Por Adalberto Belgamo
Antes de qualquer coisa,
tudo e mais um pouco (risos), nunca escrevam em primeira pessoa em textos
formais, jornalísticos, dissertações e afins. Dica de quem vos escreve. Sou
professor de português e inglês. “Mas, por que você faz isso?” Facilitar a
comunicação com os leitores (se houver algum! risos) e ser menos “burocrático”
e mais descontraído. Ah, o texto é meu... escrevo da maneira que quiser!
(risos) E quem precisar de trabalho de revisão de texto, correção de redação
para concursos e vestibulares... só mandar um salve! (risos)
Na literatura, uma escola
(ou período) nega a outra como, por exemplo, o Realismo negando o Romantismo.
Não é diferente na música. Estilos nascem, vivem, sucedem-se, reinventam-se,
renascem ou morrem.
Na metade da década de 70
surgiu o Punk para negar o Rock Progressivo que, segundo teorias, havia deixado
a “rebeldia” do estilo para trás, pois, ao ser muito técnico, não agradava à
“molecada”, que queria algo mais simples e visceral. Outros estilos surgiram
com propostas musicais diferentes, mas com a mesma pegada: simplicidade.
Deixemos para outro momento.
O Thrash Metal,
principalmente das bandas estadunidenses, surge em um “mix” de NWOBHM/Bandas
clássicas de Hard Rock/Metal e a cena Punk/Hardcore. Jogam tudo no mesmo
balaio, aumentam a velocidade e viva o “faça por você mesmo!” (DIY).
Especificamente no ambiente da música pesada (Hard Rock ou Heavy Metal) do lado
de cá do Atlântico, o Hard Rock (ou Hair Metal) estava em alta. Bandas como
Motley Crüe, Ratt, Poison e Bon Jovi com seus cabelos platinados e “laqueados”
(risos) dominavam a cena, as rádios e o “mainstream”. O que aconteceu?
Surgiram uns moleques
feios (risos) com raiva de todo o glamour e “plasticidade”, os quais foram
impostos pelo “showbusiness”. No underground também acontecem o
profissionalismo e o “cascaio”, mas de uma maneira que deixe a música e/ou a
arte em primeiro lugar. No final, todos querem a mesma coisa: projeção. E
“cascaio” também! A não ser que alguém tenha um “paitrocínio”, os boletos sempre
chegam no começo do mês (risos). Há o “mainstream” dentro do próprio underground.
Outra história... (risos).
O Metallica foi um dos
precursores do movimento. Ao lado de bandas como Exodus, Slayer, Megadeth e o
Anthrax (costa leste), moldaram um tipo de som, o qual se espalhou pelo mundo
todo, gerando outros estilos, vivos até hoje!
A história da banda não
precisa ser contada (mais uma vez – risos). No entanto, para quem acompanhou a
primeira fase (Kill, Ride e Master), a vinda para o Brasil foi como uma
“tijolada”, principalmente para os que conheceram a banda por meios de fitinhas
mal gravadas (risos). Crianças e “crianços” (risos), vocês não tem noção do que
era ouvir música nos anos 80. Lançamentos chegavam atrasados em versões
nacionais, não havia lojas especializadas no interior e cópias importadas
demoravam muito entre a encomenda e a chegada. Quando saiu o “Master Of Puppets”
(1986), encomendei com uns amigos três cópias e, além da demora e mesmo
lacrados, havia uns estalinhos estranhos (risos) ou um encarte danificado. Discussão
eterna para escolher uma cópia! (risos)
E foi com esse frisson
que fomos ver o Metallica no Ibirapuera, em São Paulo. Paradinha básica na
Woodstock. A intenção era a de matar o tempo e depois ir para o Ibirapuera. No
entanto, chega um carro (não lembro a marca e modelo, pois não dirijo; mas sei
que era um carro pelas quatro rodas – risos) com o James dentro. Em cima que
ele não estaria, né? (risos)
Cercaram o carro,
assustando-o! Resultado? Vazou rapidinho! (risos). Por causa de uns “sem noção”
(risos), perdi a oportunidade de tirar uma foto com o cara. Bom, não havia
celulares e câmeras digitais na época, mas, com certeza, a velha Kodak e um
rolo de filme, alguém tinha! (risos). Falando sério (será? – risos), não ligo
para essas coisas, mas era o James!
Chegando ao Ibirapuera, a
“delicadeza” dos “poliça” (sem generalizar...) era comovente. Havia uns
“locões” (risos), mas inofensivos, pois não incomodavam. Vale salientar que
acabávamos de sair da ditadura e o ranço da repressão estava muito fresco ainda.
