Rótulos
são um mal necessário. As bandas odeiam, jornalistas adoram e o público os
utilizam para identificar o que gostam ou não. O fato é que quando uma banda
não se prende a tal e/ou se preocupa em soar de certa maneira, a maioria dos
resultados são positivos. Occult Rock, Rock progressivo e Metal podem ser
alguns dos elementos encontrados na sonoridade do Year Of The Goat. O fato é
que esses suecos acertaram a mão em “Angels’ Necropolis” ao lançar um dos
melhores trabalhos do Rock/Metal em 2012.
Falamos com o simpático guitarrista Per Broddesson que tentou nos
descrever a sonoridade da banda, além de nos contar mais sobre a história do
YOTG dentre outros detalhes.
O Year Of The Goat não é uma banda
muito conhecida no Brasil. Apresente-a ao público brasileiro, fale-nos um pouco
da carreira da banda até então?
Per Broddesson:
A idéia de formar o YOTG (Year Of The Goat) tomou forma como uma iniciativa de
Thomas (Sabbathi, vocal/guitarra solo) em 2006, que queria formar uma banda com
base no que ele sempre cresceu ouvindo, ou seja, canções psicodélicas dos anos 60,
Heavy e Rock progressivo dos anos 70 tudo marinado no ocultismo que sempre foi
um interesse dele. Quando ele e eu nos conhecemos percebemos que tínhamos um
interesse mútuo em toda esta música e ocultismo (incluindo livros, textos e
filmes) e, assim, rapidamente Fredrik (Hellerström) entrou para a banda como
baterista. Depois de passar por uma série de baixistas e guitarristas rítmicos,
finalmente encontramos um line-up MK1 e começamos a gravar uma demo que,
eventualmente, foi lançada como o nosso primeiro trabalho: o EP “Lucem Ferre”
(2011) que teve a aclamação da crítica, tanto de fãs e da mídia em geral.
Tivemos alguns shows e turnês menores e como a nossa reputação cresceu, logo
nós estávamos no cast do poderoso Roadburn Festival, Swenden Rock Festival e
Metaltown (dois festivais muito grandes na Suécia), Festival Jalometalli na
Finlândia, e assim por diante. Durante este tempo nós nos concentramos em finalizar
“Angels’ Necropolis”, nosso primeiro full-length que a esta altura estava
bastante atrasado por uma série de razões. Assim, finalmente, em dezembro de
2012 tivemos um tempo, agora como MK2, e continuamos recebendo grande atenção
em todo o mundo.
Conte-nos como foi compor “Angels’
Necropolis”? Vocês esperavam um resultado tão positivo?
P.B.:
Bem, francamente sim! Quando escrevemos todas as músicas para “Lucem Ferre”
sabíamos que tínhamos certo número de grandes canções em nossas mãos, e um
monte de músicas que acabaram não se completando e precisavam, ao mesmo tempo,
pelo menos, serem trabalhadas. Além disso, a música que escrevemos é algo que
vem de dentro de nós, naturalmente, através do nosso conhecimento musical,
então não há nada forçado na nossa música. Alguns amam e outros não e compor
apenas para agradar os outros é um caminho perigoso, era algo que nós não
poderíamos fazer. Não há um monte de dinheiro a ser feito na indústria da
música, a menos que você tenha muita sorte, por isso o melhor que podemos fazer
é escrever a música que amamos e se as pessoas gostarem ótimo, se não... bem
seria um saco, mas pelo menos nós ficaríamos felizes com a gente. Felizmente,
muitas pessoas parecem gostar de nós!
Foto: Adrian Schmetz |
“Angels’ Necropolis” é um álbum que
chama atenção desde seu primeiro acorde. Acredito que tudo isso é pelo fato de Thin Lines Of Broken Hopes ser uma
excelente composição, que chama atenção de cara. Fale-nos um pouco sobre isso.
