Apesar de ser formada
há pouco tempo, em 2011 mais precisamente, os paulistanos do The Black Coffins
já estão dando o que falar underground afora e tem recebido ótimas críticas em
favor de seu primeiro álbum “Dead Sky Sepulchre” (2012). Contando com músicos
experientes em sua formação, a banda já está prestes a lançar um novo EP e já
tem se consolidado como um dos principais nomes do Death Metal brasileiro.
Falamos com o guitarrista J. Martin (ex- Infamous Glory) que nos contou sobre a
produção geral do primeiro álbum, sua repercussão e muito mais. Completam o
time Vakka (vocal), A. Beer
(baixo) e M. Rabelo (bateria).
Primeiramente
conte-nos como se formou o The Black Coffins?
J.
Martin: O Black Coffins se formou fisicamente em 2011, mas
verbalmente eu e o Vakka vínhamos conversando em ter uma banda desde sempre que
nos conhecemos. Isso amadureceu quando eu estava na Suécia prestes a voltar ao
Brasil, lá pro final de 2010. Queríamos tocar algo com mais influência de
Celtic Frost e Punk, estávamos ouvindo muito na época (e sempre ouvimos)
Tyrant, Hellhammer, Nifelheim e claro Celtic Frost. Encontrar o batera e o
baixista foi natural e por meio de pessoas que já conhecíamos. O Mario, que era
batera do Obitto, e o André, que resenhava pra Horns Up, e conhecia o Vakka.
Como
foi a concepção de “Dead Sky Sepulchre”? O resultado final foi o que a banda
esperava?
J.M.
:
O “Dead Sky Sepulchre” começou a tomar forma durante o “Burial Breed” (N.E.:
Split lançado em 2011 ao lado da banda Infamous Glory), cada ensaio que
fazíamos tínhamos um riff ou uma música. Foi a primeira vez que trabalhei (trabalhamos)
num álbum, em pensar as músicas que combinam juntas, como todas idéias do Vakka
para o conceito e letras e principalmente ter o Dmitry Globa-Mikhailenko como
participação na intro e interlúdios. Também foi a primeira vez que entrávamos
em estúdio, procuramos timbres, testamos amplificadores, captação de bateria,
amplificadores de baixo, linhas de voz. Trabalhar com alguém conceituado como
Bernado Pacheco fez diferença também em todos esses aspectos. Parece que ele
sempre tem uma solução inteligente pra fazer a banda soar melhor.
Qual
a principal diferença entre o novo trabalho em relação às composições gravadas
no split “Burial Breed” (2011) ao lado do Infamous Glory?
J.M.
: O “Burial Breed” foi uma demo de luxo, por todos os motivos. Tínhamos gravado
4 músicas, sem muita pretensão, com estúdios caseiros. Então o Infamous Glory
tinha músicas para lançar também, depois veio a arte do Vberkvlt. A partir
desse momento eu comecei a enxergar a banda de outra forma, me dedicar mais,
melhorar performance em shows, ter um equipamento decente para tocar por aí.
Para mim a principal diferença é como passei a encarar a banda, a receptividade
que tiveram sobre o “Burial Breed”, e creio que isso tudo refletiu onde
queríamos chegar com o “Dead Sky Sepulchre”.
Aliás,
você tocou no Infamous Glory. A relação estreita que vocês têm entre bandas e
por contar até com um ex-membro deles têm alguma influência na hora de compor
ou até mesmo no resultado final das composições?
J.M.
:
O Infamous Glory foi minha banda por quase 8 anos. O que aprendi de Metal foi
principalmente por causa do Kexo e do Coroner, dos roles, dos ensaios. Com
certeza eu aprendi muito a tocar guitarra com eles, na parte de compor, eu
creio que o Black Coffins e o Infamous Glory não tenham muita semelhança além
do amor pelo Death Metal. Eu tento colocar muito mais das minhas influências
mais distintas de Melvins à Integrity e o Infamous Glory tem uma dupla de
guitarristas de verdade, munidos de mais técnicas e acho que aí as bandas
trilham por caminhos diferentes.
A
sonoridade do The Black Coffins, principalmente em “Dead Sky Sepulchre”, mescla
diversas influências resultando em um som característico, próprio. Algumas
composições, por exemplo, possuem uma pegada Rock ‘n’ Roll, resultando no
contestado Death ‘n’ Roll (estilo eternizado por bandas como Entombed, por
exemplo) e em outros momentos há faixas com a levada mais séria do Death Metal
tradicional. Tudo sem perder a característica. O que você pode nos falar sobre
isso?
J.M.
