quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Entrevista: Doomsday Hymn



“Mene Tequel Ufarsim” (2015), primeiro trabalho do Doomsday Hymn tem sido um dos álbuns nacionais que mais chamam atenção dentro da cena. Os ‘porquês’ são vários que vão desde a temática inteligente até o Metal potente encontrado nele, mas o conjunto da obra é o que vale. Colhendo os frutos ao lado de Gil Lopes (vocal), Allan Pavani (baixo) e Jarlisson Jaty (bateria), os guitarristas Karim Serri e Angelo Torquetto conversaram com o Arte Metal e falaram mais sobre o álbum e o trabalho de uma forma geral. Com vocês: Doomsday Hymn!

“Mene Tequel Ufarsim” é o primeiro disco completo do Doomsday Hymn, mas não é o primeiro trabalho, afinal vocês lançaram outros formatos anteriormente. Houve um sentimento diferente na hora de gravar este debut?
Angelo Torquetto: Com certeza houve este sentimento! Nós estávamos ansiosos demais na espera do resultado final do disco. Durante o tempo de gravação comentávamos muito de como ficaria o resultado final. Durante este processo muitas músicas foram descartadas tanto minhas, como do Karim Serri por acharmos que o resultado final nas pré produções estavam ficando diferentes demais. Mas quando tudo terminou a expressão de ouvir um bom disco estava estampada no rosto de todos. 2.          

E como foi compô-lo? Vocês traçaram uma metodologia e/ou objetivo ou preferiram deixar as coisas fluírem naturalmente?
Karim Serri: Deixamos fluir mesmo, compusemos por volta de 17 músicas e escolhemos as que mais tinham a ver com o que queríamos mostrar para o público.

O foco principal do grupo é o Thrash Metal, mas nota-se que vocês não fecham o leque, afinal há elementos mais modernos na sonoridade de vocês e até um flerte com o Prog Metal. Falem um pouco a respeito disso.
Karim: Pois isso foi saindo naturalmente, não forçamos nada, nossa escola principal, minha e do Angelo é o Thrash Metal então isso foi algo que veio naturalmente, procuramos incorporar elementos mais modernos sim, são coisa que estamos escutando no momento. Não pensamos em nada na hora de compor, as bases vêm, a gente grava e monta a estrutura da música, só depois paramos para analisar se ficou bom ou não!



Aliás, essa versatilidade do Doomsday Hymn reflete em composições que possuem técnica, variação rítmica e quebradas interessantes...
Karim: Exatamente, não sei se é muita pretensão minha, mas acho que estamos no caminho certo no sentido de criar algo novo, tentamos criar algo que fugisse um pouco dos moldes das bandas atuais de Metalcore, que não estivesse preso ao Thrash dos anos 80 e não soasse datado nem moderno demais.

Muitas vezes o excesso de técnica pode tornar o trabalho maçante. Vocês conseguem incluir técnica, mas não soam burocráticos. Qual seria o segredo disso?
Karim: Cara, acho que é pelo fato de não ser um lance forçado, a gente não cria um riff difícil só pra ele ser difícil, a gente cria um riff torto onde a música pede um riff torto, cria uma base simples onde a música pede uma base simples, as bases se encaixam naturalmente, e isso faz a música fluir mesmo quando a coisa fica mais tensa e trabalhada, ela flui conforme a dinâmica da música se desenvolve.

Um dos pontos positivos do disco são os vocais de Gil Lopes que soam agressivos, mas inteligíveis, o que é importante já que a banda aposta em letras em português. Como foi trabalhar essas linhas vocais?
Karim: Rapaz, isso no começo foi meio problemático, o Gil não tava curtindo muito a ideia de fazer o lance em português não, eu e o Jarlisson que demos uma insistida, procuramos olhar lá na frente, o que a galera tava começando a curtir, e no final das contas acho que foi a decisão certa, até hoje não tivemos nenhuma crítica negativa nesse sentido, nem aqui nem fora do Brasil.