P.B.:
Obrigado! Thin Lines Of Broken Hopes
é uma música que, como muitas outras nossas, basicamente surgiu. Musicalmente é
uma linha bastante progressiva, com um monte de opostos, início pesado,
versículo hipnótico, grande coro. Mas para mim a coisa mais perfeita sobre isso
é a última seção da música onde um riff bem pesado e hipnotizante o atrai com grande
coro grave ("lepaca ...." – cantarola a letra), e ainda me dá
arrepios tocar ao vivo. É o que eu gosto de chamar de "dirigindo rápido na
estrada à noite, com música no volume total". Sempre que podemos tentamos trazer
conosco cantores extras para que possamos dar a esta canção o tratamento que
merece ao vivo. E o título se adapta perfeitamente à faixa, é uma música muito
suave e cheia de poder.
Aliás, Thin Lines Of Broken Hopes é tão boa que ficamos apreensivos quanto
ao restante do álbum não atingir o seu nível de qualidade. Mas isso logo é
‘aliviado’ com as outras composições que são tão boas quanto.
P.A.: Obrigado
novamente! O álbum é uma mistura de canções cativantes e curtas, sendo as mais
longas as progressivas, como Thin Lines
Of Broken Hopes, por isso há sempre o risco de as pessoas tenderem a gostar
de algumas das canções, sejam as curtas ou as longas, assim podemos dizer. Mas acho
que, independentemente do tipo de música que escrevemos temos o nosso som para
que você possa ouvir quem somos nós, então isso parece agradar-nos e aos nossos
ouvintes. Nós, como instrumentistas desfrutamos plenamente tocando solos de 10
minutos e mexemos nisso nos ensaios, mas também gosto muito da "fórmula
hit" dos anos 60 e 70, então amem ou nos odeiem, isso é o que nós somos.
Enquanto nós ficarmos longe do território perigoso, vamos ter a certeza de
ficar por muitos anos. Nós já estamos compondo músicas para o próximo lançamento
(e não, não há nenhum lançamento planejado ainda, apenas estamos compondo).
O som do Year Of The Goat consiste
em um Rock/Metal Progressivo de ótimo gosto e fácil assimilação. Não há espaços
para tanto malabarismos ou individualismo instrumental. Mesmo assim, ainda é
difícil de rotular a banda. Como vocês definiriam a sonoridade da banda?
J.P.: É
sempre difícil rotular uma banda, pois assim supõe-se que qualquer leitor tem o
mesmo quadro de referência que o do escritor. Então, quando eu, pessoalmente, digo
que toco Heavy/Rock progressivo dos anos 70, baseio isto em minha coleção
pessoal de discos com Coven, Black Sabbath, Scorpions (de 70), 2066 e, em
seguida, Earth & Wind (não Earth, Wind & Fire!), Blue Oyster Cult, psicodélico
dos anos 60 e assim por diante. Algumas outra bandas que fazem Occult Progressvie
Rock setentista que não são antigas, como The Devils Blood e Ghost são
comumente comparadas a nós e eu posso ver por que, porque isso é o que está aí
agora. Estranhamente as pessoas se referiram a Muse também...
Ainda há um lado oculto tanto na
sonoridade, quanto nas letras. Fale-nos um pouco sobre isso.
J.P.: Eu
acho que isso tem a ver com o fato de que todos da banda têm um grande
interesse por gêneros musicais diferentes, mas tem um terreno comum no meio do
Rock de 60/70s. Uma ou duas vezes na sua vida você acaba tocando com as pessoas
onde há certa energia que não pode ser forçada, mas que só acontece
naturalmente. Quando se escreve um esboço de uma canção, ou mais ou menos isso,
apresenta-se aos outros, então isto é filtrado por todos durante os ensaios.
Nós deixamos as músicas nos levar onde ela precisa ir ao invés de forçá-la a
soar de tal forma. Entre nós temos tocado anteriormente em bandas diferentes,
todas covers de Beatles ao Jazz até Death, Black e Metal progressivo. Não estou
dizendo que soamos como tal, mas apenas tentando explicar que temos um grande
interesse neste tipo de música. Uma boa canção é uma boa canção, entende? Quanto
às letras e imagem não é nenhum segredo que nós temos uma inclinada pelo
oculto, mas o significado para isso tudo é que temos a tendência de manter em
um nível pessoal. Nós não somos pregadores, mas temos a certeza de que sabemos
o que escrevemos e temos um interesse real nisso. Algumas pessoas que querem
subir na colina e pregar, nos acusam de sermos nerds ocultistas, ou seja, um
monte de leitura, mas nada falando sobre isso. Nós queremos que o indivíduo crie
seu próprio interesse nestes assuntos e estude por si mesmo, não aceitando a palavra
de alguém como a única verdade. Pensamento organizado em qualquer forma é a
maneira errada de fazer isso, todos nós somos individualistas.