:
Eu creio que seja próprio por colocarmos muito do que ouvimos na nossa música.
Se tiver uma parte Dinossaur Jr. ou Fleetwood Mac e depois ter um Death Metal à
lá Unleashed, para mim está ótimo e assim que funciona para nós quatro. Nunca
podar ideias só porque pode fugir do que é o Death Metal ou o som pesado. O som
pesado e extremo pode vir por caminhos muito mais inusitados que ‘blast beats’
e ‘powerchords’.
Ainda
há espaço para melodias bem encaixadas nas composições, como em The Cryptborn, por exemplo. Tudo sem
tirar em momento algum a agressividade típica do Death Metal. A que você acha
que deve este fato?
J.M.:
Olha,
se fosse resumir numa palavra, Gorefest. Se pedisse outra falaria Anathema - ‘old
né’, por favor (risos). Para mim são duas das bandas que conseguem fazer músicas
tão densas que por vezes eu até esqueço o que estou fazendo ou onde estou,
mesmo depois de mais de uma década de ter ouvido essas bandas pela primeira
vez. Esse é o norte para mim quando se trata dessa mistura. A The Cryptborn tem um valor sentimental
pra mim porque foi a primeira música que compus e gravei um solo. Feio ou não,
ele está lá, e eu amo (risos).
Outro
fator bem característico da banda são os vocais variados de Vakka. A mistura do
gutural com o rasgado caiu como uma luva no som da banda.
J.M.
: E
ele faz ao vivo, tanto o gutural quanto o rasgado. Eu me surpreendo porque
conheço o Vakka há uns 12 anos e o vocal dele nunca decaiu. Engraçado que essa
mistura é outro ponto atípico dentro do estilo, e todo mundo parece ter gostado
muito.
A
produção ficou a cargo de Bernardo Pacheco e o resultado final ficou ótimo.
Como foi trabalhar com Bernardo?
J.M.
: O
cara é foda, como disse na outra pergunta, foi a primeira vez que tive
oportunidade de participar da timbragem dos instrumentos até chegar onde
queríamos. Isso foi ótimo e único.
Capa do novo EP a ser lançado em 2013 |
“Dead
Sky Sepulchre” conta com a participação de Marissa Martinez (Repulsion), James
do Facada e Milosz Gassan (Morne, ex-Filth Of Makind). Como foi a escolha
dessas participações e como foi tê-los no álbum de estreia?
J.M.:
Tudo ficou a cargo do Vakka, que pelo trabalho no Intervalo Banger teve contato
com eles, e ao convidar, eles toparam na hora. O resultado final foi demais.
O
trabalho conta com uma bela e atípica arte gráfica (feita em papel fosco e com
um belo desenho de capa) feita pela Viral Graphics, da Grécia, e dirigida por
Fernando Camacho. Como foi desenvolvido esse trabalho e o que você pode nos
falar sobre o resultado final?
J.M.
: Foi
a primeira vez que trabalhamos sobre um tema, e que na capa diz tudo que está
no disco, sem precisar de nomes, logos, está tudo ali. A Viral Graphics merece
todo o reconhecimento do mundo, porque faz trabalhos espetaculares a mão. As
fotos da banda foram feitas pela mente doentia do Nicolas De Lavy, da Weird
Clothing e o Camacho recheou o encarte e estamos bem satisfeito com o resultado
Aliás,
Fernando Camacho é proprietário da Black Hole Productions, selo responsável
pelo lançamento de “Dead Sky Sepulchre”, como tem sido a parceria com a
gravadora e qual a repercussão do trabalho até então?
J.M.
:
Não poderia ter oportunidade melhor no Brasil para lançar um full lenght. O
Camacho está com a Black Hole desde quando eu sequer tinha tocado uma guitarra,
lança grandes álbuns, é profissional, se preocupa com cada aspecto do
lançamento. Acho que tudo isso contribuiu para a repercussão do disco, não só a
auditiva, que até então foi ótima, mas como a visual, todos comentam da arte,
do papel, do kit exclusivo que o Camacho fez para o lançamento. É a historia de
que se vai lançar um disco, para o pessoal gastar o dinheiro, precisa ser algo
bem feito e o cara ter orgulho de ter isso na prateleira dele.
Além
de divulgar o novo trabalho, quais os planos do The Black Coffins para 2013?
J.M.:
Agora
ainda no primeiro semestre sai o novo EP "III.Graveyard Incantation"
que já está disponível para streaming no nosso bandcamp.
Pode
deixar uma mensagem.
J.M.
:
Obrigado pelo espaço e apoio. E que desçam nossos caixões para sermos devorados
em um úmido e quieto abraço do solo.
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