Agora, de boa, expliquem-me como alguns “goiabas”, principalmente os
“redbenguis”, querem a volta da repressão... da supressão de liberdade? Se
chover arreios.... faltarão carroças! (risos).
Já dentro do ginásio,
posicionei-me grudado na grade. Tinha de ver o show de uma banda, a qual,
tantas vezes, só tinha visto em fitas de vídeos pirateadas, cheia de chuviscos
(risos), o mais próximo possível.
The
Ecstasy of Gold começa! Palco da turnê do “...And Justice
For All” (1988)! Primeiros riffs de Blackned!
Êxtase...o tumulto foi surreal, fazendo com que eu visse a banda espremido na
grade... do lado oposto ao palco! (risos) Mas valeu!
Olhem
o set list!
Blackened,
For Whom the Bell Tolls, Welcome Home (Sanitarium), Harvester of Sorrow, The
Four Horsemen, Master of Puppets, Fade to Black, Seek & Destroy ,...And
Justice for All, One, Creeping Death, Battery, Last Caress, Am I Evil?, Damage,
Inc., Blitzkrieg e Breadfan.
Se há algo fenomenal nos
shows do Metallica é a qualidade de som do palco. A que vai para os PAs...
outro assunto (risos). Ouvir ao vivo as guitarras cortantes de Battery, Creeping Death e The Four Horsemen é algo indescritível!
Finalmente! Finalmente! Finalmente! Finalmente! (risos) os baixos das canções do “...And
Justice For All” estavam lá! Sacanearam muito o Jason na mixagem do álbum! Os
pedais-duplo de bateria pareciam uma serra elétrica! Naquela época, o Lars se
preocupava mais em ser músico, menos showman! (risos). E o Kirk? Mestre do
wha-wha! Sempre criticado, mas fiel ao que se propõe com maestria!
Sobre o James, o
desempenho foi sensacional! Apesar de a turnê ser a “última” da era realmente
Thrash da banda - a que culminaria anos depois com a mudança de estilo e público
- ele foi além das expectativas. Seguro e carismático, naquele momento, encarnava
toda a fúria da geração “Metal Up Your Ass”. Eu o considero um dos principais
“riffeiros” de todos os tempos, colocando-o no mesmo patamar, apesar de estilo
diferentes, de um Malcom Young, por exemplo, o maior de todos, pelo menos é a
opinião de quem vos escreve! (risos)
Único ponto negativo do
show foi a insistência de alguns “goiabas” em vaiar o Jason, gritando Cliff
Burton. Só se fizessem uma mesa branca para o falecido baixar (risos). Vai
entender a cabeça das pessoas, algumas com 40 ou 50 anos continuam iguaizinhas
(risos).
Há uma teoria, a qual diz
que o Metallica foi idealizado para ser o que é atualmente: um fenômeno
mundial. Acredito que, após o sucesso do “Master Of Puppets”, a própria banda
se assustou com a popularidade. “Talvez” a partir desse momento, agentes e
empresários já vislumbravam “outro” futuro para banda, tanto que fizeram o
primeiro vídeo e, mesmo ainda na era “Thrash raiz” (risos), alguns elementos
rítmicos e melódicos do “...And Justice For All” já sinalizavam o que poderia
ser o ‘Black Album’.
As fases de James &
Cia merecem uma discussão maior. No entanto, apesar de alguns deslizes de uma
forma ou de outra, a banda se tornou um fenômeno mundial, dentro e fora da
realidade da música pesada. Há os fãs “xiitas” (tudo é maravilhoso e “não
critiquem!” - risos), os com síndrome de “banda velha” (“só os três primeiros
são bons!” - risos), os com síndrome de “Black Album” (“Metallica bom mesmo, só
depois deste play!” - risos) e, finalmente, os caras de boa (eu me incluo
nessa! - risos), que só querem tomar umas brejas, curtir todos os “estágios”
(risos) e seguir com o fluxo! (risos).
Enfim... Depois do show,
mais uma noite na rodoviária para pegar o primeiro ônibus para Texascoara. Não
havia lugares suficientes, mas convencemos a empresa de ônibus, que nos
permitiu ir em pé ou deitado no corredor. Tenso... e doloroso. (risos)
Inté!
Adalberto
Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos),
colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa,
livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.
fui neste show, tenho fotos tiradas na grade, foi fenomenal~~
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