Aliás, por que optaram em cantar em português e qual a mensagem que a banda procura passar em “Mene Tequel Ufarsim”?
Angelo: A opção em cantar em português seguiu-se da idéia de que o Brasil tem começado a ouvir melhor as bandas brazucas em sua própria língua. E é muito mais fácil cantarem os refrãos nos shows sendo em português se tratando de Brasil. “Mene Tequel Ufarsim” foi uma palavra escrita em mistério para o rei Nabucodonosor anos A/C. Na historia Daniel interpretou o que Deus estava falando para o rei da época que foi - MENE (teu reino acabou) TEQUEL (pesado foste na balança e achado em falta) UFARSIM (Teu reino foi dividido, é o fim do teu reinado). O que queremos passar é que quando nos tornamos egoístas o suficiente para não nos importarmos mais com o próximo... a administração de nossa vida chega ao fim em, solidão, agonia e morte. Acredito que temos um desgoverno que ainda vai passar por isso!

A faixa título foi escolhida para virar videoclipe. Por que a escolheram e como foi trabalhar no vídeo?
Angelo: Nós a escolhemos porque entendemos que essa era a música certa para isso. É uma música que é pra cima, pesada, cadenciada e essa é a letra na qual gostaríamos de trabalhar mediante a nós homens, governos e enganadores religiosos como uma forma de alerta. Tudo tem um basta!



A produção geral do trabalho ficou por conta de Karim Serri. Por que optaram por manter todo este trabalho a cargo de alguém da própria banda? O resultado foi o esperado?
Angelo: O Karim já havia produzido outros discos com uma ótima qualidade. Bandas como Desertor, Seven Angels, Survive, Efrata, Stauros, Maestha, Howthorn, etc... Todos com uma ótima produção. E mais uma vez ficamos satisfeitos com o que ouvimos. Posso dizer que temos um bom disco em mãos.

Não poderíamos deixar de falar da arte de “Mene Tequel Ufarsim” que é bem expressiva. Como foi a concepção dela?
Angelo: A concepção vem da própria música tema do disco, como descrevi ali em cima. Quanto mais poder achamos que temos, mais egoístas nos tornamos. Administrando nossa própria vida como se não existissem pessoas a nossa volta... Sendo assim nos tornamos monstros em nossas posições até que morreremos em agonia em frente ao altar que construímos para nós mesmos. Isso cabe a nossas vidas pessoais, governantes e líderes religiosos.

Os integrantes do Doomsday Hymn são cristãos e procuram passar mensagens positivas que servem também de alerta em suas letras. Como vocês vêem hoje a aceitação de tais temas, assim como a resistência às bandas similares a vocês que são classificadas como White Metal?
Angelo: Nós nunca nos rotulamos e temos pavor que isso aconteça. O Doomsday Hymn NÃO é uma banda White Metal. Somos uma banda de Metal comum que sobe no palco e faz shows, se diverte com o público sem sermões vomitados guela abaixo. Mas nunca vamos negar que somos de fato cristãos e nossa vida é vivida desta forma. O problema que enfrentamos é que as pessoas assimilam cristianismo com os charlatões da TV, e heresias ditas por muitas "igrejas" por aí. Mas se as pessoas apenas se sentarem conosco para uma boa conversa, iriam conhecer o que é o cristianismo de verdade e não a mentirada toda. E como é mais fácil generalizar, muitos acabam nos desrespeitando sem entender que somos apenas músicos, fazendo o que músico faz! O bom e velho Metal!

Karim: White Metal não mano,’ pelamor’… Somos uma banda de Heavy Metal, somos cristãos e naturalmente as nossas letras refletem as coisas que acreditamos e vivemos, não se trata de religião, de ideologia, de querer impor nada, todas elas falam de situações da vida, do dia a dia, de dificuldades e de crises que todos os seres humanos enfrentam no dia a dia, sejam budistas, cristãos, hinduístas, as dificuldades da vida são as mesmas, em proporções diferentes, mas são as mesmas, é disso que falamos. Quanto a resistência de outras bandas e de fãs do estilo, só lamento, se ouvir música boa com mensagem boa é algo ruim então para tudo, nada mais faz sentido.   

Muito obrigado. Podem deixar uma mensagem aos leitores, assim como os planos da banda para esta segunda metade de 2015.
Angelo: Nós é que agradecemos! A mensagem que deixo aos leitores é tentem viver uma vida justa! Respeitando o próximo, tentando ser melhores do que esse mundo tem nos deixado. A nossa atitude individual sempre vai gerar em nossa volta algum tipo de impacto. Se alguém quiser ir aos nossos shows este ano estamos com mais de 36 shows entre Brasil e países na America do Sul. Acompanhem nosso trabalho em nossa page do Facebook e em nosso site. Teremos o prazer em ter vocês como amigos!


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