P.A.:
Nossa abordagem ‘vintage’ é definitivamente algo que surgiu naturalmente.
Quanto ao mellotron foi dado desde início que nós queríamos trazer esse
instrumento em nossa música, pois somos fãs da era Gabriel no Genesis e essas
bandas eram acéfalas. Desde o primeiro dia, dissemos que teríamos que ser capaz
de recriar ao vivo o que está gravado no álbum, que é a razão por trás de nós
sendo três guitarristas e um músico de mellotron! A única coisa que nós não
podemos fazer são os vocais de fundo, pois foram adicionadas no álbum mais do
que duas partes. Quanto a equipamentos ‘vintage’ não é algo que estamos certos,
com certeza um Marshall vintage ou amplificadores Fox soam muito bem, mas
levá-los em uma turnê e ver realmente o quanto são confiáveis é outra história.
Você vai definitivamente achar que não é muito confiável (risos)! Mas nós
definitivamente amamos o som de álbuns de Rock dos anos 70 e nós usamos muitos
amplificadores ‘vintage’ durante a gravação, e às vezes ao vivo. Durante a
gravação explodiram alguns amplificadores e alto-falantes, então não há outra
razão para colocar demasiada confiança no equipamento vintage. Se parece bom
quem se importa se ela foi feita em 1971 ou 2011, entende?
Como está a divulgação de “Angels’
Necropolis”? Mesmo não tendo um nome tão difundido por aqui, vocês têm recebido
algum retorno do Brasil, por exemplo?
P.A.: Nós,
na verdade, parecemos ter uma boa base de fãs no Brasil, porém acredito que
esta é a primeira entrevista que fazemos para "vocês". Essas
informações podem ser confirmadas na nossa página do Facebook. Também podem ser
obtidas informações em nosso Spotify/ iTunes e nesses sites vimos que temos
bastante fãs do Brasil. Gostaríamos muito de fazer uma turnê por aí (e ainda eu
poderia melhorar minha parte sul-americana da minha coleção de discos!). Parece
que temos uma grande base de fãs na Alemanha, na Grécia, e em um monte de
países na Europa, mas, vira e mexe, temos uma mensagem de qualquer lugar do mundo,
então é claro que, se possível, nós absolutamente adoraríamos poder visitar o
mundo todo.
E como está a agenda da banda para
2013?
P.A.:
Temos alguns shows confirmados na primeira metade de 2013, na Suécia, Noruega,
Finlândia e alguns shows confirmados na Alemanha e na Grécia também. Estamos no
momento trabalhando com alguns agentes para reunir turnês mais longas e
conciliá-las como o tempo que estamos ensaiando e criando novas músicas. Pela
gravação de “Angels’ Necropolis” já sabemos em que armadilhas não cair, e vamos
tentar não nos atrasarmos para o próximo álbum. Assim, dadas as chances nós
vamos tocar em qualquer lugar e com qualquer público.
Muito obrigado, deixe uma mensagem.
P.A.: Muito
obrigado pela entrevista, todos devem ter uma cópia de nossos registros e ouvi-lo
bem alto! Quanto mais pessoas curtirem nosso som e quanto mais vendermos nosso
trabalho, a probabilidade de tocarmos pra vocês serão maior! Nós gostamos de
tocar ao vivo e sair com as pessoas. Para obter informações sobre o que está
acontecendo com YOTG a mais segura fonte é a nossa página no Facebook!
Formação:
Thomas
Sabbathi (vocal/guitarra)
Per Broddesson (guitarra)
Don Palmroos (guitarra)
Fredrik Hellerström (bateria)
Tobias Resch (baixo)
Mikael Popovic (mellotron,vocal)
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