

Sem Textão: “Wildhoney”, a obra prima do Tiamat

 


Por Vitor Franceschini

 

Seguindo com a saga de textos mais ‘emotivos’ que ‘técnicos’ que iniciamos lá com o “Dance Of December Souls” (1993) do Katatonia (leia aqui), agora falaremos de um disco que é odiado por alguns e amado por muitos: “Wildhoney” (1994), de outra banda sueca, o Tiamat.

Classificado por muitos como um divisor de águas na carreira da banda, particularmente não o vejo assim, acredito que essa função cabe a “Skeleton Skeletron” (1999), sexto disco da banda que os colocou de vez na rota do Gothic Rock. Após o controverso e mal produzido álbum “Clouds” (1992), onde o Tiamat adentrara mais no Gothic Metal, depois de dois álbuns iniciais de Death/Doom Metal, apenas seu líder e mentor Johan Edlund (vocal/guitarra) e Johnny Hagel (baixo) permaneceram na banda.

Mas, os músicos de apoio, principalmente o tecladista Waldemar Sorychta, que produziu e foi fundamental na concepção de “Wildhoney”, se sobressaíram e elevaram a banda a outro patamar. Completaram o time o baterista Lars Sköld e Magnus Sahlgren (guitarra).

Mantendo vários elementos do Death / Doom Metal que apresentou a banda ao mundo, principalmente nas duas faixas iniciais do disco, Whatever That Hurts e The Ar, o Tiamat incorporou muito do Atmospheric e Ambient Music nas novas composições, reinventando sua música sem sair de suas características.

Uma das melhores composições da banda, Gaia deixa os riffs de guitarras de lado para dar espaço para um teclado viajante, totalmente atmosférico que leva o ouvinte a uma viagem espacial lisérgica, musicalmente falando. Com a ajuda de solos de guitarra fenomenais, a composição parece revelar até hoje novos elementos ao mais atento ouvinte.

Formação da turnê do álbum  na época


Visionaire retorna às origens da banda, mostrando que uma boa lapidação na produção colaborou muito com o Tiamat, mostrando que, além de bom instrumentista e compositor, Edlund se revelava um excelente vocalista com guturais, drives e solfejos se revezando em seu timbre característico.

Do You Dream Of Me?, a faixa introspectiva de “Wildhoney”, mostra influência de música Folk e é mais uma surpresa, junto com a viajante e intimista A Pocket Size Sun, que fecha o disco com seus pouco mais de oito minutos.

Além da intro que dá nome ao disco, há outros dois interlúdios e uma instrumental totalmente atmosférica, que atende pelo nome de Planets e nos brinda com um solo de guitarra bem futurista, além de camadas de teclados totalmente viajantes. Legal que ela eleva o clima de uma natureza futurística que permeia o disco todo.

Lembro-me perfeitamente, não exatamente qual ano (creio ser por volta de 1999), quando gravei de fita pra fita (K7) este trabalho, nunca tendo ouvido nada igual antes e logo estar encantado por este disco que consegui adquirir no formato em CD quando foi lançado nacionalmente tendo como bônus o EP “Gaia” alguns anos depois (2001 se não me falha a memória).

A sensação de fúria inicial, mesclada à melancolia e psicodelia que o disco me causou inicialmente, porém que eu não sabia distinguir, é a mesma quando o ouço até hoje. E não são poucas as vezes que faço isso ao menos todo mês, durante os últimos 20 anos. Que disco!

 

https://www.youtube.com/watch?v=oWfEH-83rxo

https://www.youtube.com/watch?v=mOnn6qqR9y4

https://www.youtube.com/watch?v=uTgZJm7WiY4

 

*Vitor Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Curte todas as fases do Tiamat.

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